Sunday, 13 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1309

Mario Vitor Santos

‘Na nota ‘Lento na competição’, o ombudsman referiu-se erroneamente à capa do site das Olimpíadas. O ombudsman não tem como sustentar sua afirmação de que ela não foi atualizada rapidamente. Os responsáveis afirmam que ela foi atualizada na hora e não há motivos para duvidar.

Recebi do jornalista Paulo Tescarolo, da equipe iG Esporte, a seguinte mensagem:

‘O Hot Site de Olimpíada deu a notícia da medalha, com link para o tempo real, no exato instante em que acabou a luta. A notícia já estava engatilhada antes mesmo de acabar a luta. Não teve atraso de sistema nem nada do tipo. Foi instantâneo.’

Mas está mantida a crítica quanto à lentidão da atualização da capa do iG, como mostram as impressões exibidas.

Acabamento: EUA são ou EUA é?

O iG destaca vitória das americanas no basquete. Precisa, porém, decidir o número para designar o país. Na manchete da capa, EUA aparecem no plural: ‘Vôlei feminino bate os EUA e leva ouro’. No título do ‘Ao vivo’, logo abaixo, surgem no singular: ‘EUA é ouro no basquete’.

Seja como for, singular ou plural (acho que é plural), o importante é que haja consistência. Ou sempre no singular ou sempre no plural.

Lento na competição

O iG informou às 8h37 deste sábado que a brasileira Nathalia Falavigna ganhou medalha de bronze no taekwondo. Até as 8h52, ou seja 15 minutos depois, a capa do iG não mostrava essa informação. Nem também a capa do site de Olimpíadas do iG dava a notícia. Ambos continuavam chamando para a disputa da medalha, que a essa altura já estava encerrada.

Nos outros sites, na TV, em todo lugar, a notícia já estava até velha. Justo no momento em que muita gente acorda e vai direto ao computador para ver o resumo dos resultados da noite. Por que estão tão lentas as atualizações da capa do iG (este não é o primeiro caso nestes Jogos), se os fatos nem carecem de confirmação?

***

Newsletter do iG é pobre e nem sempre chega ao leitor (22/8/08)

Ao longo da semana, este ombudsman cadastrou quatro emails diferentes para receber os boletins de notícias do Último Segundo. Infelizmente, não recebeu nenhuma edição prometida em nenhum dos endereços cadastrados.

Questionada a respeito do problema, a editora-chefe do Último Segundo, Mariana Castro, informa que não houve interrupção do serviço e que ‘pode ser um problema de cadastramento ou um problema nosso de envio’. Sem a certeza do problema, qual será a solução?

O que a newsletter tem?

Com dois boletins diários de oito notícias cada, a newsletter do iG ainda é fraca. O layout – com uma foto e o link para a notícia – é pobre e o internauta não recebe a opção de escolher quais notícias quer receber, diferentemente de outras newsletters de serviços de informação. Além disso, o internauta tem acesso somente ao conteúdo jornalístico. Por que não ampliar o serviço com notas de todo o conteúdo do iG?

A newsletter é a oportunidade de facilitar o acesso do internauta, tornar o noticiário mais ‘personalizado’ e chamar a atenção para conteúdos exclusivos. Se não é assim, perde importância e utilidade para o usuário.

***

Foto do acidente de Madri confunde internauta do iG (21/8/08)

O internauta Lucas Renan Bessel solicitou a este ombudsman que questionasse a equipe de jornalismo do iG sobre uma foto destacada na tarde de ontem de um Airbus da companhia aérea Ibéria ao lado da manchete sobre o acidente no aeroporto de Barajas, Madri, no qual morreram 153 pessoas.

Segundo o leitor, ‘como é claramente sabido (e já o era no momento da publicação da notícia), o avião acidentado era da companhia Spanair. Além disso, tratava-se de um modelo McDonell Douglas 82. Creio que equívocos como esse, principalmente em um caso tão grave como o de um acidente aéreo, poderiam ser evitados com um mínimo de cuidado editorial. Dá para imaginar o susto de alguém que eventualmente tivesse um parente viajando a Madri pela companhia Ibéria?’

Questionada, a editora-chefe do Último Segundo, Mariana Castro, esclarece:

‘A foto publicada na home do iG é quente, aconteceu após o acidente e em momento algum dizemos que o avião é o acidentado (a aeronave do acidente pegou fogo, inclusive). No momento da foto, o avião da Iberia estava decolando, mesmo após o acidente, quando a pista do aeroporto de Madri foi reaberta. A foto mostra a movimentação de ambulância e resgate, no local próximo ao acidente.’

Na opinião deste ombudsman, a foto, da maneira como foi publicada, induz realmente a confusão. O internauta tem razão de reclamar. O iG fala de um acidente e mostra um avião próximo de uma pista. Não diz o que está ocorrendo na foto. No rodapé da foto, com menos destaque do que o enorme avião, da foto, aparecem veículos envolvidos no trabalho de resgate. Só que o iG não informa isso.

O leitor não tem como adivinhar o que está ocorrendo. Os títulos falam de acidente e mostram um avião bem próximo do solo. Isso na área principal da capa do iG. O portal, a rigor, não errou, pois a aeronave da foto não é o do acidente. Mas também não acertou, pois mostrou um avião e estava falando de outro.

A questão poderia ser resolvida com uma legenda curta e clara, discussão levantada recentemente neste blog, mas ainda não resolvida pelo iG. As fotos do iG precisam de legendas que complementem a informação e evitem ambigüidades.

Tragédias, números e confusão

Acidentes de grandes proporções, como o de ontem na Espanha, causam um enorme confusão de informações. O iG atualizou o número de mortes à medida que as agências internacionais de notícias enviavam as informações.

Ao longo do dia, foram divulgadas 21 mortes, depois 45, depois ‘mais de 100’, 146, até chegar aos 153, às 18h30. Às 16h, o iG dava chamada para ‘mais de 100 mortos’. No corpo da reportagem citava a existência de 146 mortos, atribuída a uma rádio espanhola. Minutos depois, a home e a notícia informavam 146 mortes, mas o título permanecia com 100. A precisão destes números é crucial, ainda mais quando a disparidade é de quase quarenta pessoas.

Ainda sobre a atualização, o iG demorou para ativar o recurso que mostra quando a nota foi atualizada. Às 16h, a nota, mesmo modificada e atualizada, mostrava 13h44. Detalhe que faz a diferença, pois sem ele parece que a notícia é antiga.

O leitor de jornalismo na internet espera rapidez, mas sabe que isso pode trazer números desencontrados. Já está, de certa maneira, quando ocorrem fatos de urgência consciente de que a notícia é recente, que não pôde provavelmente ser checada e confirmada. Espera que haja atualizações e correções.

‘Errar’ nesses casos é quase inevitável. O fato de a apuração internacional ser quase sempre feita por meio de agências e de redes como a CNN só torna o trabalho de checagem mais difícil. Cabe à equipe de jornalismo tornar consistente o procedimento de atualizações e correções. Para isso, deve-se sempre citar e comparar as fontes de informação e garantir a coerência entre título, texto e chamadas.

Confiança na apuração

Outra tragédia recente mostrou que o iG e o Último Segundo têm confiado em sua própria equipe quando isso é possível. Na noite de anteontem, enquanto concorrentes noticiavam 17 mortes em um acidente na Fernão Dias, o iG insistiu na apuração própria e confirmou o número correto e oficial que é o de 14 mortos.

Em outros momentos, o Último Segundo acabou seguindo especulações de outros meios e errou, como foi o caso da queda de um avião da Pantanal em São Paulo, em maio, que simplesmente não existiu.

Seja como for, ambos são tragédias humanas de grandes dimensões. Além de noticiar os fatos chocantes e urgentes, cabe acompanhar o drama das vítimas, de seus familiares e as causas, provavelmente evitáveis em ambos os casos.’