Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Tim Gnatek

‘‘Baby Got Back’, com sir Mix-A-Lot, uma música indecente que foi sucesso em 1992, estava tocando no sistema de som do 7 Bamboo, um bar de karaokê de San Diego (Califórnia, EUA), em uma sexta-feira à noite. Dois freqüentadores do bar, repentinamente transformados em estrelas do rap, contorciam-se no palco.

Foi uma boa diversão para os freqüentadores do bar, bem como para outras 14 pessoas que estavam assistindo à performance on-line de longínquas localidades, como St. Louis, Uruguai e Austrália, ou mesmo da cidade vizinha.

O meio foi uma estação de televisão baseada na Web chamada ToqerTV, uma empresa que é motivo de um imenso orgulho para Toqer, também conhecido como Robert Cortese, apresentador de karaokê e webmaster.

Cortese, 50, construiu sua estação sozinho, pediu permissão ao bar para transmitir o show pela internet, criou um site e uma sala de bate-papo (um chat) e ainda começou a vender mercadorias em apoio ao que ele considera ser a primeira estação de TV dedicada somente ao karaokê.

Seu conteúdo pode ser singular, mas sua abordagem não. A ToqerTV é uma entre mais de cem estações independentes de televisão que transmitem pela internet nos EUA, cobrindo todos os interesses que se possa imaginar.

O crescimento do acesso por banda larga e o progresso das tecnologias de transmissão de dados impulsionaram a transmissão de vídeos pela internet, que evoluiu dos shows de slides truncados do passado para apresentações que podem começar a rivalizar com a televisão comercial. A programação também se expandiu. Com a adoção de softwares como o RealPlayer e o Windows Media Player, os ávidos caçadores de vídeos podem executar o download e assistir a filmes, programas de esportes e noticiários da TV.

Com o Winamp media player (www.winamp.com), muitas das estações independentes também podem ser vistas. As versões anteriores do Winamp ajudaram a popularizar o formato de música MP3, e milhares de pessoas têm usado a sua tecnologia Shoutcast Server para construir suas próprias estações de rádio on-line.

A maioria das estações, entretanto, resulta do trabalho de programadores individuais que transmitem seus próprios videoclipes acumulados, legalmente ou não, em seus discos rígidos.

A Webranger Nostalgia Broadcasting (www.webranger.net), por exemplo, opera cinco canais de filmes clássicos e programação da televisão. Trata-se de um hobby antigo do criador da estação, Kevin VandeWettering, de 41 anos, que opera de sua residência em Hillsboro, no Oregon. ‘Eu venho operando um rádio-site com programação de clássicos desde que inventaram a internet’, disse.

Um dos maiores sucessos de produção independente, a série ‘Red vs. Blue’ (www.redvsblue.com) coloca diálogos sobre vídeos retirados do jogo de tiro ‘Halo’ para criar comédias curtas. O programa chegou a atingir mais de 750 mil espectadores em uma semana.

À medida que os fãs fazem downloads e descobrem a programação no Winamp TV, a audiência cresce. A AOL conta 18 milhões de instalações do Winamp 5 player habilitado para vídeo, embora o contador de tráfego do player geralmente liste 2.500 espectadores ativos. Um ávido espectador do Winamp TV, Dave Childers, 39 anos, de Mobile, Alabama, passa cinco horas por dia ligado nas transmissões on-line. ‘Eu quase não assisto mais à televisão normal’, disse ele.

Os canais favoritos de Childers são o show de música coreana OhMyTrance (www.ohmytrance.com) e Rant TV (www.ranttv.com), que passa documentários sobre ‘dumpster diving’ (revirar lixo em busca de papéis comprometedores) e discursos políticos radicais.’



allTV
Marijô Zilveti

‘Canal oferece interação 24 horas’, copyright Folha de S. Paulo, 21/07/04

‘A allTV (www.alltv.com.br) faz televisão pela internet com interação do telenauta. A proposta do site é fugir do esquema de transmissão televisiva pela rede.

Por essa razão, o diretor-geral Alberto Luchetti reformulou o conceito de salas de bate-papo ao vivo, em que o internauta e assinante de um portal entram em uma sala para participar das conversas com entrevistados.

Em vez disso, o site oferece ao usuário programação variada, que vai de webjornais a discussões sobre esportes radicais, passando por programas de comportamento e culinária.

Dessa forma, o apresentador, que fica no ar no mínimo uma hora sem teleprompter (texto que aparece em monitor para leitura), tem de ter domínio para fazer um programa com entrevistados e jogar as perguntas dos internautas que entrarem na sala do chat.

Um dos novos destaques da tarde é um programa em que um ator faz o papel de uma miss frustrada de pelo menos quatro ou cinco décadas passadas e entrevista cantoras que concorreram com Wanderléia em 1964.

Durante a semana, nove apresentadoras se intercalam em trios para entrar no ar em ‘Mulheres Poderosas’, das 15h às 17h.

Da rede para a televisão

Um dos trunfos do site foi ter conseguido sair da internet e parar em um canal de TV paga. Ou seja, quem for assinante da TVA pode conferir exatamente o que acontece na rede. Nesse caso, é vantajoso, pois a qualidade da imagem é superior. Por outro lado, não vai poder interagir, fazendo perguntas ao apresentador do programa, nem vai poder bater papo com os participantes da sala de chat.

Para breve, o site promete oferecer ao telenauta acesso às salas de chat a partir de telefones celulares por meio de acordo com uma operadora paulistana.’



TV NA INTERNET
Juliano Barreto

‘Transmissão caseira custa caro e é difícil’, copyright Folha de S. Paulo, 21/07/04

‘Transmissões de TV via internet com qualidade ainda custam caro e são complicadas para usuários leigos.

Diferentemente das webcams, que têm baixa resolução e, em média, custam menos de R$ 500, as filmadoras digitais têm preços elevados que quase sempre passam dos R$ 2.000 e exigem placas de vídeo especiais para transferir suas imagens para um PC convencional.

Além das placas de captura, é preciso utilizar softwares pagos para a transmissão -os únicos transmissores de streaming gratuitos funcionam em plataformas GNU/Linux. Ter um espaço alugado na web também é essencial, já que os provedores gratuitos não suportam grande fluxo de dados.

Para transmitir um programa semanal de entrevistas, o site TV Tudo.com (www.tvtudo.com), que é especializado no público GLS, precisou investir em um servidor pago. Além disso, precisa usar imagens de baixa resolução. ‘Servidores com suporte e estrutura para transmissões de qualidade cobram muito caro. Isso torna o uso da tecnologia inviável para pequenas e médias empresas. Na TV Tudo.com, por exemplo, nós compactamos o vídeo no limite da qualidade média. Não é horrível assistir, mas, ao mesmo tempo, não usamos uma qualidade melhor devido ao preço alto’, afirma Fabrício Viana, webmaster do site, que, segundo ele, recebe 5.000 visitas por semana.’