Saturday, 27 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

TV aberta não tem interesse em programação infantil


Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 5 de janeiro de 2010


 


TELEVISÃO


Ana Paula Sousa


‘TVs abertas desistiram da produção infantil’


‘Passados 12 anos desde que deixou a TV Cultura, Beth Carmona retorna à emissora neste ano, como consultora da programação infantil. Foi durante a temporada de Carmona (1987-1998) que a rede levou ao ar programas como ‘Castelo Rá-Tim-Bum’ e ‘O Mundo da Lua’, que chegou a atingir 12 pontos no Ibope. ‘A TV aberta só exibia programa para criança de manhã, e sempre no universo das loiras’, lembra ela.


Após sair da emissora pública paulista, ela passou por Discovery Kids e Disney Fox Kids Brasil. Em 2003, voltou ao sistema público, como presidente da TVE, de onde saiu em 2008. Na entrevista a seguir, Carmona discute os rumos da programação infantil no Brasil.


FOLHA – Depois de 15 anos, o que mudou na programação infantil?


BETH CARMONA – Hoje, a TV por assinatura existe e oferece 24 horas de programação infantil. Esses canais, além de produzir, passaram a comprar programas. O que eu noto é um desinteresse, ou até uma desistência, da TV aberta de trabalhar com crianças. Até pouco tempo, a Globo fez o ‘Sítio do Pica-Pau Amarelo’, mas parou. Record, SBT e RedeTV! desenterram os desenhos japoneses e o ‘Pica-Pau’. Sobraram somente as TVs públicas.


FOLHA – Mas sobrou pouco, não?


CARMONA – A Cultura viveu daqueles programas e pouco se renovou. A dispersão de gente, a rotatividade das direções, comum nas TVs públicas em geral, é um problema. Mas o ‘Cocoricó’ continuou e cresceu.


FOLHA – Por que o desinteresse da TV aberta?


CARMONA – Fazer produto infantil original custa muito caro. Fazer novela também, mas tem anunciante. As áreas comerciais sabem que o mercado de produto infantil é difícil.


FOLHA – Por quê?


CARMONA – A publicidade nos programas infantis está em xeque. Cada vez mais se fala em alimentação saudável, consumo consciente. Várias ONGs têm se mobilizado em torno dessas questões. A sociedade deixou de aceitar certas coisas e a publicidade está retraída. Os anunciantes não querem aparecer como vilões. Por outro lado, sem anunciantes, como se paga a programação infantil?


FOLHA – Em alguns países europeus, a publicidade infantil não é permitida e, ainda assim, há programas no ar.


CARMONA – A maioria dos países têm restrições, mas poucos têm proibição total. Mas nesses lugares o Estado paga a conta. Nos Estados Unidos, por outro lado, pode tudo. Aqui, alguns institutos defendem que a publicidade seja banida dos programas para crianças. Mas, num país como o Brasil, é preciso tomar cuidado com esse radicalismo. Se não houver programas infantis, as crianças verão programas adultos. Como já fazem, aliás.


Folha – Qual a saída?


CARMONA – Há os apoios culturais, como os da TV Cultura, e também começam a surgir outros formatos, com empresas bancando programas inteiros, pensando também na responsabilidade social.


FOLHA – Mas, se a gente pensar que só 5% da população brasileira tem TV a cabo e que as pessoas passam, em média, cinco horas em frente à TV, esse dado é preocupante, não?


CARMONA – Essa é minha bandeira, e o único espaço onde acho que conseguimos fazer um trabalho bacana foi na TV pública. Tenho visto pesquisas que mostram que os pré-adolescentes e adolescentes estão cada vez mais longe da TV. A TV não conseguiu responder a eles de maneira satisfatória.’


 


 


CAMPANHA


Anúncio na TV faz candidato opositor chileno reclamar


‘O candidato direitista à Presidência do Chile, o empresário Sebastián Piñera, criticou ontem uma peça publicitária que faz alusão à sua enorme fortuna. O vídeo foi veiculado pelo seu opositor, o governista Eduardo Frei (centro-esquerda).


As imagens, exibidas anteontem, mostram uma paródia do comercial de TV do cartão de crédito Mastercard. ‘Sapatos de couro com design exclusivo: US$ 3.500 (…). A faixa presidencial não tem preço. Há coisas que o dinheiro não pode comprar. Para todas as outras, está o ‘Tatán’ card’, diz a propaganda, trocando o nome original do cartão de crédito pelo apelido de Piñera.


‘Se Frei quer chafurdar na lama, que o faça sozinho’, afirmou Piñera, dono de uma fortuna avaliada em US$ 1,2 bilhão e o mais votado do primeiro turno, em 13 de dezembro, com 44% dos votos.


‘É uma ideia equivocada dizer que se trata de campanha suja colocar a verdade em cima da mesa’, respondeu a porta-voz da campanha de Frei, Carolina Tohá.


O segundo turno chileno será no próximo dia 17.’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 5 de janeiro de 2010


 


TELEVISÃO


Keila Jimenez


The Office brasileiro


‘Vem aí uma espécie de The Office brasileiro. Para quem não conhece, a série que debocha com perfeição do dia a dia corporativo ganhará uma espécie de versão nacional, produzida pela Medialand.


Baseada no livro Poder S.A., do executivo Beto Ribeiro, a trama é recheada pela rotina que todos nós conhecemos: fofocas sobre o chefe no cafezinho ? que fique claro que a colunista não faz isso ?, o officeboy e os motoristas que sabem mais da empresa que o dono, o dicionário corporativo e irritante do RH, a falsa política da boa vizinhança e as mais divertidas conversas de corredor. O foco é o humor de situações vividas por Beto dentro das empresas por onde passou. A maior incentivadora do livro, e que chegou até a se interessar em participar de uma série sobre a obra, é a atriz Tais Araújo, amiga do autor.


Procurada, a Medialand confirmou a produção da série e a negociação da produção com emissoras de TV. Entre as interessadas estaria a RedeTV!, que já comprou da produtora o reality policialesco Operação de Risco ? que acompanha salvamentos e ações da polícia ? com estreia prevista para março na emissora.’


 


 


 


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