Saturday, 05 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1308

Ministro propõe redução de controle sobre rádios e TVs


Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 5 de novembro de 2009


 


CONCESSÕES


Elvira Lobato


Proposta de ministro reduz controle sobre rádios e TVs


‘Um projeto de lei de autoria do ministro das Comunicações, Hélio Costa, propõe diminuir o controle do Estado e do Congresso sobre a venda de emissoras de rádio e TV. O projeto seria votado ontem na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, mas a votação foi adiada para a semana que vem.


Ele propõe que as rádios com potência de até 50 KW e as emissoras de TV que não são cabeças de rede possam ser vendidas sem autorização prévia do Poder Executivo e do Congresso, desde que não possuam acionista estrangeiro.


As emissoras teriam apenas que comunicar a troca de controle ao Executivo, no prazo de 45 dias a contar do registro da venda na junta comercial ou no cartório de pessoa jurídica.


Segundo empresários do setor, mais de 80% das emissoras de rádio do país têm potência inferior a 50 KW, o que significa que poucas continuarão sob o controle do governo.


Uma das restrições à proposta está em que a legislação impõe limites à concentração de propriedade de rádio e TV. Para especialistas, o projeto reduz o poder do governo de fiscalizar.


Desde 1962, é obrigatória a autorização prévia do presidente da República para a venda do controle acionário de emissoras de TV e a do ministro das Comunicações para a venda de rádios. A partir de 1988, tornou-se obrigatória também a aprovação prévia pela Câmara e pelo Senado.


O projeto de Costa prevê que empresas que mudaram de controle acionário sem a aprovação prévia possam regularizar a situação, sem penalidade.


Costa apresentou o projeto em 2005, como senador, e logo depois assumiu o cargo de ministro. Em 2006, o projeto foi aprovado pela Comissão de Educação do Senado, onde o relator foi Edison Lobão, atual ministro das Minas e Energia, cuja família é proprietária de rádios e TV no Maranhão.


O projeto tramitou no Senado, sem chamar a atenção, até entrar na pauta da CCJ, onde seu relator é o senador Antônio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA), acionista da TV Bahia, afiliada da Globo, e defensor do projeto de Hélio Costa.


Costa afirmou que continua defensor do projeto. Na exposição de motivos enviada ao Senado, alegou que a regulamentação da radiodifusão é da década de 60 e não condiz mais com as necessidades do setor.


A proposta defende ainda que as empresas sejam desobrigadas de enviar anualmente ao governo o comprovante de seu quadro societário.


Segundo a Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e de Televisão), a proposta tem prós e contras. ‘Reduz a burocracia, mas pode propiciar negociações em desacordo com a lei.’ Para a organização não-governamental Coletivo Intervozes, o projeto diminui o poder do Congresso de fiscalizar a radiodifusão, anistia empresas que mudaram de dono ilegalmente e reduz a transparência.’


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


Em progresso


‘O ‘Financial Times’ publica hoje e adiantou ontem em texto e PDF um caderno especial de dez páginas sobre investir no Brasil. Destaca longas entrevistas, inclusive vídeo, com Lula e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, cotado para ser o presidente do Banco Central. Ocupando metade da capa, um anúncio do Bradesco. Nas páginas internas, várias estatais, mais Andrade Gutierrez e Votorantim.


No enunciado da primeira página, ‘Louvor olímpico põe selo no progresso’. Na home page do caderno, ‘Superpotência pronta para alimentar o mundo’. Ao longo dos 36 textos, temas como o Bolsa Família que ‘faz diferença de verdade’; a aspiração de ser destino turístico global, mas também a violência no Rio; e o ‘forte crescimento depois de breve queda’.


FARAÔNICO


O correspondente do ‘Le Monde’, Jean-Pierre Langellier, viajou até a ‘Bacia do São Francisco’, de onde enviou a longa reportagem ‘Os trabalhos faraônicos para irrigar o Nordeste’, sobre a transposição de Lula. Para o outro lado, ouviu d. Luiz Cappio e Ivan Valente, do PSOL.


FRANÇA VS. ESPANHA


‘Wall Street Journal’ e ‘FT’ acompanham cada movimento da francesa Vivendi e da espanhola Telefônica, em sua competição pelo controle da tele GVT, do Paraná. Ontem, destacaram que a segunda elevou a oferta de compra.


É para que a Vivendi ‘não tenha chance’ de entrar no país, opinou ontem mesmo o ‘FT’, em sua coluna Lex.


POTÊNCIA LATINA


O espanhol ‘El País’ publicou o artigo ‘Brasil, grande potência latina’. Abre dizendo que ‘parece que o Brasil se cansou de ser o país do futuro e se prepara para interpretar o papel de grande potência’. Convoca para um evento político-institucional sobre o país, em fundação de Madri.


E AFRICANA


O sul-africano ‘Independent’ deu a reportagem ‘Disputa pela África: Brasil ganha terreno da China’, do ‘correspondente de investimentos na África’ da Reuters.


Em suma, a ‘China lidera, mas quem acha que Pequim já costurou o continente só precisa olhar o passaporte de Lula’ -que antes de estrear na Europa, em 2007, já teria viajado seis vezes à África.


O LADO ESCURO


Sob o título ‘Ajudaremos Colômbia e Venezuela a vigiarem sua fronteira’, o assessor de Lula, Marco Aurélio Garcia, ‘um dos artífices da decolagem definitiva do Brasil em política externa’, deu entrevista em Madri ao ‘El País’. Primeira pergunta e resposta, já em tradução do portal UOL:


‘O Brasil está preparado para assumir o lado escuro -crítica, imagem negativa- de ser um líder mundial?’


‘Tentamos não assumir a ideia do Brasil como potência, por uma questão do que devem ser as relações na região.’


RENASCIMENTO PURO


Nas primeiras páginas de ontem nos EUA, em papel, as vitórias republicanas em New Jersey e Virginia foram destacadas como ‘punição dos eleitores a Obama e os democratas’, no dizer da ‘Economist’.


Mas os sites de ‘New York Times’, ‘Washington Post’ e outros já passaram ontem para o significado dos resultados para os próprios republicanos em ‘renaissance’. Na preparação para as eleições de meio de mandato em 2010, terão que avaliar a ação de Sarah Palin, por exemplo, que fez campanha em Nova York contra uma republicana moderada, que terminou abandonando a disputa e o partido -e apoiando um democrata, que venceu.’


 


 


TELEVISÃO


Sílvia Corrêa


RedeTV! supera a Band no horário nobre


‘A audiência mensal da RedeTV! entre as 18h e a 0h superou a da Bandeirantes na média de outubro. Foi o primeiro mês em que isso aconteceu. A diferença é mínima e está dentro da margem de erro, mas a vantagem é inédita para a RedeTV!.


O Ibope registrou 3,5 pontos de audiência para a emissora de Alphaville na Grande São Paulo, contra 3,4 pontos da Band, sempre das 18h à 0h. Cada ponto equivale a 57 mil televisores ligados. Em janeiro, na mesma faixa de horário, a RedeTV! teve 2,8 e a Band, 3,7 pontos.


O avanço é mais um resultado do fenômeno de audiência em que se transformou o ‘Pânico na TV’. Ele ocupa duas horas e meia das cinco horas da medição e, em outubro, enfrentou, basicamente, filmes e ‘Vídeos Incríveis’ na Band.


Há duas evidências do mérito do ‘Pânico’. Primeira: a Band segue na frente no resto do dia. Segunda: mesmo no horário nobre, a RedeTV! só superou a Band às sextas e aos domingos -quando transmite e reprisa o ‘Pânico’. Nesses dias, porém, a diferença chegou a 4 pontos e foi suficiente para alavancar sua média mensal no horário.


Na Band, a ordem é tratar o SBT como concorrente e considerar a audiência do dia cheio (que dá vantagem à emissora). No próximo domingo, a emissora estreia a revista eletrônica ‘Videonews’, às 22h.


A RedeTV! comemora. O vice-presidente, Marcelo de Carvalho, diz que o ‘tom jovem do ‘Pânico’ vai contaminar toda a programação em 2010’.


PACOTE ‘PÂNICO’


É com dez novos programas, a partir de março, que a RedeTV! vai tentar promover um efeito ‘Pânico’ na programação. O pacote inclui dois games, um reality e duas séries -uma delas é infantil e será a primeira vez que a emissora vai se arriscar sozinha na dramaturgia.


LÍDERES


A audiência da Globo entre as 18h e a 0h caiu de 30,2 pontos em setembro para 27,3 em outubro. A Record foi de 8,4 para 8,8. O índice de setembro -o maior do ano- reflete a reta final de ‘Caminho das Índias’.


TERRA DE CEGO


É por causa de uma conjuntivite que o apresentador Rodrigo Faro tinha o olho esquerdo meio fechado em ‘Ídolos’, na terça. Luiz Calainho estava de óculos pelo mesmo problema.


GINCANA


O ‘Mais Você’ de hoje será ao vivo, do Credicard Hall, com 1.500 pessoas na plateia. O programa vai dar dez carros Gol -três deles numa gincana. Levarão os veículos as primeiras pessoas que chegarem com determinado produto a endereços definidos em Belo Horizonte, no Rio e em Salvador.


TOY ART


Em homenagem ao aniversário do programa, tudo no ‘Mais Você’ será dez. Haverá dez convidados, dez chefs que farão um risoto para a plateia e dez artesãos, que farão dez bonequinhas de Ana Maria Braga.


A FAZENDA


É oficial: ‘A Fazenda’ estreia no domingo, dia 15. A Globo ainda não definiu o que colocará no horário. É provável que espere a audiência do reality.’


 


 


Sílvia Corrêa estreia hoje na coluna ‘Outro Canal’


‘A coluna ‘Outro Canal’, sobre os bastidores da televisão, passa a ser assinada, a partir de hoje, pela jornalista Sílvia Corrêa, 34.


Nascida em Porto Alegre, sua carreira no jornalismo começou em 1992, no Grupo Folha, onde ficou por 13 anos, passando pelo ‘Notícias Populares’, pela ‘Folha da Tarde’, pelo ‘Agora São Paulo’ e também pela Folha, sendo repórter de Cotidiano e de Brasil.


Em 2004, foi trabalhar como repórter no ‘Jornal da Record’, sob o comando do âncora Boris Casoy. Em seguida, entrou na Rede Globo como produtora sênior, em São Paulo, do ‘Jornal Nacional’.


Ainda em televisão, passou pelo SBT, pela TVJB e pela TV Cultura, trabalhando com Carlos Nascimento e Alexandre Machado, entre outros.


Há um ano, voltou para o Grupo Folha como responsável pela primeira página do jornal ‘Agora São Paulo’. Atualmente, cursa veterinária pela Universidade Anhembi Morumbi.


Para a coluna, Corrêa vai investir em informações exclusivas sobre as emissoras, no acompanhamento dos números de audiência e em personagens dos bastidores da TV. ‘Quero cobrir o lado do entretenimento, mas, ao mesmo tempo, mostrar a importância da televisão como indústria de negócios’, diz.’


 


 


‘Heroes’ mata protagonista para tentar salvar audiência


‘O seriado ‘Heroes’ há tempos não alcança a audiência do começo. A primeira temporada era acompanhada por cerca de 15 milhões de espectadores. Atualmente no quarto ano, está no patamar dos 6 milhões.


O criador, Tim Kring, resolveu apelar para a morte de um dos protagonistas -agora de vez, já que não é anormal que os personagens sejam assassinados e voltem no capítulo seguinte.


Se você não quiser saber detalhes do corte, pare de ler este texto agora.


Nathan Petrelli (vivido por Adrian Pasdar), político que tem o poder de voar, vai ser assassinado finalmente. O ator não foi avisado do destino de seu personagem. Ficou sabendo da notícia ao ler o roteiro. Ainda não vazou como se dará a morte.


Outro rumor segue forte: o de que a série anunciaria para o ano que vem sua última temporada, tentando catapultar a audiência. Por enquanto, a rede NBC não confirma os boatos. No Brasil, os novos episódios são exibidos no Universal Channel.’


 


 


Steve Martin e Alec Baldwin vão apresentar Oscar


‘A 82ª cerimônia do Oscar, prevista para 7 de março de 2010, terá como anfitriões Steve Martin, pela terceira vez, e Alec Baldwin, pela primeira. Durante o anúncio, os produtores do evento afirmaram que, apesar de não ser uma novidade, a escalação de uma dupla visa acrescentar humor e alavancar a audiência da premiação. O anúncio dos filmes indicados deve acontecer no dia 2 de fevereiro.’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 5 de novembro de 2009


 


LIBERDADE DE IMPRENSA


Moacir Assunção


‘A censura estrangula a sociedade’


‘O historiador Hernani Donato, presidente de honra do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Paulista de História, confessou sua incredulidade diante da censura ao Estado. ‘Tenho lido diariamente no jornal manifestações de revolta pela mordaça. A minha não é de revolta, mas de pena por ver ocorrerem no meu País, por ações de um juiz e de um senador, coisas típicas de nações atrasadas, como a censura’, desabafou.


O que mais assombra o veterano historiador é a postura do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pai do empresário Fernando Sarney, que solicitou e obteve no Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF) a censura ao Estado, por divulgar informações da Operação Boi Barrica da Polícia Federal, na qual foi indiciado por vários crimes.


‘Não sei exatamente que medida ele (Sarney) poderia tomar, mas deveria agir para preservar a biografia de liberal e de democrata, que sempre afirmou ser, acabando com esta censura’, defendeu. Em sua opinião, as atuais leis existentes são suficientes para garantir a liberdade de expressão. ‘A lei formata a sociedade. A censura a estrangula’, disse.


CAMÕES


Donato, autor dos clássicos Dicionário das Batalhas Brasileiras e Revolução de 1932, acompanhou, quando trabalhava na Editora Abril, a censura imposta ao Estado e ao Jornal da Tarde durante a ditadura militar e tem fortes lembranças daquele período. ‘Por isso, sofro duas vezes, já que também vivi aquela época, em que os jornais estampavam poemas de Camões e receitas de bolo para escapar dos censores.’


A censura deixou marcas em várias épocas da história da humanidade, de acordo com ele. Até mesmo São Paulo, gentio convertido ao cristianismo, condenou à mordaça a liberdade de expressão. ‘Em sua carta aos tessalônicos, ele ressalta que o fiel deve examinar tudo, retendo o que é bom’, disse.


A mordaça também integra a herança portuguesa no Brasil. ‘No período do Rei Miguel no país europeu ele dizia que a imprensa e a liberdade de expressão eram o pão espiritual do povo. O governo seguinte acrescentou que, assim como a batata e o bacalhau, o pão também precisa ser fiscalizado, ou seja, controlado.’



Liminar do Tribunal de Justiça do DF em ação movida por Fernando Sarney proíbe o jornal de publicar dados sobre a investigação da PF acerca de negócios do empresário, evitando assim que o ‘Estado’ divulgue reportagens já apuradas sobre o caso’


 


 


Tatiana Fávaro


Diocese quer proibir notícias sobre vigário


‘A Diocese de Limeira ingressou na Justiça com um pedido de liminar para proibir a veiculação de informações sobre decisões ou ações da instituição. O caso está nas mãos do juiz Rilton José Domingues, da 2ª Vara Cível de Limeira, que deve tomar uma decisão hoje.


O pedido de liminar foi feito na sexta-feira passada. Segundo a assessoria da diocese, o objetivo é ‘proteger o bispo, dom Vilson Dias de Oliveira, e o vigário-geral, Reynaldo Ferreira de Mello, de ofensas’ feitas por jornalistas da cidade.


ALVOS


Seis veículos de comunicação seriam os alvos do processo, ao qual a reportagem do Estado não teve acesso. ‘Querem atacar o bispo e a mim. Isso já virou pessoal’, afirmou o vigário-geral ontem. ‘O que pedimos foi uma medida cautelar para podermos fazer o nosso dever.’


Mello também declarou que não vê nenhum tipo de censura no pedido de liminar. ‘Não queremos ferir a liberdade de imprensa’, disse ele, ao comentar que anteontem houve uma reunião do conselho episcopal e, depois do encontro, ‘a imprensa foi atendida’.


‘Não é censura’, alegou o vigário-geral. ‘O que queremos é nos proteger de perseguições pessoais.’


A polêmica teria começado depois do vazamento da informação de uma possível transferência do padre Alquermes Valvasori, pároco da Catedral de Limeira.


A diocese não informou quando ou para onde ele será transferido. Por meio de funcionários da catedral, o padre Alquermes mandou avisar que não dará entrevista sobre o assunto.


Segundo Mello, a transferência do pároco vem sendo discutida desde o fim do mês de agosto, mas só acabou virando notícia em jornais, rádios e emissoras de televisão durante as últimas semanas.


O bispo informou, por meio de sua assessoria, que não vai se pronunciar sobre o caso por se tratar de ‘uma questão interna’.


O vigário-geral afirmou que somente o bispo poderá falar sobre a mudança, mas adiantou que não há nenhuma denúncia nem qualquer queixa contra o padre. ‘É simplesmente uma questão interna, uma decisão do bispo’, disse.


A decisão sobre mudar ou não o padre Alquermes de paróquia poderá ocorrer na reunião do conselho, marcada para 9 de dezembro.’


 


 


PLAYBOY


Brooks Barnes, The New York Times


Império das coelhinhas vive crise, mas Hugh Hefner reina aos 83


‘Hugh Hefner se reclina no surrado sofá de dois lugares no estúdio da sua famosa mansão e entrelaça os dedos por trás da cabeça. Um visitante fez uma pergunta – quase gritando, já que Hefner tem problemas de audição – sobre mortalidade. Aos 83 anos, ele pensa nisso? Numa palavra: não. O lendário fundador da Playboy, profeta do hedonismo, não acredita que seu fim esteja próximo. E também não age como se estivesse. Continua trabalhando em tempo integral na sua revista, voa para a Europa e Las Vegas, toma Viagra, frequenta boates com as três atuais namoradas com quem vive na sua mansão – com idades suficientes para serem suas bisnetas – e está trabalhando num filme com o produtor Brian Grazer. ‘Esta é uma melhores fases da minha vida’, diz, sorrindo, de pijama e chinelos. ‘Está ainda melhor, mais rica, do que as pessoas imaginam.’


Você quer acreditar, mas é difícil ignorar as realidades da sua empresa. A Playboy Enterprises, afetada pelas mudanças que vêm ocorrendo nos veículos de comunicação, precisa de uma boa injeção de ânimo. Neste mês, a revista anunciou um corte na tiragem de 2,6 milhões para 1,5 milhão. A Playboy Magazine contabiliza prejuízos há sete trimestres consecutivos. E talvez o mais terrível seja que, no início do ano, a empresa tenha declarado que aceitaria ofertas de compra, algo que se acreditava impensável enquanto Hefner estivesse vivo.


Mas ele sabe que toda boa festa acaba e há muito tempo comprou uma cripta próxima à de Marilyn Monroe no cemitério de Los Angeles. Nas entrevistas concedidas com o passar dos anos, ele sempre disse que a vida não valeria a pena sem a Playboy. ‘Seu eu a vendesse, minha vida acabaria’, declara. Mas isso pode estar mudando. ‘Estou pensando mais seriamente no fato de que não tenho mais 30 anos. Preciso pensar na continuidade da revista.’


Amado ou odiado, ninguém duvida da influência de Hugh Hefner na história da cultura norte-americana. Como editor de revista, ele fez pelo sexo o que Ray Kroc fez pela comida de beira de estrada: tornou-o mais ‘limpo’ para uma classe média emergente.


Como força cultural, contudo, Hugh Hefner ainda divide o país, e isso 56 anos depois da primeira edição da Playboy. Para seus defensores, ele é o grande libertador sexual que ajudou os americanos a se livrarem da neurose e do puritanismo. Para seus detratores, incluindo muitas feministas e conservadores, ele ajudou a desencadear uma revolução do comportamento sexual que transformou em simples objeto e vítima um número incontável de mulheres e promoveu uma visão imoral da vida, só de prazeres. Hugh Hefner reconhece que houve consequências funestas a partir do que ele ajudou a pôr em marcha, mas diz que ‘é um pequeno preço a pagar pela liberdade pessoal’.


A SÉRIE DE TV


‘As pessoas nem sempre tomam boas decisões. As reais obscenidades neste planeta têm pouco a ver com sexo’, diz, acrescentando que ‘esta não é uma época romântica’. Considerando-se toda a pornografia agora disponível instantaneamente online e os programas de sexo ao vivo, incluindo a sua própria série na TV ,The Girls Next Door (As Garotas da Mansão da Playboy), esta é uma época que torna os ideais da Playboy parecerem antiquados.


Hefner usa a palavra ‘gato’ para falar de si: ‘Sou o gato mais feliz do planeta.’ E não valoriza muito o ambiente cultural moderno. ‘Acredito firmemente que a cultura pop hoje é um caldo diluído’, declara. ‘Costumava ser algo muito mais espesso e profundo.’


Mas, ao mesmo tempo, tenta participar ativamente desse ambiente. Embora a revista ainda seja editada quase toda em Chicago, é ele que aprova ‘cada Coelhinha, cada capa, os cartoons e as cartas’. Trabalhando a partir do seu escritório ou da sua cama, forrada por uma colcha de veludo e seda, Hefner é quem estimulou a recente decisão da revista de adquirir um trecho de 5.000 palavras do romance inacabado de Vladimir Nobokov, Laura, para uma futura edição.


Ele foi iniciado no Twitter por suas namoradas. Está ligadíssimo na série dramática da HBO, True Blood. E, recentemente, filmou um comercial de propaganda do Guitar Hero segurando o cachimbo que abandonou depois de sofrer um pequeno AVC em 1985.


VINGATIVAS


Hefner também sofreu algumas humilhações pessoais. Antigas namoradas que viveram com ele na mansão, incluindo as que apareceram na série As Garotas da Mansão da Playboy, o retrataram em entrevistas e num livro como um controlador fanático que impunha um toque de recolher às 9 horas da noite. A própria mansão já teve dias melhores. Durante uma visita em julho, a casa de jogos (a única com uma sala que tem um colchão como piso) cheirava mofo, enquanto que o viveiro de pássaros estava precisando de uma boa limpeza. A famosa gruta, com suas banheiras Jacuzzi de várias profundidades, parecia mais uma gruta fétida de zoológico do que um palácio do prazer (embora as prateleiras ao lado estivessem repletas de enormes frascos de óleo para bebê).


Em março, com o mercado imobiliário despencando, ele colocou à venda a casa da sua mulher, vizinha da Mansão da Playboy, por US$ 28 milhões. A casa foi vendida em agosto por US$ 18 milhões. Hefner, que se separou de Kimberly Conrad em 1998, entrou com pedido de divórcio no início de setembro; Kimberly está processando o ex-marido, alegando que ele lhe deve US$ 4 milhões, com base num acordo pré-nupcial e no produto da venda da casa.


O séquito de Hefner insiste que não há escassez de dinheiro, mas uma série de medidas adotadas parecem mostrar exatamente isso. O Los Angeles Business Journal reportou no ano passado que o número de funcionários da mansão foi reduzido. As pessoas agora pagam ingressos (até US$ 10.000 cada ) para as festas que antes eram só para convidados e que ainda hoje são uma parte vital da marca Playboy.


‘Nem sempre é tão empolgante como as pessoas imaginam’, disse Holly Madison numa entrevista há alguns meses. Holly viveu com Hugh Hefner por sete anos como ‘namorada número 1’, até separar-se dele no fim do ano passado.


Richard Rosenzweig, que trabalha na Playboy desde 1958, pensa diferente. ‘Este é um lugar que todos desejam ver’, declarou numa entrevista. ‘Todo mundo quer vir aqui.’ Quando o relacionamento de Hefner com Holly Madison terminou, ele disse ter recebido cartas de mulheres do mundo todo implorando para morar com ele. ‘Elas estavam saltando os portões’, conta, radiante. Hugh acabou escolhendo três novas namoradas para companhia na Mansão, Crystal Harris, de 23 anos, e as gêmeas Kristina e Karissa Shannon, de 20 anos.


Apesar da atitude jovial, Hefner claramente está preocupado com o seu legado. Ultimamente ele vem estudando cuidadosamente seus álbuns de recortes, que guarda desde a infância e hoje já somam dois mil volumes. Um material nunca visto que inclui seu primeiro cartão de biblioteca, histórias em quadrinhos que ele próprio desenhou e fotos – que devem constituir o núcleo de uma ‘biografia ilustrada’ em seis volumes, de 3.506 páginas, da Taschen. Somente 1.500 edições dessa volumosa biografia serão vendidas, por US$ 1.300 cada, ainda antes do próximo Natal.


NO CINEMA


Pela primeira vez, ele também deu acesso total a uma produtora de documentários, Brigitte Berman, que concluiu recentemente o documentário Hugh Hefner: Playboy, Ativista e Rebelde, que estreou no Festival Internacional de Cinema de Toronto. E um importante realizador de filmes biográficos está acelerando o trabalho depois de uma longa espera. Brian Grazer reuniu-se recentemente com a roteirista Diablo Cody para discutir o projeto. Brett Ratner (conhecido pelo filme Hora do Rush, grande sucesso de bilheteria) deve dirigir o filme e Robert Downey Jr manifestou interesse em interpretar Hefner. ‘Ele é um grande intelecto que influenciou o espírito de uma época, e essa influência é subestimada’, disse Grazer.


Alguns dos antigos amigos estão muito inquietos, temendo que sejam perdidas algumas das realizações de Hefner que admiram – a criação de um ícone cultural (a coelhinha da Playboy), a derrubada de fronteiras raciais (pela inclusão de artistas negros em seus clubes)e o apoio a muitas causas feministas, incluindo o direito ao aborto e a Emenda pelos Direitos Iguais. Hefner também se preocupa. ‘Hoje vivemos, literalmente, num mundo muito diferente e eu ajudei a torná-lo assim’, diz. ‘Os jovens não têm nenhuma noção disso.’


TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO


Em Suma:


Neste texto, você fica sabendo como anda a vida do poderoso magnata das comunicações Hugh Hefner, de 83 anos, dono de um império chamado Playboy Enterprises, que inclui a revista masculina Playboy, fundada por ele. Hefner está às voltas com filmes sobre sua vida (um deles pode ser estrelado por Robert Downey Jr.), a manutenção do seriado de TV As Garotas da Mansão da Playboy e a edição de uma biografia ilustrada em seis volumes, a sair antes do Natal. Por causa da crise em seu país, diminuiu o número de funcionários de sua empresa e de sua mansão e não se incomoda mais se tiver até de vender a revista.’


 


 


TELEVISÃO


Keila Jimenez


Nem tão ao vivo


‘Há dez dias de sua estreia – no dia 15 – a segunda edição de A Fazenda, da Record, enfrenta duas celeumas: o horário em que entrará no ar aos domingos e a exibição de suas provas, até então gravadas, agora com o pay-per-view 24 horas, via TVA e Telefônica TV Digital.


A emissora, que ainda não definiu o horário de exibição de A Fazenda 2 aos domingos, não quer tirar espaço de Gugu, que fica cerca de quatro horas no ar, nem sacrificar sua linha de shows. Uma das hipóteses é decepar um dos filmes exibidos no início da tarde e antecipar toda a grade. Com isso, Gugu, que vai ao ar às 20 h, entraria às 18h30 e sairia às 22h30, possível horário de estreia de A Fazenda. Aos sábados, o reality irá ao ar às 21h30, enfrentando Viver a Vida, da Globo.


Outra dúvida é como manter o suspense das provas do reality em pay-per-view, já que, na 1ª edição, eram gravadas. Uma das ideias é cortar o sinal de A Fazenda durante as competições e só exibi-las aos assinantes depois, junto com a edição noturna na TV aberta. O pacote completo com os três meses da atração em pay-per-view, 24 horas, custa R$ 100. Em dezembro, ele cai para R$ 75, e em janeiro, na reta final, R$ 70.’


 


 


ESTRELA


O Estado de S. Paulo


Ronaldo troca treino por comercial na TV


‘O Corinthians liberou o atacante Ronaldo de treinar ontem, no período da manhã, para que o atleta pudesse atender a um compromisso comercial.


Com a anuência do clube, o camisa 9 não foi ao Parque São Jorge para poder gravar participação numa peça publicitária de um produto do Banco Pan-Americano, que pertence ao Grupo Silvio Santos, patrocinador do Corinthians -e cujo contrato rege que 80% do valor pago pelo espaço na camisa do time ficam com o atleta.


Para o jogo de domingo contra o Santo André, o técnico Mano Menezes procura um substituto para Elias, suspenso. A tarefa ficou mais complicada, já que o time não conta mais com Marcelo Mattos este ano. O volante foi submetido ontem a uma cirurgia.


Enquanto o time se arrasta rodada a rodada à espera do fim do Brasileiro, a diretoria corre atrás dos reforços para o ano do centenário do clube.


Iarley e Tcheco já têm acordos apalavrados com a equipe. O volante Ralf, do Barueri, acertou a chegada ao clube. Na lateral esquerda, as preferências são por Roberto Carlos, uma indicação de Ronaldo, e Juan, do Flamengo.’


 


 


 


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