Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Sem Isabella e Eloá, jornalismo da Record desaba

Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 13 de novembro de 2008


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Sem tragédia, jornalismo da Record desaba


‘O jornalismo da Record adora sangue. Seus melhores momentos no Ibope neste ano foram nas coberturas dos casos Isabella Nardoni, em abril e maio, e Eloá Pimentel, em outubro. Passados os períodos de comoção popular, sua audiência desaba, o que nem sempre acontece nas outras redes.


O sensacionalista ‘Balanço Geral’ teve 11 pontos de média na Grande SP em abril. Em setembro, já havia perdido metade (5,5). Graças à desgraça de Eloá, subiu para 7,4 em outubro. Mas já perdeu 9,5%.


O também popular ‘SP Record’ cresceu 26% em outubro. Nos primeiros dez dias de novembro, perdeu 16%. Foi ultrapassado pelo ‘Brasil Urgente’. O programa da Band também se beneficiou de Eloá, mas manteve o gráfico ascendente neste mês (está com 7,8 pontos, contra 7,3 do ‘SP Record’).


Principal telejornal da rede, o ‘Jornal da Record’ registra queda insignificante em novembro, mas também tirou proveito do caso Eloá. Cresceu 12% em outubro. Chegou a atingir média de 17,6 pontos no dia em que a polícia invadiu o cativeiro de Santo André, número 49% superior à média no Ibope no mês de outubro (11,8).


Procurada, a Record divulgou a seguinte nota: ‘Quando há um noticiário forte, a Record sempre cresce em audiência. E não é só em casos policiais; a Record também cresceu durante a cobertura das eleições americanas’.


REVOLTA 1


Diretores do São Paulo Futebol Clube chegaram a discutir, informalmente, que medidas poderiam tomar contra a Globo, pela exibição de uma cena de ‘A Favorita’ em que o gay Orlandinho (Iran Malfitano) se revelava são-paulino. A cena, hit no YouTube, virou motivo de gozação de adversários.


REVOLTA 2


Os diretores tricolores acharam melhor não tomar nenhuma medida, porque isso poderia parecer homofóbico e anti-democrático. Deixaram qualquer reação para a torcida.


OUTRA PRAIA


No capítulo de anteontem de ‘A Favorita’, Flora (Patrícia Pillar) disse que Silveirinha (Ary Fontoura) estava ‘marrento’. Ninguém usa essa gíria em São Paulo, onde se passa a novela.


MUTANTE NÃO 1


No ‘Hoje em Dia’ (Record), a apresentadora Chris Flores quis saber de uma gaga que faz sucesso na internet se, depois de ‘Os Mutantes’, ela veria ‘Chamas da Vida’.


MUTANTE NÃO 2


‘Menina, depois da novela que eu assisto, a outra, a ‘Fa-fa-fa-fa-favorita’, eu volto [à Record]’, respondeu a mulher.


MANCADA


A Fundação Padre Anchieta demitiu oito profissionais de suas rádios. Entre eles, os jornalistas Rodolfo Konder e Walter Silva -este, um dos maiores conhecedores de MPB do país. Aos 75 anos, ganhava R$ 3.000 mensais. A Cultura diz que os cortes foram ‘em razão da descontinuidade de alguns programas e reformulação parcial da programação’.’


 


 


ALVO CERTEIRO
Carlos Heitor Cony


Campanhas de hoje e de ontem


‘RIO DE JANEIRO – Muito boa a coluna de Plínio Fraga neste mesmo espaço na edição de ontem. Ele comentou o ‘microtargeting’, recurso tecnológico que abastece políticos para apresentar projetos de governo. Ao visitar cada reduto eleitoral, o candidato recebe microalvos, baseados em modelos matemáticos e computadores. São levantamentos atualizados da região a ser visitada, criando um cenário favorável à campanha.


A opinião geral é que Barack Obama usou com seriedade este instrumento tecnológico. Até mesmo o seu sorriso poderia ter sido uma exigência do marketing eletrônico. De qualquer forma, não chega a ser novidade. Em campanhas pré-internet, as equipes de apoio providenciavam levantamentos das regiões visitadas -é bem verdade que na base de releases nem sempre confiáveis.


Em 1993, acompanhei como jornalista a campanha dos presidenciáveis daquele ano, inclusive a de Lula, em suas andanças pelo Rio e por São Paulo. Havia um enorme e confortável ônibus, com ar refrigerado e vídeos que mostravam a próxima etapa a ser trabalhada. O recurso impedia gafes e municiava o candidato com informações sobre a comunidade local.


Dou um salto no tempo e relembro a campanha de JK para a Presidência, em 1955. O avião da comitiva teve um problema e fez uma escala imprevista em Jataí (Goiás). Aproveitando a espera, foi providenciado um comício-relâmpago para alguns poucos que por acaso estavam nas imediações da pista. Um deles perguntou se o candidato cumpriria a Constituição (1946), que previa a construção de uma nova capital naquela região.


Surpreendido, JK disse que sim. Ele já tinha um programa de 30 metas elaborado por sua equipe técnica. Acrescentou mais uma, a que chamou de ‘meta síntese’: Brasília.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Os fatos mudaram


‘O Tesouro ‘efetivamente abandonou’ seu plano de comprar títulos podres e vai para a ‘segunda rodada de injeção de capital em instituições financeiras’, deu o ‘New York Times’. O jornal defendeu o secretário pela ‘coragem de admitir o erro e mudar de direção’. Mas ele não admitiu. ‘Os fatos mudaram… Eu nunca vou me desculpar por mudar quando fatos mudam’, falou, destaque no ‘Financial Times’, ecoando John Maynard Keynes. Mas já antes da aprovação diziam que seu plano de US$ 700 bi não prestava.


No canal CNBC, destaque via Drudge Report, ‘EUA podem perder a sua nota AAA’. Era a opinião de um gerente de investimentos, falando até em ‘falência do governo’ por falta de ‘fundos’.


SEM OBAMA


O presidente eleito indicou representantes no encontro do G20, que começa amanhã. ‘Mas’ não adianta, avalia o ‘Wall Street Journal’, ‘sem seu 21º líder, Barack Obama, o encontro deve desapontar quem espera avanços maiores na reformulação do sistema global’. Até Gordon Brown, o primeiro-ministro britânico, ‘agora diminuindo o caráter momentoso’ da cúpula.


‘DOHA NOW’


A comissária de comércio da União Européia, no mesmo ‘WSJ’, sob o título ‘Doha já’, escreve que, ‘se os líderes mundiais buscam medida concreta e imediata para tirar da reunião, há um candidato óbvio: eles poderiam sinalizar que querem concluir Doha’ -e conter o protecionismo. Se eles mostrarem ‘liderança política, as negociações se encerram em semanas’.


‘THE OBAMA OF BRAZIL’


O ‘Christian Science Monitor’ iniciou uma série sobre o país. Na primeira reportagem, ontem, ‘Superpotência agrícola, Brasil espalha seu know-how’ e ‘está levando tecnologia de produção tropical para outras partes da América Latina e para África e Ásia’. Na edição de hoje, ‘Entre os esquerdistas latinos, o moderado Lula lidera’ e ‘Brasil vira modelo contra a pobreza’.


Para marcar a série, o jornal de Boston deu o editorial ‘O Obama do Brasil’, dizendo que Lula, ‘como Obama, saiu da pobreza e da política de esquerda para o poder’. Mas ‘governa do centro, o que dá a ele respeito mundial’ -e já ‘pode ensinar uma ou duas coisas a Obama’. Por fim, como eles dois, ‘EUA e Brasil têm muito em comum para não partilhar liderança regional e global’.


‘GLOBAL PLAYER’


Tem mais. ‘Miami Herald’ e outros da rede McClatchy publicaram a reportagem ‘Lula busca no G20 papel maior para o Brasil nos assuntos mundiais’, de ‘ator global’. Diz que, ‘silenciosamente, já virou o país mais poderoso da América Latina’. Cita discursos de Lula, ouve cientistas políticos -e o ‘consultor privado’ Rubens Barbosa, para quem ‘o Brasil tem uma nova posição no mundo’. Um professor americano acresce que ‘os brasileiros vêem a crise como uma espécie de oportunidade’.


A CELEBRIDADE


Jon Friedman, crítico de mídia do site Market Watch, abriu campanha para que a revista ‘Time’ escolha, como ‘pessoa do ano’, a candidata derrotada a vice, Sarah Palin. Com ironia, argumenta que, ‘celebridade acidental, ela mostrou que (realmente) qualquer um pode chegar ao topo da cena nacional’.


A PODEROSA


Já o site Politico, sem abrir campanha nem ironizar, dá a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, como ‘a mulher mais poderosa na história dos EUA’. Ela ‘reina suprema’ em Washington. ‘O que Nancy quer Nancy consegue’, diz um democrata. ‘Ela pode fazer o que quiser’, descreve até o líder republicano.


MULHERES DO ANO


A revista feminina americana ‘Glamour’ elegeu suas dez Mulheres do Ano, nos EUA, com destaque para a modelo e celebridade negra Tyra Banks. Também a senadora Hillary Clinton e a secretária de Estado, Condoleezza Rice, acima, com o prêmio


ÀS PRESSAS


Martin Eisenstadt, ‘assessor de John McCain’, disse ser a fonte da história de que Sarah Palin acreditava que a África era um país. De ‘Los Angeles Times’ até o MSNBC, muitos deram. Aí vêm ‘NYT’ e outros e afirmam ser ele uma obra bem ‘elaborada’, de meses, com site etc., mas falsa


NOVA ERA


A Associated Press determinou ontem que a referência ‘universal’ a chefes de estado passa a usar dois nomes. Por exemplo, ‘presidente eleito Barack Obama’.’


 


 


REVISTAS
Mônica Bergamo


Prejuízo


‘A editora Escala vai recorrer da sentença que a obriga a pagar R$ 6 milhões ao apresentador Amaury Jr. e a impede de publicar as cinco revistas da família ‘Flash’. A empresa diz que o processo se limitava apenas ao título ‘Flash & Amaury Jr.’, já retirado do mercado por ser ‘altamente deficitário’.’


 


 


INTERNET
Lucas Neves


Gerald Thomas leva ao palco 1º capítulo de sua ‘blognovela’


‘‘Não é o que vocês estão pensando. De alguma forma, é o que vocês estão pensando. De alguma forma, o que vocês estão vendo é isto. O que vocês estão vendo confirma o que vocês estão pensando.’ Na voz de Gerald Thomas, a gravação parcialmente transcrita acima abre ‘O Cão que Insultava Mulheres, Kepler, the Dog’, encenação do primeiro capítulo da ‘blognovela’ do diretor, que tem ensaio aberto hoje à noite. No início da tarde de ontem, a produção informou que o espetáculo será transmitido em tempo real pelo portal iG. Boa parte da dramaturgia, que desafia descrições, foi construída a partir de comentários deixados por internautas no blog de Thomas (www. colunistas.ig.com.br/geraldthomas). Da internet também foi ‘importada’ uma atriz- Thomas pediu que interessados enviassem vídeos inspirados nos textos postados por ele na internet. Em cena, Thomas e sua Cia. de Ópera Seca (em que se destaca Fabiana Guglielmetti) inicialmente sondam os elos entre arte e poder, mas logo se debruçam sobre as relações de gênero e a permanência de certa mentalidade sexista. As intelectuais americanas Camille Paglia e Susan Sontag (1933-2004) comparecem. Segundo o diretor, ‘Cão’ fecha uma trilogia aberta por ‘Terra em Trânsito’ (2006) e ‘Rainha Mentira’ (2007).


O CÃO QUE INSULTAVA MULHERES, KEPLER, THE DOG


Quando: hoje, às 21h30


Onde: Sesc Avenida Paulista (av. Paulista, 119, 11º andar, tel. 0/xx/11/ 3179-3700; grátis)


Classificação: não indicado a menores de 16 anos’


 


 


CINEMA
Folha de S. Paulo


Roteirista francesa perde processo de plágio


‘A escritora e roteirista francesa Stéphanie Vergniault, 39, foi condenada por um tribunal francês a pagar 20 mil (cerca de R$ 551 mil) para a Warner, para a produtora Section Eight e para o diretor e roteirista Stephen Gaghan. Ela havia acusado-os de plágio de um roteiro que ela havia registrado, ‘Oversight’, que teria inspirado o longa ‘Syriana’, de Gaghan. O valor refere-se a custos judiciais.’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 13 de novembro de 2008


 


GOVERNO
Jotabê Medeiros


Verba da Cultura pode dobrar em 2009


‘O Ministério da Cultura deverá ter seu orçamento duplicado em 2009, saltando de R$ 1 bilhão para R$ 2,1 bilhões. Se confirmado, o aumento, que elevaria as verbas destinadas à cultura para cerca de 0,9% do Orçamento da União, chega perto daquele que era considerado um patamar ‘razoável’ pelo ex-ministro Gilberto Gil (e do recomendado pelas Nações Unidas, 1%).


A elevação da verba se deverá a duas emendas ao Orçamento propostas ontem pelas Comissões de Educação e Cultura do Senado e da Câmara. A aprovação das quantias passa agora pelas mãos do relator setorial, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), e segue finalmente para o relator-geral, senador Delcídio Amaral (PT-MS).


Ontem, os deputados, por consenso, resolveram destinar R$ 500 milhões (R$ 400 milhões para investimento e R$ 100 milhões para custeio) para instalação de espaços culturais em projetos do Ministério da Cultura.


A comissão do Senado, por sua vez, também aprovou ontem uma quantia extra de R$ 600 milhões para a pasta. A emenda está prevista na rubrica Fomento a Projetos em Arte e Cultura. Ficou acertado entre os senadores que subscreveram a proposta que 20% do valor da emenda irá para a Fundação Nacional de Artes (Funarte), com destinação específica ao prêmio Miriam Muniz, que fomenta a produção teatral em todo o País.


Mas o Ministério da Cultura informou ontem que, no total, destinará R$ 300 milhões para o aumento do orçamento da Fundação Nacional de Artes (Funarte), que acaba de ser assumida pelo ator Sérgio Mamberti. Ele trabalhará com 6 vezes mais dinheiro do que seu antecessor, Celso Frateschi (a Funarte teve anualmente, para investimento e custeio, a exígua quantia de R$ 50 milhões).


‘O aumento representará a continuidade do crescimento progressivo das verbas para a cultura. É a admissão, da parte do governo e do Legislativo, da importância estratégica da cultura, do seu papel crucial no desenvolvimento do País’, disse o ministro Juca Ferreira. ‘Mas é o primeiro ciclo. O segundo é terminar a tarefa de organizar o ministério e definir novas formas de financiamento à cultura.’’


 


 


PEGADINHA
NYT


Ativistas distribuem ‘NYT’ falso


‘Uma falsa edição do jornal ‘The New York Times’ foi distribuída de graça ontem nos EUA anunciando o fim da guerra do Iraque. Na capa, datada de 4 de julho de 2009, dia da independência dos EUA, via-se uma reprodução fiel do diário, com uma exceção: ao lado do logo da publicação aparecia a mensagem ‘todas as notícias que esperamos imprimir’ no lugar do tradicional lema do jornal ‘todas as notícias que podemos imprimir’.


A edição, de 14 páginas, também traz notícias falsas sobre economia, meio ambiente e saúde. O grupo liberal Yes Men, autor da farsa, disse que a edição levou seis meses para ficar pronta e teve uma tiragem de 1,2 milhão de cópias.’


 


 


TRANSIÇÃO NOS EUA
Reuters e AP


Na TV, Bush diz reconhecer seus erros


‘A dois meses de aposentar-se como o presidente mais impopular da história dos EUA, George W. Bush admitiu alguns de seus erros, em entrevista à rede CNN, que foi ao ar na noite de terça-feira. ‘Lamento ter dito algumas coisas que não deveria’, disse o presidente, que reconheceu que errou na condução da política externa e na luta contra o terrorismo.


‘Não deveria ter dito ?vivo ou morto?’, afirmou Bush, em referência ao pedido feito pela cabeça do terrorista Osama bin Laden. ‘Eu estava tentando passar uma mensagem, mas deveria ter sido mais cuidadoso.’ O presidente também lembrou de suas declarações feitas a bordo do porta-aviões USS Abraham Lincoln após o começo da guerra no Iraque, em maio de 2003. Na ocasião, Bush discursou ao lado de uma faixa em que se lia: ‘Missão Cumprida.’ ‘Infelizmente, aquela faixa estava lá, mas é claro que eu não achava que a guerra estava acabada.’


FUTURO


Depois de entregar o cargo para Barack Obama, em janeiro, Bush disse que pretende retornar ao Texas e escrever um livro. ‘Queria que as pessoas soubessem como foi tomar as decisões que eu tive de tomar. Algumas foram difíceis e gostaria que os americanos soubessem a verdade’, disse. ‘Isso levará um certo tempo, mas será um projeto interessante.’


O presidente disse ainda que sentirá falta da Casa Branca. ‘Sentirei saudades de algumas coisas que fazem parte da presidência. Por outro lado, quero muito ir para casa, então tenho emoções mistas.’


OBAMA


Bush falou também a respeito de sua reunião com Obama. ‘Foi uma conversa particular. Ele me pediu alguns conselhos e acredito que pedirá de novo. A melhor maneira de fazer com que ele fique à vontade para pedir novos conselhos, porém, é não falar sobre o assunto.’


Contudo, Bush disse que o presidente eleito trará ‘um espírito de família’ para a Casa Branca. ‘Depois que conversamos sobre política e economia, Obama quis saber como suas filhas viveriam, ele subiu as escadas e quis saber onde elas iriam dormir’, contou. ‘Está muito claro para mim que ele levará um sentido de família para a Casa Branca.’


Para o presidente, a eleição de Obama foi uma vitória da democracia americana. ‘Muita gente achou que não viveria para ver um negro na presidência. É bom que a população tenha fé no sistema e interesse no futuro.’’


 


 


AFP e NYT


McCain faz piada em talk show


‘Uma semana após a derrota nas eleições presidenciais americanas, o senador John McCain quebrou o silêncio e deu sua primeira entrevista para a TV. O republicano fez brincadeiras e manteve-se bem-humorado durante sua participação no programa ‘The Tonight Show’, de Jay Leno, na noite de terça-feira.


Quando questionado sobre como se sentia após o fim da campanha, McCain respondeu: ‘Tenho dormido que nem um bebê: durmo duas horas, acordo, choro e volto a dormir.’ A piada foi usada pelo republicano várias vezes durante a campanha para descrever como ele se sentiu após perder as primárias de seu partido em 2000.


McCain aproveitou o espaço para defender sua companheira de chapa, Sarah Palin, após alguns de seus assessores terem culpado a governadora do Alasca por sua derrota. Ele também descartou a possibilidade de voltar a concorrer para a Casa Branca em 2012. ‘Foi uma ótima experiência e nós teremos uma nova geração de líderes. Espero que eu possa continuar contribuindo de alguma maneira.’’


 


 


MULHER DO ANO
AFP e Los Angeles Times


Menina de 10 anos recebe prêmio por obter divórcio


‘A jovem iemenita Nujood Ali, de 10 anos, foi escolhida pela revista americana Glamour como uma das ‘mulheres do ano’ por ter conseguido, com a ajuda de uma advogada, ‘um divórcio histórico’. Nujood, que se casou no início do ano com um homem com o triplo de sua idade, sofria constantes abusos sexuais. No entanto, ao contrário da maioria de noivas crianças, Nujood procurou ajuda legal e conseguiu se divorciar, tornando-se um símbolo internacional dos direitos das mulheres.


De acordo com a tradição tribal do Iêmen, jovens a partir de 9 anos podem se casar, embora a Constituição do país não autorize casamentos antes dos 15 anos. No entanto, o antigo costume se impõe à lei com certa freqüência.


Nujood recebeu o prêmio em Nova York, juntamente com mulheres que tiveram destaque em outros segmentos – como moda, política e entretenimento. Entre as outras premiadas pela revista estão a senadora Hillary Clinton e a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice.’


 


 


CINEMA
Luiz Carlos Merten


‘Fiz o meu primeiro filme europeu’


‘Embora tenha feito seus últimos filmes anteriores na Inglaterra, o próprio Woody Allen considera Vicky Cristina Barcelona, que estréia amanhã, o seu primeiro filme europeu. Em Cannes, em maio, ele disse que a Inglaterra está próxima demais dos EUA para que se possa sentir a diferença – o que não é exatamente verdadeiro, como sabe qualquer espectador que tenha visto Match Point -, e que a Espanha é outro mundo, mais sensual e vulcânico. A Barcelona de Woody Allen é 100% turística. Vai decepcionar-se quem esperar dele algo além das paisagens de cartão-postal mais conhecidas da cidade. O clima, com tudo o que espírito espanhol acrescenta ao diretor, é mais de filme francês. O próprio Allen reconhece – também no Festival de Cannes ele disse que impregnou Vicky Cristina Barcelona do frescor que descobriu no cinema francês dos anos 60, em François Truffaut, por exemplo.


Talvez ele pudesse ter citado Eric Rohmer, mas preferiu ficar em Truffaut. Ao longo de sua carreira, Allen já homenageou outros mestres europeus – Ingmar Bergman, Federico Fellini, Michelangelo Antonioni. Suas fontes literárias, também européias, incluem Tolstoi, Kafka e Dostoievski. A entrada em cena de Truffaut – também se poderia dizer o mesmo de Rohmer – indica que Allen, aos 70 e poucos anos, está mais decidido do que nunca a falar sobre o amor. O filme conta a história de duas garotas norte-americanas que vão para Barcelona. São interpretadas por Scarlett Johansson e Rebecca Hall. Lá elas se envolvem com Javier Bardem, que Fernanda Montenegro comparou a um touro de Picasso. Mais picassiano do que nunca, Bardem faz um pintor hedonista que, de cara, convida as duas americanas românticas para uma viagem a Oviedo, para desfrutar boas comidas, bom vinho e bom sexo.


Mesmo nos filmes em que não aparece como ator, Woody Allen sempre dá um jeito de se espelhar nos personagens em cena. Você deve se lembrar do Kenneth Branagh – mais alleniano, impossível – de Celebridade. Aqui é até difícil saber em quem ele se projeta mais, mas muito provavelmente é em Scarlett, cuja personagem parece a versão feminina dos neuróticos anônimos celebrizados pelo ator e diretor. De volta à trama, quando faz a proposta – de sexo e vinho, que Hollywood, via Michael Crichton, normalmente consideraria indecente -, Javier Bardem ainda nem conhece as moças. Inicia-se uma relação complicada. Scarlett, ou ?Cristina?, quer ficar com ele, mas sente-se mal e é trocada na cama do touro espanhol por ?Vicky?, isto é, Rebecca, que está de casamento marcado, mas não resiste ao sexo selvagem. Entra em cena Maria Elena, a ex de Bardem, tão explosiva que é interpretada por Penelope Cruz, como quem acaba de sair de um filme de Pedro Almodóvar. Mulheres à beira de um ataque de nervos. O Truffaut de Woody Allen é filtrado por Almodóvar (o das antigas).


Vicky Cristina Barcelona é divertido, inteligente. Allen exaspera e subverte velhos clichês – como o da sensualidade européia ser ?liberadora? em relação aos repressores EUA. Formam-se sucessivos triângulos, como num filme de Truffaut, e há, embutida, uma discussão sobre a arte. Bardem e Penelope são pintores que se reinventam sem medo de ir ao limite, mesmo correndo o risco da (auto)destruição. Talvez seja a essência do filme. Tudo o que ele tem de clichê – sobre a paisagem de Barcelona e essa visão um tanto idealizada da sensualidade européia -, na verdade, pode ser uma estratégia do diretor. Woody Allen, que viveu aquele complicado processo de ruptura de Mia Farrow, vinha fazendo um tipo de cinema pacificado, ou pacificador, como se a vida lhe tivesse ficado demasiado mansa. Seus filmes volta e meia tratam da ascendência das mulheres sobre os homens e quem viu o documentário Wild Man Blues, de Barbara Kopple, sobre sua turnê européia, deve se lembrar da maneira como Soon-Yi o tratava feito criança, completamente mandona (e mesmo sendo muito mais jovem do que ele). Vicky Cristina Barcelona é agora sobre a necessidade de arriscar e mudar. Não é um grande Woody Allen – como seus melhores filmes com Mia -, mas talvez seja a melhor prova de que ele compreendeu que corria o risco de se acomodar (Match Point foi só um intervalo) e está disposto a recomeçar, sem medo de arriscar (e até errar).’


 


 


TELEVISÃO
Keila Jimenez


MTV terá novela


‘A MTV promete dar em 2009 seu primeiro grande passo no campo da dramaturgia. Já está em produção Descolados, a primeira novela juvenil da emissora musical, produção independente da Mixer.


Com um investimento estimado na casa dos R$ 5 milhões, Descolados está em fase de roteirização e escolha final de elenco, que será composto só por novos talentos, desconhecidos do grande público.


A trama, que tem estréia prevista para o o segundo semestre do próximo ano, gira em torno de personagens que estão entrando na vida adulta.


Com 13 episódios de meia hora cada um, a atração conta a história de jovens que passam a morar juntos em São Paulo, entre eles, uma modelo, um aspirante a artista gráfico e uma promotora de eventos.


As gravações, que ainda não têm data definida, serão em São Paulo. Descolados é a primeira produção independente nacional na MTV Brasil.


Uma das patrocinadoras da atração, Skol, lançará em janeiro um concurso na MTV para escolher um dos atores da produção. Para participar, o público deverá enviar vídeos pela internet.’


 


 


 


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