Tuesday, 30 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Cachoeiras e Cascatas

Canta, Brasil! Já circula por aí uma engraçada marchinha de Carnaval sobre o Waldomiro. Mas falta apurar uma coisa: por que Carlos Cachoeira, o bicheiro (desculpe! Empresário de lazer), decidiu liberar o filme?

Relembrando: a fita foi gravada em 2002, no escritório de Cachoeira, por uma câmera muito bem escondida nas paredes. Ou seja, a iniciativa da gravação foi do bicheiro, que procurava, obviamente, um seguro contra a má-fé de terceiros. Cachoeira, aparentemente, não se incomodava em pagar, mas queria ter certeza de receber aquilo que estava comprando.

O acordo funcionou bem por mais de um ano. De repente, Cachoeira resolveu mostrar a fita. Que terá acontecido?

Hipótese 1: Arrependido de seus erros passados, o bicheiro decidiu redimir-se contando tudo. Pode ser – mas alguém acredita nisso?

Hipótese 2: O bicheiro considera que não recebeu alguma mercadoria pela qual pagou. Deve ter tentado recebê-la de diversas maneiras, sem êxito. Decidiu então mostrar a fita – sua apólice de seguro. E a mercadoria devia ser tão valiosa que compensa arriscar-se, colocando-se no olho do furacão, para cobrar o caloteiro que lhe deve.

Agora, a pergunta que a imprensa ainda não fez: por que terá Cachoeira decidido fritar Waldomiro? Que é que lhe prometeram, e quanto lhe cobraram pela promessa não cumprida?

Confissões

Este colunista está entre os leitores fiéis do jornal de Internet Notícias da Oposição, mantido pelo PFL. Duros editoriais, no dia 18, tratavam do episódio Waldomiro. Um deles acusava o PT de ter usado os serviços de Carlos Cachoeira em dois de seus governos estaduais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, e no governo federal. Mas foi o outro que me chamou a atenção: citando a colunista Tereza Cruvinel, do Globo, dizia que o PT ‘se torna um Governo como todos os outros, farinha do mesmo saco’.

Traduzindo, o PT teria todos os defeitos dos outros partidos; seria tão corrupto quanto eles. E o PFL veste a carapuça, acusando o PT de ser ‘farinha do mesmo saco’ – o mesmo saco do PFL!

O outro lado

O Notícias da Oposição teve o prazer de anunciar que o PT era farinha do mesmo saco que o partido que o sustenta. E o Informes PT, também divulgado pela internet, teve o prazer, no mesmo dia, de não dar uma linha sobre o caso Waldomiro. Silêncio total.

Saravá, Grisendi!

Notável: a imprensa noticia a prisão de Gianni Grisendi, o executivo que no Brasil personificou a Parmalat. E, na mesma notícia, entrevista Gianni Grisendi em liberdade, dando até o endereço do escritório em que se encontra. Afinal de contas, ele foi preso ou está em liberdade? As duas notícias estão na mesma matéria de jornal (e de portais da internet).

Olha o racismo!

A excelente coluna de Ancelmo Góis, no Globo, publicou foto das pichações no Museu Nacional e na estátua da Princesa Leopoldina, na Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro. Ancelmo prestou um serviço público – mas, ao contrário do que disse, o desrespeito ao patrimônio nacional não é obra de ‘vândalos, de idiotas’. Na estátua da princesa, foi pichada uma imensa cruz suástica, símbolo maior dos nazistas.

Sejam neonazistas, sejam skinheads (o que é a mesma coisa, só que sem cabelo), não há dúvida de que são idiotas. Não há dúvida de que seus métodos sejam iguais aos dos vândalos. Mas também não há dúvida de que se trata de gente muito mais perigosa do que ‘vândalos e idiotas’. São pessoas como as que mataram um tratador de cães em São Paulo por ser homossexual, são pessoas como as que forçaram dois jovens a se atirar do trem, também em São Paulo, porque não gostaram da roupa deles. Racismo tem de ser identificado e combatido – e quem tem de começar essa tarefa somos nós, da imprensa, que primeiro tomamos conhecimento dos fatos.

E por falar em racismo…

O colunista Giba Um, em sua coluna de internet, reclama de um fato ocorrido no domingo (15/02): na igreja de São José, região dos Jardins, em São Paulo, alguns fiscais de trânsito multaram carros estacionados irregularmente. Este fato é narrado pelo próprio Giba Um: os carros de socialites e empresários estavam estacionados irregularmente. Mas ele acusa o marido da prefeita Marta Suplicy, ‘que é judeu’, de ter chamado os fiscais.

Engraçado: os grã-finos estacionam irregularmente, os fiscais cumprem seu dever e a culpa é do judeu que mora perto.

O curioso é que Gilberto di Pierro, o Giba Um, não é racista. Este colunista o conhece, trabalhou a seu lado, tem com ele excelentes relações. Mas desta vez ele escorregou feio.