Pois é: acabou o direito de se escrever o português como você conhecia. Azar seu.
As armas e os barões assinalados assim o decidiram. De seus domínios em Brasília, o déspota esclarecido Luiz Inácio Lula da Silva mandou vigorar o celebérrimo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa através do Decreto nº 6.583, na lua nova de 29 de setembro do ano de 2008, 187º da Independência e 120º da República, sob o olhar complacente de seu ministro das Relações Exteriores.
Você, que sangrou tanto na batalha por uns míseros tremas, está legalmente compelido a deles se livrar ou então incorrer na ira vingativa de implacáveis juízes de vestibular, inquisidores de concursos, sumidades máximas das degradantes provações que a língua lhe reserva. Prepare-se para confessar sob tortura que abusou do acento agudo num inocente ditongo paroxítono oral. Patrulhas de valentões da gramática rondam a vizinhança prontas a esfolar tudo e todos nos calabouços do idioma. Sem exagero!
Resta observar a máxima de Sun Tzu em A Arte da Guerra: conheça o inimigo. O Acordo tem origem na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, excelente sinecura de oito Estados-membros, empoleirada para uniformizar o léxico por razões afetivas, culturais e econômicas, estas últimas, sem desobediência às regras, pronunciadas e escritas “económicas” na ocidental praia lusitana.
Clicar e padecer
Siscrev é um sistema de busca como o Google, só que exclusivamente concentrado no Acordo. Ele acha rapidamente onde são mencionadas todas as palavras que você escolher, sem exceção. O Google tipicamente vasculharia a internet inteira, descobriria toneladas de endereços, grande parte sem proveito algum. O sistema é também muito mais eficaz do que o mecanismo de busca de qualquer navegador. Por exemplo, digite “hífen” e tudo o que se referir ao maldito traço aparecerá para você clicar e padecer.
Coragem, ainda que tardia! Ao Siscrev http://www.literal.eng.br/siscrev/index.php, pois!
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[Eugenio Vilar é analista de sistemas, Rio de Janeiro, RJ]