Tuesday, 30 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

O leite e a memória derramados





Nesses últimos dias nossa imprensa tem dado muita
ênfase aos produtores de leite da Bélgica que, em protesto pelos baixos preços
oferecidos, jogaram caminhões de leite fora. A notícia é dada com conotação de
condenação e crucificação. Mas, como é verdade científica, brasileiro não tem
memória mesmo e é como o macaco que senta em cima do rabo e fica rindo do
tamanho do rabo dos outros macacos.
Voltemos a 1987 e vamos analisar a
situação aqui, quando no Nordeste jogavam caminhões de cebola fora e aqui no Sul




maravilha chegaram a jogar remédios fora, pelo mesmo motivo: não
tinham preço (sei disso porque tenho uma carta minha, abordando esse assunto,
publicada em 24 de maio de 1987, em colunas de leitores em jornais deste país).
Depois passaram a jogar frangos, porcos, legumes e verduras, entre outros
produtos nacionais, até que hoje em dia estamos jogando vidas humanas fora. Não
estou achando graça.


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Apesar da extrema relevância do portal de vossa senhoria na internet, é de se
indignar que o programa Observatório da Imprensa, que antes estava no ar
semanalmente pela TV Cultura, tenha sido retirado do ar sem nenhuma
justificativa. Cabe à TV Cultura justificar a relevância de ter tomado esta
atitude. Passei um e-mail para os responsáveis desta emissora, e eles nem se
quer deram uma resposta. Que absurdo! (Wilson Silva, assistente de gestão
de políticas públicas, São Paulo, SP)


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O Estadão destaca em manchete de 16/9: ‘Mídia é inimiga das
instituições’, diz Sarney.


Tenho todas as reservas possíveis contra o senador José Sarney, como modelo
de político. No entanto, a parte mais importante de seu discurso – o voto
virtual e a democracia direta – foi usada pelo Estadão apenas para
reforçar sua demanda judicial (que entendo justa, enquanto defesa da liberdade
de imprensa).


Será que o jornalão teria coragem de admitir a contribuição do senador para
uma mudança nas regras sociais que mudará o mundo? A democracia direta, em sua
maior amplitude, permitiria eliminar o poder legislativo! (Lourenço
Oliveira
, consultor, São Paulo, SP)

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Advogado, Curitiba, PR