Tuesday, 07 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Peça reestréia no TUCA em curta temporada

[do release da produção]

Estúdio de uma emissora de televisão momentos antes do início da gravação da entrevista entre a jovem e bem sucedida escritora (Lígia Cortez) e o jornalista (Marcelo Lazzaratto). Nada extraordinário não fosse ela a ex-mulher dele. O que seria uma conversa sobre literatura se transforma em acerto de contas pessoal e, mais do que isso, em uma reflexão sobre a condição humana. Isto é A Entrevista, peça de Samir Yazbek, com direção de Marcelo Lazzaratto, que após muitos elogios da imprensa retornou ao Tuca (Rua Monte Alegre, 1024, Perdizes, São Paulo (SP) – tel: 3670 8458) a partir do sábado (4/3), às 21h.

Para o diretor Lazzaratto, A Entrevista se oferece ao público de maneira despojada, confiante na relação texto-ator-espectador’. O autor Yazbek vê a peça como ‘um diálogo investigativo, sem concessões, necessário ao nosso tempo, que solicita não apenas o envolvimento dos atores, que se entregam de corpo e alma ao projeto, mas do público, que assistirá a uma delicada encenação’. E Lígia Cortez, que permanece em cena os 60 minutos do espetáculo, resume: ‘Um texto introspectivo, interessante e profundo. Fui convidada para fazer a leitura da peça e me empolguei com ela. Acho que A Entrevista é um ótimo exercício de dramaturgia e realização para o autor, o diretor e os atores’. Figurinos de Cássio Brasil e o cenário discreto e funcional do premiado Ulisses Cohn.

A Entrevista cumpriu bela trajetória em diversos palcos; após leitura pública em maio de 2004, no Teatro do Centro da Terra, em São Paulo, e em junho de 2004, no Sesc São Caetano, a peça estreou em setembro de 2004 no Sesc Santo André. Depois disso, estreou em São Paulo no Teatro Cultura Inglesa de Pinheiros em março de 2005, passando pelo Sesc Araraquara antes de voltar a São Paulo em maio de 2005, no Teatro Renaissance, retornando mais uma vez, antes de terminar o ano, ao Teatro Cultura Inglesa de Pinheiros. Em junho de 2005 cumpriu temporada no Sesc Copacabana, Rio de Janeiro, e em julho participou do Festival de Teatro de Blumenau. Finalizando o ano de 2005, participou do Festival de Porto Alegre e cumpriu uma temporada no Centro Cultural Banco do Brasil, de Brasília.

A peça, pelo diretor e ator Marcelo Lazzaratto

‘Samir Yazbek, em A Entrevista, oferece-nos um texto pertinente e necessário à contemporaneidade. Ao mesmo tempo simples e arrebatador, tanto em sua estrutura quanto em seu conteúdo, possui, além de belas reflexões a respeito do fazer artístico, ótimos personagens que se revelam em um jogo em que público e privado se entrelaçam de tal forma, que aos poucos deixamos de perceber suas distinções. Gente de carne e osso superando suas diferenças. Ambos em busca do ‘outro’, essa entidade da qual necessitamos para alcançarmos a ‘compreensão’. Harmonização no desequilíbrio. A instabilidade como processo continuamente transformado para transformar. Relação madura. A sinceridade superando o auto-engano.

‘Universalizando o tema escritor-literatura ao ser tecido com outras dualidades: entrevistador-entrevistado, marido-esposa e homem-mulher. Tramando matizes e intensidades. Desnudamento e contacto. Acesso. Comunicação e diálogo.’

O texto, pelo autor Samir Yazbek

‘Difícil encontrar hoje em dia quem não esteja dividido entre a nostalgia de uma vida comunitária e os imperativos da globalização. Mais raro, porém, é quem esteja atento aos problemas decorrentes dessa contradição. Este texto nasceu, tanto no conteúdo quanto na forma, como uma tentativa de investigar essa questão, aprofundando a dicotomia essência/aparência, que rege a existência da maioria dos indivíduos no mundo contemporâneo.

‘Diante do descompasso entre o reconhecimento que adquiriu e a insuficiência de sua vida pessoal, a protagonista desta peça se vê submersa em uma profunda crise de identidade. No entanto, durante uma entrevista na televisão, provocada por seu ex-marido, a escritora reafirma seus valores mais genuínos, contaminando a esfera pública com um pouco de humanidade. No entanto, mais do que enfocar o ‘público’ e o ‘privado’, o enredo pretende desvendar, através da relação que estabelecem, a natureza das personagens, suas possibilidades e seus limites.’