Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Nilton Salina

‘A Rede Globo terminou de desmontar ontem os cenários usados na gravação da minissérie Mad Maria, no distrito de Abunã, a 220 quilômetros de Porto Velho, em plena selva amazônica. De início, a idéia era gravar poucas cenas na floresta e no Rio Madeira, o maior afluente da margem esquerda do Rio Amazonas. A maior parte seria filmada no Rio. Agora, apenas algumas cenas serão rodadas no Projac.

Os planos mudaram quando o governo do Estado recuperou uma locomotiva, uma litorina, quatro vagões e 10 quilômetros de trilhos. Além disso, pôs a Polícia Florestal e o Corpo de Bombeiros à disposição da equipe da Globo. O governador Ivo Cassol explicou que os R$ 500 mil gastos pelo Estado com a ajuda de algumas empresas deverão ser recuperados com a chegada de turistas, quando Mad Maria for ao ar.

O Ibama também colaborou, entregando ao Estado a madeira usada para fabricar os dormentes. A Fundação Nacional de Saúde pôs médicos, enfermeiros e laboratórios para teste de malária também à disposição da produção.

O produtor da Globo Jean Robert, de 39 anos, disse que dessa forma foi possível gravar a maior parte das cenas em Abunã e Porto Velho. ‘Um fato marcante é que não houve nenhum acidente em dois meses de trabalho, apesar de estarmos na floresta’, afirmou.

Na última semana, Robert proferiu algumas palestras em Porto Velho. Nelas, explicou que o Estado precisa se preparar para receber turistas. ‘Olhando a floresta e a ferrovia, dá para ter uma idéia de quanto foi difícil para o homem vencer a selva. Isso pode ser mostrado a quem visitar Rondônia’, disse o produtor.

A minissérie é baseada no best seller homônimo de Márcio Souza, de 1980, e traduzido para mais de 20 idiomas, que conta a saga que foi construir a ferrovia Madeira-Mamoré, que rasgou a floresta no início do século passado ao custo de milhões em dinheiro e milhares de vidas.

‘É uma verdadeira epopéia. Uma grande história que vale a pena ser contada’, disse o roteirista, Benedito Ruy Barbosa. Ele contou que o roteiro estava pronto fazia 15 anos e, quando o escreveu, chegou a entrevistar pessoas que trabalharam na ferrovia. Não foi filmado na época, porém, por não haver condições técnicas para as cenas na floresta.

O elenco conta com estrelas da Globo, entre elas Fábio Assunção, Ana Paula Arósio, Antônio Fagundes e Tony Ramos, sob direção-geral de Ricardo Waddington.

Mad Maria, que começa em 25 de janeiro, já foi vendida para 49 países, entre eles EUA, Inglaterra e Itália.’



Laura Mattos

‘Surdos pedem legendas na TV Globo’, copyright Folha de S. Paulo, 1/12/04

‘Crianças e adultos portadores de deficiência auditiva fizeram ontem manifestação na porta da Globo, no Jardim Botânico (Rio), a fim de solicitar que todos os programas tenham legenda. Chamado de closed caption, o sistema é acionado opcionalmente na maioria dos televisores modernos. Os manifestantes querem, principalmente, acompanhar novelas e a programação infantil, que não contam com o recurso.

Hoje, 12 programas podem ser vistos com legendas, como ‘Jornal Nacional’, ‘Programa do Jô’ e ‘A Grande Família’. Cerca de 70 pessoas ficaram em frente à Globo, segundo Fabiano Guimarães, intérprete da Associação de Pais e Amigos de Deficientes Auditivos, organizadora da manifestação.

Luciane Rangel, diretora da entidade, disse que protestos semelhantes ocorreram ontem em João Pessoa, Curitiba e Florianópolis. A Globo afirmou que ‘foi pioneira na implantação do sistema’ e que há projetos de ampliá-lo. ‘Isso depende de estudos de viabilidade técnica e financeira.’’



Daniel Castro

‘Maquete vira cidade cenográfica na Globo’, copyright Folha de S. Paulo, 5/12/04

‘O especial que a Globo exibirá em 28 de abril, comemorando seus 40 anos de teledramaturgia, vai abusar dos efeitos especiais. A história, em que a personagem de Adriana Esteves entra em 20 cenas originais de novelas, será ambientada em uma cidade que é uma maquete.

A maquete tem 60 m2 e 178 miniaturas de casas. Representa uma cidade histórica mineira. Por computador, ações gravadas em estúdio serão inseridas na maquete, parecendo que foram feitas numa cidade mesmo.

Outra inovação: a narrativa foge do modelo clássico, com protagonista e antagonista. Não há vilã. ‘Vamos apontar o futuro da novela’, diz o diretor Luiz Gleiser.

OUTRO CANAL

Esquadra 1

Aguinaldo Silva, autor de ‘Senhora do Destino’, está sendo assessorado por seis especialistas para escrever a história da adoção de um bebê pelas lésbicas Eleonora (Mylla Christie) e Jenifer (Barbara Borges). O desembargador Siro Darlan, ex-juiz da infância, favorável à causa, está colaborando informalmente.

Esquadra 2

Eleonora achará o bebê em uma lixeira. Dará a ele o nome de Renato, ‘o renascido’. As cenas vão ao ar na véspera do Ano Novo.

Boicote

A Rede TV! convidou todo o seu elenco para participar do especial de fim de ano de ‘Vila Maluca’. Mas só Luciana Gimenez topou. Humoristas do ‘Pânico’, por exemplo, só tinham uma fala.’



TV PAGA
Laura Mattos

‘TV pirata vira negócio em condomínios’, copyright Folha de S. Paulo, 5/12/04

‘Instaladores de TV paga pirata têm agora um novo foco: condomínios de casas ou apartamentos. A pedido de síndicos ou zeladores, empresas clandestinas instalam um aparelho capaz de distribuir a assinatura de um único pacote a todos condôminos.

Com isso, um pacote de canais que chega a custar mais de R$ 100 por mês para cada um chega a sair por menos da metade do preço.

Muitas vezes desavisados, os moradores também podem responder juridicamente pela pirataria, considerada crime, com penas que variam de multa a quatro anos de detenção (veja ao lado como reconhecer a ilegalidade).

O esquema é a mais recente preocupação das TVs fechadas, e as empresas prejudicadas iniciam um mapeamento dos casos de clandestinidade. A fraude coletiva atinge várias cidades e todas as classes sociais, inclusive moradias de luxo, hotéis e motéis, segundo a ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura).

‘Calculamos que haja no país perto de 300 mil ligações clandestinas, ou seja, 14% dos assinantes regulares de TV a cabo. A pirataria em condomínios está fora dessa estatística e percebemos um crescimento. Há prédios de classe A e casos assustadores de hotéis importantes que fazem ligações clandestinas’, afirma Antonio Salles, coordenador da comissão antipirataria da ABTA, que iniciará em 2005 uma campanha exclusivamente dedicada aos ‘gatos’ de prédios e conjuntos residenciais.

Além do preço baixo, a fraude oferece aos condôminos a possibilidade de assistir a canais exclusivos de duas operadoras diferentes. ‘Eles misturam, por exemplo, a HBO da DirecTV, com o Telecine da Sky’, explica Salles.

A pirataria, no entanto, além de ser crime, costuma oferecer um serviço tecnicamente ineficiente. O caso do microempresário N. (ele pede para não ser identificado), 41, é típico das gambiarras em condomínios, batizada pelas empresas de ‘pirataria comercial’. Morador de um apartamento de 100 m2 em Cascavel (PR), ele chamou um fornecedor indicado pela síndica e contratado por quase todos os 116 condôminos do prédio. Por um pacote básico, pagava R$ 17 por mês ao instalador, que recolhia as mensalidades pessoalmente.

A forma de cobrança e o preço são indícios de irregularidade, já que as assinaturas mais baratas custam em torno de R$ 45 e as operadoras normalmente emitem boletos bancários.

‘Achei o preço baixo, mas, como foi indicado pela síndica, não fazia idéia de que era pirata. Com o tempo, passei a desconfiar porque o serviço era muito ruim, a TV ficava fora do ar vários dias e eu nunca conseguia falar com o responsável pela instalação’, diz.

Após se certificar de que havia contratado um serviço ilegal, retirou os equipamentos de seu apartamento e adquiriu, por R$ 47 por mês, um pacote da empresa que atua regularmente na região.

As cidades de Cascavel e Ponta Grossa, no Paraná, foram palco recentemente de operações de apreensão de equipamentos de TV clandestina em condomínios, entre eles o do microempresário N. Quando tudo foi descoberto, a síndica se mudou do local e não deixou o novo endereço aos antigos vizinhos.

‘A pirataria é nosso maior concorrente, e Cascavel é um dos principais focos, talvez pela proximidade com a fronteira do Paraguai, onde há facilidade da compra da tecnologia necessária [à gambiarra]’, afirma Guilherme Godoy, diretor-presidente da BigTV, operadora com autorização para operar em Guarulhos (Grande SP) e em cidades do interior de São Paulo, no Paraná, em Alagoas e na Paraíba.’