Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Eu plagio, tu plagias, nós plagiamos…

Seria inadmissível pensar que discentes de cursos superiores começam e terminam as suas vidas acadêmicas plagiando trabalhos alheios certo?


Mas não é bem isso que acontece entre, sem generalizações, os letrados e/ou pseudo-intelectuais de nível superior. Recentemente, a Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – divulgou suas orientações de combate ao plágio: ‘(…) recomenda com base em orientações do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que as instituições de ensino públicas e privadas brasileiras adotem políticas de conscientização e informação sobre a propriedade intelectual, adotando procedimentos específicos que visem coibir a prática do plágio quando da redação de tese, monografias, artigos, e outros textos por parte de alunos e outros membros de suas comunidades’.


Tendo isto em vista, acredito que instituições de ensino superior de todo o país precisarão encontrar maneiras de combater este perigo iminente tão sofrível às mesmas. Quem passou por uma universidade sabe que oportunidades e facilidades não faltam para comprar monografias e, mesmo em simples trabalhos de classe, não é difícil encontrar aquele aluno ‘mais esperto’ que dá o famoso Crtl C + Crlt V em artigos publicados na internet em livros e revistas científicas, entre outros.


Ética e profissionalismo


Um docente mais atento – a propósito, que esteja fazendo bem o seu trabalho – analisa o perfil de cada discente, se familiariza com o seu estilo de escrita, além de sua bagagem de leitura sobre os assuntos tratados em aula e, por conseguinte, pode perceber quando determinado trabalho foi copiado, quando o aluno não quis pesquisar e escrever por si próprio. O que acontece é que o ‘mais esperto’ acaba perdendo uma coisinha que nem por muitas vezes é exigido em sala: consciência crítico-reflexiva. Não obstante e para deixar ratificado, a mesma é tão essencial ao acadêmico de qualquer curso de nível superior quanto ar em nossos pulmões. Se fosse por isto, continuaríamos a prestar serviços na sociedade tecnocrata.


As orientações da Capes atentam para o fato de a internet ser um meio possibilitador de N acessos a bancos de dados, textos, teses, entre outros, que podem facilitar ao usuário mal intencionado copiar e colar as informações que achar pertinentes. É importante salientar que essa prática é crime e está passível de punições. ‘(…) as ferramentas tecnológicas e o advento da internet proporcionam acesso irrestrito a muitos bancos de dados oficiais e particulares e que algumas distorções advindas desta facilidade de acesso eletrônico têm gerado preocupações no sentido da prática nociva de copiar e colar textos (…)’, dizem as orientações. Veja na íntegra (abaixo).


As únicas perguntas que me faço são:


** Para que se busca estudar, se prefere manter sempre no nível de receptor (copy-paste) das mensagens, e nunca criador?


** Por que se faz 4, 5, 6 anos de faculdade se você, na hora de provar suas habilidades, copia e cola de outrem?


Eu tinha um professor na faculdade que falava que a universidade não é para todos. Vendo e vivificando o meio acadêmico como já fiz, concluo que mais uma vez ele estava certo.


À Capes, meus singelos parabéns pela iniciativa. Espero veementemente que as instituições de ensino superior honrem o que têm nas mãos e saibam que estão formando o futuro da nação. Práticas de plágio devem ser punidas com dor e restrição. Parece que saber que é crime é mais eficiente do que ter em mente que antes de tudo se trata de ética e de profissionalismo.

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Jornalista, webwriter, redatora, analista de mídias sociais da @UCBRJ, colunista do @midia8 e do @pontomarketing