Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Um contraponto à superficialidade

A revista Pobres e Nojentas surgiu com o intuito de ser um contraponto à superficialidade do jornalismo estilo coluna social, dando voz para aqueles que vivem à margem da mídia e distantes dos flashes. Idealizada por um pequeno grupo de jornalistas de Florianópolis (SC), o periódico acaba de completar seu primeiro ano de existência.

Com manchetes como ‘Vida plena no mundo’ e ‘A dor da indiferença no mundo do trabalho’, a publicação retoma o jornalismo literário visando ‘a libertação da palavra’. ‘Caminhar pelos atalhos, os caminhos de chão, olhar para a vida cotidiana, de pessoas comuns e narrá-las’. Esse é o caminho que a revista procura seguir para reforçar democratização da informação, conforme o grupo idealizador.

Segundo Elaine Tavares, jornalista responsável pela Pobres e Nojentas, no meio capitalista e até mesmo no socialista, a democratização da comunicação dificilmente acontece, pois a imprensa atual só abre espaço para mercantilização da notícia ao abordar assuntos que em sua grande maioria são superficiais e chamativos. Para ela, os meios de comunicação só poderão servir à democratização se arriscarem por estradas secundárias que possibilitem a inserção da sociedade como um todo.

Teoria jornalística aplicada

As histórias contadas possuem uma linguagem simples e procuram professar o segredo descoberto por Adelmo Genro Filho (autor do livro ‘O Segredo da Pirâmide‘), que defende que o texto tem de partir do singular, mas buscar apreender a totalidade, a universalidade. ‘Ao contar uma história singular, buscamos estabelecer os nexos com o particular e o universal. É simples e ao mesmo tempo profundo’, diz Elaine.

De acordo com o código de ética jornalística, o acesso à informação pública é um direito inerente à condição de vida em sociedade e não pode ser impedido por nenhum tipo de interesse. Para a jornalista, esse direito só estará assegurado se a sociedade obtiver o controle social dos meios de comunicação de massa. ‘Eles são importantes demais para ficarem nas mãos privadas, sem controle público. Se a informação é um direito humano, ela passa a ser um bem essencial e como tanto, não pode ser encarada como mercadoria, como é hoje’, sentencia.

Espaço para vozes femininas

Pobres e Nojentas visa ser um espaço para as vozes femininas e ao discurso humano. Seu maior desafio é o de manter esse portal aberto. A solução por ela encontrada foi a de ser feita de mão a mão, ‘camelando’, sustentando o sonho. O trabalho é também desenvolvido por Eduardo Mustafa Vianna, Míriam Santini de Abreu, Raquel Moysés, Ricardo Casarini Muzy e Rosangela Bion de Assis.

A publicação faz parte da Companhia dos Loucos, uma editora alternativa e independente criada em 2003 pelos jornalistas Elaine Tavares, Raquel Moysés e Paulo Zembruski, e que já lançou quatro títulos no espaço editorial, entre eles Jornalismo nas Margens – uma reflexão sobre comunicação em comunidades empobrecidas, da jornalista Elaine Tavares.
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Da Redação FNDC