Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Negócio de US$ 10 bi
movimenta TV americana


Leia abaixo os textos de quinta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 3 de maio de 2007


EUA / TELEVISÃO
Andrew Ross Sorkin


Rede Cablevision é vendida por US$ 10,5 bi nos EUA


‘DO ‘NEW YORK TIMES’ – A Cablevision Systems anunciou ontem um acordo para que seja vendida à família Dolan, fundadora da empresa, por mais de US$ 10,5 bilhões em espécie. Somando-se sua dívida, o preço total é de quase US$ 23 bilhões.


O negócio, que a companhia caracterizou como ‘definitivo’ resolve o torturado impasse entre os Dolan e o conselho administrativo sobre o futuro da empresa. Nos últimos três anos, os Dolan tentaram três vezes -e fracassaram- comprar as ações públicas da Cablevision, que tem 3,1 milhões de assinantes de TV a cabo na região metropolitana de Nova York.


A companhia também é dona do Madison Square Garden, do Radio City Music Hall e dos times esportivos New York Knicks (basquete) e New York Rangers (hóquei no gelo).


Segundo o acordo, os Dolan pagarão US$ 36,26 por ação da empresa, um prêmio de 11% sobre o preço de fechamento de segunda-feira, US$ 32,67, e um prêmio de 21% sobre a oferta de US$ 30 por ação que a família fez em janeiro passado.


Fundada em 1973, a Cablevision inclui três unidades empresariais, lideradas pela divisão de serviços de telecomunicações. Essa empresa consiste em televisão a cabo, acesso de alta velocidade à internet e serviços de telefonia. Sua unidade de programação Rainbow abriga canais como AMC e Independent Film Channel. E a Madison Square Garden consiste nos times esportivos profissionais, na programação da MSG Networks e nos seus sites de entretenimento.


Os Dolan são chefiados há muito tempo por Charles F. Dolan, fundador e presidente da Cablevision, e por um de seus filhos, James L. Dolan, o principal executivo. Em uma declaração por escrito, os dois disseram que o acordo para fechar o capital da companhia permitirá que eles continuem sua tradição familiar. Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Como evitar palanque


‘O presidente da Câmara anunciou para esta quinta a CPI do Apagão, como se via ontem da Folha Online à Agência Brasil, que incorporou a expressão ‘apagão’. E ‘a oposição já admite perder a relatoria, diante da regra prevista pelo regimento da casa’. Nem o DEM, pelo jeito, vai mais recorrer ao Supremo. Tem mais, o ‘governo quer desconhecidos’, supostamente para ‘evitar palanque’, segundo o Globo Online. Nomes como Marcelo Castro e Marco Maia. O blog de Josias de Souza notou que, em movimento semelhante, ‘em São Paulo o PSDB foge de CPI como o PT do apagão’. O presidente da Assembléia recorreu de uma ordem para abrir a CPI da Nossa Caixa. Com sua ‘implacável máquina de moer CPIs’, avalia o blog, ‘não é à toa que, em Brasília, o tucanato perdeu a embocadura’.


Uma das várias mensagens de invasão do Digg, na terça


REBELIÃO NA WEB 2.0


No alto das páginas iniciais de ‘Financial Times’, ‘New York Times’, ‘El País’, BBC, enunciados como ‘Rebelião de usuários força Digg a voltar atrás’ e ‘Como um número virou a mais nova celebridade da web’. Ecoou também no Brasil, do Terra Magazine ao blog de Tiago Dória, com enunciados como ‘Crônica de uma revolução’.


O enredo: no portal de ‘edição social’ Digg, em que os próprios internautas linkam e destacam páginas da web, surgiu anteontem um código secreto usado pela indústria do cinema para evitar a cópia de filmes. Ameaçado por advogados corporativos, o Digg retirou os links do ar e se viu alvo da revolta dos internautas, que invadiram e derrubaram o site. Às 22h (Brasil), o Digg cedeu e reabriu os links -e postou, ‘se perdermos, dane-se, morremos tentando’.


Diz o ‘NYT’ que o código nem vale tanto, só para quem detém alta tecnologia. E que virou febre pelos advogados.


SEM BOLHA


O ‘Financial Times’ fez ontem uma longa análise de mercado sobre o ‘boom’ de sites como o Digg, de web participativa ou 2.0, que ganharam projeção após as vendas bilionárias do YouTube e do MySpace, de mesmo perfil.


Sob o título ‘Bolha 2.0’, arriscou que desta vez nada indica que nova bolha venha a estourar, como no fim dos anos 90, e até arrisca que ‘a era Web 2.0’ está para acabar.


MURDOCH ENTENDE


A ‘Economist’ adiantou em seu site uma avaliação da proposta de compra do ‘Wall Street Journal’ por Rupert Murdoch, anteontem. Diz que o megaempresário pode estar querendo dar mais um passo em sua estratégia para a internet, ele que é dos poucos que ‘entendem’ o novo meio, ou então apenas identificou mais um bom negócio, em jornal.


Se efetuar a compra e der certo, avisou a revista, ‘não seria a primeira vez em que ele venceria seus críticos’.


ESPANHA CONTRA…


Sites financeiros do exterior, da Bloomberg ao Market Watch, ecoaram a reportagem do ‘Valor’ de ontem, dando conta de que uma ‘avaliação preliminar de fonte ligada à Comissão de Valores Imobiliários’ indicou que a Telefônica ‘poderá ter de estender as suas ofertas para os minoritários da TIM Brasil’.


É um primeiro sinal de obstáculo para a aquisição da Telecom Italia pela espanhola.


… MÉXICO


O Blog do Zé Dirceu, no iG, postou ontem ressalvas ao negócio da Telefônica, que passou a deter, via Telecom Italia, parte da Brasil Telecom -com o direito de impedir a venda a ‘competidores diretos’, a saber, Carlos Slim.


O mexicano ‘não deverá ficar imobilizado frente ao avanço da Telefônica’ e, diz Dirceu, ‘seu alvo será a Oi, ‘única operadora controlada por capitais nacionais’. Isso, caso o governo não ‘trace uma política de país no setor’.


MULTILATINAS


O ‘NYT’ destacou a ocupação dos EUA por companhias latino-americanas, as ‘multilatinas’, capitaneadas por brasileiras como a Gerdau (à esq., unidade em Iowa), Petrobras e Embraer’


MEMÓRIA / OCTAVIO FRIAS DE OLIVEIRA
Folha de S. Paulo


Missa para Octavio Frias será no sábado


‘Será celebrada neste sábado, 5 de maio, a missa de sétimo dia pela morte do publisher da Folha, o empresário Octavio Frias de Oliveira. A cerimônia acontecerá às 10h30, na igreja do Santuário Nossa Senhora do Rosário de Fátima, que fica na av. Dr. Arnaldo, 1.831, Sumaré, zona oeste de São Paulo.


A missa será celebrada por d. Manuel Parrado Carral, 60, bispo auxiliar de São Paulo. Ele esteve à frente da arquidiocese por cerca de cinco meses, entre a transferência de d. Cláudio Hummes para Roma, no dia 1º de dezembro, e a posse de d. Odilo Scherer como arcebispo, no último domingo.


Octavio Frias de Oliveira morreu aos 94 anos, na tarde de domingo. O corpo do empresário foi sepultado na segunda-feira, no cemitério Gethsêmani, no Morumbi.


O velório, ocorrido na segunda-feira pela manhã, reuniu cerca de 600 pessoas, entre familiares, amigos, políticos, empresários e jornalistas.


Estiveram no local o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador de São Paulo, José Serra, além do prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab.


Em novembro passado, como decorrência de uma queda, Frias foi submetido a cirurgia para remoção de um hematoma craniano. Teve alta hospitalar na passagem do ano. Suas condições clínicas pioraram nas últimas semanas, levando à instalação de um quadro de insuficiência renal grave.


Depois de atuar no serviço público e nos ramos financeiro e imobiliário, em 1962 Frias adquiriu a Folha em sociedade com Carlos Caldeira Filho. Fez do jornal a base de um conglomerado que reúne o maior portal de internet do país, o UOL, o jornal ‘Agora’, o Instituto Datafolha, a editora Publifolha, a gráfica Plural e o diário econômico ‘Valor’, este em parceria com as Organizações Globo.’


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Senado fará homenagem a empresário


‘O Senado aprovou ontem a realização de uma sessão solene em homenagem ao empresário Octavio Frias de Oliveira, publisher do Grupo Folha, que morreu no último domingo em São Paulo aos 94 anos.


O requerimento da homenagem foi apresentado pelo líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), e assinado por outros senadores. A data ainda será marcada pela Mesa Diretora.


Discursos em homenagem a Frias dominaram ontem o plenário da Casa. Foram apresentados ainda oito requerimentos de pesar por seu falecimento. Até o fechamento desta edição, 12 senadores haviam destacado, ao ocupar a tribuna, a trajetória e a importância histórica do empresário.


‘Há mais de 40 anos tive a honra, a felicidade de privar da amizade de Octavio Frias de Oliveira. De com ele estabelecer uma relação na qual havia divergências que não discutíamos e posições que não analisávamos, para manter aquilo de mais profundo no ser humano: o prazer da convivência e o gosto da amizade’, disse José Sarney (PMDB-AP).


No domingo, Sarney estava na Conferência das Nações Unidas, nos Estados Unidos, e pediu um minuto de silêncio ao receber a notícia do falecimento do publisher da Folha.


Marco Maciel (DEM-PE, ex-PFL) ressaltou a transformação promovida pelo empresário à frente da Folha: ‘Ele converteu a Folha numa ‘praça intelectual’, para usar uma expressão de Ortega y Gasset [filósofo espanhol], isto é, um verdadeiro jornal de debates’.


Eduardo Suplicy (PT-SP) relembrou o período de 1976 a 1980, em que escrevia para o jornal. ‘Foram anos de extraordinário trabalho’, disse.


O líder do DEM, senador José Agripino (RN), disse que tinha ‘profunda admiração’ pelo empresário, mesmo sem tê-lo conhecido pessoalmente.


Para Arthur Virgílio (AM), Frias resumia ‘o caráter indomável’ de seu jornal. ‘Certa vez, quando eu era líder do governo Fernando Henrique Cardoso, entrei em árdua discrepância com a Folha. Fiz críticas duras ao jornal. A resposta foi absolutamente enternecedora para alguém que, como eu, não acredita em outro regime que não o democrático: me convidou para fazer um artigo onde eu pudesse dizer tudo o que eu pensava a respeito da Folha’, disse o tucano.


O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), também homenageou Frias: ‘Não se pode falar da história recente do Brasil sem falar dele’. Na segunda-feira passada, as sessões da Câmara e do Senado também foram dominadas por homenagens a Frias.


São Paulo


O presidente da Assembléia paulista, Vaz de Lima (PSDB), determinou ontem à Secretaria Geral Parlamentar da Casa a realização de um ato solene em homenagem a Frias.


‘Ele esteve presente em momentos cruciais da vida brasileira. As homenagens são merecidas’, disse.’


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Repercussão


‘LUCIANO COUTINHO, 60, presidente do BNDES:


‘Ele foi um grande modernizador empresarial do jornalismo brasileiro. Sempre fiel ao papel crítico-inteligente que imprimiu à Folha de S.Paulo. Tive o privilégio de conviver em vários momentos com seu diálogo arguto e não raro polemizante. Tinha por ele um afeto espontâneo e, por isso, seu falecimento me entristece.’


ROMEU TUMA, 75, senador (DEM-SP, ex-PFL):


‘Foi uma pessoa dedicada a bem informar, com correção, com sinceridade, passou momentos difíceis em um período difícil da história nacional. Para mim, ele foi exemplo de homem e um bom conselheiro. Foi sempre muito lúcido, objetivo e tranqüilo. Eu acho que vamos sentir muita falta dele.’


COSETTE ALVES, empresária:


‘É uma grande perda para mim e para todos os amigos dele -pela coragem, pelo carinho e principalmente pelos ensinamentos que ele sempre nos deu. Ele era para mim uma espécie de guia mesmo. Perdemos um grande amigo e um grande brasileiro. Ele amava o Brasil. Estou muito triste.’


PEDRO HERZ, 66, diretor-presidente da Livraria Cultura:


‘Octavio Frias de Oliveira deixou uma marca ímpar não só na imprensa brasileira como no mercado editorial. Deu voz a uma pluralidade de opiniões e criou um modelo moderno de ‘publishing’ que se tornou um exemplo para o país. Somos todos devedores do ‘seu’ Frias.’


MARCO BOLOGNA, 51, presidente da TAM:


‘Além de guardião da liberdade de imprensa, o sr. Octavio Frias foi também grande inovador, que enriqueceu a história do jornalismo brasileiro.’


ROBERTO RODRIGUES, 64, ex-ministro da Agricultura:


‘A democracia só se constrói e se controla com instituições fortes. De modo que defender as instituições é uma maneira de construir uma democracia e fazê-la presente. Dr. Octavio foi um grande defensor da democracia. Foi um campeão na construção da mesma.’


PAULO NOGUEIRA BATISTA JR., 52, diretor-executivo no FMI:


‘Frias foi uma das principais figuras do jornalismo brasileiro no século 20. Fundou e conduziu com maestria o jornal de maior circulação do país ao longo de muitas décadas, imprimindo a ele uma indiscutível marca de qualidade.’


MIGUEL JORGE, 64, ministro do Desenvolvimento:


‘Considero uma perda importante para o jornalismo, pela postura de ‘seu’ Frias e pela dedicação que sempre teve pelo jornal até o momento que precisou se afastar da Redação. Muitas vezes o encontrei nove ou dez horas da noite em seu escritório trabalhando como se fosse um jovem editor. O jornalismo irá sentir sua falta.’


JOSÉ TADEU JORGE, 54, reitor da Unicamp:


‘Pelo estilo vibrante que imprimiu a seus veículos de comunicação, Octavio Frias de Oliveira ficará como um dos inventores da imprensa brasileira moderna. O Brasil perde um de seus grandes empreendedores. A obra, entretanto, terá continuadores.’


JOSÉ GREGORI, 76, ex-ministro da Justiça (FHC):


‘Foi um exemplo do homem vitorioso. Eu sei o quanto foi importante para nós, ao sairmos da ditadura, o fato de a Folha estar sempre aberta para os perseguidos e os que não tinham voz.’


ROSEANA SARNEY, 53, senadora (PMDB-MA):


‘O dr. Frias foi um baluarte da imprensa porque deu mais respeito, mais verdade e credibilidade para a imprensa. Pessoalmente era uma pessoa íntegra e correta. Vai fazer falta.’


LUIZ FELIPE DE ALENCASTRO, 61, professor de história do Brasil:


‘A Folha de S.Paulo, sob a direção de Octavio Frias, teve um papel fundamental na transição democrática.’


MARINA SILVA, 49, ministra do Meio Ambiente:


‘Octavio Frias deixa seu nome inscrito ao lado daqueles que lutaram por uma imprensa livre e pela reconstrução da democracia brasileira. Que Deus conforte sua família e amigos enlutados.’


ANTONIO KANDIR, 54, ex-ministro do Planejamento (FHC):


‘Foi um dos melhores professores que já tive.’


ALCIDES TÁPIAS, 64, ex-ministro do Desenvolvimento (FHC):


‘Frias foi uma pessoa muito importante para a imprensa e, afora dedicar a sua vida pessoal, engajou dois filhos no processo, que agora terão a responsabilidade de continuar a obra que ele está deixando. O Frias foi meu amigo e estou muito triste com o passamento dele.’


MARCIO CYPRIANO, 63, presidente do Bradesco:


‘A perda de Octavio Frias é motivo de grande pesar para todos os brasileiros. Perdemos um dos mais ilustres homens da imprensa brasileira, que deu grande contribuição ao perfil da nova sociedade do Brasil.’


EDUARDO EUGÊNIO GOUVÊA VIEIRA, 58, presidente da Firjan:


‘Octavio Frias foi um empresário que contribuiu para a consolidação da democracia brasileira. Ao final de sua vida, sua obra no meio jornalístico é referência para todos os demais veículos de comunicação.’


WILMA DE FARIA, 62, governadora do Rio Grande do Norte (PSB):


‘O Brasil perde um traço de lucidez, uma testemunha de grandes momentos da história do país, um defensor da liberdade. Ele conseguiu transformar seus ideais em páginas impressas de independência. Estive com ele em 2003 e guardo lições de sabedoria, conhecimento do Brasil e, sobretudo, humildade.’


ANTONIO PALOCCI FILHO, 46, ex-ministro da Fazenda (Lula):


‘O sr. Octavio Frias construiu instituições extraordinárias para o país tanto no campo do jornalismo quanto no empresarial. No plano pessoal, ele sempre foi uma pessoa muito gentil, pessoa muito generosa.’


NOTA DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS (ANJ):


‘O Brasil perde, com a partida de Octavio Frias de Oliveira, um exponencial de sua vida política, econômica e social. E a imprensa brasileira se desfalca de uma de suas mais brilhantes figuras. Empresário de aguda visão, Octavio Frias de Oliveira se projetou não apenas na área específica dos negócios, onde se destacou nos segmentos financeiro e imobiliário. Ele foi além. Teve do Brasil do século 20 uma percepção privilegiada, contribuindo para o aperfeiçoamento da nossa vida empresarial e política e para a consolidação da democracia no país.


Sua contribuição mais marcante foi no segmento da comunicação social, especialmente na modernização da imprensa brasileira, de que o Grupo Folha se tornou um exemplo, mas também na ampliação da atividade jornalística, projetando para outros veículos -como o portal UOL, o Instituto Datafolha, o jornal ‘Agora’ e o diário econômico ‘Valor’- o padrão de qualidade da Folha.’


FRANCISCO DE OLIVEIRA, 73, sociólogo:


‘Sobre a Folha, posso dizer que fez um enorme serviço para o país quando, nos anos 70, Claudio Abramo abriu o jornal para o debate, dando lugar para a ventilação de idéias que antes ficavam recolhidas na universidade. Isso foi feito com o consentimento do dono. Mais recentemente, o jornal tem ficado, a meu ver, conservador.’


ANTHONY GAROTINHO, 47, ex-governador do Rio:


‘O principal legado de Octavio Frias de Oliveira foi o compromisso com o jornalismo efetivamente plural. Sob a inspiração e determinação do sr. Frias, a Folha consagrou-se como um jornal verdadeiramente independente.’’


Painel do Leitor


Octavio Frias de Oliveira


‘‘Envio-lhes a expressão do meu maior pesar pela perda do grande brasileiro Octavio Frias de Oliveira, a quem a imprensa do Brasil e nosso povo muito devem. A todos os colaboradores e servidores dessa casa, minha solidariedade e participação profunda neste instante comum em que a nação se dá conta de sua falta física. Somente física. Por que ele deixou, seguramente, para todos, mesmo os que tiveram o privilégio de conhecê-lo pessoalmente uma só vez, como é o meu caso, mas num encontro largo de tempo, a lembrança marcante da sua figura humana, que todos perdemos, decente, séria, inteligente e elegante, nas reflexões e no gesto.’


WALDIR PIRES, ministro da Defesa (Brasília, DF)


‘O doutor Frias, para além do espírito empreendedor e visionário, imprimiu nas páginas da Folha o seu singular compromisso com a ética e o respeito à pluralidade de idéias e de ideais, valores essenciais à formação cidadã e à consolidação do Estado democrático de Direito.’


PATRUS ANANIAS, ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Brasília, DF)


‘Lamento profundamente a perda desse grande brasileiro, que consagrou a pluralidade de idéias na imprensa moderna e contribuiu decisivamente para democracia no país.’


PAULO BERNARDO SILVA, ministro do Planejamento (Brasília, DF)


‘Manifesto, em meu nome e no de meus pares, as expressões de profundo pesar pelo falecimento de Octavio Frias de Oliveira, que se destacou pela inteligência e pela coragem.


Grande empresário e empreendedor que será sempre lembrado como um dos mais importantes personagens da imprensa brasileira. Rogo estender esta mensagem a todos os seus colaboradores.’


ELLEN GRACIE NORTHFLEET, ministra e presidente do STF (Brasília, DF)


‘É com tristeza que manifesto meus sinceros pêsames à família do empresário Octavio Frias de Oliveira e aos funcionários do Grupo Folha. O Brasil, a liberdade de imprensa e o bom jornalismo perdem com a morte deste empreendedor.’


JOSÉ ANTONIO DIAS TOFFOLI, ministro e advogado-geral da União (Brasília, DF)


‘Envio meu abraço e minhas sinceras condolências pelo falecimento do eminente Octavio Frias de Oliveira, que deixa exemplos de lisura, seriedade, lucidez e coragem.’


GILMAR MENDES, ministro do STF (Brasília, DF)


‘Dos mais sentidos é o pesar da nação brasileira pelo falecimento do doutor Octavio Frias de Oliveira, notável empresário das comunicações, cujo trabalho tanto contribuiu para a expansão e a modernização da mídia no país.


Vai o criador, fica a sua obra em favor da democracia e da transparência como princípio de organização pública e social.’


CARLOS AYRES BRITTO, ministro do STF (Brasília, DF)


‘Transmito meus sentimentos de profundo pesar pelo falecimento do ilustre jornalista Octavio Frias de Oliveira, que deu nova dimensão à imprensa brasileira.’


ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, ministro corregedor Nacional de Justiça (Brasília, DF)


‘Em meu nome e no do Conselho do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, envio nosso sentimento de pesar pelo falecimento do doutor Octavio Frias de Oliveira, um dos nomes mais ilustres da imprensa nacional, que nos deixa legado de virtude e exemplo de jornalismo independente e criativo.’


JOSUÉ CHRISTIANO GOMES DA SILVA, presidente do Iedi (São Paulo, SP)


‘Com saudade do grande Octavio Frias de Oliveira, enviamos nosso sentido abraço ao prezado e eminente amigo Otavio Frias Filho e a toda a sua família.’


GOFFREDO, MARIA EUGÊNIA e OLÍVIA SILVA TELLES (São Paulo, SP)


‘É com profundo pesar que envio meu abraço de pêsames.’


PAULO AUTRAN (São Paulo, SP)


‘Sincero pesar pela morte desse extraordinário homem público que foi e continuará sendo Octavio Frias de Oliveira.’


FERNANDA MONTENEGRO e FERNANDO TORRES (Rio de Janeiro, RJ)


‘Guardo de Octavio Frias de Oliveira boas recordações: o bom humor, a gentileza, o ‘savoir-vivre’ e, sobretudo, o profissionalismo. Lembro-me quando o banco Real chiou porque a ‘Folha da Tarde’ dera que um bancário se matara na agência após ter seu pedido de empréstimo negado. O diretor do banco foi ao jornal e Octavio Frias me chamou à sala dele. Era óbvio que se posicionava ao meu lado. Pedagogo, indagou as razões por que citara o nome do banco na reportagem. Segundo o diretor, melhor não tê-lo feito, para não prejudicar o Real.


Respondi: ‘Imagina se não cito; criaria uma inquietação em todos os clientes de todos os bancos’. O senhor Frias me deu razão, para desaponto do banqueiro. Meu abraço, com muita paz. A família não tem o que lamentar. Apenas se orgulhar.’


FREI BETTO (São Paulo, SP)


‘A Casas Bahia se solidariza com a família Frias pela triste perda do ilustre empresário Octavio Frias de Oliveira, que deixa uma grande lacuna na imprensa nacional e imensurável contribuição para a democracia e a liberdade de expressão.’


SAMUEL KLEIN, presidente da Casas Bahia (São Caetano, SP)


‘Com tristeza recebemos a notícia da morte do grande homem e empresário. Expressamos aos familiares e funcionários da Folha nosso pesar e nossa solidariedade. Temos registrado, na memória do nosso grupo, que a proximidade entre o Grupo Folha e a Camargo Corrêa é fruto da estreita amizade que uniu Octavio Frias de Oliveira e o nosso fundador, senhor Sebastião Camargo. Que a obra e a memória do senhor Frias continuem como referência para a construção de uma sociedade mais justa e democrática.’


VITOR HALLACK, presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa S.A. (São Paulo, SP)


‘Meus mais sentidos pêsames pelo falecimento do grande patriarca. Não tive a honra de conhecê-lo pessoalmente, mas, sim, sua obra.’


IVÁN IZQUIERDO, neurocientista (Porto Alegre, RS)


‘Octavio Frias de Oliveira foi o guardião e o estimulador do meu empreendedorismo. Por mais que seja previsível que nossos pais partam antes de nós, quando isso acontece, fica um vazio absoluto; perdemos a noção de referência, o senso de pertencimento, é nosso código genético que se vai. Espero que a dor seja, de algum modo, suportável. Contem com minha tristeza e meu desolamento.’


MARISTELA MAFEI, jornalista (São Paulo, SP)’


RC vs. PLANETA
Marcos Augusto Gonçalves


Mexericos da Candinha


‘NAQUELE BRASIL criativo e relativamente ingênuo, em que florescia a indústria cultural e a era da TV começava a se impor, a seção de fofoca mais conhecida do país, celebrizada pela ‘Revista do Rádio’, intitulava-se ‘Os Mexericos da Candinha’. Ela trazia coisas do tipo: ‘Maysa e Ângela continuam se odiando cordialmente’. Ou: ‘O prato predileto do Cauby é feijoada. Mas nem assim ele engorda. Pesa 60 kg com roupa e tudo!’.


Muitos se recordam que um dos sucessos de Roberto Carlos na década de 60 foi uma canção intitulada ‘Mexerico da Candinha’, cuja letra é, ao mesmo tempo, uma resposta aos fuxicos da coluna sobre o suposto comportamento ‘extravagante’ do jovem ídolo e uma reafirmação do estilo jovem guarda.


Era uma espécie de ‘Desafinado’ do iê-iê-iê, como enfatiza o trecho no qual o cantor diz que a Candinha ‘sabe que essa onda é uma coisa natural’ -verso que ecoa o ‘isso é bossa nova, isso é muito natural’ da música de Jobim e Newton Mendonça.


A canção, na realidade, apenas repisava um clichê da cultura pop. Não existe ‘star system’ sem mídia de entretenimento e sem fofocas. São faces da mesma moeda.


É claro que muitos produtores e artistas prefeririam eles mesmos publicar as notícias sobre seus produtos, vidas e carreiras -e alguns, de certo modo, conseguem fazê-lo. Mas, diante da explosão da cultura de massas em sociedades democráticas, não há alternativa senão conviver com a liberdade do outro de contar suas histórias. Mesmo que algumas delas possam dar razão ao irônico comentário segundo o qual a tarefa dos editores é separar o joio do trigo e publicar o joio.


Eu também tenho detalhes tão pequenos de minha vida que, se estampados em livros, me causariam algum constrangimento -e possivelmente aos pobres leitores. Não estou sozinho. Felizmente, nenhum biógrafo ou editor parece minimamente inclinado a imprimir um volume com minha biografia ‘não-autorizada’. Pelo simples fato de eu não ser personalidade pública que desperte interesse, muito menos um mito como Marilyn Monroe ou Roberto Carlos, em relação aos quais o conceito de privacidade é necessariamente mais elástico.


Há muitas razões para que seja assim, e não devemos esquecer que é da natureza da estrela pop e midiática embaralhar o falso e o verdadeiro para criar a si própria, adotando muitas vezes nomes, biografias e atitudes postiças, que servem à construção de sua imagem ou ‘lenda’.


É claro que, mesmo assim, as celebridades também têm o direito de tentar proteger o que acreditam ser sua privacidade ou de querer impedir a publicação de histórias a respeito de suas vidas, ainda que verdadeiras. Foi o que conseguiu Roberto Carlos, de maneira deplorável, diante de uma editora atemorizada -ele que parece tomado há anos por uma compulsão de proibir. Apoiou a censura ao filme ‘Je Vous Salue Marie’ na década de 80, processou o jornal ‘Notícias Populares’ por contar o caso do acidente que lhe amputou a perna e vive a vetar gravações de músicas suas por outros artistas. Bons tempos aqueles da Candinha.’


Eduardo Simões


Biógrafo de Roberto Carlos diz se sentir ‘abandonado’


‘O historiador Paulo Cesar de Araújo diz que se sentiu ‘abandonado’ e que viu seu livro ficar ‘sem defesa’ durante a audiência na última sexta-feira que resultou no acordo para a proibição definitiva da produção e venda da biografia ‘Roberto Carlos em Detalhes’. Roberto havia alegado invasão de privacidade e, diante do acordo, desistiu dos processos cível e criminal que havia aberto.


Araújo afirma, no entanto, que, desde o início da audiência, a sorte do livro já estava lançada. ‘Foram cinco horas debatendo dinheiro. Sabia-se que os livros seriam destruídos. Depois, o que se discutiu foi quem pagaria os honorários dos advogados de Roberto e se haveria ou não indenização para ele’, reclama o escritor.


A polêmica em torno do acordo foi retomada ontem, com o artigo ‘O que é contexto desfavorável?’, do escritor Paulo Coelho, publicado na Folha. Coelho se disse chocado com a ‘atitude infantil’ de Roberto e exigiu uma explicação da Planeta, também sua editora, para as circunstâncias em que foi feito o acordo.


Em comunicado, a Planeta diz que as razões do acordo em nada põem em risco a liberdade a que também se referiu Paulo Coelho. Mas que elas resultaram de um ‘contexto desfavorável’ para todos:


‘Roberto Carlos não quis correr o risco de perder a demanda e ver o livro publicado outras tantas edições; a Planeta e o autor, diante dos titubeios até então apresentados pelos juízes cível e criminal, e até mesmo pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em garantir plenamente -e com rapidez- seus direitos constitucionais, achou por bem encampar a proposta do acordo’.


Ronaldo Tovani, advogado da Planeta, ressaltou que o acordo não teria saído se não fosse da vontade do autor também. ‘Juridicamente, não seria possível. Se houve arrependimento, e me refiro ao Paulo Cesar, é uma situação em que não se pode voltar atrás.’


Araújo se queixa ainda de que houve um ‘clima favorável’ a Roberto por parte do juiz Tércio Pires, que presidiu a audiência, e que teria advertido o tempo todo que vislumbrava uma condenação e uma indenização muito alta. O juiz contesta Araújo, dizendo que apenas informou o que poderia ter acontecido se os acionados não tivessem ido à audiência.


‘O que se poderia concluir? Que ele [o acionado ausente] está de boa-fé? Não. E isso poderia desencadear uma medida extrema. Eu poderia mandar proibir a rodagem dos livros. A Justiça não iria se prestar a manobras para que continuasse vendendo a obra sem discussão da legalidade.’’


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Também cantor, juiz presenteou o ‘Rei’ com CD


‘Paulo Cesar de Araújo, que saiu da audiência chorando, reclamou do clima de confraternização nos momentos que sucederam a assinatura do acordo, na última sexta. Ele conta que o juiz Tércio Pires e os promotores tiraram fotos com Roberto Carlos, e o juiz ainda teria entregue a ele, ao cantor e aos representantes da editora Planeta uma cópia do CD ‘Pra Te Ver Voar’, em que canta com o nome artístico de Thé Lopes. ‘Vi meu livro sendo queimado nesse cenário surreal’, diz.


O juiz disse à Folha que a entrega do CD foi um gesto de ‘pacificação’: ‘Já fiz isso em outras audiências de conciliação. É uma forma de parabenizar pelo acordo, tanto que dei o CD a todas as partes’.


Araújo também diz que em nenhum momento pensou em se ausentar da audiência, para a qual, diz ele, nunca foi chamado oficialmente. ‘Ao longo de todo esse processo, nenhum oficial de Justiça bateu à minha porta. Todas as intimações da Justiça foram enviadas a outro Paulo Cesar de Araújo, cujo endereço os advogados de Roberto encontraram no Telelistas do Rio’, conta. A Folha apurou que, de fato, toda a correspondência foi encaminhada a um ‘quase’ homônimo do historiador, Paulo Cezar de Araújo, 59. Morador de Niterói, onde também vive o autor da biografia proibida, ele diz que vai processar Roberto Carlos por conta do engano.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


‘Paraíso’ ganha 2 pontos no Ibope oficial


‘A diferença entre a audiência prévia e a audiência consolidada de ‘Paraíso Tropical’ tem chamado a atenção da concorrência da Globo. A variação é sempre favorável à novela e já chegou a ser de 3,5 pontos.


Anteontem, a diferença foi de três pontos. Na medição prévia, enviada às emissoras minuto a minuto, a novela deu 38,3 pontos na Grande SP. Na consolidada, que o Ibope encaminha às TVs na manhã seguinte, ‘Paraíso Tropical’ marcou 41,3.


De 16 de abril a 1º de maio, a novela registra 38,02 pontos na prévia. No consolidado, marca 39,97, o que, no arredondamento, a deixa na casa dos 40.


A diferença dá um salto após 15 de março. Até então, oscilava entre 0,1 e 2,2 pontos. De 15 a 31 de março, nunca foi inferior a 1,2 ponto. No mesmo horário, SBT e Record oscilaram negativamente até 0,9 ponto e ganharam no máximo 0,7.


O Ibope esclarece que a medição prévia divulga apenas as informações coletadas nos domicílios que as transmitiram no minuto anterior. Já a medição consolidada, que é a oficial, considera também os domicílios que as transmitiram com um atraso de até seis horas.


O Ibope diz que não há um limite técnico para as diferenças entre os dados prévios e os consolidados, ‘pois são vários os fatores que influenciam a taxa de sucesso de coleta de informações do Real Time’. O instituto enfatiza que seus sistemas são auditados continuamente.


SHOW DO MILHÃO 1 ‘Big Brother Brasil 7’ foi visto por 61% dos paulistanos com mais de 17 anos (cerca de 4,9 milhões de pessoas), revela pesquisa do Datafolha. A audiência se manteve no patamar das edições anteriores.


SHOW DO MILHÃO 2 A grande novidade foi uma taxa recorde de retenção de merchandising: 64% dos entrevistados lembraram de alguma ação no programa, quase o dobro de ‘BBB 6’ (33%). A rede Ponto Frio, que fez um ‘game show’ no ‘reality, foi citada por 42%, superando o recorde da Fiat em ‘BBB 5’ (23%).


ESPORTE CLUBE A Band convidou Milton Neves, da Record, para ser âncora da BandSports FM, emissora de rádio que se prepara para lançar neste ano.


PEGADINHA Uma telespectadora telefonou anteontem para o ‘Hoje Em Dia’, da Record, para participar de uma gincana que dá prêmios. Ao ser atendida por Eduardo Guedes, recentemente dispensado pela apresentadora Eliana, ela não se conteve e o parabenizou ‘pela solteirice’, afinal ele ‘merece mais’. Sem graça, Guedes evitou falar sobre ‘vida pessoal’.


PORNOCHANCHADA De Carlos Manga, 80, ao apresentar à imprensa, ontem, o ator Cauã Reymond, do elenco de ‘Eterna Magia’, próxima novela das seis da Globo: ‘Mulheres, fechem as pernas!’. Em tom melancólico, emendou: ‘Eu já fui assim’. Manga, que está com uma perna e um braço quebrados, é o diretor de núcleo da novela, mas quem de fato a dirige é Ulisses Cruz.’


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Versão brasileira de ‘Desperate Housewives’ estréia em agosto


‘A Rede TV! investirá aproximadamente U$ 5 milhões (cerca de R$ 10 milhões) em ‘Donas de Casa Desesperadas’, versão brasileira da consagrada série americana ‘Desperate Housewives’. A emissora lançou ontem o projeto ao mercado, em um evento em São Paulo com a presença do elenco.


As protagonistas serão interpretadas por Sônia Braga, Lucélia Santos, Isadora Ribeiro, Tereza Seiblitz, Franciely Freduzeski e Viétia Zangrandi. A direção será de Fábio Barreto. (‘O Quatrilho’, ‘A Paixão de Jacobina’).


As gravações começaram na semana passada, em Buenos Aires, na Argentina. Para a adaptação, a Rede TV! assinou um contrato com a Buena Vista International, da Disney, detentora dos direitos dos roteiros originais.


Os mesmos estúdios estão sendo usados para produzir versões para Brasil, Argentina e Colômbia/ Equador (uma mesma versão é feita para os dois países). Os cenários e figurinos serão os mesmos para todas as versões latinas, semelhantes aos usados no original norte-americano.


A primeira temporada, com 23 episódios, estréia na Rede TV! em agosto e será exibida aos domingos, às 22h, mesmo horário em que a emissora transmite atualmente ‘Desperate Housewives’.’


Luciana Coelho


Microssérie simplifica Fidel e regime


‘Esta microssérie produzida em 2002, com base em dois livros, narra a vida do ditador cubano, Fidel Castro, dos anos como advogado no início da década de 50 até o colapso econômico de meados dos anos 90. Apesar de a produção caprichada, o diretor britânico David Attwood não consegue imprimir nuances em seu principal personagem, cuja doença e afastamento do poder desde o ano passado colocou a ilha comunista em uma encruzilhada.


O resultado é que uma narrativa complexa acaba transformada em um vídeo ingênuo de tom quase escolar (ironicamente, nada muito distante do modo como o regime ensina sua própria história).


Attwood tem mais êxito na primeira parte, que mostra a chegada de Fidel ao poder. Estão ali a vandalização da estátua do herói cubano José Martí por marinheiros americanos, que impele Fidel a seu primeiro discurso; a tomada do quartel Moncada, que o levaria à prisão e posteriormente ao exílio no México, onde conheceu Che Guevara (Gael García Bernal); e, claro, o desembarque do iate Granma, em dezembro de 1958, que culminaria na tomada do poder um mês depois.


Mas, ao optar por retratar episódios históricos pontualmente, o diretor se restringe a uma ilustração didática do regime, sem esforço de explicação nem espaço para reflexão.


FIDEL


Quando: hoje, às 20h


Onde: Hallmark Channel’


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 3 de maio de 2007


FRANÇA
Lourival Sant’Anna


Ségolène surpreende e põe Sarkozy na defensiva durante debate na TV


‘No primeiro debate presidencial em 12 anos na França, a candidata socialista Ségolène Royal avançou sobre o adversário, o direitista Nicolas Sarkozy, com uma ferocidade inesperada. Ao final do debate de 2h40, que foi esquentando até atingir o ponto de ebulição, Ségolène acusou Sarkozy de ‘imoralidade’ por causa de sua posição em relação ao ensino para crianças com necessidades especiais.


‘A senhora tem a visão sectária da esquerda, de que todo mundo que tem opinião diferente da sua é imoral’, reagiu Sarkozy, depois de alguns minutos de perplexidade. ‘Quem usa palavras que ferem divide o seu povo.’ Foi o desfecho de um crescendo, no qual Sarkozy e Ségolène percorreram dezenas de temas, do desemprego à energia nuclear, e discordaram sobre praticamente tudo, numa discussão marcada pela divisão ideológica clássica entre direita e esquerda. Segundo uma enquete feita pelo site do Le Monde, a ferocidade de Ségolène deu resultado: para 51,5% de 43 mil internautas participantes, a socialista se saiu melhor. Apenas 36,8% preferiram Sarkozy.


O momento de maior tensão do debate ocorreu depois que Sarkozy, ex-ministro da Economia e do Interior do atual governo, observou que na França só 40% das crianças com necessidades especiais estudam em escolas normais. Ele planeja elevar esse índice a 100%, como ocorre no resto da Europa. ‘Estou escandalizada com o que estou ouvindo’, interrompeu Ségolène – o que as regras do debate permitiam. ‘Criei 7 mil cargos de auxiliares de integração (para deficientes em escolas normais), e seu governo os suprimiu’, acusou a candidata, que foi ministra de Ensino Escolar (1997-2000). ‘A senhora sai de si facilmente’, advertiu Sarkozy. ‘A responsabilidade de um presidente é muito pesada.’


Havia expectativa sobre como Ségolène, 7 pontos atrás de Sarkozy nas pesquisas, se portaria diante do adversário, conhecido pela língua afiada, ao passo que a socialista costuma ser mais suave e teórica. Após alguns instantes iniciais de nervosismo, em que falava consultando anotações, Ségolène ganhou segurança. Aos 15 minutos, começou a interromper Sarkozy, e não parou mais, deixando-o na defensiva e evitando que ele concluísse seus raciocínios. ‘Madame Royal, deixe-me responder’, pedia Sarkozy. Ela não o chamou pelo nome em momento algum.


Sarkozy tentava conter a enxurrada de críticas de Ségolène ao governo do atual presidente Jacques Chirac e primeiro-ministro Dominique de Villepin, ambos de seu partido, exclamando: ‘É falso.’ Já a socialista procurou dissipar a imagem de que suas posições são ideológicas e vagas, enquanto o direitista é concreto e pragmático. ‘Sou a presidente do que funciona’, insistiu. Mas não conseguiu evitar responder a perguntas de Sarkozy com a frase: ‘Isso será negociado entre os setores.’ Ao fim, ficou a confirmação de que a França está diante de duas escolhas profundamente diferentes.


FRASES


Nicolas Sarkozy


‘Nenhum país faz isso, socialista ou não. Nem seus amigos Blair e Zapatero. Não funciona’ (sobre a jornada de 35 horas semanais)


Ségolène Royal


‘O que eu digo eu sei que funciona porque vi funcionar. Serei a presidente do que funciona’


Nicolas Sarkozy


‘O que a senhora mudaria nas 35 horas? Ninguém entende. A senhora só diz generalidades’


Ségolène Royal


‘Minha resposta é muito precisa: haverá negociação setor por setor’’


MÍDIA & RELIGIÃO
Angélica Santa Cruz


Torre de TV da Renascer é bloqueada pela Justiça


‘A 1 ª Vara Criminal de São Paulo determinou o bloqueio da torre de TV que pertence à Igreja Renascer. Construída na esquina da Rua da Consolação com a Avenida Paulista, a torre é a maior do gênero no País e transmite a programação da Rede Gospel. Com o bloqueio, a programação continua no ar, mas a administração da torre passa a ser feita pela Justiça.


Identificada pelos dizeres ‘Deus é Fiel’, a torre foi construída em 2005 com ajuda de fiéis que compraram carnês da campanha ‘Desafio da Torre’ – feita em 1.500 templos do País.


O juiz titular da 1ª Vara Criminal, Paulo Antônio Rossi, acatou denúncia assinada por promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de que, apesar de ter sido construída com contribuições de fiéis, a torre pertence à FH Comunicações – empresa de Sonia Hernandes, conhecida como bispa Sônia, e seu filho, Felipe Daniel Hernandes, chamado de bispo Tide.


Os promotores usaram depoimentos de fiéis que disseram ter sido enganados para acusar Sonia e Felipe Hernandes de estelionato e enriquecimento ilícito. Procurados pelo Estado, advogados da Renascer afirmaram que ‘a torre pertence à Igreja e isso será provado na Justiça’.


Fundadores da Renascer, Sonia e seu marido, Estevam Hernandes, aguardam julgamento nos EUA – onde foram presos por tentar entrar com dólares não declarados. No Brasil, respondem a processo por lavagem de dinheiro e têm prisão preventiva decretada.’


TELEVISÃO
Etienne Jacintho


Telefilme vem aí


‘Diretor responsável pela versão brasileira da série Desperate Housewives, o cineasta Fábio Barreto deixou escapar, em coletiva de imprensa promovida ontem pela RedeTV!, que seus projetos com a emissora vão além das Donas de Casa Desesperadas. Quando mencionou que ele e a RedeTV! têm planos para entrar no ramo de telefilmes – longas-metragens produzidos especialmente para a TV – alguém lhe lançou um olhar de censura e ele logo emendou: ‘Mas isso fica para uma outra coletiva…’ E nada mais acrescentou.


A Globo anunciou há um mês que pretende pisar nesse terreno, tão fértil em outros países e sem qualquer tradição por aqui. O que a emissora já fez – caso de O Auto da Compadecida – foi adaptar um produto concebido como minissérie de TV para levá-lo ao cinema. Mas, até aqui, a TV comercial brasileira não se aventurou a produzir um filme para a televisão.


É uma equação mais cara, que pede recursos e meios de patrocínio extras.


Presente no evento de ontem, Sônia Braga, que fará a narradora das Donas de Casa, disse que o trabalho lhe permitirá realizar um antigo sonho: ‘é como fazer rádio’, falou.


entre-linhas


Thiago Lacerda cumpriu o expediente de galã, posando para fotos e falando a uma penca de jornalistas, anteontem, durante a coletiva de imprensa que anunciou a próxima novela das 6 da Globo, Eterna Magia, no Projac, Rio. Contou que, após este folhetim, quer que a emissora lhe conceda um período sabático da TV, para buscar outros ares no cinema e no teatro.


Oito milhões de horas. Esse é o tempo consumido pelos internautas brasileiros com os vídeos do site do BBB durante o período de exibição do programa. De acordo com dados do Ibope/NetRatings, 5,7 milhões de internautas visitaram o site ao menos uma vez.


A Record aspira ser a Globo mas, no campo do planejamento, segue os passos do SBT. O jornalístico 24 Horas – não confundir com o extinto religioso 25.ª Hora – , estava com seus dias contados, quando foi repensado para novo formato. Até ontem, a emissora anunciava sua reestréia para a próxima segunda.


E outras decisões na Record têm sido tomadas na antevéspera. Tudo tem esse clima de absoluta emoção, podendo estrear de uma hora para outra.


James Van Der Beek, de Dawson’s Creek, participa de um episódio de Criminal Minds, nesta terça, às 21 horas, no AXN.


Amanhã, em Heroes, o público vai saber o que os personagens estavam fazendo seis meses antes de iniciada a história. Às 23 horas, no Universal’


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