Monday, 06 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Cadê os ganhadores de prêmios milionários?

Durante o ano inteiro, e mesmo pela vida toda, a gente recebe coisas e as absorve sem questionamento algum. São produtos, serviços, mensagens e conselhos que nos são vendidos, ofertados e oferecidos, como sendo os melhores, os mais baratos e os mais importantes e necessários para a nossa vida. E eles veem [dentro da nova ortografia] pela propaganda, através do rádio, TV, jornal, revista e internet. E nós aceitamos sem questionar, como verdade absoluta.


Alguém se lembra do ‘Ouro para o bem do Brasil?’ Ano de 1964, dinheiro, ouro, anéis e colares doados. Desapareceu tudo. Dos cofres e da memória da mídia.


‘Criança Esperança’. Projeto bom, bonito e bem intencionado. Ninguém duvida. É da Globo! Arrecada muito, fortunas, todo ano. Bem aplicado? Alguém arrisca contestar?


‘Oferta’ dos fabricantes


Há coisas que merecem reflexão:


Vale: a maior mineradora do mundo, exemplo de responsabilidade social. Será? Demitiu milhares de empregados. Medo da crise?


Petrobrás: gigante do petróleo e do lucro. Quem não seria, com este monopólio?


Globo e Você: Tudo a Ver. Só vê quem não enxerga a Força e o Poder..


Copasa e Cemig: melhor água e energia do Brasil. Por acaso temos escolha?


Governo de Minas: investimentos e déficit zero. Com a imprensa amordaçada, é fácil.


Vereadores trabalham? Para eles, é claro! Alguém tem dúvida?


Enganação! Assim também são os descontos e as promoções do comércio varejista. Dono de loja, empresário, não compra mercadoria e vende para ter prejuízo. O que dá ou abate no preço, é sobra do lucro alto. Ou oferta dos fabricantes. Cliente não ganha nada.


Dúvidas? Manipulação? Desvios?


Impostos não vão aumentar, IPTU e IPVA apenas serão atualizados. Jogo de palavras oficial. Confuso para o contribuinte.


Alguém já ouviu dizer, leu ou viu na imprensa ou em cartazes espalhados nas agências, que determinado cliente tenha ganhado algum prêmio prometido nas aplicações tipo OuroCap, PreviCaixa ou ItaúPrev? Se houvessem premiações mesmo, os próprios bancos divulgariam.


E quem são os ganhadores dos prêmios milionários das raspadinhas e loterias, mineira e federal, que só cego não consegue ver? Vez ou outra, ‘inventam’ alguém. Se de verdade existissem, seus nomes seriam manchetes de propaganda.


Vira e mexe fecham bingos ilegais e descobrem falcatruas em máquinas de jogos de azar. A Totobola, loteria oficial de Minas, foi extinta quando descobriram que os números sorteados eram pré-escolhidos. Perdeu credibilidade. O Poupa Tudo também. Enganou muita gente.


E os sorteios da Caixa Econômica Federal? Loteria Esportiva, Loteca, LotoFácil, LotoGol e Quina. Dúvidas sobre sua idoneidade? Manipulação? Quem garante que na Mega Sena, a mais apostada, não haja os mesmos desvios? A mídia investiga? Sei lá.


Para onde vai o dinheiro?


Será pura sorte ou mera coincidência a quantidade de vezes que os prêmios da Mega Sena acumulam até alcançar um valor bem alto, para então alguém ser premiado? Sorte também será, que de vez em quando o ganhador seja um sujeito bem pobre, de uma cidade distante e que tenha jogado apenas dois reais? Duvido.


Nunca vi e não conheço, nos vizinhos e no meu círculo de amizades, quem tenha ganhado algum prêmio de loterias. Dos bons. Apenas Jogo do Bicho. Acredito que você também.


Tecnologia e programas existem para informar quais e quantos números saíram mais ou menos em cada sorteio. Podem também escolher quando, onde e quem será o próximo ganhador. É só querer. E será que já não fazem isso? Tenho quase certeza.


A cada sorteio, verbas, verdadeiras fortunas, são destinadas ao esporte amador, construção de quadras e campos de futebol. Está no papel. Semanalmente, creches, asilos e hospitais de cada cidade são beneficiados com altas verbas, para não deixar nenhuma criança, velho ou doente abandonado pelas ruas. Nada disso acontece. Para onde vai o dinheiro?


Acreditar em propaganda e Papai Noel


Assim acontece com o futebol profissional. E suas transações milionárias. Atleta vai, atleta vem. Sai por um preço, volta por muito menos. Negócio da China ou lavanderia? Quem fica com os bilhões? Os clubes, não. Eternamente endividados. Para o torcedor? Pão e circo!


No que se pode acreditar? No governo, nos políticos, no Supremo, na Justiça? Difícil. Nem em si mesmo se pode ter fé, pior nos outros. Em Deus, tudo bem. Certo mesmo na vida, garantido, sem erro, é que o amanhã virá, bom ou mau, cheio de verdades e mentiras, com a gente aqui ou não.


Parecem lamentações, desilusões, resmungos, coisa de gente velha? Pode ser. São desabafos. Ano que vem a gente repete tudo. Joga, assiste futebol, vê novelas, vota, acredita nas propagandas, nos políticos, em Papai Noel. E a vida continua. Do mesmo jeito.

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Jornalista, mestre em Administração e autor do blog Cronista da Realidade