Wednesday, 04 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Leila Reis

‘Um aviso aos roqueiros: 13 de julho é o Dia Internacional do Rock e pretexto para a TV Cultura e a TV Senac apresentarem um superdocumentário sobre A História do Rock Brasileiro, em três partes. A Cultura começa a exibi-lo no próximo domingo (às 15h30) e a TV Senac na sexta (22 h). Com roteiro e direção de Pedro Vieira, funcionário da TV Cultura até quinta-feira passada, o documentário é um registro honesto da trajetória do rock brasileiro. O programa vai dos anos 50 – com os irmãos Campelo (Cely e Tony), Ronnie Cord e Sérgio Murilo – aos dias de hoje (Marcelo D2, Charlie Brown Jr. e Los Hermanos).

Dividida em anos 50 e 60 (I), 70 e 80 (II) e anos 90 e 2000 (III), A História do Rock Brasileiro é enciclopédica porque faz um esforço (bem-sucedido) para alinhavar todos os emblemas e movimentos que marcaram o gênero.

Em se tratando de paixão, é inevitável que se levantem vozes apontando a ausência de alguns em contraposição ao excesso de outros. Mas essa é uma questão pessoal, incontornável para qualquer produtor. O fato é que o documentário, que gerou 100 horas de gravação e foi gravado em dois períodos (1997 e 2004), não economiza nos depoimentos de figuras que foram realmente testemunhas oculares e auditivas da história do rock. Tony Campelo, Antonio Aguilar, Sergei, Tim Maia, Erasmo Carlos, Eduardo Araújo, Os Mutantes, Gilberto Gil, Kid Vinil, Frejat, Pepeu Gomes, Joelho de Porco, O Terço, Sepultura, Ratos de Porão, Inocentes, Titãs, Chico Science, e mais uma pá de personagens.

Como se dissecasse a árvore genealógica dos protagonistas do rock brasileiro, o documentário mostra quem gerou quem. Grupos que se desfizeram para tornarem-se outros ou gerar ídolos pops solos. Histórias saborosas da gênese são contadas pelos artistas e por seus satélites.

Poucos devem saber, mas o programa de TV mais acusado de alienação pela patrulha da esquerda, o Jovem Guarda, capitaneado pelo rei Roberto Carlos, foi batizado por Lenin. Os publicitários Carlito Maia e João Carlos Magaldi, que tinham a conta da TV Record em 1963, ficaram horrorizados com o título proposto pela emissora e foram buscar nos escritos do revolucionário russo a solução. ‘O futuro do socialismo repousa nos ombros da jovem guarda’, decretava Lenin, sem saber que batizaria a farra da despolitizadíssima turma do calhambeque e da calça boca-de-sino.

Muito elucidativos são os depoimentos de críticos, produtores, amigos e parentes dos grupos e artistas, entre eles, Peninha Schmidt, Liminha, Okky de Souza, Ezequiel Neves, o maestro Rogério Duprat. Além de costurarem as apresentações musicais – algumas com valor apenas histórico porque sem qualidade técnica -, as falas do pessoal do entorno contextualizam cada momento ou movimento de que o programa trata.

O programa não tem nada de videoclipe, pelo contrário, o tempo não tem a batida do rock. Os depoimentos duram o tempo que o assunto render e as figuras vão e voltam no desenrolar do documentário. Ou seja, não ficam confinadas em seu período de atividade se têm algo de relevância sobre outra década.

Os grandes momentos musicais saíram da gaveta da TV Cultura: Bem Brasil, Fábrica do Som e Musikaos. Indício do quão importante é dar vez às manifestações culturais (muitas, em se tratando de Brasil) não abraçadas pelo esquemão do show biz.

Há trechos, no entanto, com qualidade de gravação doméstica (até podem ter sido mesmo), mas não depreciam o trabalho. A sujeira da imagem e a do som são compensadas pela satisfação de ver um Raul Seixas, Cazuza, Chico Science construindo a história do rock nacional.’



REDE TV!
Keila Jimenez

‘RedeTV! faz ‘Chaves’ nacional’, copyright O Estado de S. Paulo, 25/06/04

‘A RedeTV! pretende estrear em julho sua primeira produção em dramaturgia, a série infanto-juvenil Vila Maluca. A produção, bancada pela emissora, será uma espécie de versão nacional de Chaves – seriado mexicano que o SBT exibe aqui há mais de 20 anos.

A história vai girar em torno de moradores de uma vila e dos conflitos entre esses personagens. Serão crianças, jovens e adultos, que viverão histórias diárias, sempre com pretensão de muito humor. O elenco tem 14 pessoas, todas já escaladas pela emissora.

O time não conta com grandes nomes de destaque na TV, mas inclui gente com experiência no ramo, como Orival Pessini, criador do personagem Fofão e Patropi na Escolinha do Raimundo. Ele viverá cinco personagens diferentes na trama, todos caracterizados por máscaras de autoria do próprio ator. Um dos personagens é Alberto Rogério, que é uma caricatura do cantor Reginaldo Rossi. Há ainda Chico Alberto, personagem inspirado em Frank Sinatra.

Serão ao todo 30 personagens na trama, alguns utilizarão máscaras, outros, não.

Entre as atrizes escaladas para Vila Maluca está também Noemi Gerbelli – sim, ela é parente de Vanessa Gerbelli – é tia da atriz que ganhou fama como Fernanda em Mulheres Apaixondas. Ela será Dona Galena, uma quituteira que teve uma placa de metal implantada na cabeça após um acidente. Com o passar dos anos, a placa passou a captar sinais de rádio e TV, o que torna Dona Galena uma pessoa um tanto estranha.

Para completar as maluquices da tal vila, haverá também um E.T, mas que só será visto pelos telespectadores. Os personagens vão apenas suspeitar da existência dele.

Vila Maluca será diário e irá ao ar de segunda a sexta-feira, às 19 horas.

Entre os roteiristas da série estão Ronaldo Ciambroni e Márcio Tavollari.

Segundo o diretor da produção, Adriano Stuart, o programa deve começar a ser gravado em breve, assim que o cenário ficar pronto. A vontade dele é estrear no final de julho, com pelo menos três semanas de série já gravadas.

‘Não terá um protagonista, todos os personagens terão a mesma importância.

Cada semana a história irá girar em torno de uma pessoa diferente’, adianta.’



BRASIL IMAGINÁRIO
Adriana Del Ré

‘O País mostra suas múltiplas faces’, copyright O Estado de S. Paulo, 26/06/04

‘A TV Cultura dá início hoje à série especial Brasil Imaginário, com a exibição do documentário inédito Eretz Amazônia, na faixa Doc.Brasil. A produção paraense retrata a inusitada saga do povo judeu na Amazônia, desde a vinda dos primeiros imigrantes, há cerca de 200 anos, até os dias de hoje e é resultado da primeira fase do Programa de Fomento à Produção e Teledifusão do Documentário Brasileiro, o Doctv.

Fruto do convênio entre a Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, a TV Cultura de São Paulo e a Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais (Abepec), o 1.º Doctv deu origem a 26 documentários, dirigidos por realizadores de 20 Estados brasileiros, que abastecerá a programação da série Brasil Imaginário até 18 de dezembro.

‘Quando foi criado, os objetivos do Doctv eram originar pólos permanentes para produtores independentes, fomentar a regionalização dos documentários, incentivar a parceria entre produção independente com as TVs públicos e instaurar um circuito de difusão nacional por meio da rede pública de televisão’, diz o gerente do Núcleo de Documentários da TV Cultura, Mario Borgneth.

O projeto começou a ser colocado em prática em agosto do ano passado. Quase um ano depois, Borgneth garante que o balanço foi positivo e as metas, alcançadas. Brasil Imaginário, segundo ele, é a comprovação disso. ‘Os documentários estréiam em rede nacional e são reprisados duas vezes na programação regional’, diz. Para chegar a esse material, seguiu-se uma metodologia de seleção, incluindo a organização de seminários, para criar um canal entre a TV pública e o produtor independente, e de concursos públicos por todo o Brasil. ‘Dos concursos públicos realizados nos Estados, saíram os 26 projetos, co-produzidos pela TV Cultura regional, em parceria com a TV Cultura de São Paulo.’

Ele explica que a escolha foi feita por júris independentes, sem quaisquer interferências da coordenação do Doctv. Para ter chances nos concursos, os projetos deveriam estar focados na cultura regional de seu Estado. ‘O resultado foram filmes interessantes, com temas interessantes. Eles demarcaram uma nova geografia brasileira’, festeja Mario Borgneth. ‘Como acontece com o documentário Eretz Amazônia, o primeiro da série.’

Outro fator que chamou a atenção de Borgneth foi a faixa etária predominante dos selecionados. ‘Grande parte deles é jovem, sem serem amadores. Eles já são profissionais da área do audiovisual, mas que ainda não tinham feito um trabalho autoral. Por isso, o Doctv serve de porta de entrada para novos valores do documentário.’

A série Brasil Imaginário foi lançada oficialmente na semana passada, numa solenidade no Museu da Imagem e do Som (MIS), que contou com a participação do ministro da Cultura, Gilberto Gil, o secretário do Audiovisual, Orlando Senna, da secretária de Cultura do Estado de São Paulo, Cláudia Costin, entre outros. Na ocasião, foi firmada a realização da segunda etapa do Doctv, confirma Borgneth, com aval inclusive do novo presidente da Fundação Padre Anchieta, Marcos Mendonça. ‘Mendonça assumiu a presidência no dia 14 e três dias depois, na solenidade, assinou um termo de convênio para o Doctv 2. Ele já assumiu a continuidade do projeto, independentemente de qualquer situação circunstancial.’

Para a próxima fase do Doctv, estão previstas algumas novidades, entre elas, o aumento do número de produções. Serão 35 documentários, agora em 27 Estados, incluindo, desta vez, o Distrito Federal. O Doctv também vai extrapolar as fronteiras brasileiras: sua metodologia será adotada em vários países da América Latina e também em comunidades de língua portuguesa. A idéia é ter um intercâmbio de produções entre esses países e a TV pública brasileira.’