Saturday, 27 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

A floresta amazônica (ainda) é nossa

Fiquei sabendo que existe uma ONG inglesa vendendo pedaços da Amazônia e prometendo que cuidará da preservação da nossa floresta (que os ingleses certamente já acreditam que é deles). Ver aqui.

Entretanto, o mais irritante não é o conteúdo imperialista da matéria. O que irrita mesmo é saber que a BBC é associada do iG / Último Segundo e o portal brasileiro divulga conteúdos do website inglês sem se dar ao trabalho de fazer a crítica de matérias como a referida.

Durante os séculos 18 e 19, o imperialismo da Inglaterra sustentou-se numa suposta superioridade racial dos ingleses e na sua missão de civilizar os povos bárbaros, na sua obrigação ética e religiosa de governar povos que não tinham condições de governar-se a si próprios.

Com base nessa combinação de racismo, ideologia e religião, os ingleses pilharam o que puderam na África, no Oriente Médio e na Índia. Não só pilharam, como também destruíram o meio ambiente, sempre para abastecer o mercado inglês de madeira nobre, peles de animais etc., e as indústrias da Inglaterra de matérias primas.

Uma monarquia decrépita

Hoje, os neo-imperialistas ingleses apóiam estas ONGs para penetrar no terceiro mundo em nome da ecologia. Como eles supostamente têm uma maior consciência ecológica, também têm o dever de proteger as florestas dos povos bárbaros. Não me agrada ser tratado como um bárbaro ou saber que outros povos se sentem no direito de governar os brasileiros.

Mal ou bem, nós estamos a nos governar melhor do que os cidadãos dos países desenvolvidos, que destruíram suas florestas há mais tempo e são os verdadeiros responsáveis pela hecatombe ecológica. Além disto, se os ingleses querem florestas que paguem a restauração das florestas africanas e indianas que os antepassados deles desmataram.

O que diriam os ingleses se nós, brasileiros, resolvêssemos tomar posse daquela ilhazinha chuvarenta para civilizar aquela gente presunçosa, substituindo sua monarquia decrépita por uma República como a nossa?

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Advogado, Osasco, SP