Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Tribuna da Imprensa

‘As três principais redes de televisão dos Estados Unidos – ABC, CBS e NBC – decidiram não transmitir ao vivo o discurso que o presidente George W. Bush fez ontem à noite sobre o Iraque.

No pronunciamento, Bush procurou mostrar aos americanos que tem uma estratégia para acabar com o caos e a violência que marcam o Iraque desde que ele declarou o fim dos grandes combates, há um ano. No pronunciamento na Escola de Guerra do Exército em Carlisle, Pensilvânia, Bush anunciou a demolição da prisão de Abu Ghraib – onde prisioneiros iraquianos sofreram abusos por parte de militares americanos – após a devolução da soberania aos iraquianos, prevista para 30 de junho, e detalhou um ‘plano para ajudar o Iraque a obter democracia e liberdade’.

‘A América financiará a construção de uma prisão moderna, de segurança máxima’, disse Bush num trecho do pronunciamento. ‘Quando essa prisão for concluída, os detentos de Abu Ghraib serão realocados. Então, com a aprovação do governo iraquiano, vamos demolir a prisão de Abu Ghraib como um símbolo de um novo começo para o Iraque.’

Bush não deixou de mencionar os abusos na prisão. ‘Sob Saddam Hussein, prisões como a de Abu Ghraib eram símbolos de morte e tortura’, disse. ‘Essa mesma prisão tornou-se símbolo de conduta vergonhosa por parte de uns poucos soldados americanos que desonraram nosso país e desconsideraram nossos valores.’’



O Estado de S. Paulo

‘Dois jornalistas japoneses são mortos em emboscada na estrada’, copyright O Estado de S. Paulo, 29/05/04

‘Dois jornalistas free lance japoneses e seu intérprete iraquiano foram mortos num ataque com granadas propelidas por foguete contra o carro em que trafegavam, ao sul de Bagdá. O diretor de um hospital na localidade de Mahmudiya, a 30 quilômetros de Bagdá, informou que o motorista, que sobreviveu ao ataque, identificou os corpos, que ficaram queimados. Até a noite de ontem a Chancelaria do Japão não havia confirmado se os mortos eram os jornalistas Shinsuke Hashida, de 61 anos e muito conhecido em seu país, e seu sobrinho, Kotaro Ogawa, de 33 anos.

No momento do ataque, os jornalistas estavam voltando da base militar das forças do Japão em Samawa, ao sul da capital. A região de Mahmudiya é uma das mais perigosas do Iraque por causa dos freqüentes ataques da guerrilha que resiste à ocupação do país.

Na região xiita, no sul do país, voltaram a ocorrer enfrentamentos entre tropas dos EUA e a milícia do líder religioso xiita Muqtada al-Sadr, que na quinta-feira propôs aos americanos um acordo para um cessar-fogo nas cidades de Kufa e Najaf. Os combates estouraram em Kufa e cada lado acusou o outro de ter iniciado os disparos. As milícias percorreram a cidade e os comerciantes fecharam as portas. Pelo menos 3 rebeldes xiitas foram mortos e 14 feridos nos confrontos em Kufa. Em Najaf, dois soldados dos EUA foram feridos num ataque a tiros contra seu veículo. Também foram lançados morteiros contra a base militar dos EUA nas imediações de Najaf.

Depois dos choques, tanto os partidários de Al-Sadr como as forças dos EUA reiteraram seu empenho em manter o acordo, pelo qual as duas partes tanto as milícias como as tropas se comprometeram a retirar-se de Najaf e Kufa. Mas o clérigo Al-Sadr declarou à TV árabe por satélite Al-Jazira que não irá desmantelar sua milícia enquanto as forças de ocupação permanecerem no Iraque. (Reuters, AFP, AP e DPA)’



Folha de S. Paulo

‘Fita mostra que imagens do massacre de My Lai quase foram censuradas’, copyright Folha de S. Paulo, 28/05/04

‘O governo americano procurou, sem sucesso, impedir a divulgação de fotos do massacre de mais de 300 pessoas cometido por soldados dos EUA em My Lai, no Vietnã, em 1969.

A intenção está num diálogo entre o então assessor de Segurança Nacional do presidente Richard Nixon, Henry Kissinger, e o secretário da Defesa, Melvin Laird. O diálogo foi divulgado anteontem pelos Arquivos Nacionais dos EUA, em meio ao escândalo da fotos de presos iraquianos sendo torturados por soldados americanos.

‘São pavorosas’, diz Laird, num dos trechos, sobre as fotos de My Lai. Kissinger respondeu que um dos principais auxiliares de Nixon ‘ouviu que o Exército está tentando impedir a divulgação das fotos -mas isso não será possível’.

Na conversa, Laird diz que, embora gostaria de ‘varrer debaixo do tapete’ a questão toda, as fotos não permitiam. ‘Há tantas crianças deitadas ali. Essas fotos são autênticas’, disse.

As transcrições mostram o quão frustrado Nixon estava ficando com a Guerra do Vietnã. Ele ficou irado em 9 de dezembro de 1970, devido ao que viu como o bombardeio insuficiente de alvos no Camboja.

‘Não apenas eles [a Força Aérea] não têm imaginação, como estão apenas administrando essa coisa, bombardeando selvas’, disse Nixon. ‘Eles precisam entrar lá, e quero dizer entrar lá de verdade.’ Kissinger objetou: ‘A Força Aérea foi projetada para travar uma batalha contra a URSS. Não foi projetada para esta guerra’.

Mas o presidente persistiu. ‘Quero que atinjam tudo’, disse Nixon. Kissinger passou a ordem para frente: ‘Uma campanha maciça de bombardeio no Camboja. Qualquer coisa que voe contra tudo o que se mova’. Com o ‘New York Times’’