Tuesday, 10 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1317

Pesquisa internacional mede confiança do público

A mídia é mais confiável do que o governo. Foi esta a conclusão encontrada por uma pesquisa internacional realizada pela Globescan para BBC, Reuters e o think tank americano The Media Center. A pesquisa foi apresentada no fórum global We Media, realizado em 3 e 4/5 em Londres. O fórum reúne grandes companhias de mídia com empreendedores e blogueiros de todo o mundo.


Pouco mais de 10 mil pessoas em 10 países responderam a questões sobre mídia e confiança. Em média, 61% dos entrevistados afirmaram confiar na mídia, comparados a 52% que acreditam nas explicações de seus governos. Os resultados mostraram também que há demanda por notícias e um crescimento acelerado de procura por fontes de notícias na internet, incluindo blogs, especialmente entre os mais jovens.


TV ainda é preferida


Quase três quartos dos entrevistados (72%) disseram que acompanham as notícias diariamente. Entre estes, a TV nacional, com 82%, e os jornais nacionais ou regionais, com 75%, foram citados como os veículos de comunicação mais confiáveis. Fontes de notícias online foram a primeira escolha entre 19% dos jovens entre 18 e 24 anos, em comparação a apenas 3% dos pesquisados entre 55 e 64 anos.


A pesquisa sugere que o índice de confiança nos meios de comunicação cresceu nos últimos quatro anos. Os resultados variaram de acordo com o país pesquisado. A confiança nos jornalistas foi alta na Nigéria (88%, com 34% de confiança no governo), na Indonésia (86%, contra 71%), na Índia (82% contra 66%) e no Egito (74%; a questão sobre o governo não foi feita).


Apenas três países registraram confiança no governo maior que na mídia. Nos EUA, 67% dos pesquisados afirmaram que confiam no governo, comparado a 59% que depositam sua confiança na mídia. No Reino Unido, 51% confiam no governo, contra 47% na mídia. Na Alemanha, o número vai para 48% no governo, e 43% na mídia.


Os outros países que participaram da pesquisa foram Rússia, Coréia do Sul e Brasil. Aqui, apenas 30% dos entrevistados disseram acreditar nas versões dadas pelo governo.


Público desconfiado


A pesquisa sugere que está cada vez mais difícil para os meios de comunicação conquistar e manter a confiança do público. Mais de um quarto das pessoas entrevistadas, ou 28%, disseram ter parado de usar uma determinada fonte de notícias nos últimos 12 meses porque perderam confiança no conteúdo publicado. Homens urbanos entre 18 e 24 anos formam o grupo mais propenso a abandonar uma fonte de notícias.


Cerca de 77% dos entrevistados afirmaram ter o hábito de consultar diferentes fontes sobre uma mesma notícia – costume particularmente evidente nos sítios de internet. Os blogs aparecem entre as fontes online mais consultadas, mas, ao mesmo tempo, que inspiram menos confiança: 25% afirmaram confiar nos blogs, e quase o mesmo número (23%) disse não confiar.


Coréia blogueira


Apenas 3% de todos os entrevistados classificaram os blogs como sua principal fonte de notícias. A única exceção desta tendência foi encontrada na Coréia do Sul (17%), onde as notícias online são extremamente populares. Aproximadamente um terço dos coreanos entrevistados (34%) considera a internet sua principal fonte de notícias. Nos EUA, 14% responderam o mesmo. Mas a televisão ainda reina soberana em preferência: 56% dos entrevistados afirmaram que a TV continua a ser sua primeira fonte. Os jornais aparecem em segundo lugar, com 21% das escolhas.


A BBC e a CNN foram citadas entre as organizações mais confiáveis. Internacionalmente, 48% afirmaram confiar na BBC, enquanto 44% responderam CNN. Google (30%), Yahoo! (28%) e Microsoft/MSN (27%) também foram citadas. Informações da BBC News [3/5/06].