Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Marcelo Coelho


‘Gosto de viajar, mas fico espantado quando me dizem que é ‘a melhor coisa do mundo’. Acho mau sinal. Samuel Johnson escreveu, famosamente, que ‘quem se cansa de Londres cansou-se da vida’. Do mesmo modo, se alguém não gosta de ficar em casa, presumo que ande em más relações consigo mesmo.


Não digo -quem pode dizer isso em sã consciência?- que aqui por dentro tudo esteja às mil maravilhas. Mas foi um prazer passar boa parte das férias instalado num sofá, de posse do controle remoto da TV, com jornais e revistas à minha volta, assistindo aos trabalhos da CPI.


Sem desmerecer os problemas reais que estão em jogo, e a gravidade da crise, o fato é que acompanhar as comissões parlamentares tem sido um grande entretenimento.


Desde o início, viu-se em Roberto Jefferson uma figura de grande talento teatral. Na verdade, ele é mais operístico do que teatral. Sua voz bem modulada, os olhares fixos de ameaça, a gesticulação contida, o capricho da indumentária, o ‘timing’ das entradas em cena -tudo em Roberto Jefferson traz aquela mistura de fanfarronice e veracidade, de premeditação e ímpeto, de sutileza e brutalismo, de breguice cultivada e refinamento elefantino que caracteriza os astros da cena lírica, os Pavarottis, os Bocellis.


Jefferson parece às vezes pronto a ajoelhar-se em prece, de estender a mão ao adversário, de expor-se ao sacrifício de peito aberto, como um Cavaradossi diante do pelotão de fuzilamento; mas de repente se transforma em outro personagem da mesma ópera, e seu sarcasmo, sua gélida estratégia de ataque, seus olhos vítreos de ódio o tornam capaz das chantagens pérfidas de Scarpia.


Mas não é com a ‘Tosca’ de Puccini, e sim com um programa bem mais prosaico que as sessões da CPI se parecem em certos momentos. A culpa não é tanto dos parlamentares quanto da própria televisão, que diminui, esfria e tira a nobreza de tudo. Peço desde já desculpas pela comparação, mas o espetáculo também tem sua dose de programa humorístico -daqueles antigos, em que cada ator era encarregado de um personagem fixo, sucedendo-se todos na mesma praça ou numa sala de aula: a velhinha surda, o bom aluno, o falso valentão, o marido ciumento, a pobretona com mania de grandeza, o corintiano fanático, o trapalhão erudito…


Digo isso sem malevolência, porque acho admirável o trabalho da CPI e, embora o desempenho de alguns de seus membros seja pífio ou repulsivo, é grande o número de boas surpresas, de novos talentos políticos e de exemplos de inteligência parlamentar atuando ao vivo nessas sessões. É como se o Legislativo produzisse uma autovacina: nunca tantos políticos estiveram sob tanta suspeita. Ao mesmo tempo, o regimento funciona, os debates seguem, bem ou mal, as leis da lógica, o presidente e o relator mantêm uma atitude ponderada, as paixões e os interesses partidários, por mais que resistam, acabam tendo de se dobrar às evidências de cada caso concreto: o espectador, ainda enojado com o que vê, também reconhece, na minha opinião, a beleza da atividade política.


Desse sentimento ambíguo provém o fascínio do espetáculo. Por isso mesmo, todo mundo acha graça na forma de tratamento utilizada pelos deputados, aquele ‘Vossa Excelência’ que precede o discurso insultuoso. Não sei se a graça da fórmula está apenas no fato de que resume a hipocrisia parlamentar. Talvez também se descubra a existência de um mundo bizarro, vagamente enlouquecido, com seus personagens de nomes exóticos, Delúbios, Idelis, Onyxes e Wandervais. Em meio a toda a irrealidade da cena, a todas as complicações da investigação, o que se revela, no fundo, é a chocante simplicidade de um roubo.


O entretenimento, assim, instaura-se em sua plenitude: como num típico programa de TV, pequenas e incontáveis variações de forma reiteram o mesmo conteúdo simples, enquanto a rotina das figuras que sempre aparecem, reconhecíveis e impagáveis, tem um efeito confortador. Repetição e surpresa, por sua vez, são dosadas com sabedoria, mantendo-nos num estado entre o interesse e a desatenção, e continuamente a par, mas sempre insatisfeitos quanto ao desenrolar da história.


Escrevo ‘entretenimento’, porque não estamos nem diante da farsa nem do drama. E, mesmo da ótica do puro espetáculo, a CPI também se reveste de uma dimensão mais nobre.


O escândalo que toma conta de Brasília tem tudo para nos deixar desanimados, acreditando finalmente na tese de que todos os políticos são iguais etc. Ao mesmo tempo, o que vejo nas sessões da CPI se fragmenta maravilhosamente em todas as cores do caleidoscópio humano.


Um deputado aparece de dedo em riste, aos gritos, um monstro de truculência cega e surda: em outras épocas, seria inquisidor ou policial fascista. Outro age com benevolência, dignidade provinciana e desconsolo. Uma deputada parece arrancar o próprio coração nos seus excelentes discursos; outros tentam fazer o mesmo, e não encontram nada.


Há os perdidos no tiroteio, os que olham para baixo, os que vêem longe; há os cínicos, os arrependidos e os indiferentes; os triunfantes e os modestos, os avarentos de seus minutos e os caridosos com o adversário, os santos, os condenados, os medíocres, os que mais se assemelham e os que mais se diferenciam de cada um de nós.


Não é um programa humorístico, é a comédia humana, que se renova mais uma vez.’



 


Reinaldo Azevedo


‘O erro do ombudsman da Folha’, copyright Primeira Leitura (www.primeiraleitura.com.br), 9/08/05 


‘O nosso internauta sempre soube – e é bom que saiba – que este site e sua revista, embora isentos porque não comprometidos por nenhum vínculo com partidos (ainda que queiram dizer o contrário), não são, de forma nenhuma, neutros em relação a nada. Se gostamos, gostamos. Se não gostamos, então não gostamos. Se, do que escrevermos, restar algo de involuntariamente ambíguo, será porque os fatos não permitirão uma visão mais definida. Mas o esforço, acreditem, é para não deixar margem de dúvida para o leitor. Isso, claro, traz ganhos, mas também custo. Devemos fechar o mês de agosto com 2 milhões de page views. É o ganho. A patrulha, especialmente a petista, por outro lado, se assanha. É um peso. Compreende-se. Nunca fizemos o jogo do coro dos contentes.


Períodos marcados por exacerbadas acusações de corrupção tornam-se rombudos, burros mesmo. O importante e o desimportante se nivelam. Perde-se a noção de hierarquia dos fatos e, sobretudo, de valores. Foi o que aconteceu, creio, com a entrevista do prefeito de São Paulo, José Serra, publicada na edição de domingo retrasado da Folha de S.Paulo. Poucas pessoas relevantes lhe foram indiferentes. Mas a repercussão foi certamente menor do que a merecida. Não creio que boas entrevistas qualifiquem necessariamente alguém a fazer um bom governo. Mas também é fato que não se pode governar bem sem clareza de idéias e de propósitos. Nesse sentido, a entrevista de Serra, feita pelos jornalistas Renata Lo Prete e Fernando de Barros e Silva, está entre as melhores publicadas no Brasil em muitos anos. Clique nos ícones que aparecem acima se quiser lê-la ou relê-la.


Nem todo mundo gostou, inclusive, segundo vi neste domingo passado, na própria Folha. O ombudsman, procurador dos leitores, fez uma crítica que considero descabida àquela entrevista. Usarei com o coleguinha Marcelo Beraba o princípio de Padre Vieira. Uma de suas funções, no jornal, é ser uma espécie de remédio contra certos desvios do jornalismo. Mas, então, seguindo o padre, indago: ‘E quem remedeia os remédios?’. Quem é o ombudsman do ombudsman? A resposta é simples: eu, que sou seu leitor e vejo, pois, com olhos críticos não apenas o que os Fernandos e Renatas escrevem, mas também o que produzem os Marcelos.


Sempre achei tal função um pouco estranha, confesso. A Folha, que eu saiba, é pioneira em tal opção no Brasil. A própria Renata Lo Prete, uma das autoras da entrevista, já exerceu o papel, com o brilho costumeiro. O diretor de redação da Folha, Otavio Frias Filho, um dos melhores textos do país e pessoa das mais brilhantes que conheço (não é um pedido para voltar à Folha, viu, Otavio. Não ainda, hehe…), fez certamente uma escolha que contribuiu para pôr o jornal na vanguarda de seus congêneres no país em várias áreas. Mas minha estranheza persiste.


Mais do que um procurador, o ombudsman se torna, desde sempre, uma espécie de juiz, mas sem o concurso de um conselho de sábios, como numa corte. Por mais que a sua ‘Constituição’ seja a linha editorial do jornal, de que o Manual de Redação é a manifestação escrita, não está o ombudsman livre de juízos que são, como os de qualquer um de nós, ditados por valores, escolhas, cortes ideológicos, crenças, afinidades eletivas. Em suma, ele não se distingue daqueles que critica. É meritório que integre o esforço do jornal em busca de uma inalcançável objetividade absoluta, e dou de barato que concorra para afinar os instrumentos da objetividade possível – que é, então, precária.


O ombudsman é, assim, útil, mas não indispensável, neste esforço para cercar as margens de erro. Sujeito, pois, ao mesmo conjunto de fatores que podem incidir num jornalista qualquer da redação, ele pode, a exemplo daqueles, errar e acertar. Ocorre que o erro de um juiz é sempre mais relevante do que o de um jogador comum – e este, me parece, é o risco ainda não medido de se ter um ombudsman num jornal. O erro de um jogador fatalmente compromete o desempenho seu ou de sua equipe e acaba sendo uma falha contra seus próprios interesses. O erro de um juiz pode mudar o resultado de um jogo, transformando a vitória alheia numa derrota. Ainda com Vieira, brinco: o pecado é dele, mas o risco é da alma alheia.


Renata Lo Prete e Fernando de Barros e Silva marcaram um golaço ao fazer, depois de muito tempo ‘neste país’, uma entrevista tratando de economia política. Na coluna de Marcelo Beraba, levaram cartão amarelo. O risco: sinalizar aos demais jogadores que sua leitura, que entendo pessoal e distorcida, remete ao que está escrito nas tábuas da lei. Não remete. Conseqüência negativa: a queda na qualidade das entrevistas. Não tenho a menor dúvida de que, seguissem os dois entrevistadores o que Beraba prescreveu, e teríamos todos lido uma entrevista muito pior do que a que foi publicada. Embora, é certo, os leitores petistas reclamassem menos.


Mas vamos ao texto de Beraba sobre a entrevista, que segue em itálico, interrompido por comentários meus:


O segundo assunto da semana foi a entrevista com o prefeito José Serra publicada em página dupla, na mesma edição de domingo passado, com os títulos ‘Lula se tornou menor que a crise, diz Serra’ e ‘Governo do PT acabou sem ter começado’.
Neste caso, a reação de leitores foi diferente do comportamento que tiveram em relação às fotos de Fernanda Karina. A entrevista reavivou as críticas dos que acham que o jornal está contra o governo do PT e tem simpatias pelo PSDB.
O jornal tem o direito de entrevistar quem ele quiser e acho que o prefeito de São Paulo merece uma entrevista pelo papel que representa na política nacional. O que me incomodou foi o tom do pingue-pongue. Por isso, fiz o seguinte comentário na Crítica Interna de segunda-feira:
‘Acho mais do que apropriado o jornal entrevistar o prefeito José Serra a respeito da crise, afinal ele é um dos presidenciáveis e aparece bem nas pesquisas eleitorais. Mas não considero apropriado o jornal não encaminhar uma só pergunta crítica, um questionamento sequer em relação à sua gestão na prefeitura ou à administração do governo FHC, a que serviu como ministro. O caso de Eduardo Azeredo, presidente do PSDB, é apenas mencionado, sem pergunta e sem questionamento. São duas páginas apenas com o intuito de deixar José Serra analisar a crise sem qualquer contraponto, sem explorar as contradições’
.


A minha primeira dúvida se refere àquele ‘reavivou as críticas dos que acham que o jornal está contra o governo do PT e tem simpatias pelo PSDB’. Quer dizer que Beraba só recebeu manifestações de desagrado? Não houve os que gostaram de ler um entrevistado capaz de falar coisa com coisa e entrevistadores que também sabem juntar lé com lé, cré com cré? Noto, e é o seu texto que me informa isso (releiam-no), que há bem pouca fronteira entre a opinião do próprio Beraba e a dos ‘leitores críticos’. Ele reproduz adiante algumas expressões mais azedas de desagrado e parece se esquecer de dar uma vaguinha ao contraditório, o que ele faz, sim, mas de um jeito oblíquo, de que falo já.


Beraba desconhece, finge desconhecer ou acha desimportante o fato de que os petistas, mais do que quaisquer outros, patrulham os órgãos de imprensa. Integram aquela fatia de que Robert Hughes trata no livro A Cultura da Reclamação – só que com viés claramente partidário. Sugiro aos internautas e a Beraba que escolham dois ou três veículos filopetistas ou de esquerda, dentre os muitos que há, sites inclusive. Vejam a seção de cartas. Elas são meramente reiterativas. O ‘leitor-militante’ é membro de um time, de uma agremiação, filia-se a um conjunto de idéias e empresta sua força aos prosélitos de sua causa. Não existe o contraditório. Cobram-no da mídia que chamam ‘burguesa’ não porque querem a pluralidade, mas porque a detestam e pretendem sufocá-la. São craques em usar os instrumentos da democracia para solapá-la. Aqui e no resto do mundo.


A blitz que petistas promovem na imprensa busca criar a ilusão de que o dissenso – em relação ao consenso que almejam – é uma espécie de sabotagem à verdade absoluta, ao bem, ao belo e ao justo. Assim já procediam ainda antes de o PT chegar ao poder federal. De modo que ocupam um lugar muito especial na sociedade: a dos algozes que reivindicam o direito de falar sempre como vítimas. Buscam, com efeito, conjugar os dois poderes: o do senhor – que afinal, ocupa o poder – e o do servo, que a ele se submete. Com o pragmatismo dos Delúbios, exercem as faculdades do senhorio; com as lágrimas de Lula, as terríveis licenças de que gozam as supostas vítimas.


Sim, é claro, eu, a exemplo de Beraba, também faço juízos de valor. Mas chamo de juízos de valor as minhas escolhas. Embora Beraba pegue carona na patrulha petista, há uma nítida confusão de critérios na sua crítica. Se Lo Prete e Barros tivessem indagado Serra sobre, sei lá, buraco de rua em Guaianazes, seria o bastante para diluir, como é mesmo?, ‘as críticas dos que acham que o jornal está contra o governo do PT e tem simpatias pelo PSDB’? Pois eu acho que não, Beraba.


Parece-me que os petistas não desgostaram tanto do que não leram, mas detestaram o que leram. E aqui está, me parece, a fragilidade maior da crítica do ombudsman e, pior de tudo, a sua rendição, ainda que involuntária, ao zeitgeist petista: Beraba não dispensa uma miserável linha ao que está na entrevista. Prefere abordar apenas o que não viu. Foi a Paris e sentiu falta do Big Ben. Visitou Versalhes e reclamou não ter visto as relíquias da Bastilha. Leu Flaubert e sentiu a ausência de Zola. Recitou João Cabral e sentiu falta das aliterações de J. G. de Araújo Jorge…


Os cadernos de Cidades – na Folha, ‘Cotidiano’ – tratam, como é óbvio, todos os dias, dos problemas de São Paulo e das soluções encaminhadas pela administração, seus acertos e desacertos, suas qualidades e seus defeitos. Não raro, lá estão frases do prefeito, algumas ditas de viva voz, outras reproduzindo comentários seus com aliados e subordinados. Daquele que é hoje o principal adversário de Lula, segundo as pesquisas ao menos, derrotado que foi pelo presidente nas eleições de 2002 e sabidamente dono de um pensamento econômico – o que é raro no país -, esperaríamos, afinal de contas, o quê?


A última entrevista sobre temas nacionais tinha sido concedida por Serra justamente à revista Primeira Leitura, em março de 2004.  Já lá se vão 17 meses. Quem voltar àquela entrevista vai ver, diga-se, o diagnóstico precoce de certos problemas ora em curso. Beraba, pelo visto, queria ver confrontado o pensamento de Serra com os oito anos de governo FHC, como se isso, ademais, já não tivesse sido suficientemente explorado. E de forma mais do que escancarada na campanha eleitoral de 2002.


Lula está no governo há quase três anos, ainda é o favorito à sua própria sucessão e, sei lá por quê, Beraba parece especialmente interessado em debater a gestão FHC. Sou obrigado a escrever, nesta hora, que este é também o interesse do próprio Lula e dos petistas. Tal agenda tem dono, tem autoria. Este não seria o contraponto que tornaria ‘neutra’ e ‘isenta’ a entrevista de Serra; seria, ao contrário, o adernamento que faria dela, aí sim, peça de uma estratégia partidária.


Isso, então, quer dizer que Serra fala como um nome do PSDB interessado numa análise crítica do governo Lula? Bidu! Ocorre que os leitores, petistas, tucanos ou apenas apreciadores de substantivos e adjetivos ordenados segundo a sintaxe, já sabem disso desde a partida. Ou alguém ignora que Serra é quem é? Mais ainda: sua análise da economia brasileira, lida com eficiência, resulta, de resto, crítica não apenas aos últimos dois anos e meio da agenda econômica. Ou bem a crítica especializada – e acho que o ombudsman compõe essa fatia – reconhece em Serra prolegômenos de uma corrente da economia política, ou estamos num diálogo de surdos, a transformar o contraponto, a contradição, o contra-argumento num mero maneirismo.


Leiam este trecho do que diz Serra: ‘(…) acho melancólico o Brasil ter uma taxa de juro real de 15%. É uma espécie de preço que se paga para ter o PT governando em condições razoáveis de estabilidade. Muita coisa certa que vinha do passado foi deixada de lado, e coisas que mereciam ser revisadas foram reforçadas, por exemplo, a atual política de metas de inflação, muito primitiva e que, no futuro próximo, dará origem a teses de mestrado e doutorado e a mais uma autocrítica do FMI. Da atual política econômica, o lado mais correto é o fiscal. É uma política fiscal razoavelmente austera. Mas a política monetária errada destrói a política fiscal, pois ela eleva brutalmente o gasto em juros, freia a atividade econômica e sobrevaloriza o câmbio. Aliás, uma coisa saudável nessa discussão sobre o déficit nominal zero é que ela coloca na mesa o papel dos juros como gasto. Porque, no Brasil, parece que os encargos decorrentes dos juros passaram a ser uma substância misteriosa cujo pagamento pelo governo não representa gasto. O Brasil ter o maior juro do mundo com déficit nominal entre 2% e 3% é absurdo. Não há razão para isso, exceto o círculo vicioso que se criou e a própria fragilidade do governo do PT, que tem de pagar um preço altíssimo por ela. Mais melancólico ainda é constatar que o risco internacional do Brasil é hoje semelhante ao da Argentina, apesar da moratória dos conterrâneos do Tevez, e seria patético atribuir esse fato ao déficit público brasileiro. Mas, ao contrário do que diz a esquerda petista, a crise atual não decorre da política econômica (…)’.


Acho melancólico que uma crítica com tal clareza e didatismo, que vai ao centro das questões que dividem o pensamento econômico brasileiro, tenha sido ignorada pelo ombudsman. Se concordamos que ali está resumido o paradoxo da estabilidade instável do governo Lula, então estamos na fase adulta do pensamento. Se há quem não o tenha percebido, há um choque que é de discursos: num patamar, o pensamento adulto, que, como queria São Paulo, já não fala mais como menino; no outro, o apreço pela gritaria e pela contestação juvenil, na certeza de que a verdade nasce do desmascaramento do outro. Seja este ‘outro’ quem for e diga o que disser. Mas voltemos com Beraba.


Também achei condescendente a entrevista com Ricardo Berzoini, secretário-geral do PT (‘Berzoini culpa Delúbio e Genoino pela crise’). O jornal não explora, por exemplo, o papel de José Dirceu no esquema e nem detalha as acusações contra Lula. Nos dois casos, de Serra e Berzoini, o jornal ligou o gravador e deixou que falassem o que quisessem. Não sei se isto está de acordo com o jornalismo crítico e questionador que apregoa.


Não atribuo intenções a Beraba. A exemplo do que ele faz com o texto alheio, escrevo aqui o que entendi do que ele escreveu. Infiro que ele criticou a entrevista de Berzoini apenas para exercitar, na prática, aquele sistema de contrapesos cuja ausência ele reclama na entrevista de Lo Prete e Barros. É maneirismo, não é pensamento crítico. Li a entrevista do dirigente petista e a considerei igualmente correta. O jornal que ele critica evidencia, todos os dias, por meio de reportagens, os comprometimentos de Lula e Dirceu. Ainda que, com efeito, nos dois casos, os jornalistas tivessem, como ele acusa, ligado o gravador e deixado falar os entrevistados, tratar-se-ia de duas entrevistas reveladoras, embora de importância infinitamente distintas. Aquele Berzoini que falou à Folha é o mesmo que defende agora um ‘pizzão’ no PT. Estava lá para quem soubesse ler.


Mas notem bem o que escrevi acima: ‘entrevistas de importância infinitamente distintas’. Pôr as duas na balança, como faz Beraba, para tornar isenta a sua própria análise me parece um desserviço prestado à maioria dos leitores e um serviço útil à minoria deles – justamente a parcela afinada com o petismo. O debate que está posto na entrevista de José Serra remete aos últimos 50 anos da economia brasileira – sem contar o humor de algumas tiradas, que trazem à luz conceitos de economia política de que estamos nos desacostumando, nesta fúria caeté que toma conta do pensamento. Deixo claro: pode-se não gostar do que diz Serra. Ignorá-lo, para quem tem entre suas atribuições concorrer para que os jornalistas afinem e refinem os seus critérios, parece-me pouco prudente. Sigamos.


O leitor Cleiton Sotte, de São Paulo, não teve papas na língua: ‘Aliás, o que foi aquela entrevista chapa-branca com o José Serra?’.


Leitores, quando não gostam, costumam mesmo não ter papas na língua. O tal Cleiton diga o que quiser. Representa quem e quantos leitores? Ainda que representasse a maioria, não implica que esteja certo. Reparo que Berzoini, como mero contrapeso, foi deixado para trás. Não parece que algum tucano tenha enviado carta acusando o jornalismo ‘chapa vermelha’.


A propósito: Serra é prefeito de São Paulo, é fato, e o próprio Beraba parece descontente com o fato de que tenha falado apenas sobre temas nacionais na condição de oposição ao governo federal. Espero que tenha sido didático com Cleiton: ‘chapa-branca’ não se aplica, afinal de contas, a quem está exercitando o dissenso, contra o poder oficial, como é o caso. Mas temo que não tenha sido, já que parece endossar a análise e ainda pegar carona nela. Adiante.


Na segunda-feira, o jornal fez um editorial comentando as idéias do prefeito, ‘A entrevista de Serra’. Serra foi descrito como um ‘analista arguto’ que ‘discorreu sobre a crise de um ponto de vista alto o bastante para distanciá-lo da disputa política ordinária -mas não da evidência de que está atraído pela perspectiva de disputar a Presidência’. Mais: ‘Falou ao jornal um político que, tendo se preparado para governar o país, foi derrotado por um adversário cuja gestão, além das evidentes fragilidades políticas e administrativas, provou-se contaminada por desvios e nociva ao fortalecimento da cultura republicana’.
Poucas horas depois Cesar Maia, o prefeito do Rio e também presidenciável pelo PFL, inaugurou o seu blog com um comentário sucinto: ‘Editorial da FSP de 1/8/05 deixa claro que a FSP já tem candidato: o prefeito José Serra’. Esta é a impressão que ficou para vários leitores.


Bem, faço minhas as palavras do jornal. Dado o contexto em que são reproduzidas acima, ou Beraba não as endossa ou vê nelas a evidência de uma tentação sub-reptícia que estava na entrevista. Até aqui, minhas discordâncias com ele não supõem a sua má vontade como leitor. Mas, neste ponto, creio eu, ela se manifesta. Ele recorre a um comentário de Cesar Maia como uma espécie de ‘c.q.d’ e evidência máxima da sua opinião, que coincidiria com a ‘impressão que ficou para vários leitores’  (do que, obviamente, não duvido). Simpatizo com Cesar Maia e o tenho na conta de um dos bons analistas políticos do país. Como auxiliar de ombudsman, no entanto, parece-me que sua opinião está prejudicada desde a origem.


Um dos grandes problemas da cobertura jornalística da atual crise provocada pelas acusações de corrupção que envolvem o governo e os partidos políticos é que ela tem como pano de fundo a eleição presidencial de 2006. O equilíbrio editorial é difícil, mas o jornal tem a obrigação de persegui-lo se não quiser ver sua imparcialidade questionada.


Aqui Beraba escorrega feio. Por acaso a crise de 1992, a do impeachment, não teve como ‘pano de fundo’ as eleições de 1994? Ao escrever ‘Um dos grandes problemas da cobertura jornalística da atual crise (sic)…’, o ombudsman dá a entender que as outras, as já inatuais, caíram da árvore da vida, tinham apenas os protagonistas do poder na ação, jamais os da oposição – antagonistas, então, a depender das relações que se queiram analisar. A propósito: Beraba poderia falar com eficiência do caso Eduardo Jorge, que não cansa de ser reiteradamente inocentado – o último a fazê-lo foi José Dirceu. Por que a reputação de um inocente foi parar na lata de lixo da história? Um bom tema para os que se dedicam à análise crítica do jornalismo.


É neste ponto que Beraba mais se aproxima, certamente de forma involuntária, da leitura que os petistas pretendem imprimir à crise: seu pano de fundo (e, na verdade, querem nos fazer crer, sua motivação) seria eleitoral, e a imprensa, desde sempre, escolheu um lado da disputa: contra Lula – ou, segundo os termos da guerrilha eleitoral de Cesar Maia, a que Beraba recorre como análise neutra, em favor de Serra.


Não sei se a Redação programou novas entrevistas com os outros presidenciáveis. Mas imagino que Anthony Garotinho, Cesar Maia, Heloísa Helena e Luiz Inácio Lula da Silva tenham condições de fazer análises argutas sobre a crise se tiverem o mesmo espaço concedido a José Serra e forem submetidos às mesmas perguntas.


Não sei se a Redação vai cair nessa conversa. Duas páginas de entrevista, com apenas os melhores trechos publicados, suponho, demandam bem uma três horas de conversa. Do elenco acima, o único com idéias e miolos para suportar uma tertúlia dessas e lidar com idéias, como fez Serra, é Cesar Maia. Lula, até onde sabemos, prefere falar a produtoras de TV na França. Duvido que Lo Prete e Barros já não o tenham convidado para tanto. Estranho, ainda, que Beraba não tenha incluído em sua lista Geraldo Alckmin e Aécio Neves, também presidenciáveis, segundo as pesquisas que são feitas.


Ocorre que essa sua sugestão é a prova final dos olhos distorcidos com que leu a entrevista. Ok. Beraba tem a ‘sua’ Folha, e eu tenho a ‘minha’. Não são a mesma. Considerando que ele já foi secretário de redação do jornal e é ombudsman, talvez ele esteja certo, e eu, errado. O que não me impede de dizer o que acho. Na ‘minha’ Folha (tá certo que não sou, assim, um Cleiton para opinar com conhecimento de causa), dá entrevista de duas páginas quem tem coisas relevantes a dizer, já que o jornal não é uma terra devoluta que vai sendo ocupada por qualquer aventureiro disposto a fazê-lo em nome da igualdade.


Na ‘minha’ Folha, em nome do equilíbrio, da isenção e do apartidarismo, jamais daria duas páginas para Heloísa Helena ou Garotinho especialmente se concedi duas a Serra porque não haveria nada mais pró-Garotinho e pró-Heloisa Helena do que isso. Se Beraba quer discutir critério puramente eleitoral, a ela daria um terço do que foi dado a Serra, e a Garotinho, a metade. Como tal critério é vesgo, e o que importa é o que o entrevistado tem a dizer, então não me sentiria obrigado a gastar papel e tinta com a musa do PSOL, que quer reestatizar as empresas privatizadas, ou com Garotinho, que quer sei lá o quê.


A sugestão final de Beraba brutaliza os critérios e banaliza, de forma até desrespeitosa, uma das melhores entrevistas publicadas na imprensa brasileira nos últimos tempos. De resto, bate o martelo num juízo peremptório e redutor: não há nada nela que não seja campanha eleitoral. Todos, portanto, merecem o mesmo espaço.


Se Beraba se comportou como um procurador do leitor, foi, então, do mau leitor. Espero que a Folha continue com parte de sua tradição, especialmente depois da democratização, que consiste em liderar seus leitores, e não em ser liderada por eles. Especialmente aqueles organizados na sociedade da reclamação. Espero, em suma, que o jornal não se torne refém da patrulha petista, como refém é a coluna do ombudsman. Ao menos a de domingo passado. Passarei a lê-la, doravante, com mais atenção.’



João Domingos e Luciana Nunes Leal


‘Valério diz à CPI que deu R$ 20 mi a Duda’, copyright O Estado de S. Paulo, 10/08/05


‘Marcos Valério não perdeu nenhuma oportunidade, ao depor na CPI do Mensalão, de atacar Duda Mendonça, marqueteiro do presidente Lula. Além de confirmar que deu R$ 15,5 milhões a Duda, por supostos serviços prestados ao PT, revelou que em 1998 pagou R$ 4,5 milhões ao marqueteiro pela campanha de Eduardo Azeredo ao governo de Minas. Por fim, procurou caracterizar Duda como detentor de contas milionárias no governo: ‘Eu trocaria todas as minhas contas pelas contas que Duda Mendonça tem hoje.’


Pouco antes, Valério tinha dito que agências que comandam campanhas vitoriosas são beneficiadas com contratos polpudos no poder público. ‘A DM-9 (de Nizan Guanaes) fez a campanha do Fernando Henrique e atendeu às contas do governo. Duda fez a campanha do Lula e atende às melhores contas do governo’, comparou. ‘Eu queria ter a conta do Banco do Brasil e a da Caixa Econômica.’


Ao comentar que fez grande esforço para manter como cliente a Telemig Celular, que poderia ser comprada pela Portugal Telecom, mais um ataque. ‘Só com a conta da Brasil Telecom Duda Mendonça faturou mais de R$ 200 milhões, em 2003.’


Valério entregou cópia do recibo de R$ 4,5 milhões pagos a Duda. Sobre os R$ 15,5 milhões, disse que o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares o orientou a pagar. ‘Recebi autorização para pagá-lo, mas não sei para quê. Era a intimidade deles lá.’


No depoimento, ele chegou a agradecer a alguns parlamentares, como o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ) e a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), pela ‘cordialidade’ com que trataram a sua mulher, Renilda.


Apesar de falar baixo e pacientemente, em alguns momentos ele deu respostas ríspidas. Foi o que ocorreu ao ser indagado se tinha queimado documentos. ‘Burro eu não sou. Eu seria preso por destruição de provas. Nunca fiz isso.’’



Ancelmo Gois


Imprensa‘, copyright O Globo, 10/08/05


‘O mensalão rende resultados (no bom sentido) para a ‘Veja’.


No início da crise, a venda da revista cresceu 10%. Em julho, auge dos acontecimentos, o percentual subiu para 23%.


Maia


Quem acessou o blog de Cesar Maia ontem percebeu que o prefeito acompanhou em tempo real o depoimento de Marcos Mala Valério. E a cidade, como fica??? Com todo o respeito.’



Zuenir Ventura


‘A Minas de Valério, não’, copyright O Globo, 10/08/05


‘Na época da ditadura franquista, Manuel Bandeira escreveu o poema ‘No vosso e no meu coração’, ao mesmo tempo de exaltação da Espanha e de execração do general Franco. Cantava em cada estrofe heróis e glórias da terra de Cervantes – ‘Velha Espanha de Pelaio,/Do Cid, do Grã-Capitão!/Espanha de honra e verdade/Não a Espanha da traição’ – e terminava sempre com o estribilho ‘A Espanha de Franco, não!’


Que falta faz o talento! Que impotente vontade de plagiar o poeta cantando a Minas da liberdade, da honra e da verdade, a Minas do Alferes e dos profetas, do gênio do Aleijadinho, a Minas de Nava, Guimarães Rosa e Drummond, de Sabino, Paulinho, Pellegrino e Otto, não a Minas de Silvério, nem de sua rima Valério. A Minas do barroco; a Minas das malas, não.


Nessa semana aqui pelas Gerais, tenho presenciado a indignação dos mineiros contra as insinuações que procuram associar o estado à corrupção instalada no país. ‘Nada mais injusto’, diz em editorial o jornal ‘Estado de Minas’. ‘Marcos Valério não representa Minas. Por acaso dirige empresas cujas sedes estão na capital. Poderiam estar em São Paulo, Rio, Porto Alegre.’


O presidente da Associação Comercial, Eduardo Bernis, foi ainda mais contundente num artigo de ‘desagravo’, disparando farpas com endereço certo: ‘Não foi aqui em Minas que a trágica justificativa da corrupção contida no ‘rouba, mas faz’ encontrou terreno fértil para se estabelecer.’


É 2006 chegando ao arraial tucano pela velha rivalidade ‘café-com-leite’, do tempo em que, como cantava Noel Rosa, ‘São Paulo dá café, Minas dá leite’ e a Vila Isabel, isto é, o Rio, samba. Bernis acredita que a ‘campanha de descrédito’ é para reduzir o peso e a influência de um estado que ‘está a comprometer projetos alheios de poder’.


Mais do que uma suposta conspiração contra a terra de Tiradentes, o que há de indiscutível é a conjura atual, esta sim infame, comandada por Marcos Valério. Nessa inconfidência às avessas não se encontram mártires nem heróis; ela é composta só dos silvérios da pátria.


Faz sentido em se insistir por aqui que Valério não representa Minas. Aliás, nada menos mineiro não só no conteúdo como no estilo e na forma. Esse esbanjador de grana cuja marca é o desperdício, o exagero, o estardalhaço e a ostentação é a própria traição do espírito de Minas, feito de valores como discrição, parcimônia, recato e cautela.


Viva a Minas de Guimarães Rosa, ‘plenária, imo e âmago, chapadeira, veredeira, zebuzeira, burreira, bovina, vacum, forjadora, nativa, legalista, legal…’!


A Minas de Valério, não.’



80 ANOS D’O GLOBO


O Globo


‘Senado faz sessão solene pelos 80 anos do GLOBO’, copyright O Globo, 10/08/05


‘O Senado realizou ontem sessão solene em homenagem aos 80 anos de fundação do GLOBO. Durante uma hora, o plenário da Casa ficou mobilizado para lembrar a história do jornal que, conforme o depoimento dos parlamentares, confunde-se com a História contemporânea do Brasil. A homenagem foi aberta com um discurso do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que exaltou a biografia de Roberto Marinho.


– Roberto Marinho partiu com a consciência de ter posto o Brasil nos trilhos da modernidade. Ele criou um modelo de homem público da esfera privada – ressaltou o presidente do Senado.


Tucano lembra apoio ao samba


O senador Sérgio Cabral Filho (PMDB-RJ) fez um discurso elogiando a cobertura de caráter nacional e internacional do jornal, sem deixar de lado as notícias locais do Rio de Janeiro. O parlamentar lembrou que o GLOBO sempre incentivou as manifestações culturais do Rio, como os desfiles das escolas de samba cariocas, um aspecto cultural relevante da cidade.


– Sendo universal, o GLOBO nunca deixou de ser local – disse Cabral Filho.


Já o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) afirmou que o GLOBO é uma referência da liberdade de imprensa no Brasil. Ele disse que o jornal manteve a impessoalidade em toda a sua existência, seja em governos democráticos ou ditatoriais.


– Estamos aqui prestando uma homenagem àquilo que já é uma instituição nossa, dos brasileiros, que simboliza democracia e honestidade. As organizações que nascem calcadas nos princípios do profissionalismo e do caráter são instituições que ficam – afirmou o senador tucano.


Resistência às adversidades


O líder do governo, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), destacou que O GLOBO ‘resistiu a todas as diversidades sociais, políticas e econômicas’:


– Esta instituição teve papel essencial na formação do país. A equipe atual do GLOBO é indispensável na construção diária do Parlamento – disse Mercadante.


O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que enfatizou ter compartilhado da amizade de Roberto Marinho, traçou um perfil da História contemporânea brasileira. Ele considerou exemplar a cobertura do jornal ao longo das últimas oito décadas:


– Sem dúvida, o GLOBO é um farol na imprensa brasileira e algo fundamental na vida do Rio de Janeiro. O profissionalismo do GLOBO tem sido a meta principal desse jornal.


O senador Fernando Bezerra (PTB-RN), por sua vez, elogiou a cobertura do jornal em relação à crise no governo.


Além dos senadores, estiveram presentes à solenidade José Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações Globo; o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Edson Vidigal; e o presidente do Superior Tribunal Militar (STM), general Max Hoertel. José Roberto afirmou ter ficado emocionado com as palavras dos parlamentares.


– Foi uma sessão emocionante. Recebi a homenagem com grande satisfação – disse José Roberto Marinho.’