Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Mario Lima Cavalcanti

‘Em um mundo de overdose de informações onde o internauta é bem seletivo com o que lê (e parte dessa seleção tem a ver com otimização de tempo), manchetes sólidas, diretas são cada vez mais importantes. É bem provável que o leitor queira encontrar manchetes precisas e se sinta frustrado quanto se depara com uma informação diferente do que a chamada ‘prometeu’. O mesmo se aplica para campos de assunto de mensagens de e-mail (subject), posts em weblogs, tópicos em fóruns de discussão e em chamadas em versões RSS.

Sim, claro. Isso não é novidade. Pelo contrário. É uma das ‘normas’ mais antigas do jornalismo online e de comunidades virtuais. Mas que até hoje é esquecida por muitos.

Na última semana, Cliff Vaughn, editor de cultura do EthicsDaily.com, escreveu oportunamente para o CyberJournalist.net uma mensagem fazendo este alerta. Por email, Vaughn explica que, quando em uma página, se um título não lhe diz o que ele precisa saber, você pode descobrir a partir de um subtítulo, por exemplo. Já em ambiente RSS, se as manchetes não forem claras, você tem que percorrer uma a uma para ler os subtítulos ou chamadas, se estas estiverem disponíveis. Cliff também alerta que muitas pessoas estão blogando, mas poucas ainda perceberam a importância de um bom título, o que significa que versões RSS de muitos weblogs podem não ser tão claras.

Um bom exemplo de chamadas diretas é apresentado pelo weblog E-Media Tidbits, onde jornalistas e investigadores de mídias digitais postam diariamente informações sobre o assunto. Na página principal do veículo, a chamada para o post mais recente é seguida de uma breve explicação sobre a que área aquela informação diz respeito, evitando assim a possibilidade de um leitor não compreender um título subjetivo. Por exemplo, ‘A Provocative Blog. Steve Outing on big changes for media’. O título ‘Um blog provocativo’ é ‘explicado’ pelo subtítulo ‘Steve Outing falando sobre grandes mudanças para a mídia’.

E já que estamos falando sobre manchetes, não podemos deixar de lado a questão objetividade versus apelação, que persiste diariamente. Infelizmente, vários veículos, no intuito de atrair o usuário de qualquer maneira, ainda não sabem diferenciar sedução de enganação, passando o leitor para trás que, achando que ele vai ler sobre um gato, acaba encontrando uma lebre, e ficando frustrado. Isso desgasta o usuário. É como a diferença entre o cinema norte-americano, que geralmente preza pela adição, e o japonês, que olha pela subtração. Mostrar demais, prometer e não cumprir, não é bom. É possível ser sedutor sem sensacionalismo.

A falta de objetividade nos títulos se encontra também em listas e fóruns de discussão. Em mensagens de boas vindas destes ambientes são comuns lembretes para que os usuários procurem ser objetivos no campo de assunto. Inclusive, este é um dos itens da etiqueta da lista de discussão Jornalistas da Web, administrada por mim. Um caso comum e que se repete muito é quando um membro do grupo precisa tirar uma dúvida e ele simplesmente escreve no subject ‘dúvida’, em vez de ser mais claro, procurando informar ao menos a qual área ou assunto a sua dúvida se refere. Essa medida otimizaria o tempo de leitura dos outros membros e deixaria a mensagem organizada no arquivo para que futuros membros com a mesma dúvida possam encontrá-la com facilidade.

Além da overdose de informações, estamos definitivamente em uma época de via de mão dupla, o que significa muitas coisas, entre elas que o internauta quer participar, escrever, produzir, opinar. Logo, uma boa chamada representa ponto positivo para o emissor, que vai ser bem visto pela precisão na informação que quer passar, e para o receptor, que vai encontrar com facilidade e cada vez mais rápido o que procura. Se em ambiente online convencional já é assim, imaginem em ambiente virtual móvel. Daria um outro artigo… Pensem nisso. E até a próxima! :-)’



JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu

‘Ignorância Para Todos’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 28/07/05

‘O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal em Brasília, de cujo quartinho de despejo é possível ver o fantasma de José Dirceu a esgueirar-se pelas paredes envidraçadas do Congresso, pois Roldão, atualmente dedicado a outras e menos nefastas cretinices, expediu-nos o seguinte despacho:

Ao contar uma briga que houve num vôo de São Paulo ao Rio entre os passageiros Ricardo Luiz de Freitas Brito e Wilson da Costa Ritto Filho, o Correio Braziliense refere-se em seguida ao segundo, o agressor, da seguinte forma:

‘Assim que passei por ele (Filho), que estava duas poltronas a minha frente, fui agredido com dois socos na cabeça e um no rosto’ (declaração do agredido).

Mais adiante o jornal diz que a polícia abriu inquérito contra Filho por lesão corporal. Ora, se a regra é designar as pessoas pelo último sobrenome, o jornal deveria ter identificado esse passageiro pelo nome dele, Ritto, e não Filho, que não é nome próprio.

No estrangeiro, por desconhecimento da língua portuguesa, é que vemos pessoas serem chamadas de Mr. Filho. No Brasil, por ignorância, há muitas pessoas sendo chamadas de Júnior, que é sinônimo de Filho.

E por falar nesse doloroso assunto, é deveras espetacular o curso superior de analfabetismo ministrado pelos parlamentares da CPI dos Correios. O próprio presidente, senador Delcídio Amaral (PT-MS), conforme anotou o diretor de nossa sucursal mineira, Camilo Viana, confundiu indignação com indignidade, o que fez Janistraquis pular da cadeira:

‘Considerado, quando o presidente de uma CPI troca essa palavra por aquela, a Nação brasileira deve botar várias pulgas atrás de cada orelha, as barbas de molho e os dois pés ao jeitão do Curupira…’

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Sérgio Augusto

Segundo o mestre, o que a Nação vê nas transmissões das TVs Câmara e Senado é uma ‘videocacetada cívica’. Leia no Blogstraquis a íntegra dessa brilhante e divertida análise, originalmente publicada no caderno Aliás, do Estadão, e intitulada Vossa Excelência, a CPI dos Correio (assim mesmo, sem o S, em homenagem à escolaridade dos parlamentares).

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Estilo Goebbels

O melhor trecho do artigo em que Melissa Monteiro expressa sua indignação é este:

(…) O porta-voz da República, André Singer, e o assessor de imprensa Rodrigo Baena, pareciam descontentes com as perguntas. Mas o presidente respondeu a todas.

Desde então, recebi todo o tipo de pressão. Pressão da assessoria de imprensa do Planalto.

Depois da entrevista, para minha surpresa, os dois assessores vieram indignados em minha direção aos gritos de ‘você não cumpriu com o nosso trato, isso é falta de profissionalismo, você só fez perguntas sobre política interna, é uma pena que você comece assim sua carreira de jornalista.’

André Singer sugeriu que a fita fosse parcialmente apagada. Rodrigo Baena tentou me convencer de quais perguntas poderiam ou não ser divulgadas, ‘esta você pode guardar, esta não.’

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Mais duas!

Cheio de amor pra dar, Janistraquis roga ao considerado leitor que leia e divulgue o artigo de Geraldo Lopes publicado aqui neste Comunique-se e propõe que as autoridades acrescentem mais duas perguntas ao tal referendo de outubro:

1) – Os crimes hediondos devem mesmo ser punidos com a liberdade?

2) – Fernandinho Beira-Mar deve ser solto ou entregue à polícia dos EUA?

É bom que o Governo dos Últimos Dias aproveite para entornar no colo do eleitor todos os graves problemas da Nação.

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Com o c…

Deu na coluna do Claudio Humberto:

Às armas

Militantes do ‘Orgulho de ser PT’, no site Orkut, anunciam que pegarão em armas para ‘defender o povo e Lula’. Um deles sugere invadir as redações da Folha de S. Paulo, da revista Veja e da TV Globo.

Janistraquis, veterano doutras bravatas, faz ligeira provocação:

‘Considerado, esse tal ‘orgulho gay de ser PT’ vai atacar as redações com o c…, é claro; a menos que tenham deixado de entregar suas armas aos postos de recolhimento, né mesmo?’

É verdade; esse negócio de desarmamento serve apenas para alienar o país, porque o partido do governo precisa roubar em paz, sem correr o risco de que a indignação popular se transforme em revolução. E a descoberta da roubalheira deve ter deixado a militância em deplorável estado psicológico, porque Lula e o resto do pessoal prometiam um ‘Reich de mil anos’ e deu nisso aí…

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In medio virtus

Em sua coluna sabática na Folha de S. Paulo, Dom Luciano Mendes de Almeida dá conta de que Ipatinga, cidade operária internacionalmente conhecida por abrigar o campeão mineiro de futebol de 2005, hospedou, de 19 a 23 de julho, 4.000 delegados das Comunidades Eclesiais de Base, das 269 dioceses de todo o Brasil, sendo 420 religiosos, 380 padres e 50 bispos.

Também participaram 70 convidados de outros países. A representação das populações indígenas compareceu com 80 membros.

Janistraquis está convencido de que esse verdadeiro despotismo de cristãos se reuniu, em verdade, para rezar monstruosa novena capaz, talvez, de livrar a cara do PT. Não se pode esquecer que o partido nasceu nessas comunidades eclesiais, em humilíssima manjedoura, diga-se.

A propósito, abriga-se no Blogstraquis um sensacional artigo do presbítero e assessor das CEBs da Arquidiocese de Juiz de Fora/MG, Carlos C. Santos, intitulado A estrela brilha. Mantê-la acesa é nossa responsabilidade. O texto é longo, mas o sacrifício vale a pena.

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Bom exemplo

Foi discurso de estadista o que perpetrou nosso honrado Lula na cerimônia de posse de José Sérgio Gabrielli, novo presidente da Petrobras:

‘Quero dizer para vocês, meus companheiros, que nesse país de 180 milhões de habitantes pode ter igual, mas não tem mulher nem homem que tenha coragem de me dar lição de ética, de moral e de honestidade. Nesse país, está para nascer alguém que venha querer me dar lição de ética.’

Janistraquis adorou:

‘Considerado, senti firmeza e estou convencido de que, para calar de vez a boca das elites, Sua Excelência deveria ordenar a quebra do seu próprio sigilo bancário, de dona Marisa e dos filhos do casal. Afinal, é de cima que deve vir o melhor exemplo, né não?’

É como diz a propaganda oficial a respeito do bom exemplo: ‘essa moda pega’.

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Desgraça

Há alguns dias, quando chegou a São Januário para assumir o temerário cargo de treinador do Vasco, torcedores mais argutos notaram que Renato Gaúcho carregava misteriosa mala a tiracolo. Conhecemos agora o conteúdo: tratava-se de uma pá de cal, como demonstra a desmoralizante goleada de 7 a 2 para o Atlético Paranaense, ontem à noite em Curitiba. Janistraquis garante que desgraça maior, só a convocação pra depor na CPI.

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Concorrência

O considerado Heitor Fernandez, editor dos jornais Primeira Linha e Folha de Notícias, ambos de Foz do Iguaçu, anuncia que não está mesmo a fim de dar refresco à concorrência:

Uma colunista do jornal A Gazeta do Iguaçu escreveu o seguinte em sua coluna de 28 de maio, edição 5.059 do jornal:

‘Que honra para Foz do Iguaçu receber um projeto do arquiteto Niemeyer. Não é todo dia que cidades recebem um ‘presente’ de alguém como Niemeyer.

De quebra

Ainda por cima vamos, finalmente, possuir um antro de resgate histórico de nossa cidade, tão rica de passado.’

Fernandez pergunta:

Desde quando antro é elogio?!?!?! Quase não dá para acreditar…

Antro é mesmo de doer, ó Fernandez; Janistraquis foi verificar, descobriu o nome da colunista, mas não dirá jamais que se trata da sempre bem informada Samyra Nassar.

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Nota dez

O melhor texto da semana nasceu da indignada lavra de José Inácio Werneck em sua coluna Campo Neutro, da Gazeta Esportiva. Inteiramente de saco cheio com a carolice dos jogadores da Seleção Brasileira, ele escreveu:

(…) Nossa Constituição e nossas leis deixam claro que há liberdade de culto no Brasil, onde existe a separação entre Igreja e Estado, e na liberdade de cultos está inserido o direito de ser ateu. Nossa seleção de futebol não é uma entidade religiosa, nem deveria ser (…)

Leia o texto integral no Blogstraquis.

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Errei, sim!

‘MARAJÁ DE VERDADE — Sob a proteção do título Apenas um marajá, lia-se na coluna Página 10 da Zero Hora de Porto Alegre: ‘Um dos procuradores da Caixa Econômica Federal ganha R$ 18 milhões por mês. Quinze salários.’

Janistraquis reclamou: ‘Considerado, é um absurdo tal informação ter recebido tão exíguo espaço; merecia ser manchete de capa do jornal!’

Concordo. Ao receber R$ 18 milhões por mês, o bancário em questão não é ‘apenas um marajá’, no sentido, digamos, jabaculesco da palavra; trata-se de marajá de verdade, uma das criaturas mais abonadas do mundo. (janeiro de 1996)’



LÍNGUA PORTUGUESA
Deonísio da Silva

‘Delúbio Mãos De Tesoureiro’, copyright Jornal do Brasil, 1/08/05

‘Delúbio Mãos de Tesoureiro disse: ‘Nós nos conhecemos em meandros de 2002’. Foi diante da indagação dos parlamentares sobre a amizade com o avalista de seus empréstimos, Marcos Valério Mãos de Publicitário.

Os dois semelham o personagem Eduardo Mãos de Tesoura, do filme homônimo de Tim Burton.

‘Meandros’, equivale a volteios, idas e vindas. Ao substituir ‘meados’, terá tido a função inconsciente de adequar-se a outras tortuosidades do depoimento.

Mas nem tudo é filme ou erro de português! Afinal, as palavras falam por si mesmas e escorregam para fora da boca depois de geradas na caixa-preta da cabeça de quem as profere. Por motivos conscientes ou inconscientes, os depoentes escolheram aquelas palavras e não outras!

O advogado orientou o declarante até onde pôde, mas o inconsciente deu indícios de que também cumpriu sua parte, apesar de todos os esforços que o hospedeiro usou para disfarçar-se atrás de biombos de gestos e palavras. Meados, plural de ‘meado’, foi impedido de aparecer por sua proximidade com meada, cujo fio o depoente queria a todo custo impedir que deputados e senadores puxassem.

Meandro veio do grego Maeandros, com escala no latim Maeandrus, antes de desembarcar no português, onde mudou de significado.

No grego e no latim, designa rio da Ásia Menor, marcado por curvas, rodeios e sinuosidades. O apóstolo São Paulo, numa de suas três célebres viagens, pregou em terras banhadas pelo rio Meandro, na Cária, depois de fazer trabalho semelhante na Bitínia e na Capadócia. Por sinal, capadócio, além de habitante da Capadócia, em português é sinônimo de ignorante, trapaceiro, cabotino, que ‘tenta enganar os outros dando-se ares importantes’, como explica o Dicionário da Língua Portuguesa, de Antônio Houaiss. Já beócio, habitante da Beócia, é apenas boçal, bobo, ignorante, mas não trapaceiro.

Antônio Houaiss chamava marisco e mexilhão de ‘almêijoa’. ‘Eu discrepo’, disse em assembléia de estudantes e professores, para registrar inconformidade com certa proposta. O universitário, encarregado de registrar os votos, ficou em dúvida se ele concordava ou discordava.

Houaiss ratificou seu voto em outras palavras: ‘Eu discordo’. Mas antes cochichou ao vizinho: ‘Eu ia dizer ‘eu divirjo’, mas divergir é irregular. Disse ‘eu discrepo’ e ainda assim não fui entendido. Os alunos podem me achar pernóstico, mas eles não estudam mais português?’.

Não estudavam! E hoje ocupam altos cargos na República, sem que ninguém tivesse votado neles, pois ninguém vota em indicado.

Para tudo há concursos, testes escritos ou entrevistas para admissão, inclusive para gari ou faxineiro, menos para cargos indicados por políticos. E muitos deles seguem com seus outros crimes, corrompendo também a língua portuguesa, um dos fundamentos da identidade nacional.’



MORAES CENSURADO
Agência Senado

‘Caiado critica ‘monstruosidade’ que estaria contida no livro A Toca dos Leões’, copyright Agência Senado (www.senado.gov.br), 1/08/05

‘O deputado federal Ronaldo Caiado (PFL-GO) criticou, na abertura da 7ª reunião do Conselho de Comunicação Social (CCS), nesta segunda-feira (1°), manifestação do conselho que repudiou decisão judicial do estado de Goiás pela proibição de circulação do livro A Toca dos Leões, de Fernando Moraes.

Segundo o deputado, na página 301 da obra ele é retratado como sendo um ‘cara muito louco’ e que o deputado havia sugerido a adição de contraceptivo à água potável, para resolver o problema da superpopulação das camadas inferiores do Nordeste. Ronaldo Caiado criticou ainda o autor do livro por ter apresentado na obra uma informação sem ouvir a versão do citado.

– Uma monstruosidade como esta foi relatada a meu respeito e, por eu ter recorrido à Justiça, passei a ser rotulado como defensor da censura. Não tenho o direito de demonstrar que se trata não só de uma mentira deslavada, mas de uma monstruosidade? – questionou Caiado.

O documento de manifestação emitido pelo CCS salienta que qualquer cidadão possui o direito de buscar reparação de lesão a direito violado. Acrescenta, porém, que ‘é inaceitável a proibição de publicação e circulação de manifestação de pensamento, criação, expressão e informação’. Na opinião do conselho – não unânime, conforme salientou o conselheiro Roberto Wagner – esta proibição pode abrir precedente ao direito de censura, banido pela Constituição de 1988.

O deputado exige a retirada do livro do trecho em que é citado, pois, na sua opinião, livro é diferente de jornal e revista, pois a informação tem caráter atemporal.

– Não é indenização em dinheiro que reporá minha honra, mas sim a retratação e a retirada desta monstruosidade. Qual é a imagem sobre uma pessoa chamada Ronaldo Caiado que se terá daqui a 100 anos? – observou o deputado.’