Saturday, 27 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Nelson de Sá

‘Foi na margem de erro, de gigantescos três pontos percentuais para cima ou para baixo, mas a pesquisa Sensus que apontou oscilação positiva na avaliação do governo Lula ganhou destaque por todo lado.

Na home do UOL, ‘avaliação positiva do governo sobe’. No texto, ‘caiu o número dos que não votariam num candidato indicado por Lula’. Na home da Globo On Line, algo semelhante.

Para Jovem Pan e CBN, é a ‘consolidação da recuperação da popularidade’ do governo. Na rádio Band, ‘o desempenho pessoal também se consolida’.

Coisa semelhante se viu pelos canais de notícias e, depois, nos telejornais. Por exemplo, manchete do Jornal da Band:

– Cresce a aprovação do governo Lula.

E do Jornal da Record:

– Avaliação positiva do governo Lula sobe.

E assim foi parar no ‘Financial Times’, que adiantou reportagem intitulada ‘Lula da Silva vê sua taxa de popularidade subir’.

Para o jornal econômico, como por aqui, o que importa é saber se a elevação – de novo, dentro da margem de erro– terá efeito no voto, no próximo domingo:

– Se por um lado o estado da economia e a popularidade do presidente influenciam os eleitores, por outro as eleições municipais vêm sendo tradicionalmente guiadas por temas locais.

A não ser, é claro, que se faça de uma pequena oscilação uma manchete – ou muitas, em coro.

O ‘FT’ mistura na reportagem a popularidade e a queda na taxa de desemprego em São Paulo – sublinhando que a pesquisa Sensus foi feita ‘em meio a forte recuperação econômica’ e, agora, ‘à menor taxa de desemprego desde que Lula tomou posse’.

É a pesquisa Seade/Dieese, que também fez manchetes por todo lado. Da reportagem da Globo, à tarde, que saiu mostrando perfis de recém– empregados:

– Técnico mecânico pelo Senai, Marcos Garcia é um desses profissionais disputados. Ele pode até escolher onde trabalhar.

E Marcos Garcia:

– Eu tinha três opções.

Novamente, também em relação à pesquisa Seade/Dieese existe um ‘porém’ – só que pouco lembrado nas manchetes de telejornais e demais. No registro do JN, ‘o desemprego caiu, mas a renda também’.

Vai acabar

Hoje é o último dia dos candidatos a prefeito, mas ontem cartunistas de norte a sul – como Mário Vale no mineiro ‘Hoje em Dia’, Clayton no cearense ‘O Povo’ e Peli no gaúcho ‘O Farroupilha’– traduziam a sensação de não agüentar mais o cerco televisivo. Os excessos foram parar até no site do ‘New York Times’, ontem, em reportagem intitulada ‘As eleições locais no Brasil são um grande show de variedades’

Maluf, não

Na tensa expectativa do debate na Globo, amanhã, os esforços estão concentrados em calar Paulo Maluf. Até em seu partido. Segundo a Folha On Line, ontem o presidente do PP municipal, Celso Russomano, conseguiu cortar o candidato do horário de seus próprios vereadores, para os últimos programas.

Arrastão

Em semana de eleição, lá está ele de volta ao JN, o ‘arrastão’ nas areias do Rio. Foi manchete, com imagens ‘amadoras’ e a narração ‘em tempo real’:

– Os bandidos deixam a praia caminhando tranqüilos.

E para fechar a cobertura:

– A delegacia fica a cerca de 200 metros dos ataques.

Sem aventura

O ‘Financial Times’ foi até a Bahia para mostrar que ‘o Brasil projeta uma mudança de direção para a Ford’. A fábrica baiana, que os ‘críticos ridicularizavam como uma aventura’, se tornou ‘pólo de exportação’.

E ‘ajudou a virar a página num capítulo sombrio da presença da Ford na América do Sul’.’

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‘Guerra on line’, copyright Folha de S. Paulo, 30/9/04

‘A ‘guerra fria’que Kennedy Alencar apontou, dias atrás na Folha Online, ficou ‘quente’.

Não na última edição do horário eleitoral para prefeito, que foi carregada de agradecimentos de José Serra, Marta Suplicy, até de Ciro Moura – e que contou com a ausência de Paulo Maluf, quase sem tempo.

Mas lá estava na web, ontem, o que Serra chamou, falando aos sites de notícias, de ‘baixaria’ de Marta. Do tucano:

– Ela anunciou que haveria uma campanha sórdida. E eles estão fazendo a campanha sórdida que se imaginava.

O tucano citou um site e um outdoor ‘apócrifos’.

Sua campanha, em nota divulgada no site eleitoral, afirmou tratar– se do ‘jogo mais sujo e covarde já visto em eleições em São Paulo’, com o objetivo de ‘manchar a honra’.

No fim da tarde, o próprio Paulo Maluf, falando aos sites de notícias e às rádios, assinou as denúncias ‘apócrifas’, mencionando dívidas de campanha e a venda de uma casa.

E seu site eleitoral trouxe, com ilustrações e textos não muito diversos do site ‘apócrifo’ retirado do ar horas antes, as mesmas acusações.

O site malufista com as duas denúncias foi parar na home do UOL, no início da noite, já sublinhando a expectativa de uma nova punição.

Marta Suplicy, de sua parte, se esforçava ontem em aparentar distância de Maluf.

Em entrevista à rádio Bandeirantes, chamou Serra de ‘tão nefasto quanto’ Maluf.

Distante do horário eleitoral, a ‘guerra quente’ é parte da escalada para o debate na Globo, hoje em horário nobre.

Ontem a emissora voltou a anunciar a presença dos cinco principais. Maluf inclusive, mas não Ciro Moura, que a campanha petista afirma ser a ‘boca de aluguel’ de Serra.

E Maluf, no estilo costumeiro, disse à Folha Online que não fará ‘ataques pessoais’:

– Só discutirei programas de governo.

Mas avisou que o tucano ‘deve explicações’ e saiu espalhando que ‘ele quis fraudar o Imposto de Renda’.

‘O arrastão que chocou o Brasil’

De uma hora para outra, a Globo achou uma onda de violência no Rio.

Ontem, mostrou até cansar ‘o arrastão que chocou o Brasil’. Ouviu uma moradora que ‘não quis se identificar’:

– O policial não fez absolutamente nada.

Para os moradores, ‘a gangue assalta há dois meses’. Mas ‘a polícia diz não acreditar que os assaltos sejam freqüentes’.

Foi o que se assistiu desde o JN de anteontem até o JN de ontem, num bate– estaca de imagens e manchetes – acrescido ainda da morte de um bicheiro, do assalto a um ator de novelas.

Foi o que se acompanhou no RJTV, na rádio CBN, na Globo On Line. Algumas reportagens traziam, no final:

– O secretário de Segurança, Anthony Garotinho, licenciado para participar da campanha, não quis comentar.

O comandante da PM surgiu no JN apontando ‘estranheza, nas proximidades das eleições’. A Globo respondeu com um sociólogo, para quem:

– Atribuir a responsabilidade a uma armação exime a corporação da responsabilidade.

Para as calendas

Após tantos capítulos, William Bonner leu nota, ontem no Jornal Nacional:

– Segundo o secretário do Audiovisual, não deve dar tempo para que a proposta de criação da Ancinav, a Agência Nacional do Cinema e Audiovisual, seja enviada ao Congresso ainda neste ano.

Foi depois, disse o JN, de ‘um pedido de representantes da sociedade civil’.

Vote para mudar

Na escalada para o debate de hoje (CNN e Band News), John Kerry e George W. Bush também estão em ‘guerra quente’, com o inusitado recurso a Osama bin Laden nos comerciais de ambos. Mas a novidade nos EUA vem da estrada e da música pop. Bruce Springsteen e outros estão na capa da nova ‘Rolling Stone’ para divulgar a turnê Vote for Change, contra Bush – que estão iniciando e acaba num show em Washington.’

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‘Colin Powell está chegando’, copyright Folha de S. Paulo, 01/10/04

‘O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, vem aí e a visita, anunciada anteontem por sites de jornais como ‘New York Times’ e ‘Washington Post’, chamou a atenção ontem da Voz da América, da chinesa Xinhua, da cubana Prensa Latina.

E da Globo. Para a emissora, ele vem discutir maior ‘cooperação na área de segurança’.

Vem para mais, segundo seu porta– voz. Deve tratar da cadeira no Conselho de Segurança da ONU. Mas a prioridade da visita talvez seja outra.

Ontem, a agência Reuters deu um despacho sobre a suposta ‘preocupação’, de funcionários da Agência Internacional de Energia Atômica, quanto a uma ‘possibilidade’ de o Brasil ter comprado tecnologia nuclear do paquistanês Abdul Khan.

Segundo a BBC Brasil, a fonte do despacho seria um diplomata americano, ex– funcionário do Departamento de Estado.

Repete– se assim o episódio da manchete do ‘Washington Post’, também com fonte sem nome, que fez pressão meses atrás para o Brasil abrir instalações nucleares à inspeção. Ontem, para além da Reuters, surgiu um artigo no ‘The Times’ na mesma linha.

O governo brasileiro respondeu com declaração à agência AP, questionando a Reuters pelas ‘fontes anônimas’.

Mas tem mais, para a agenda de Powell. Jornais da Argentina e do Chile – e a chinesa Xinhua– destacavam ontem as manobras conjuntas dos dois países, mais EUA e o Brasil, que estão sendo realizadas nesta semana.

Para o chileno ‘La Tercera’, que traz imagens das operações, elas envolvem 600 homens e 80 aviões dos quatro países.

Por outro lado, Powell vem ao Brasil em meio a debates sobre as relações de George W. Bush com a América Latina. Ontem no ‘Miami Herald’, Roger Noriega, diplomata dos EUA para a região, afirmou que Powel, com a visita, terá viajado à região mais que os dois secretários anteriores.

Bush vem sendo acusado por democratas de não dar a atenção prometida aos latino– americanos. Para Noriega, ele ajudou a achar soluções para Bolívia, Venezuela e Haiti – e ‘em nenhum dos três nós agimos sozinhos’.

O Brasil, apoiado por Argentina e Chile, atuou nos três.

Quanto à cadeira no Conselho de Segurança, anteontem o ‘Wall Street Journal’ disse que ‘os EUA estão oferecendo seu apoio’ à ambição do Brasil.

Lula na ‘Economist’

Em texto que abriu com o enunciado ‘Um teste para um Partido dos Trabalhadores mais rico e mais astuto’, a revista ‘Economist’ mostrou ontem o que os telespectadores por aqui viram dia após dia, no horário eleitoral. ‘Desde que Lula levou a eleição presidencial, o PT saltou à frente de seus rivais em organização e em músculo financeiro’, afirma a revista. A legenda que era ‘majoritariamente metropolitana’, avançando pouco além de São Paulo, hoje está em 94% das cidades do país, com a ‘máquina bem sintonizada’. Mas o que interessa é São Paulo, onde PT e PSDB estão ‘cabeça a cabeça’. Lula ‘pode agüentar uma derrota’ na cidade, mas apenas se compensar no restante do Brasil. Se o saldo eleitoral for bom, diz a ‘Economist’, ele pode ter em 2005 o seu ano mais ‘produtivo’ – em reformas.

Adjetivos

Em São Paulo, a um passo do debate final, José Serra acusou a campanha de Marta Suplicy de ‘sórdida’, Marta chamou Serra de ‘nefasto’ – e até José Genoino avançou no embate retórico, chamando ontem o tucano de ‘fariseu e hipócrita’.

É a mídia

Luiza Erundina reclamava ontem, na Jovem Pan, que o problema de sua candidatura foi ‘a mídia’. Para a socialista, foi a cobertura que estimulou a ‘polarização’ entre Marta e Serra e, depois, o voto útil.

De todo modo, no tempo que falta para o segundo turno – de acordo com a avaliação de Mauro Paulino, diretor do Datafolha, para a Jovem Pan– o que vai definir o resultado é o caminho tomado pelo eleitor malufista, não de Erundina.

Culpa de quem

A eleição não terminou no Rio nem em Fortaleza, mas os petistas abriram a temporada de recriminações.

José Genoino, presidente do PT, acusou a candidata petista no Ceará de dividir a esquerda – e foi chamado ontem por ela de ‘implicante’, segundo a Globo On Line. E no site Carta Maior o candidato petista no Rio disse que o erro é conjunto e começou no Ceará.

Ao que tudo indica, os dois Estados ainda devem render muita avaliação interna para ‘as esquerdas’.

Vale tudo

Depois de Geraldo Alckmin em São Paulo, Lula também em São Paulo, Garotinho no Rio de Janeiro – agora chegou a vez do ministro Luiz Dulci, em Minas Gerais.

Segundo manchete da Globo On Line, ontem, ele prometeu ‘recursos federais’ se o seu candidato vencer. E foi uma promessa à pequena Santos Dumont, no interior mineiro.’

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‘A Globo e os números’, copyright Folha de S. Paulo, 04/10/04

Três dias antes, a Globo fez ‘debates entre candidatos de 83 cidades’. Oitenta e três.

Aí chegou o dia da eleição e, às 17h, a Globo deu as pesquisas de boca– de– urna do Ibope – as pesquisas e, de bate– pronto, a avaliação de Franklin Martins.

A teledemocracia brasileira, se ainda havia dúvida, virou globodemocracia. A Band resistiu, com o primeiro debate de Serra e Marta, mas a Globo levou.

Se o Brasil caminha para uma polarização à americana, como dizem, entre petistas e tucanos, está bem longe disso na TV.

Na boca– de– urna, vitória do PT em Belo Horizonte e Recife, segundo turno em São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Fortaleza – e, para o PSDB, nada além de segundo turno em São Paulo, Curitiba e Florianópolis.

A opinião de Franklin Martins sobre BH e Recife foi de votação ‘consagradora’, que ‘aprova as administrações’. Sobre Porto Alegre, o PT sai ‘em primeiro lugar’ para o segundo turno.

Quanto ao PSDB, em relação a Florianópolis, a opinião foi de que o tucano ‘era do PFL’ e nem vivia lá, até há pouco.

A dupla Franklin Martins/ Alexandre Garcia avançou pelo Fantástico com as apurações – e com avaliações não muito diversas, apesar dos números cada vez mais pró– Serra.

Só às 22h30, com quase todas as urnas, veio o comentário:

– Serra está colhendo uma vitória muito maior do que qualquer projeção. Em SP, bom de chegada foi o PSDB.

A boca– de– urna do Ibope, por exemplo, não apontou nem mesmo vitória, quanto mais a dianteira de oito pontos.

A propaganda eleitoral, fora do ar desde quinta– feira, na verdade seguiu até ontem. Sem parar, via– se o comercial da Petrobras, com o Mercado Municipal, a Galeria Olido – e a ‘revitalização do centro’. Quase colado, sem parar, via– se o comercial estadual com a integração entre metrô e trem ‘com apenas um bilhete’, mais as cenas da estação da Luz. E houve muitos mais, ao longo do dia, de ambas as partes.

Mesas– redondas

Band, Cultura, Gazeta e outras passaram uma hora noticiando e analisando a boca– de– urna da Globo. A exemplo do futebol, elas não têm a transmissão, só mesas– redondas.

Aos poucos, foram salvas pela apuração cada vez mais rápida.

Gretchen

Contra a Globo, as emissoras fizeram o possível. No meio da tarde, a Band apelou para uma entrevista com Gretchen, detida em Goiás por boca– de– urna – e que se emocionou.

O bispo

O Jornal da Record, mas não o JN, usou o Ibope – da Globo– para dar ainda no sábado uma manchete para o Rio:

– Aumenta a possibilidade de segundo turno entre Cesar Maia e Marcelo Crivella.

Pós– guerra

As eleições ainda nem haviam acabado e já se falava de reforma ministerial. E de 2006.

Lula saiu avisando às rádios que vai conversar com Aloizio Mercadante. Segundo Kennedy Alencar, na Folha On Line, ele ‘pode virar ministro’. Marta também pode ganhar emprego em Brasília, se perder mesmo aqui, como dizia o ‘Valor’ dias atrás. E o acreano Jorge Viana, disse ‘O Globo’, pode tomar a vaga de Luiz Gushiken – e frear os censores palacianos.

Pontes

Sobre 2006, mais sinais. O site de Cláudio Humberto divulgou que em Pernambuco Jarbas Vasconcelos deve indicar Marco Maciel ao governo. Pelos sites, Ciro Gomes lançou pontes em direção tanto à petista Luizianne Lins como a Tasso Jereissati.

É só o início do rearranjo.’

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‘A Globo e a polarização’, copyright Folha de S. Paulo, 05/10/04

‘Perto da meia– noite de domingo, lá estavam José Serra e Marta Suplicy, ao vivo no final do Fantástico.

Nem bem amanheceu e lá estavam eles de novo, ao vivo no Bom Dia São Paulo. E depois no Bom Dia Brasil, SPTV, Hoje, SPTV de novo, Jornal Nacional, em entrevistas exclusivas. A certa altura, a própria rede citou a noite mal dormida.

Isso, só na Globo. Ontem os dois falaram também a outras emissoras e às rádios CBN, Jovem Pan, Bandeirantes.

Não foi possível, nem seria saudável, acompanhar tamanha polarização tucano– petista. Mas o que importa é a Globo. E o que espalha como notícia.

Para a Globo, petistas e tucanos venceram. Da manchete do Jornal Nacional:

– O PT é o partido mais votado. O PSDB se firma como o principal da oposição.

O comentarista Franklin Martins, sempre ele, justificou depois a manchete:

– O PT e o PSDB têm o que comemorar. O PT porque cresceu e cresceu bastante, mostrando que a vitória de Lula não foi acidente. O PSDB porque se afirmou como principal partido de oposição, especialmente nas cidades mais importantes.

Mais argumentos:

– O PT chegou em primeiro: foi o partido mais bem votado em todo o país. Seus candidatos somados receberam 16.327.008 votos. A seguir veio o PSDB, com 15.710.476 votos.

Já o PFL ‘sofreu uma derrota feia: perdeu uma em cada quatro prefeituras que tinha. O PMDB, também’. Até aí, o JN deixou os poderosos tucanos e petistas felizes.

Mas aí veio, por fim:

– Vamos ver agora o que acontece no segundo turno, especialmente em São Paulo, onde Serra larga com boa vantagem.

NA DÚVIDA

Jornais europeus e latino– americanos já traziam ontem, em seus sites, reportagens próprias sobre as eleições no Brasil.

Para a maioria, talvez ainda sob o efeito da pesquisa de boca– de– urna da Globo, ‘o partido de Lula teve mais ganhos do que qualquer outro nas eleições municipais’. Foi o que destacou o britânico ‘Financial Times’ (ilustração acima), acrescentando depois o quadro de São Paulo, com a vantagem para o PSDB de José Serra no segundo turno.

Para o francês ‘Le Monde’, o PT sai ‘reforçado’ das eleições, mas está ‘em dificuldade’ em São Paulo. No título do ‘El País’, ‘o partido de Lula se consolida’, mas um segundo destaque do jornal espanhol dizia que ‘a oposição social– democrata se impôs em São Paulo’.

Na Argentina, ‘La Nación’, ‘Clarín’ e outros trouxeram reportagens semelhantes quanto a PT e São Paulo – assim como o ‘El Universal’, do México.

Nos EUA, ‘New York Times’ e ‘Washington Post’ reproduziam em seus sites os despachos tanto da agência AP como da Reuters. O título da primeira:

– Partido do presidente do Brasil está mais forte.

E o da segunda:

– Partido governista enfrenta segundo turno em SP.

Os blogs e a oligarquia

Os blogueiros mais voltados à política, no Brasil, parecem estar mais interessados no que aconteceu aos ‘coronéis’ do que em São Paulo. De Marcelo Tas:

– As urnas deram o recado: vitória das forças de esquerda nas principais cidades do Brasil. Nem nos currais tradicionais onde os velhos coronéis mandam, tipo Maranhão e Bahia, a direita teve sucesso.

Jorge Bastos Moreno, para quem ‘São Paulo estará bem servida’ com Serra ou Marta, arriscou que ‘as três maiores lideranças do Nordeste perdem: ACM, Jarbas Vasconcelos e Tasso Jereissati’.

Ricardo Noblat, de sua parte, foi ouvir Roseana Sarney sobre o tema, ontem. E ela teria dito com ironia, em referência ao interior do Maranhão:

– Pois é, a oligarquia se deu bem na eleição.

Nos blogs mais abertamente alinhados, Cristóvam Buarque escrevia ainda no domingo, mas não em referência direta às eleições, que ‘a esquerda morreu, viva a esquerda’.

Luiz Carlos Bresser Pereira, em seu site, dizia que ‘a vantagem alcançada por Serra premiou o melhor’, acrescentando que em ‘Belo Horizonte e Recife o PT não enfrentou candidatos tão fortes e dois bons prefeitos foram reeleitos’.

Eduardo Graeff, também egresso do governo FHC, especulava ‘onde é que estavam escondidos esses sete– oito pontos de vantagem de Serra’:

– Meu palpite é que foi eleitor pobre dos bairros ‘dominados’ pelo PT. Gente que se assustou com as brigadas motorizadas e deu o troco na urna.’