Friday, 03 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

O Estado de S. Paulo

TELEVISÃO
Dib Carneiro Neto

Teatro com censura livre

‘Finalmente. Depois de meses de sucesso no restrito canal pago Rá Tim Bum, chega à rede educativa aberta o programa Teatro Rá Tim Bum, que leva para a telinha da TV grandes sucessos do circuito paulistano de teatro infantil. A estréia se dá hoje, às 16 horas, na TV Cultura, com Rapunzel, versão premiada da Cia. Furunfunfum. No próximo sábado, dia 29, será a vez de Os Três Porquinhos, da Cia. Le Plat du Jour.

A transposição das peças para a televisão tem se dado de forma bem criativa, com direção de Bete Rodrigues e supervisão da coordenadora de núcleo infantil da emissora, Beatriz Rosenberg. Não se trata apenas de ligar uma ou duas câmeras e registrar a peça no palco. A produção cuida de repensar o espetáculo do ponto de vista de produto audiovisual eletrônico, levando em conta toda a responsabilidade da TV Cultura em manter o alto nível de suas produções para crianças, premiadas no mundo todo.

Em Rapunzel, por exemplo, Marcelo e Paula Zurawski, da Furunfunfum, além de atuar, acompanharam tudo de perto, para que as especificidades da linguagem teatral (e, neste caso, do teatro de animação com manipulação de bonecos) também não ficasse prejudicada.

A mesma preocupação esteve presente na produção de Os Três Porquinhos, em que o diretor Alexandre Roit e as atrizes e autoras Alexandra Golik e Carla Candiotto tentaram manter toda a agilidade e improvisações que marcam seus espetáculos no teatro.

Repare no capricho da cenografia dos programas do Teatro Rá Tim Bum, muitas vezes superando a criatividade cenográfica das montagens teatrais. A divisão das peças em quatro blocos de programa também respeita o ritmo do texto e cria um suspense que segura a audiência infantil até o fim da atração. O teatro infantil, uma arte maior feita para menores, merece todo esse carinho.

Estica e puxa com Angélica

Angélica acompanhou o ator Murilo Rosa em uma visita ao grupo de teatro Intrépida Trupe. Os dois aproveitaram para aprender algumas acrobacias e fazer um alongamento. O encontro vai ao ar hoje no programa Estrelas. Murilo também tem participação marcada em outro programa, o do Faustão. Ele é um dos selecionados para o quadro Dança no Gelo, que estréia no dia 13.’



EXCESSO DE COMUNICAÇÃO
Renato Cruz

Comunicação demais atrapalha

‘‘Somos iguais àquele equilibrista que trabalha com vários pratos que rodam em varetas’, comparou Jorge Ide, gerente de Atendimento e Relacionamento do Grupo Totvs. ‘Quando um começa a perder velocidade, temos de ir lá e rodar um pouco, e depois partir para o próximo.’

O objetivo inicial era tornar as pessoas mais produtivas, mas a proliferação de tecnologias da comunicação pode acabar tendo efeito contrário. De ferramenta de produtividade, a internet tem o poder de se tornar ferramenta de adiamento do trabalho. A soma das alternativas para falar com as pessoas – ligações nos telefones fixo e celular, correio eletrônico, mensagens instantâneas e mensagens de texto nos telefones móveis – é capaz de causar uma sucessão sem fim de interrupções e nenhum trabalho feito.

Lá fora, o conjunto de técnicas para manter a produtividade em meio a tanta tecnologia foi chamado de life hacking. O verbo hackear, no caso, é empregado no bom sentido: melhorar a vida. Nada a ver com invasões ou quebra de sistemas de segurança.

O termo surgiu em 2004, durante o evento O’Reilly Emerging Technology Conference, em San Diego, e foi criado pelo escritor Danny O’Brien, especializado em tecnologia. Ele entrevistou dezenas de programadores para saber como eles faziam para manter a produtividade e compilou algumas técnicas. Hoje, há vários sites especializados, como o Lifehacker (www.lifehacker.com) e 43 Folders (www.43folders.com).

A professora Gloria Mark, da Universidade da Califórnia em Irvine, fez uma pesquisa sobre como os chamados trabalhadores do conhecimento realizam tarefas múltiplas, simultaneamente. Especialista em interação entre humanos e máquinas, ela descobriu que, em média, as pessoas dedicam 11 minutos a cada projeto, antes de serem interrompidos e transferirem sua atenção a outro.

Mesmo os 11 minutos são divididos em períodos menores, com cerca de três minutos, para tarefas como responder e-mails, consultar a internet ou trabalhar em um texto ou planilha. Depois de interrompida, a pessoa demora em média 25 minutos para voltar ao projeto inicial.

O interesse de Gloria pelo tema veio em 2000, quando passou de pesquisadora a professora e sentiu na pele a pressão das tecnologias de comunicação. ‘De um ambiente tranqüilo de trabalho, passei a ser interrompida toda hora’, explicou a professora, em entrevista por correio eletrônico. Apesar de existirem vários programas e equipamentos para melhorar o fluxo de trabalho, a solução nem sempre é tecnológica. ‘Ainda falta padronização para que os sistemas possam se comunicar entre si’, explicou Gloria.

Algumas pessoas preferem criar um arquivo texto, no computador, para anotar as tarefas mais urgentes. Jorge Ide, da Totvs, resolveu concentrar o máximo de tarefas no Outlook, da Microsoft. Ele usa as funções de correio eletrônico e agenda e, para não esquecer de nada, programa lembretes automáticos para si mesmo. O executivo marca as mensagens com bandeiras coloridas (um dos recursos do software), de acordo com a prioridade.

‘Tenho colegas aqui que usam outros softwares, mas a maneira de trabalhar é parecida’, afirmou Ide, que tem dois telefones celulares sempre ligados. ‘O maior problema é o acúmulo de informação a ser tratada. Sempre que recebo um e-mail ou uma ligação, tento tomar uma ação imediata para que não fique acumulado.’

Marcelo Tosatti é o programador mais conhecido da comunidade brasileira de Linux. ‘Tenho um problema grande para me concentrar’, disse. ‘Uma coisa que tento fazer é não ficar olhando e-mail toda hora.’

Há cerca de um ano, ele começou a usar um software para Linux chamado Tomboy, que manda avisos para a tela do computador. ‘Agora, não esqueço mais de coisas como pagar contas ou ligar para casa.’ Ele também programou um sistema de mensagens para avisar com um bipe toda vez que alguém quer falar com ele.

O professor Luiz Carlos Moraes Rêgo, da Fundação Getúlio Vargas, apontou que esse problema está sendo visto como uma grande oportunidade pelas empresas de tecnologia, como Cisco e Microsoft. ‘A comunicação unificada é uma área quente’. As gigantes do setor deram esse nome para sistemas que permitem administrar os vários equipamentos sem se perder.



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Renato Cruz

Blogueira usa despertador de cozinha no trabalho

‘Gina Trapani edita, desde janeiro de 2005, o blog americano Lifehacker, que trata de técnicas para melhorar a vida em meio a tanta tecnologia. Antes, escrevia sobre linguagem de programação Java. Entre as suas ferramentas estão um bloqueador de sites que fazem perder tempo – como o MySpace – enquanto está trabalhando; avisos na forma de mensagens de texto para o próprio celular, de coisas como aniversários; e um sistema automático de cópia para o seu computador.

Ela também usa um despertador de cozinha no trabalho. ‘Eu deixo um desse em minha mesa e programo para uma hora, enquanto trabalho no meu projeto atual’, explicou Gina, em entrevista por e-mail. ‘Quando ele toca, eu levanto, dou uma volta e avalio até onde cheguei, o que mais quero fazer, e então repito a programação.’ Outro dispositivo de baixa tecnologia que ela usa é o velho e bom caderno.

Gina não identifica um excesso de ferramentas tecnológicas. ‘O que existe é toda uma série de novas habilidades necessárias para administrá-los’, disse a especialista em life hacking. ‘As pessoas têm que ser conscientes sobre os momentos apropriados de ligá-los e desligá-los e precisam definir limites entre trabalho e vida antes que esses limites sejam definidos para elas.’’



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Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

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