Tuesday, 30 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

‘New York Times’ restringe acesso móvel gratuito

O jornal “The New York Times” vai adotar um novo modelo de pagamento para seus aplicativos móveis, limitando a três o número de artigos gratuitos a que os leitores podem ter acesso por dia. Atualmente, não assinantes podem acessar de 10 a 15 artigos da seção de notícias principais. Com a mudança, marcada para o dia 27, eles terão de se assinar o jornal para ler mais de três histórias.

Anunciada ontem pela The New York Times Company, que publica o jornal, a mudança equilibra o modelo de pagamento via aplicativos – que permitem ler as reportagens em equipamentos móveis, como tablets – e o do site da publicação, que já imitava o número de artigos disponíveis sem pagamento. As assinaturas digitais, que incluem os aplicativos, custam de US$ 15 a US$ 35 por quatro semanas.

A decisão reflete o esforço dos grupos de mídia em todo o mundo para transformar os usuários de seus serviços via internet em assinantes. A Times Company, que enfrenta um declínio que afeta todo o setor de publicidade, passou a depender mais fortemente das receitas de assinaturas. No ano passado, o faturamento com assinantes superou as vendas de anúncios, informou a Bloomberg.

“Eles estão tentando fazer o produto on-line ficar mais valioso”, disse Edward Atorino, analista da empresa de serviços financeiros Benchmark Co em Nova York. “Qualquer passo para conquistar mais assinantes digitais é importante para tornar o produto on-line mais valioso porque esse é o caminho que o setor está seguindo à medida que a circulação [das publicações] em papel diminui.”

De maneira geral, as pessoas acostumaram-se a obter conteúdo de graça na internet, o que dificulta o trabalho das companhias para convencê-los a pagar por seus produtos e serviços na web. Isso ocorreu no setor fonográfico, cujo modelo de negócios tradicional foi praticamente destroçado, e ameaça os estúdios de cinema.

No caso do setor de notícias, que passa por situação semelhante, uma recente pesquisa mostra que os leitores podem estar mais dispostos a uma mudança de atitude. Um levantamento feito com 11 mil habitantes de nove países, inclusive o Brasil, indica que pessoas que nunca pagaram por notícias on-line acreditam que vão fazê-lo no futuro. Em média, uma pessoa em cada dez deu essa resposta, ou seja, 10% do grupo de não pagantes. A maior surpresa é o Brasil. No país, esse número foi de 58%. Em um distante segundo lugar veio a Itália (19%). Em mercados como os Estados Unidos, a Alemanha e o Japão, 5% dos pesquisados responderam que pretendem pagar por conteúdo noticioso.

A pesquisa elaborada pelo Reuters Institute for the Study of Journalism, da Universidade de Oxford, mostra que no Brasil o computador ainda é o meio mais usado para acessar notícias (81%), seguido do smartphone (23%) e do tablet (14%). Além dos países citados, o levantamento incluiu Dinamarca, França, Espanha e Reino Unido. No caso específico do Brasil, só foram ouvidos moradores de áreas urbanas. (Com agências internacionais)