Saturday, 04 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Época



TELEVISÃO
Alexandre Maron

Já viu a cara deles?

‘Teorias conspiratórias, matemática e sobrenatural. Personalidades complexas e uma pitada de romance. Com essa receita insólita, o seriado Lost atingiu 18 milhões de espectadores nos Estados Unidos, 6 milhões na Inglaterra e se tornou um sucesso mundial. No Brasil, liderou o horário em todas as faixas etárias no canal pago AXN em 2005. Até que, neste ano, a Rede Globo, pertencente às Organizações Globo (grupo que edita ÉPOCA), começou a exibir a primeira temporada na TV aberta. Mesmo no horário da madrugada, Lost – cuja segunda temporada começará no início de março na TV paga – vem registrando picos de audiência de 16 pontos no ibope, mais que o dobro do Programa do Jô. A série fez sucesso também com a crítica. Venceu o Emmy e o Globo de Ouro de melhor seriado dramático.

O segredo de Lost é tentar envolver o telespectador num quebra-cabeça misterioso, cuja solução completa só poderá ser revelada no final da última temporada (veja os principais enigmas no quadro ao lado). O início de tudo é um acidente de avião. Quarenta e oito pessoas sobrevivem e caem numa ilha aparentemente deserta. Ao longo de 44 dias, divididos em 25 episódios, uma sucessão de acontecimentos mostra que não se trata de um lugar qualquer. Ursos-polares surgem numa região de clima tropical. Pessoas supostamente mortas aparecem do nada. Habitantes invisíveis seqüestram e matam gente do grupo. Monstros derrubam árvores. Como nos livros de Dan Brown, autor de O Código Da Vinci, os mistérios e as pistas prendem o telespectador. Uma seqüência de números é captada por um transmissor na ilha. Coincidentemente, é a mesma que deu o prêmio da loteria a um dos personagens. Também é idêntica aos números gravados na escotilha de um barco enterrado na ilha. Outras coincidências vão surgindo com os números. Para aumentar a carga dramática, cada capítulo conta, em flashback, o passado dos personagens principais.

18 milhões de americanos assistem a Lost. No Brasil, alcançou 16 pontos no Ibope

Aos poucos, Lost se torna um vício para o espectador. Recheado de subtramas, informações escondidas e enigmas, o seriado também virou um prato cheio para os fãs internautas. Já há na rede várias teorias para explicar os mistérios de Lost (leia o quadro ao lado). Fóruns e sites se dedicam a discutir cada detalhe dos episódios, com ä direito a fotogramas capturados para analisar particularidades de uma cena. Num dos casos, os fãs descobriram um misterioso logotipo impresso na cauda de um tubarão, cena que dura um segundo. Nerd confesso, Damon Lindelof, um dos autores (leia a entrevista abaixo), criou sites dedicados a alimentar os fãs, como www.oceanic-air.com, website da companhia aérea fictícia Oceanic Airlines. No site, a empresa avisa que fechou as portas após a tragédia do vôo 815, em que estavam os personagens de Lost.

US$ 10 MILHÕES Foi quanto custou o episódio piloto de Lost, gravado numa ilha do Havaí

Os produtos gerados pelo seriado não param por aí. Nos EUA, chega às livrarias em maio o livro Bad Twin, ficção escrita pelo também fictício Gary Troup (anagrama para purgatory, ou purgatório). Uma cópia do manuscrito original será encontrada na ilha sob o pretexto de ter sido escrito por um dos passageiros que morreram, e a história do livro será debatida durante a segunda temporada. Na Inglaterra, serão lançados episódios para celular explorando o passado dos personagens secundários. Dos 48 sobreviventes, apenas 14 têm nome e cara própria. Os demais aparecem sempre em segundo plano, nunca com diálogos. O culto ao seriado é tamanho que até os personagens secundários ganharam websites dedicados a catalogar suas aparições.

A segunda temporada de Lost, que estréia em março no Brasil, já está no ar nos EUA. Para a terceira, a rede americana ABC ofereceu US$ 80 mil por episódio aos principais atores. Difícil vai ser criar enigmas e reviravoltas caso a série dure mais que as planejadas seis temporadas. Vale lembrar o caso do Arquivo X. Com uma trama também misteriosa, o seriado era projetado para durar cinco temporadas. Ficou no ar por nove.’



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O fim está decidido

‘O roteirista Damon Lindelof revela que já sabe o final

BRINCALHÃO Lindelof cria sites para alimentar o vício dos fãs

ÉPOCA – Os números 4, 8, 15, 16, 23, 42 têm um significado?

Damon Lindelof – Nós sabemos a história desses números e o porquê de eles terem sido escolhidos especificamente. Não foi de forma arbitrária. Mas é um mistério a ser desvendado.

ÉPOCA – Com que antecedência vocês planejam o que vai acontecer?

Lindelof – Sabíamos o que ia acontecer no segundo ano e como cada temporada acabaria. O que não sabemos é como vamos chegar lá, episódio por episódio.

ÉPOCA – Vocês já pensaram como será o capítulo final?

Lindelof – Sim. Por isso, sempre que propomos uma nova idéia, temos esse final em mente.

ÉPOCA – Como será a segunda temporada?

Lindelof – Terá três atos, como se fosse um filme. O primeiro conta o que acontece depois da abertura da escotilha, além de introduzir os novos personagens. O segundo ato será a integração de todos os personagens e o momento que voltamos a falar dos principais. O terceiro é a reta final, em que respondemos às perguntas feitas nos primeiros episódios da temporada. Tentamos variar as temáticas para fugir do tédio. Recebemos reclamações no primeiro ano de que estávamos andando devagar demais com as tramas.’



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Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

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