Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Leonencio Nossa


‘Quem torce pela ressurreição da Velhinha de Taubaté ainda no governo Lula pode esquecer. O pai da personagem que sempre acreditou nos governos, o escritor gaúcho Luis Fernando Verissimo, de 68 anos, disse ontem que a medicina se modernizou, mas acha que a simpática senhora não deve retornar à vida tão cedo.


Ele explica que é difícil acreditar no governo ou em opositores como Jorge Bornhausen (PFL-SC). ‘Vamos ver se ela ressuscita, pode ser, mas vai depender de as pessoas voltarem a acreditar na política e nos políticos’, disse o cronista, durante solenidade no Itamaraty. ‘A situação obviamente é que poucos acreditam.’


Sinônimo de credulidade, a Velhinha de Taubaté foi criada no governo João Batista Figueiredo (1979-1985). Ela confiava nos militares que garantiam não existir tortura no Brasil. Já na redemocratização, a personagem acreditou no presidente Fernando Collor (1990-1992) em pleno processo que resultou no impeachment dele.


A morte da velhinha foi relatada por Verissimo numa crônica publicada no Estado em 24 de agosto, aniversário da morte de Getúlio Vargas.


Luis Fernando Verissimo esteve em Brasília para receber, em nome da família, a Medalha Rio Branco concedida in memoriam pelo governo ao pai dele, o também escritor Érico Verissimo (1905-1975), autor da trilogia O Tempo e o Vento.


Na entrevista, o cronista aproveitou para fazer duras críticas à direita, especialmente ao presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), pela conduta no atual processo político. ‘A reação da direita começou na eleição do presidente Lula. O Bornhausen foi honesto ao dizer claramente que quer acabar com a raça da esquerda’, disse Verissimo. ‘O PT se autodestruiu, mas a direita está aproveitando a crise para acabar com a esquerda.’ Ao analisar a situação do PT, Verissimo ressaltou que o partido perdeu uma grande oportunidade de fazer mudanças no País.


Ele não arriscou, no entanto, fazer uma previsão do que vai ocorrer nas próximas eleições. ‘O Brasil é um país que não tem muita memória. Mal se lembra da CPI de outros anos’, disse. ‘Desta vez, o trauma está sendo maior porque a esquerda está no governo.’


No ano do centenário de nascimento de Érico Verissimo, Luis Fernando recomendou a leitura de O Arquipélago, terceiro volume da trilogia O Tempo e o Vento, obra sobre a ocupação do Rio Grande do Sul. O volume faz uma releitura da história brasileira até 1945. ‘É o fim do Estado Novo, já é o começo da UDN e desta crise’, disse Luis Fernando.’



Fábio Amato


‘Taubaté enterra sua ‘Velhinha’ ‘, copyright Folha de S. Paulo, 2/09/05


‘Uma cerimônia simbólica realizada na tarde de anteontem em Taubaté (130 km de São Paulo), no Vale do Paraíba, marcou o enterro da Velhinha de Taubaté, personagem criada pelo escritor Luis Fernando Verissimo que entrou para o folclore político nacional por representar a crença na palavra de todos os políticos e governos brasileiros.


Verissimo decretou a morte da personagem em sua coluna no jornal ‘O Globo’, na semana passada. De acordo com o escritor, a Velhinha de Taubaté morreu sentada em frente à televisão, de causa desconhecida -uma referência à profusão de denúncias contra o governo federal e o PT noticiadas na TV.


O enterro simbólico da personagem foi organizado pelo vereador Rodson Lima (PSC), de Taubaté, e levou ao cemitério do Belém, na cidade, cerca de 30 pessoas, a maioria representantes do PSTU de São José dos Campos. Um caixão com uma bandeira do Brasil em cima foi carregado ao longo de um pequeno cortejo.


A cerimônia serviu de plataforma para os protestos dos militantes do PSTU, que levaram para o local bonecos com o rosto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-presidente do PT José Genoino em roupas de presidiários, além de malas e cuecas com dinheiro -em referência à denúncia de que o suposto ‘mensalão’ seria carregado em malas; e ao petista preso com US$ 100 mil na cueca.


Ao final da cerimônia, uma moção de pesar pela morte da personagem, de autoria de Lima e aprovada esta semana pela Câmara Municipal de Taubaté, foi lida pelo vereador.’



SILÊNCIO DOS INTELECTUAIS


Folha de S. Paulo


‘Prefeito e Ruth ironizam ‘silêncio’ de intelectuais ‘, copyright Folha de S. Paulo, 2/09/05


‘Em evento ontem no Instituto Teotônio Vilela, o prefeito de São Paulo, José Serra, e a ex-primeira-dama Ruth Cardoso fizeram críticas ao suposto silêncio dos intelectuais petistas, em alusão ao ‘Silêncio dos Intelectuais’, ciclo de palestras que acontece desde o mês passado em quatro capitais.


Serra afirmou que o jantar de ontem deveria se chamar ‘o grito dos intelectuais’. Minutos antes, Ruth afirmara que os intelectuais ‘são criticados por serem silenciosos e pouco críticos’. E acrescentou: ‘É verdade. Estão silenciosos demais’.


Ruth disse também que o momento político é muito negativo e pediu que os partidos aprofundem a discussão política.


‘Não estamos mais no tempo de passarmos como ‘gatos’ sobre os temas’. E completou: ‘sem aprofundar os temas, você empobrece as discussões’.


A ex-primeira-dama fez ainda uma crítica aos programas sociais históricos implementados no Brasil. ‘Se fizermos uma análise séria, vai ser mostrado que há um desperdício muito grande de recursos.’ Ela classificou esses programas como ‘assistencialistas e clientelistas’ e que, portanto, precisam ser revistos.’



FSP CONTESTADA


Painel do Leitor, FSP


‘Trem’, copyright Folha de S. Paulo, 2/09/05


‘‘No dia 24/8, foi publicada a reportagem ‘Tráfico ‘ocupa’ estações de trem no Rio’ (Cotidiano). A reportagem, além de não retratar a verdade dos fatos, apresenta irresponsável insinuação de que a SuperVia seria conivente com as ações ilícitas descritas, acarretando prejuízo à imagem da empresa perante os seus clientes e passageiros. O jornalista autor do texto deveria ter o prévio conhecimento de que o sistema ferroviário no Estado do Rio de Janeiro é dividido em transporte de cargas e de passageiros, sendo administrado por concessionárias distintas. E que os serviços prestados pela SuperVia restringem-se apenas ao transporte ferroviário de passageiros. A SuperVia contesta também que a foto que ilustra a referida reportagem não corresponde à nenhuma área sob sua administração, mas, sim, a trecho pertencente à administração de outra empresa de trens que efetua o transporte de cargas no Estado. Transportamos mensalmente cerca de 9 milhões de passageiros e realizamos 17.000 viagens por mês. As pesquisas de satisfação realizadas pela IDS – Interactive Data Systems, em dezembro de 2004, com nosso público demonstram um índice de 90% de satisfação quanto à segurança. Tais dados encontram-se à disposição -em especial ao jornalista que assinou a reportagem, que, apesar de ter sido convidado para conhecer a nossa empresa e os nossos serviços, não o fez. Preferiu escorar-se em fatos do passado e em depoimentos comprometidos de associados de um sindicato que nem sequer representa a nossa equipe de 2.300 empregados.’ Ivone Malta, gerente de Comunicação Corporativa da SuperVia Concessionária de Transporte Ferroviário S.A. (Rio de Janeiro, RJ)


Resposta do jornalista Mario Hugo Monken – A reportagem relatou casos baseando-se em informações do Batalhão Ferroviário da Polícia Militar e do Sindicato dos Ferroviários. A foto retrata trecho da linha férrea que cruza as áreas da favela de Jacarezinho e Arará, onde houve casos de trens parados por traficantes, de acordo com o relato de maquinistas. Em nenhum momento a foto foi identificada como sendo de área administrada pela Supervia.’