Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

CPJ divulga relatório anual

O Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ) divulgou na semana passada sua pesquisa anual sobre liberdade de imprensa, intitulada ‘Ataques à imprensa’, realizada em quatro cidades: Bancoc, Cairo, Londres e Washington. O relatório, produzido pela equipe do CPJ, é amplamente reconhecido como a mais confiável fonte de informação sobre o panorama da liberdade imprensa em todo o mundo.

De acordo com a pesquisa, o ano de 2005 foi considerado bastante violento no Iraque, país que sedia o mais perigoso conflito para jornalistas. Também são citados os assassinatos de jornalistas no Oriente Médio, em países como Líbano e Líbia, onde os governos tradicionalmente usavam métodos não-violentos para intimidar dissidentes; o movimento de perseguição à mídia por parte de governos africanos; as ordens de prisão de repórteres em China a Cuba; e a crescente autocensura na América Latina, em países como México, Colômbia e Brasil, onde o crime e a corrupção são fortes e as instituições governamentais, fracas.

Outros fatos registrados pelo CPJ: a política de cooperação dos EUA com líderes autoritários da Europa e Ásia diminuiu a prática jornalística independente em países como Rússia, Cazaquistão e Uzbequistão. ‘Ao mesmo tempo, a agenda antiterrorista do governo americano tornou mais fácil para os líderes autoritários justificarem as políticas repressivas à mídia em nome da segurança’, afirma Alex Lupis, do CPJ. A equipe da organização também identificou novas regiões problemáticas: Nepal, onde um golpe real gerou grande censura à imprensa; Uzbequistão, onde um massacre de cidadãos por tropas do governo foi seguido por uma brutal onda de censura aos meios de comunicação; Etiópia, onde jornalistas foram colocados em uma lista de ‘procurados’ e presos; e Iêmen, onde uma onda de ataques violentos ameaçou a mídia.

Na documentação destes fatos, o CPJ registrou os seguintes dados:

Quarenta e sete jornalistas foram mortos em todo o mundo como resultado direto de seu trabalho e mais de 100 jornalistas perderam sua vida enquanto trabalhavam, nos últimos dois anos, tornando este o período mais mortal da última década. A guerra do Iraque foi considerada a mais mortal para a imprensa desde que o CPJ foi fundado, em 1981;

Assassinos de jornalistas geralmente não são punidos – em 90% dos casos ocorridos em 2005, os criminosos continuam impunes. O número de jornalistas presos, no entanto, é grande: 125 profissionais foram condenados à prisão em 24 países no ano passado – 32 na China, 24 em Cuba, 15 na Eritréia e 13 na Etiópia. Notícias boas: graças aos esforços de ativistas, incluindo os do CPJ, diversos jornalistas que estavam presos conseguiram ser libertados.

Os exemplares do livro da organização (em inglês) podem ser encomendados na Brookings Institution Press. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todas as partes do mundo.