Saturday, 27 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Mídia Sem Máscara


MÍDIA & RELIGIÃO
Olavo de Carvalho


Jornalistas contra a aritmética


‘Só o ódio cego à Igreja Católica explica que o sentido geral dado a uma notícia seja o contrário daquilo que afirmam os próprios dados numéricos nela publicados.


Não há mentira completa. Até o mais ingênuo e instintivo dos mentirosos, ao compor suas invencionices, usa retalhos da realidade, mudando apenas as proporções e relações. Quanto mais não fará uso desse procedimento o fingidor tarimbado, técnico, profissional, como aqueles que superlotam as redações de jornais, canais de TV e agências de notícias. Mais ainda – é claro – os militantes e ongueiros a serviço de causas soi disant idealistas e humanitárias que legitimam a mentira como instrumento normal e meritório de luta política.


Na maior parte dos casos, os elementos de comparação que permitiriam restituir aos fatos sua verdadeira medida são totalmente suprimidos, tornando impossível o exercício do juízo crítico e limitando a reação do leitor, na melhor das hipóteses, a uma dúvida genérica e abstrata, que, como todas as dúvidas, não destrói a mentira de todo mas deixa uma porta aberta para que ela passe como verdade.


Um exemplo característico são as notícias sobre a tortura nas prisões de Guantánamo e Abu-Ghraib. Como em geral nada se noticia na ‘grande mídia’ sobre as crueldades físicas monstruosas praticadas diariamente contra meros prisioneiros de consciência nos cárceres da China, da Coréia do Norte, de Cuba e dos países islâmicos, a impressão que resta na mente do público é que o afogamento simulado de terroristas é um caso máximo de crime hediondo. Mesmo quando não são totalmente ignorados, os fatos principais recuam para um fundo mais ou menos inconsciente, tornando-se nebulosos e irrelevantes em comparação com as picuinhas às quais se deseja dar ares de tragédia mundial. Só o que resta a fazer, nesses casos, é usar a internet e toda outra forma de mídia alternativa para realçar aquilo que a classe jornalística, empenhada em transformar o mundo em vez de retratá-lo, preferiu amortecer.


Às vezes, porém, o profissional da mentira se trai, deixando à mostra os dados comparativos, apenas oferecidos sem ordem nem conexão, de tal modo que o público passe sobre eles sem perceber que dizem o contrário do que parecem dizer. Isso acontece sobretudo em notícias que envolvem números. Com freqüência, aí o texto já traz em si seu próprio desmentido, bastando que o leitor se lembre de fazer as contas.


Colho no Globo Online o exemplo mais lindo da semana (ver http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/05/20/relatorio-confirma-abuso-de-milhares-de-criancas-por-parte-da-igreja-catolica-da-irlanda-755949622.asp, http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1161142-5602,00-INQUERITO+DENUNCIA+ABUSO+SEXUAL+ENDEMICO+DE+MENINOS+NA+IRLANDA.html e http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1161468-5602,00.html).


Não digo que o Globo seja o único autor da façanha. Teve a colaboração de agências internacionais, de organizações militantes e de toda a indústria mundial dos bons sentimentos. Naquelas três notas, publicadas com o destaque esperado em tais circunstâncias, somos informados de que uma comissão de alto nível, presidida por um juiz da Suprema Corte da Irlanda, investigando exaustivamente os fatos, concluiu ser a Igreja Católica daquele país a culpada de nada menos de doze mil – sim, doze mil – casos de abusos cometidos contra crianças em instituições religiosas. A denúncia saiu num relatório de 2600 páginas. Legitimando com pressa obscena a veracidade das acusações em vez de assumir a defesa da acusada, que oficialmente ele representa, o cardeal-arcebispo da Irlanda, Sean Brady, já saiu pedindo desculpas e jurando que o relatório ‘documenta um catálogo vergonhoso de crueldade, abandono, abusos físicos, sexuais e emocionais’. Depois dessa admissão de culpa, parece nada mais haver a discutir.


Nada, exceto os números. O Globo fornece os seguintes:


1) A comissão disse ter obtido os dados entrevistando 1.090 homens e mulheres, já em idade avançada, que na infância teriam sofrido aqueles horrores.


2) Os casos ocorreram em aproximadamente 250 instituições católicas, do começo dos anos 30 até o final da década de 90.


Se o leitor tiver a prudência de fazer os cálculos, concluirá imediatamente, da primeira informação, que cada vítima denunciou, além do seu próprio caso, outros onze, cujas vítimas não foram interrogadas, nem citadas nominalmente, e dos quais ninguém mais relatou coisíssima nenhuma. Do total de doze mil crimes, temos portanto onze mil crimes sem vítimas, conhecidos só por alusões de terceiros. Mesmo supondo-se que as 1.090 testemunhas dissessem a verdade quanto à sua própria experiência, teríamos no máximo um total de exatamente 1.090 crimes comprovados, ampliados para doze mil por extrapolação imaginativa, para mero efeito publicitário. O cardeal Sean Brady poderia ter ao menos alegado isso em defesa da sua Igreja, mas, alma cristianíssima, decerto não quis incorrer em semelhante extremismo de direita.


Da segunda informação, decorre, pela aritmética elementar, que 1.090 casos ocorridos em 250 instituições correspondem a 4,36 casos por instituição. Distribuídos ao longo de sete décadas, são 0,06 casos por ano para cada instituição, isto é, um caso a cada dezesseis anos aproximadamente. Mesmo que todos esses casos fossem de pura pedofilia, nada aí se parece nem de longe com o ‘abuso sexual endêmico’ denunciado pelo Globo. Porém a maior parte dos episódios relatados não tem nada a ver com abusos sexuais, limitando-se a castigos corporais que, mesmo na hipótese de severidade extrema, não constituem motivo de grave escândalo quando se sabe – e o próprio Globo o reconhece – que grande parte das crianças recolhidas àquelas instituições era constituída de delinqüentes. Se você comprime bandidos menores de idade num internato e a cada dezesseis anos um deles aparece surrado ou estuprado, a coisa é evidentemente deplorável, mas não há nela nada que se compare ao que aconteceu no Sudão, onde, no curso de um só ano, vinte crianças, não criminosas, mas inocentes, refugiadas de guerra, afirmaram ter sofrido abuso sexual nas mãos de funcionários da santíssima ONU, contra a qual o Globo jamais disse uma só palavra.


Só o ódio cego à Igreja Católica explica que o sentido geral dado a uma notícia seja o contrário daquilo que afirmam os próprios dados numéricos nela publicados.


Por isso, saiba o prezado leitor que só leio a ‘grande mídia’ por obrigação profissional de analisá-la, como se analisam fezes num laboratório, e que jamais o faria se estivesse em busca de informação.’


 


CASO SIMONAL
Ipojuca Pontes


Simonal – a bruxa da caça comunista


‘A turma do ‘Pasquim’, por sua vez, composta por esquerdistas que industrializavam a intolerância ideológica, sem prova alguma, passou a tratar o cantor como informante da repressão (numa das capas do tablóide, aparecia o ‘dedo-duro’ de Simonal). O hemofílico Henfil, cartunista do jornal, na secção conhecida como ‘cemitério dos mortos-vivos’, dava o artista como ‘enterrado’, ao lado de Roberto Carlos, Elis Regina (então, de ‘direita’), Bibi Ferreira, Marília Pêra (então – e também na Era Collor – tida como de ‘direita’), Roberto Carlos, Pelé, Clarice Lispector, Gilberto Freyre, Rachel de Queiroz e Nelson Rodrigues – todos considerados ‘simpatizantes da ditadura militar’.


‘Atrevo-me a dizer que as ditaduras de esquerda são piores, pois contra as de direita pode-se lutar de peito aberto: quem o fizer contra as esquerdas acaba acusado de reacionário, vendido, traidor’.


Jorge Amado, Prêmio Stalin da Paz


Porque tive de conviver durante algum tempo, por razões profissionais, com Carlos Imperial e sua ‘Turma da Pilantragem’, conheci de perto Wilson Simonal, pupilo bem-sucedido e, à época, o maior e melhor ‘entertainer’ do nosso showbizz. Por isso, e ainda por ter testemunhado boa parte do massacre infligido ao cantor pela esquerda etílica, fui ver o documentário ‘Simonal – Ninguém sabe o duro que dei’, realizado por Cláudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal (Brasil, 2008).


Embora o documentário faça abordagem incompleta de episódio dos mais degradantes da vida artística nacional, ainda não devidamente explicado ao cidadão comum, ‘Simonal’ parece ser o mais convincente produto da chamada ‘era da retomada’ no cinema – era cujos filmes, em sua generalidade, têm por objetivo falsear a realidade histórica e manipular o inconsciente coletivo segundo preceitos da mixórdia gramsciana, que vê a produção artística como instrumento de transformação política da sociedade, a formatar um novo ‘senso comum’ para a consolidação do socialismo pela trilha da ‘revolução passiva’. Haja lavagem cerebral!


Vamos por partes (como diria Jack, o Estripador, ao esquartejar mais uma de suas vítimas). O Simonal que conheci nos bastidores do showbizz, na transição dos anos 1960 para 1970, era um tipo refinado de pilantra, ostensivo no tripudiar a ‘plebe ignara’, quase um deboche público na sua afetação de artista popular que se sabia ídolo. Com efeito, Simonal cortejava certo tipo de presunção imatura que beirava o pernóstico, resquício, quem sabe, de mal-disfarçada insegurança, provavelmente assimilada nos desvãos de uma infância pobre, preta e suburbana.


Mas, curiosamente, no palco, ao vivo – ou em preto-e-branco, na televisão -, ocorria fenômeno invulgar: o ‘entertainer’, senhor de ouvido absoluto e dotes vocais infinitos, fazia do caráter deformado – bem ao modo de um Macunaíma – elemento de atração irrecorrível, seduzindo a audiência, que babava com o seu swing, a sua picardia e a divisão rítmica perfeita do fraseado musical, num prodígio de comunicação só comparável, no plano internacional, ao de um Dean Martin ou Sammy Davis Jr.


Ademais, convém ressaltar que a atmosfera do Brasil daquela época ajudava o cantor: à margem da quizília política, o país era de fato próspero e feliz, tal como o canto do próprio Simonal. Sua população, ainda não dominada pela violência generalizada e a corrupção desenfreada da Era Lula, lotava estádios, auditórios e casas de show para ver e aplaudir de perto o mais contagiante interprete da moderna música popular brasileira (MPB).


Em tais ocasiões, entoando canções descontraídas, sacolejadas por um balanço melódico carregado no recheio de ‘champignon com caviar’ (dizia), o cantor negro levava a platéia ao delírio. Para lembrar aqui imagem cara ao psicólogo Carl Jung, o homem do Inconsciente Coletivo, Simonal ajudava a construir no país eufórico de então, a almejada junção entre o dionisíaco e o apolíneo – isto é, a erigir as bases de uma sociedade exemplar abaixo da linha do equador.


O auge da glória veio quando o artista lançou ‘País Tropical’, composição de Jorge Ben (hoje, Benjor), um sucesso estrondoso, sambalanço que entoava com pitadas de ufanismo o privilégio de se nascer brasileiro, sem precisar abrir mão da própria – e radiante – brasilidade. Curiosamente, foi a partir deste êxito que Simonal começou a ser devorado, em especial pelos pares sem igual talento, os invejosos e, o pior, a ralé moral comprometida com ‘a causa revolucionária’.


A primeira parte do documentário, que adota parcialmente a técnica do cinema investigativo, bem estruturada e melhor ainda desenvolvida, trata da ascensão e glória do cantor no meio musical, a partir de depoimentos esclarecedores de personalidades como Chico Anísio, Miele, Pelé, Tony Tornado, Castrinho, Nelson Motta, Simoninha e, entre outras tantas, a critica teatral Bárbara Heliodora, ex-patroa da mãe de Simonal.


Ao acompanhar a trajetória do cantor, de forma elíptica, mas consistente, o espectador toma conhecimento de instantes chaves de sua vida, tais como, por exemplo, o aprendizado nas fileiras do Exército, onde se fez cabo datilógrafo (imagens reproduzidas do filme ‘É Simonal’, de Domingos de Oliveira, produção de César Tedim); sua integração à ‘turma da pilantragem’; as primeiras aparições em clubes de subúrbio; as gravações de discos bem-sucedidos; o grande êxito televisivo em programa pessoal (‘Show em Si… monal’, na Record), etc., tudo a culminar no dueto com a impecável Sarah Vaughan, numa interpretação primorosa de ‘Shadow of you smile’ – razão pela qual ficamos sabendo porque Simonal era, de fato, um ‘entertainer’ de nível internacional.


A segunda parte do filme – que adota tom ambíguo e despreza aspectos essenciais no enfoque do desencadear da caça a bruxa – diz respeito ao levantamento do massacre moral que levou Simonal ao ostracismo e à morte. Nela, cruzam-se manchetes e recortes de jornais sobre o seqüestro do contador da Simonal Produções, Raphael Viviani – o ponto reversivo do filme. Em torno do fato, seguem-se os depoimentos (evasivos, insensíveis) de Sérgio Cabral (pai), Ziraldo e Jaguar, os inquisidores do ‘Pasquim’, tablóide da esquerda (festiva) cevada em distorções ideológicas, fofocas, sexo, álcool, samba e rock ‘n’ roll.


De fato, deu-se o seguinte: em 1971, o cantor descobriu um grande rombo nas contas da sua empresa e, na prerrogativa da justa causa, demitiu o contador que considerava responsável pelo desfalque. Este, por sua vez, negando o ilícito, entrou na justiça do trabalho, pedindo grossa indenização. Dias depois, dois policiais (um deles segurança de Simonal nas horas de folga) foram à casa de Viviani e o conduziram até uma agência do Dops. Aos sopapos, o contador confessou o desfalque.


Mas, no outro dia, a mulher do contador foi à polícia e denunciou o cantor por seqüestro e coação. Como o interrogatório ocorreu nas dependências do Dops, o caso ganhou as manchetes dos jornais e os ‘companheiros’ militantes na imprensa, que odiavam Simonal por considerá-lo um ‘crioulo besta’, defensor do ‘Brasil Grande’, transformaram o que seria um caso policial num fato político.


A turma do ‘Pasquim’, por sua vez, composta por esquerdistas que industrializavam a intolerância ideológica, sem prova alguma, passou a tratar o cantor como informante da repressão (numa das capas do tablóide, aparecia o ‘dedo-duro’ de Simonal). O hemofílico Henfil, cartunista do jornal, na secção conhecida como ‘cemitério dos mortos-vivos’, dava o artista como ‘enterrado’, ao lado de Roberto Carlos, Elis Regina (então, de ‘direita’), Bibi Ferreira, Marília Pêra (então – e também na Era Collor – tida como de ‘direita’), Roberto Carlos, Pelé, Clarice Lispector, Gilberto Freyre, Rachel de Queiroz e Nelson Rodrigues – todos considerados ‘simpatizantes da ditadura militar’.


No filme, os depoimentos da patota do ‘Pasquim’ trescalam a cloaca moral. Ziraldo, o ‘Menino Maluquinho por Dinheiro’, querendo minimizar a sacanagem cometida, justifica-se dizendo que Simonal ‘queria ser o Rei da Cocada Preta’ e que ‘ninguém (à época) tinha isenção de ânimos’ – claro, uma mentira deslavada. Já Sérgio Cabral, cara de vampiro bem remunerado, confessa sem pudor que o jornaleco tinha por princípio esculhambar as pessoas que eles achavam que estavam ao lado dos militares. E o alcoólatra Jaguar, ar mefistofélico, entre risadinhas de hiena, dá a entender que o contador, afinal, podia ter mesmo roubado o cantor.


Nenhum deles manifesta a menor comoção pelo fato de terem ajudado a levar o artista à ruína, embora mais tarde, num leito de hospital, à beira da morte por cirrose hepática, Simonal apresentasse documento da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (governo Collor) que o isentava de ter sido informante do Dops.


Lá para as tantas, no documentário, aparece o ex-todo-poderoso Boni, antigo executivo da TV Globo, que abre o jogo e revela: ‘Simonal nunca foi julgado e vaiado pelo público, mas pela própria classe dele e pelos veículos de comunicação’. (E, naturalmente, por ele também, Boni, tendo em vista que, como diretor da poderosa emissora aliada da ‘ditabranda’, tinha força suficiente para fazer escalar o cantor nos programas musicais da casa. Como Pilatos, lavou as mãos).


Simonal, conforme se sabe, nunca foi ‘dedo-duro’ (ninguém nunca apareceu para comprovar a acusação), mas, coitado, não tinha status intelectual e político (ou moral, se me permitem) para enfrentar de peito aberto a canalha vermelha, naquela altura já amplamente infiltrada nas redações dos jornais e nos púlpitos das igrejas, nas cátedras das universidades e nos palcos teatrais e telas, nos salões da grã-finagem (vide Nelson Rodrigues) e nos desvãos da urbe e do campo, onde, com o dinheiro roubado aos bancos e os sangrentos manuais de guerrilha do ‘Che’ e Fidel à mão, tramavam com afinco o hoje ‘Estado Forte’ da apodrecida Era Lula, esta, sim, repleta de alcagüetes, traidores, ladrões, bandidos e mentirosos contumazes. (A favor de Simonal, resta o fato de que nem mesmo o general Golbery, o ‘Gênio da Raça’ e mentor dos militares no poder, conseguiu divisar com quem estava lidando e, na sua visão caolha, no que viria dar a imatura ‘abertura ampla, gradual e irrestrita’).


Pela falta de clareza política, o documentário, ainda em cartaz, não resiste a um exame crítico apurado. O tratamento ambíguo que perpassa todo o seu desenrolar não resulta no caminho mais indicado para se extrair a verdade dos fatos expostos, perpassados de interrogações – e por isso o filme perde em consistência ética e documental, visto que ao cabo da exibição, não se sabe com clareza a quem cabe a real responsabilidade pela ruína do cantor. Todos os depoentes saem pela tangente, atribuindo a culpa às ‘dificuldades da época’, uma abstração que não se pode punir. Por conseqüência, o espectador interessado na compreensão do caso fica no ora-veja. Talvez por conveniência, impossibilidade ou qualquer motivo ignorado, o filme isenta-se de levantar um sumário de responsabilização do massacre e adota a postura próxima a de um especialista que, dissecado o cadáver, se abstém de concluir o laudo pericial. Para citar Galileu Galileu, uma vítima consciente, ‘Diante da verdade, quem se contenta com a meia verdade, colabora com a mentira’.


Certo, a busca da verdade é coisa difícil, árida, trabalhosa e muitas vezes só se chega a ela quando se vence todos os temores. Queira-se ou não, a caça ao cantor Wilson Simonal, antes de ser uma questão de intolerância racial, foi um ato de terror político, nutrido, discutido e tramado no seio do entourage comunista, sedimentado na cartilha revolucionária que recomenda esmagar o que lhe aparecer como adverso, mesmo que o adverso seja, como no caso de Simonal, um inocente. E quem conhece a teoria e prática comunista, para além da pregação utópica, sabe bem da capacidade destrutiva do monstro.


De todo modo, do jeito que está, ‘Simonal – Ninguém sabe o duro que dei’ é uma celebração ao melhor e mais livre interprete da nossa moderna música popular, que permite a platéia o (re)encontro de instantes preciosos marcados pela real alegria – coletiva e individual – de cantar e viver.


Antes tarde do que nunca.’


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