Wednesday, 01 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Laura Mattos

‘Das cenas reais de modernas cirurgias plásticas à paisagem bucólica de uma fazenda do século 19. Das perseguições de carros envolvendo a máfia japonesa à fuga de escravos dos quilombos.

Nesta semana, a Record dá adeus -em clima de ‘já vai tarde’- a ‘Metamorphoses’, fracasso de audiência. A novela foi lançada em março como ‘a grande revolução na teledramaturgia’. A emissora propagava que a história era ousada, a tecnologia, inédita, e o esquema de produção, inovador. Deu tudo errado, e o final foi antecipado (leia ao lado).

E a ‘nova’ estratégia da Record é optar pelo mais velho e batido folhetim de época. Para a próxima novela (estréia em 27/9, às 19h), não só escolheu ‘A Escrava Isaura’, versão do sucesso da Globo de 1976/77, como abraçou um ‘pacote feijão-com-arroz’. Em vez de terceirizar a produção (esquema testado em ‘Metamorphoses’), o canal voltou a montar um núcleo interno de teledramaturgia. Para a direção da trama, selecionou Herval Rossano, veterano na TV desde os tempos da Tupi e diretor da ‘Escrava Isaura’ da Globo.

Da malsucedida experiência de ‘Metamorphoses’ (que ‘inovou’ até na grafia da palavra), ficaram só as filmagens em alta definição. A técnica, que dá à imagem qualidade de cinema, é a marca que a Record pretende imprimir ao renascimento de sua dramaturgia.

Na emissora, o diagnóstico não é exatamente de que ‘Metamorphoses’ foi mal porque era ‘moderna’ demais para o telespectador. Mas que, com tanta tentativa de chamar a atenção pela mudança -o que inclui a terceirização da produção-, a novela perdeu completamente o rumo e ignorou ingredientes folhetinescos indispensáveis para uma boa audiência: romance, mocinhas, heróis, vilões etc. É a receita da qual a Globo já sabe que não pode fugir.

‘Novela é um bolo, um confeitado, que tem de ter todos os ingredientes: amor, ódio, a gata borralheira, a vilã. O bom tem de ser vítima em todos os capítulos, e o mau tem de fazer maldade sempre’, disse o diretor Herval Rossano, em entrevista na fazenda Santa Gertrudes (180 km de SP), onde são gravadas cenas externas.

Além de ‘A Escrava Isaura’, ele sugeriu à Record três títulos, entre eles, outro de época. A emissora decidiu pela história baseada no romance de Bernardo Guimarães, de 1875, com temática abolicionista. E, como não poderia deixar de ser, a abertura da nova versão terá a mesma música usada pela Globo. ‘Retirante’, de Jorge Amado e Dorival Caymmi -famosa pelo refrão ‘lerê, lerê’- terá agora uma regravação.

A insistência na teledramaturgia é parte do plano da Record de ultrapassar o SBT e atingir a vice-liderança no Ibope -estratégia que envolve ainda o investimento em um ‘novo jornalismo’ e o fim do ‘mundo cão’, a contratação dos globais Márcio Garcia e Tom Cavalcante e ‘reality shows’.

Cada capítulo de ‘A Escrava Isaura’ custará cerca de R$ 150 mil, um pouco abaixo do parâmetro da Globo. A Record já planeja ter mais dois horários de novela, como a concorrente. Tanto investimento se justifica pela certeza de que, no Brasil, não há TV líder de audiência sem novela de sucesso.’



Isabelle Moreira Lima

‘Fãs se revoltam com ‘desfecho’ de ‘Metamorphoses’’, copyright Folha de S. Paulo, 22/08/08

‘Mesmo representando apenas um traço de audiência nas noites da Record, o fim brusco de ‘Metamorphoses’ não passará batido. Assim como aconteceu com a colombiana ‘Paixões Ardentes’, exibida pela Rede TV!, fãs de ‘Metamorphoses’ se indignaram com o não-desfecho da novela.

A universitária Renata Martins, 28, é um desses fãs. ‘Acho ridículo eles tirarem a novela do ar sem conclusão. Li em uma revista que a Record quer ser grande, mas, sem respeito, não pode.’

A estudante Camila Sartorelli, 22, tem a mesma opinião. ‘Isso é uma total falta de respeito, com o público e com os profissionais da novela’, diz.

Para o universitário Alexsandro Silva de Oliveira, 25, a decisão da Record é ‘arbitrária, mas, acima de tudo, desrespeitosa em relação ao público’.

A Record afirmou que encomendou à produtora Casablanca 144 capítulos. Por estratégia de grade, a novela foi reduzida. De acordo com a emissora, o desfecho é de responsabilidade da produtora. A Casablanca foi procurada durante uma semana pela reportagem da Folha, mas não se manifestou.’



TV GLOBO
Keila Jimenez

‘Globo planeja ‘Domingão’ em SP’, copyright O Estado de S. Paulo, 23/08/04

‘O apresentador Fausto Silva está conseguindo o queria, em doses homeopáticas, mas está. A antiga vontade dele de realizar o Domingão do Faustão em São Paulo está cada vez mais perto de se concretizar. Na renovação de seu contrato com a Globo, marcada para os próximos dias, Fausto conseguiu estabelecer uma cota de programas feitos em São Paulo até 2007, quando a atração pode definitivamente atracar por aqui.

Segundo as cláusulas contratuais, Fausto terá de fazer em estúdio paulistano 12 programas no próximo ano, 24 programas em 2006 e, quem sabe, todas as edições da atração em 2007.

Seria uma forma de a Globo criar e testar, aos poucos, uma estrutura para a atração em São Paulo, que ainda não existe. O estúdio de onde o Domingão já foi transmitido por algumas vezes em São Paulo é três vezes menor que o habitual, no Projac, no Rio.

Um dos problemas é que a equipe de produção se espreme para se locomover no local. Além das 20 bailarinas, o Domingão conta também com uma grande grua que passa por todo o palco, três câmaras fixas e mais duas móveis. A platéia chega a atingir o número de 300 pessoas, que se apertam em três arquibancadas durante as quatro horas de gravação.

Não está fora dos planos da emissora construir um estúdio/teatro maior para a atração – e para outros programas – em São Paulo. Há 15 anos na Globo, Fausto pensa em arrastar seu trabalho para a cidade onde mora desde que o programa mudou do Teatro Fênix, no Jardim Botânico, para o Projac, em Jacarepaguá, no Rio.

Perdidos – Já os outros planos de Fausto Silva em sua renovação de contrato com a rede foram adiados.

Pelo contrato novo, o apresentador deve permanecer mais cinco anos na Globo, mas acabou abrindo mão de outros dois sonhos: o de ter um programa noturno semanal na emissora, uma espécie de Perdidos na Noite, e a redução do Domingão do Faustão em atração contínua, sem intervalo para o futebol.

Atualmente, quando há partidas de futebol nas tardes de domingo, a atração é dividida em duas partes. E assim permanecerá.

Na renovação programada, Fausto também conseguiu fixar as datas para deixar programas gravados em suas habituais folgas e férias: maio, setembro e janeiro.

Já faz mais de um mês que o contrato está pronto para ser assinado e só não foi consumado ainda porque aguardava a oficialização de Octávio Florisbal como diretor-geral da TV Globo, o que ocorreu na semana retrasada.’



Daniel Castro

‘Globo testa novos programas no fim do ano’, copyright Folha de S. Paulo, 21/08/08

‘Pelo segundo ano consecutivo, a Globo usará ‘buracos’ na grade de programação e espaços para especiais de fim de ano para testar novos programas, que poderão virar atrações fixas em 2005.

A emissora ainda não revela em quais gêneros de programas irá investir neste ano (em 2003, foram humorísticos) nem os os espaços que os pilotos (programas-teste) irão ocupar em dezembro e, provavelmente, janeiro. Mas já há pelo menos um ‘buraco’: quatro domingos (26 de dezembro a 16 de janeiro) em que não haverá futebol _que pode dar lugar a uma atração musical ou infantil.

Para discutir e avaliar novos projetos de programas a serem testados, a Globo irá realizar entre os próximos dias 30 e 1º de setembro, em um hotel em Angra dos Reis (RJ), o 4º Encontro de Criação, que reunirá todos os autores e roteiristas da emissora.

Além de novas idéias, a oficina de dramaturgia discutirá projetos apresentados no ano passado, mas que ainda não tiveram espaço na programação.

As propostas selecionadas em Angra passarão depois para uma avaliação da cúpula da emissora. ‘Só saberemos os horários e pilotos aprovados em novembro’, afirma Octavio Florisbal, diretor-geral da TV Globo.

Do encontro de 2003, surgiram idéias como as de ‘A Diarista’ e ‘Sob Nova Direção’, que foram testadas em dezembro e emplacaram na programação de 2004.

OUTRO CANAL

Arapuca 1 Por determinação de Silvio Santos, o ‘Programa do Ratinho’ deixará de ser exibido ao vivo a partir de setembro. As edições de segunda a sexta serão todas gravadas no início da semana.

Arapuca 2 As produções de Carlos Massa e Gugu Liberato estão sob intervenção de Silvio Santos. É o dono do SBT quem define o que vai ao ar, qual a duração e quanto se gastará com cachês. E estagiários anotam todos os passos dados pelos profissionais das duas produções durante expediente na emissora.

Berro 1 Ontem de manhã, enquanto Galvão Bueno (pela Globo) e José Luís Datena (Band) disputavam quem gritava mais na transmissão do vôlei feminino na Olimpíada, levava a melhor os desenhos do SBT. Das 9h55 às 10h39, o SBT (com versão bebê de Gaguinho, Pernalonga e cia.) deu 9 pontos no Ibope, contra 8 da Globo e 2 da Band.

Berro 2 Datena, por incrível que pareça, tem conseguido ser mais torcedor do que Galvão Bueno.

Reação A Globo cancelou a ‘Sessão da Tarde’ na semana que vem. Exibirá Jogos Olímpicos. Anteontem à tarde, emissora foi superada pela Band, que exibia ginástica, durante uma hora.’

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‘TV Globo já vende anúncios para 2005’, copyright Folha de S. Paulo, 23/08/04

‘Em um fato inédito nos últimos três anos, a TV Globo já está vendendo, neste mês, espaços publicitários que só serão ocupados pelos anunciantes nos primeiros meses de 2005. Isso confirma o reaquecimento do mercado publicitário e a confiança das empresas no crescimento da economia.

‘Já temos inúmeros negócios fechados até o final do ano e o mercado já começa a planejar e a comprar para o próximo. É um sinal de que os clientes acreditam numa recuperação e se preparam para atender ao acréscimo de demanda [no consumo]’, afirma Willy Haas, diretor-geral de comercialização da Globo.

Segundo Haas, os espaços comerciais de 2005 que já estão sendo vendidos não são de anunciantes que compram pacotes de patrocínio vendidos com antecedência, como o do futebol.

‘As compras são de programações avulsas ou patrocínios de programas de linha [como minissérie, por exemplo]. Os grandes eventos [futebol e F-1] ainda não lançamos no mercado’, diz.

Haas conta que não via um mercado aquecido assim desde 2000. Para o mercado publicitário, o volume de propaganda deverá crescer de 20% a 25% neste ano, voltando ao patamar de 2000 _nos anos seguintes, houve retração.

A Record também percebe a retomada. A Boticário já reservou espaços até o final deste ano. Em 2003, algo parecido só ocorreu na emissora em novembro.

OUTRO CANAL

Turbinada 1

A audiência da Band cresceu 159% na primeira semana de Jogos Olímpicos em relação à semana anterior. Entre 7h e 18h, faixa em que se concentram as transmissões, a Band passou de uma média de 1,7 ponto no Ibope da Grande SP para 4,4, ultrapassando a Record no terceiro lugar no ranking das TVs.

Turbinada 2

Os dados, compilados pela Band, mostram que todas as outras TVs perderam audiência _inclusive a Globo, que vem transmitindo as Olimpíadas em menor escala. O número de televisores ligados na primeira semana olímpica cresceu só 2,5%.

Repaginada

A quinta edição de ‘Big Brother Brasil’ só estréia em janeiro, mas a Globo já começou a reformar a casa em que os participantes são confinados. O local foi usado por ‘Fama’.

Contagem regressiva

Pouca gente dos bastidores da TV acredita nisso, mas a Record afirma que a última edição de ‘Cidade Alerta’ vai ao ar no dia 25 de setembro.

Transmissão de cargo

A casseta Maria Paula encerra sua licença-maternidade na última semana de setembro, quando volta a trabalhar na Globo. Sua substituta, Luana Piovani, dará expediente no ‘Casseta & Planeta’ até a primeira semana de outubro. Assim, as duas vão contracenar em algumas gravações.’



O Estado de S. Paulo

‘Globo exporta para mais de 80 países’, copyright O Estado de S. Paulo, 23/08/04

‘No anúncio feito na sexta-feira pelo ministro da Cultura, Gilberto Gil, e a Organização das Nações Unidas, em Genebra, da criação do fórum internacional destinado a incrementar projetos e exportações de bens culturais dos países emergentes, o Brasil apresentou dados tímidos. Segundo o embaixador do Brasil, Rubens Ricupero, o País exporta US$ 200 milhões por ano, o que representa 30 mil horas de programação. Desse total, a maior fatia pertence à Rede Globo, que exporta por ano 24 mil horas de sua programação, principalmente dramaturgia, entre novelas, minisséries e séries. A emissora divulgou que o mercado cresceu 70% nos últimos cinco anos, mas não informou quanto fatura com as vendas.

Os principais mercados são EUA (a população hispânica), Portugal, Rússia e da América Latina. Os campeões de vendagem: Terra Nostra (para 84 países), Escrava Isaura (70), Laços de Família (66), O Clone (62) e Sinhá Moça (62).

Para a Globo, este é um mercado em franca expansão, para o qual emprega várias estratégias de conquista. Entre eleas, gravar cenas no país comprador, como ocorrerá com Começar de Novo, a nova novela das 7, cuja história tem início na Rússia, grande mercado para os produtos da emissora.

Outra prática é a inclusão de atores dos países compradores, como a portuguesa Maria João, que esteve em O Clone, e o italiano Nicola Siri, o padre de Mulheres Apaixonadas.

Segundo a Globo, entre abril e maio estavam no ar 115 programas produzidos aqui, distribuídos em 60 países, entre os quais Croácia, Romênia, Ucrânia, Eslovênia, República Checa, além dos já citados. Em alguns casos, as novelas são dubladas; em outros, o texto é legendado.’