Wednesday, 08 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

A cobertura do caso Thales Ferri

Reporto-me à cobertura jornalística dos desdobramentos do assassinato de Diego Mendes Mondanez pelo promotor de justiça Thales Ferri. Até agora, todo o enfoque tem se concentrado no fácil apelo da angústia dos familiares da vítima diante das marchas e contramarchas do caso junto à Justiça de São Paulo, o MP-SP e, agora, ao CNMP. É certo que se ouve o outro lado – sempre, porém, dando um caráter vago à legítima defesa alegada pelo acusado. Este é o ponto.

Circula nos meios jurídicos, com as facilidades proporcionadas pelo moderno mundo virtual, a defesa prévia do promotor. Trata-se, naturalmente, de uma visão parcial dos fatos. Porém, a tese da legítima defesa é corroborada pela transcrição do depoimento de várias pessoas que presenciaram o assassinato – incluídos terceiros, não envolvidos. Obviamente, caberá ao Judiciário se pronunciar definitivamente quanto à questão. De qualquer forma, essa versão confere à alegação de legítima defesa uma substância e um contorno que, aparentemente, os jornais têm negligenciado (deliberadamente?).

Por que não divulgá-la, de modo detalhado? Da parte da mídia, trata-se de mera divulgação da tese defensiva, não da afirmação de um fato. Sem este dado, a cobertura estará incompleta. Leiam a peça e joguem luz sobre este ponto.

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Gostaria de fazer uma pergunta: o que faz a mídia não mostrar gente honrada e cidadãos dignos e só mostrar corruptos e bandidos fazendo a gente pensar que no Brasil só existe esse tipo de político e o governo é um verdadeiro antro de malfeitores? Também não vejo discussão na mídia de assuntos construtivos, como quando serão erradicadas as favelas do Rio de Janeiro ou do Brasil. Quais os projetos para diminuir o tráfico de drogas? Será que em vez de discutir José Dirceu e quadrilha mostrássemos gente honrada fazendo acontecer não seria melhor exemplo para nossos filhos? (Eliezer Meira, engenheiro, São Paulo, SP)

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Como espectadora assídua da TV Cultura, principalmente do Observatório de Imprensa, pois o qualifico como um dos melhores programa da televisão brasileira, venho pedir um esclarecimento sobre o desinteresse, até o momento, da represália sofrida pela apresentadora do Jornal da Cultura Salete Lemos (uma excelente jornalista), no mês de julho, ao comentar o enriquecimento ilícito dos bancos e o descaso do governo com a falta de explicações dadas aos poupadores que sofreram perdas com o Plano Bresser.

Se todos os jornalistas que falam a verdade sobre as mazelas do governo de seu país forem despedidos, voltaremos à era militar. Apesar que no Brasil presencio pouca manifestação de repúdio da nossa mídia contra as atitudes do governo. Acredito, não sei se será possível, que a dispensa da jornalista Salete Lemos do Jornal da Cultura daria um ótimo debate no Observatório de Imprensa. Agradeço a atenção e espero sinceramente ver mais jornalistas com a coragem da Salete Lemos. (Mara Bruno, auxiliar administrativo, Belo Horizonte, MG)

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Gostaria de ler comentários no OI sobre as recentes demissões de Aldir Blanc e Nani do Jornal do Brasil. Foi resultado de algum resquício do artigo sobre ACM? Uma influência do além-túmulo? Ou uma pressão mais terrena, mais palpável, como Nelson Tanure? (Vinícius Dalben Rodrigues, farmacêutico, São Paulo, SP)

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Fiquei e estou surpreso com os noticiários da grande mídia dando conta do feriadão, uma vez que foram jogadas ao ar matérias que focavam somente o deslocamento através das estradas – que aqui na região são chamadas de ‘rodagem’ e estão muito longe de ser rodovias. O que impressiona é que maquiaram a situação, parece que não houve filas, não houve atrasos nos vôos; enfim, tudo indica que os aeroportos das grandes capitais no primeiro feriadão após a posse do ministro Jobim estão como céu de brigadeiro! (Paulo Rodrigues, cinegrafista, Montes Claros, MG)

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Não tenho opinado nas últimas enquetes por considerá-las mal-elaboradas e tendenciosas. Minha sugestão para a próxima enquete: ‘Existe perseguição da mídia com relação ao governo Lula?’ (Antonio Carlos Pinheiro, servidor público, Brasília, DF)

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Procurador da República, Rio de Janeiro, RJ