Saturday, 27 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Venda global de jornais cresce, apesar da crise

Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas.


 


************


Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 28 de maio de 2009


 


MERCADO
Folha de S. Paulo


Venda global de jornais cresce, apesar da crise


‘Apesar da crise que abateu boa parte da economia global, a circulação mundial de jornais continuou a se expandir no ano passado. De acordo com a WAN (Associação Mundial de Jornais), o avanço registrado no ano passado foi de 1,3%.


A venda diária de jornais chegou a quase 540 milhões de exemplares em 2008, 8 milhões de unidades a mais do que no ano anterior, quando a circulação global tinha crescido 2,6%. A expansão ocorreu devido ao aumento da circulação na África (6,9%), na Ásia (2,9%) e na América do Sul (1,8%).


No Brasil, como tem acontecido nos últimos anos, o crescimento das vendas superou a média mundial. A circulação diária no país avançou 5% em 2008 em relação ao ano anterior, atingindo 4,35 milhões de exemplares. Em 2007, a expansão havia sido de 11,8%, segundo dados do IVC (Instituto Verificador de Circulação).


Já os mercados dos EUA, da Europa e da Austrália encolheram no ano passado, mas, para Gavin O’Reilly, presidente da WAN, essa queda ‘não mostra toda a história, já que as companhias jornalísticas nesses locais adotaram tecnologias digitais para aumentar ainda mais o alcance da sua audiência’.


Ainda de acordo com a associação, o número de pessoas que leem uma publicação diária subiu para 1,9 bilhão, 200 milhões a mais do que em 2007, e os jornais alcançam 41% mais adultos que a internet.


‘Os jornais continuam sendo um meio de massa global a ser levado em conta, alcançando a média de cerca de um terço da população mundial’, disse o presidente da WAN.


‘Então, se nós somos uma indústria em declínio, a definição de declínio é estranha. Nós somos uma indústria com pesado alcance global e que obtém receitas pesadas.’


No ano passado, as receitas dos jornais impressos diários com publicidade representaram 37% do total mundial, de acordo com a entidade, ante 29% em 2007.


Para O’Reilly, a previsão de que os jornais irão morrer alcançou o nível de um novo esporte. ‘Que esse maldizer e essas sombras sobre a nossa indústria tenham passado praticamente sem respostas é, para mim, um dos casos mais bizarros de automutilação voluntária da história da indústria.’


Segundo o presidente da WAN, é um erro dizer que o futuro dos jornais está na internet, ‘excluindo praticamente todo o resto. Isso é simplificar demais uma questão bastante complexa’. O’Reilly afirma que o problema não deve ficar concentrado entre escolher os jornais impressos ou a internet. ‘É bastante provável que os consumidores sejam capazes de fazer múltiplas escolhas.’’


 


 


POLÍTICA E OPINIÃO
Leonardo Avritzer


Opinião pública e reforma política


‘A IDEIA de opinião pública ou de espaço público supõe que os sistemas políticos modernos operam com uma noção mais ampla de representação do que a legitimidade da autorização dada pelo eleitorado. Ao lado da autorização pelos eleitores, que é a base do sistema representativo em vigor em todas as democracias contemporâneas, existe também um processo informal de formação da opinião pública sem o qual a democracia não pode sobreviver.


O papel da opinião pública é discutir questões políticas em geral, estabelecer novos padrões de moralidade política, avaliar e criticar os governantes, de forma tal que possa se estabelecer entre os representantes e os representados algum tipo de convergência nos momentos não eleitorais.


Afinal, ainda que as eleições justifiquem os mandatos, quatro anos é um período longo, e há a necessidade de criar legitimidade entre os períodos eleitorais. Para tanto, é preciso que os representantes atribuam à opinião pública importância. Caso contrário, continuará havendo representação, mas a sua legitimidade será baixa, e a democracia passará por aquilo que se convencionou chamar de ‘crise da representação política’, um fenômeno certamente em vigor no Brasil hoje.


O Brasil é um país que teve uma formação tardia da opinião pública. A urbanização tardia, ao lado da persistência de níveis de escolaridade relativamente baixos, permitiu que o sistema político se acostumasse com um baixo grau de controle pela opinião pública e pela sociedade civil.


Essa situação mudou com a modernização acentuada a partir dos anos 1950, com a constituição de uma sociedade civil mais organizada e com a redemocratização em 1985. Hoje, o país tem uma sociedade civil com práticas políticas mais avançadas do que o seu sistema político, e a opinião pública percebe tal fato.


Em pesquisa por nós realizada no ano passado para o livro ‘Corrupção: Ensaios e Crítica’, colocamos a pergunta sobre quais são as instituições consideradas mais corruptas no país. A Câmara dos Deputados apareceu em segundo lugar nesse ranking (com nota 8,34 em um máximo de 10), atrás apenas dos Legislativos municipais.


Vale a pena mencionar também que instituições da sociedade civil, tais como ONGs e associações de bairro, foram consideradas sistematicamente menos corruptas do que as instituições políticas, situando-se em um patamar em torno de 6,32. q Aqui está, provavelmente, a raiz do problema que o Brasil enfrenta: a opinião pública não partilha as regras pelas quais se rege o sistema político -e cabe a esse último se adaptar a essa nova situação.


A frase recente de um obscuro deputado pelo Rio Grande do Sul (‘Estou me lixando para a opinião pública’) dá uma dimensão da dissociação entre sistema político e opinião pública no país.


Na medida em que a opinião pública vai refletindo novos padrões de moralidade política e cobrando mudança de comportamento por parte dos parlamentares, duas possibilidades aparecem: a adaptação do sistema político a esse novo padrão e uma reação no interior do próprio sistema político contra a opinião pública.


Aí está a raiz do conflito em curso entre imprensa e sistema político. A afirmação do deputado Sérgio Moraes (PTB-RS) expressa uma posição no interior do Congresso Nacional de desconsiderar a opinião pública. Essa posição se refletiu também no adiamento da proposta de reforma política ocorrido nesta semana. Ambas as atitudes expressam uma visão de autonomização do Parlamento em relação à opinião pública.


Essa é uma posição equivocada, porque supõe que apenas a autorização eleitoral pode legitimar o exercício da representação.


É hora de a opinião pública reagir, e a maneira correta de reagir é por meio de uma ampla campanha pela reforma política. Para além de questões que estão na pauta, tais como financiamento público das campanhas políticas e lista fechada nas eleições proporcionais, é preciso tratar dos elementos que fazem os congressistas se sentirem um grupo privilegiado em relação à sociedade.


Entre os elementos dessa reforma devem estar o fim da imunidade para delitos civis cometidos pelos parlamentares (tal como o duplo atropelamento ocorrido no Paraná) e a retirada do poder dos parlamentares de julgar os crimes ou delitos cometidos por seus colegas.


O Parlamento com certeza sairá reforçado de uma reforma política que institua a ideia de que a representação não implica privilégios, mas responsabilidades assumidas perante os eleitores e a opinião pública.


LEONARDO AVRITZER, 49, mestre em ciência política e doutor em sociologia, é professor do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).


É autor de ‘A Moralidade da Democracia’, entre outras obras.’


 


 


PERSONAGEM
Cássio Schubsky


Um ilustre (quase) desconhecido


‘A HISTÓRIA serve não apenas ao entretenimento, ao deleite, ao prazer de quem a conhece. A experiência histórica, seja ela individual, seja coletiva, constitui patrimônio imaterial de valor inestimável.


Isso porque a vivência de pessoas ou instituições integra um balanço contábil simbólico e pode ser considerada um ativo ou um passivo, conforme o peso negativo ou positivo que se atribua aos fatos -que o diga a ditadura implantada em 1964, por exemplo, que ainda provoca tanta celeuma e debates apaixonados, protestos e, inclusive, esdrúxulas comemorações militares. A trajetória histórica é um bem e tem, portanto, viés jurídico e econômico. E, como tal, precisa ser, além de compreendida, preservada e protegida.


A pesquisa histórica, quando publicada e divulgada, torna tangível, concreta, a importância das sagas de grupos ou indivíduos, as biografias ou narrativas sociais. Presta-se não só ao desfrute, mas à afirmação da identidade grupal, que redunda na construção de projetos coletivos. E, nessa contabilidade simbólica, ainda se prestam contas com o passado.


De outro lado, boa parte dos acervos artísticos e documentais integra o patrimônio público. Vale dizer, desde logo, que o descaso generalizado dos poderes constituídos com arquivos históricos lesa o interesse coletivo -eis aí, pois, uma senha para a ação do Ministério Público, para responsabilizar a criminosa dilapidação, o desdém governamental aqui e alhures, no país inteiro.


Afinal, objeto de arte, prédio ou documento histórico corroídos e danificados transformam-se, em muitos casos, em perda irreparável para as gerações atuais e futuras. Muitos governantes -e empresas privadas…- não se mexem para implantar em larga escala, por exemplo, programas de digitalização de documentos, que são uma maneira relativamente rápida, barata e eficaz de preservar acervos e salvá-los do descalabro. De libertá-los de latas enferrujadas, da ação deletéria de insetos, da corrosão inexpugnável do tempo.


Sonho com o dia em que se anunciará programa do tipo ‘1 bilhão de documentos digitalizados’. E lanço a campanha: ‘Digitalize Já!’ (senhores governantes, tem alguém aí?!).


Nem só de governo, evidentemente, vive a pesquisa histórica. Também os historiadores, claro, têm sua cota de responsabilidade na preservação, a começar do momento em que elegem objetos de estudo, análise e interpretação. E a imprensa, as organizações da sociedade civil e a opinião pública, como um todo, vão escolhendo fatos e pessoas para jogar luz ou escamotear.


Veja-se o caso de Clóvis Beviláqua (1859-1944). Em outubro próximo, completam-se 150 anos de seu nascimento. Um dos maiores juristas do país, deveria estar merecendo festas e efemérides desde logo, o ano inteiro.


Afinal, é ele o autor do projeto do primeiro Código Civil brasileiro, aprovado em 1916, depois de longos anos de debate no Congresso Nacional. Após muitas tentativas de codificação frustradas, desde meados do segundo reinado, Clóvis logrou êxito, sepultando, de vez, as antiquadas Ordenações do Reino.


Professor, filósofo, historiador, sociólogo, civilista, romanista, criminalista, internacionalista, literato, jornalista… Muitos são os títulos e as qualificações para se referir ao grande cearense de Viçosa.


Um adjetivo talvez explique a atual falta de notoriedade de Clóvis: modesto. De fato, ele era alheio às badalações, vivia recluso em casa ao lado da família, sem ostentação de qualquer tipo, imune à vaidade. Recusou, inclusive, por duas vezes, indicação para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal. Não fez marketing pessoal, nem seus muitos admiradores trataram de fazê-lo.


Lamentavelmente, não temos nenhuma fundação de fôlego voltada a cultuar o legado desse grande brasileiro e democrata de todas as horas, exemplo de retidão de caráter e pertinácia no trabalho. De tal modo a memória vai se perdendo que poucos saberão, inclusive, como já lembrou alguém, onde está localizada a praça Clóvis Beviláqua, no centro de São Paulo. Pois a grande praça, à altura do homenageado, é contígua à praça da Sé, em frente ao Palácio da Justiça, onde está instalado o Tribunal de Justiça de São Paulo.


A muita gente pode parecer que aquilo tudo é praça da Sé. Não é. Enfim, sem culto à sua memória, que sobreviva, ao menos, em referência ao mestre da cultura e do direito brasileiro, o samba de Paulo Vanzolini: ‘Na praça Clóvis/ Minha carteira foi batida/ Tinha 25 cruzeiros/ E o teu retrato/ vinte e cinco/ Eu, francamente, achei barato/ Pra me livrarem/ Do meu atraso de vida’.


CÁSSIO SCHUBSKY, 43, formado em direito pela USP e em história pela PUC-SP, editor e historiador, é autor, entre outras obras, de ‘Advocacia Pública – Apontamentos sobre a História da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo’.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


De repente, crédito


‘Na manchete do UOL, ‘Sai crédito para compra de moto para trabalho’. No post original da Agência Brasil, declaradamente, é financiamento para ‘motoboy’. R$ 100 milhões, em recursos repassados via estatais Banco do Brasil e Caixa.


No exterior, no noticiário crescente sobre o crédito no país, a atenção foi para o aumento no ‘crédito aos fazendeiros’, que chegaria a R$ 108 bilhões no próximo ano, segundo o Ministério da Agricultura.


Antes, destaque da Agência Brasil, ‘Agronegócio terá R$ 93 bilhões na safra 2009-2010’.


‘GUERRA DOS JUROS’


No ‘Globo’, foi até manchete de terça, ‘Banco do Brasil, enfim, reduz os juros. E dá mais crédito a cliente’.


E a ‘Veja’ arrisca que começa entre os bancos, ‘ainda acanhada, uma guerra de juros’. Se o estatal reduziu os juros sobre veículos de 1,31% para 1,22%, o privado Bradesco ‘também anuncia uma queda na taxa mínima, de 1,52% para 1,20%’.


No alongamento dos prazos de financiamento, ‘pouco a pouco o mercado se aproxima do patamar pré-crise’, quando foi a 99 meses.. Chegou a cair para 60, mas agora já volta a 80 meses.


DOS JUROS ÀS AÇÕES


Depois do Credit Suisse, anteontem, a Bloomberg ressaltou ontem a visão do fundo BlackRock sobre ‘os juros em queda do Brasil’. Durante ‘conferência de investimento’, um executivo concordou que a mudança deve levar os investidores a migrar para as ações.


Disse que a ‘economia relativamente fechada’ está ajudando o Brasil a ser um dos primeiros a se recuperar da desaceleração global. O site do ‘Wall Street Journal’ destacou, da mesma conferência, a avaliação de que as ações brasileiras ainda são a ‘melhor oportunidade’, apesar da forte alta no ano.


DA ALIANÇA AO CONFRONTO


Por Global Post e Huffington Post, o correspondente Seth Kugel questiona as ‘manchetes exageradas’ sobre a aliança econômica com a China. Registra que ela chegou ao posto de maior parceiro comercial do Brasil, mas não é possível afirmar se o quadro é ‘definitivo’. E o Brasil ‘continua relativamente isolado’, uma grande economia com pouco comércio externo.


Na mesma direção, ontem o ‘Financial Times’ noticiou que as siderúrgicas chinesas e as mineradoras de Brasil e Austrália ‘caminham para o confronto’, com a China recusando publicamente uma redução inferior a 40% no preço do minério de ferro.


SEM LEI NEM REI


A crise no modelo anglo-americano de capitalismo chegou à legislação. O ‘FT’ destacou ontem que ‘o mal-estar da opinião global com a arquitetura financeira disseminada por Londres e Washington está engolindo os sistemas legais que eles exportavam’, para o comércio. E vem derrubando os ‘esforços dos escritórios ingleses de advocacia para se expandirem nos emergentes’.


AINDA O MODELO?


O ‘Wall Street Journal’ publicou e o ‘Valor’ traduziu que o Chile teria voltado a ser ‘um modelo de como resistir à crise mundial’. Como não cedeu às pressões para usar ‘o dinheiro do cobre para o pobre’, o ministro da Fazenda, formado nos EUA, teria deixado o Chile ‘em uma situação que lhe permite tentar se recuperar sozinho da recessão mundial’, aplicando os recursos que evitou gastar.


‘RACISMO REVERSO’, LÁ


Na manchete do Huffington Post, ‘Casa Branca reage contra Newt Gingrich por chamar Sonia Sotomayor de racista’. Em campanha para voltar à liderança conservadora, o ex-congressista descreveu como ‘novo racismo’ (‘tweet’ acima) uma declaração da postulante à Suprema Corte _de que sua origem hispânica permitia compreender melhor os processos. Falar em ‘racismo reverso’ como faz Gingrich é opção de risco, avalia o site, por ofender o eleitorado latino.


VIAGENS, VIAGENS


Na manchete do site Congresso em Foco, célebre pela série recente sobre as viagens pagas dos parlamentares brasileiros, ‘Gilmar gastou R$ 114 mil em diárias desde 2008’. Diz que as ‘despesas do presidente do Supremo em viagens nos 13 primeiros meses de gestão superam em 3,6 vezes o dinheiro usado durante todo o mandato de 24 meses pela antecessora, Ellen Gracie’ (quadro acima). Na média mensal, ‘o atual recebe aproximadamente R$ 8.700 em diárias, seis vezes o valor registrado a cada mês por Ellen, R$ 1.300’.


NOVO VELHO SUICÍDIO


Os programas policialescos no início da noite, ontem, reproduziram em tempo real a revolta da população diante da delegacia, na Vila Jacuí, Zona Leste. E o ‘Jornal Nacional’, depois, ouviu dos policiais a versão de que o jovem detido teria se enforcado com o cadarço, numa porta. Foram proibidas imagens, diferentemente de 1975.’


 


 


VENEZUELA
Folha de S. Paulo


Advertido, Vargas Llosa cita Bolívar


‘O escritor peruano Mario Vargas Llosa foi detido por 90 minutos ao chegar à Venezuela, onde irá a encontro da oposição. Disse ter sido advertido a não fazer declarações políticas por ser estrangeiro. Irônico, citou Simón Bolívar, prócere inspirador de Hugo Chávez, para defender a livre expressão.’


 


 


ASSINATURA
Julio Wiziack


Ponto extra será cobrado, afirmam TVs


‘Presidente da ABTA (Associação Brasileira das Empresas de TV por Assinatura), Alexandre Annenberg está à frente de uma disputa entre as operadoras e a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Recentemente, a agência impôs restrições às cobranças pelo ponto extra, cuja receita responde, em média, por 20% dos R$ 7 bilhões em faturamento. O caso continua na Justiça, que tem uma semana para se pronunciar. A seguir Annenberg fala dos impactos dessa decisão e dos próximos passos do setor.


FOLHA – Afinal, o ponto extra pode ser cobrado?


ALEXANDRE ANNENBERG – A ação que movemos para que a cobrança fosse garantida continua válida. O juiz ainda não se pronunciou e tem ainda uma semana de prazo para decidir se derruba a liminar. Duvido que ela caia, mas devemos mover outra se cair.


FOLHA – Por que a discordância entre a Anatel e a ABTA?


ANNENBERG – Por trás dessa disputa há um problema grave que é a interferência da agência nos preços de um serviço prestado em regime privado. Por lei, ela não pode intervir a menos que haja abuso de preços. Os técnicos da agência já entenderam que não é o caso, mas o Conselho Diretor trouxe essa discussão à tona sem justificativas à proibição. Esse é um dos motivos que nos levaram à Justiça.


FOLHA – Os preços cobrados pelo pontos extras são abusivos?


ANNENBERG – Imagine um cliente que contrata banda larga com velocidade de 2 Mbps. Se ele quiser um ponto extra, terá que escolher entre dividir a velocidade contratada atribuindo 1 Mbps para cada ponto. Outra opção é contratar um novo ponto de internet, caso queira manter a velocidade. Com o ponto extra, é igual. Ele consome banda da rede e isso tem um custo para a operadora. No ponto principal, 80% do preço é dos canais que integram o pacote. Os 20% restantes fazem parte do custo operacional, que é a infraestrutura (de cabos ou de antenas por onde trafegam os sinais da programação). Toda vez que se liga um ponto extra, ele consome a capacidade da rede. A cobrança pelo ponto extra sempre foi feita, insisto, pelo uso da rede. É isso o que a Anatel nos proíbe de cobrar. Isso tem um custo e fica parecendo que estamos explorando o consumidor. Gostaríamos de saber onde está esse abuso.


FOLHA – O que pode ser cobrado?


ANNENBERG – A instalação do ponto extra e a manutenção dos equipamentos, desde que por eventos. Também está autorizada a cobrança e aluguel pelos decodificadores.


FOLHA – Como as operadoras podem se adequar à proibição sem perder receita?


ANNENBERG – As maiores operadoras criaram combos que têm dentro o ponto extra. Não há como impedir isso. É uma forma de contornar o problema sem deixar de cumprir a exigência da Anatel.


FOLHA – Com o crescimento da banda larga móvel, as teles pleiteiam frequências hoje em poder das TVs pagas. Vocês são contra?


ANNENBERG – Temos cerca de 150 milhões de celulares em uso e só 300 mil navegam na internet. Universalização da banda larga não é só receber foto ou baixar arquivos de vídeo pelo celular. Hoje, as TVs por assinatura podem ofertar banda larga via MMDS [micro-ondas] e WiMax [outra tecnologia sem fio] por um custo reduzido em todos os municípios brasileiros. Mas a Anatel não faz licitações de MMDS e cabo há nove anos. Só não oferecemos banda larga nos 360 municípios cobertos por MMDS e cabo por essas tecnologias porque a Anatel ainda não certificou os equipamentos necessários.


FOLHA – As teles móveis dizem que as TVs pagas têm frequência ociosa e a delas está à beira do colapso.


ANNENBERG – É um argumento falacioso. As teles móveis e fixas sabem que queremos ofertar banda larga pela tecnologia WiMax. A pressão delas é para nos tirar do negócio e sufocar potenciais competidores na banda larga. A oferta de triple-play [pacotes de voz, dados e TV paga combinados] é só um pretexto das fixas..


FOLHA – Vocês são contra a entrada das teles no seu mercado?


ANNENBERG – Ao contrário. Mas ela deve ocorrer com salvaguardas. Nos locais sem TVs por assinatura, as teles entrariam de qualquer forma, desde que fora de sua área de concessão. A Telefônica só não entraria no Estado de São Paulo. A Oi só entraria em São Paulo. Nas poucas cidades com operadores, as teles seriam submetidas à Lei do Cabo, que impõe obrigações como o carregamento de canais. Em termos de preço, seria preciso monitorar o subsídio cruzado. Já vi operadora oferecendo telefonia grátis se os clientes aderissem ao triple-play. Isso é subsídio cruzado e não dá para competir assim.’


 


 


JORNAL
Folha de S. Paulo


Decisão sobre a ‘Gazeta’ deve acontecer hoje


‘Os negociadores da CBM (Companhia Brasileira de Multimídia) e da Gazeta Mercantil S.A. pretendem chegar hoje a um consenso sobre o que será feito da ‘Gazeta Mercantil’. Na segunda, a CBM, licenciadora da marca, anunciou que deixará de publicar o jornal a partir de 1º de junho. Luiz Fernando Levy, controlador da Gazeta Mercantil S.A., afirmou que a rescisão era unilateral e que não assumiria a publicação.


Ontem, houve rodada de negociações. ‘Hoje teremos uma decisão’, disse Levy. Também foi realizada assembleia na qual 62 jornalistas da ‘Gazeta’ e do InvestNews decidiram não entrar em estado de greve.’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Band estica reality show de pronto-socorro


‘Inicialmente previsto para terminar em junho, o programa ‘E-24’ ficará no ar pelo menos até setembro e pode ser esticado até o final do ano.


O reality show gravado em prontos-socorros é hoje a maior audiência da Band, sem considerar o futebol e o ‘Brasil Urgente’, eventualmente.


Segundo Diego Barredo, gerente no Brasil da Cuatro Cabezas, produtora argentina que detém o formato do programa e de ‘CQC’, ‘E-24’ teria 13 episódios em 2009. Mas esse número já foi ampliado para 25. ‘Diante dos resultados de audiência, podem ser mais episódios até o fim do ano’, afirma.


Para dar conta da demanda, a produção do ‘E-24’ ampliou o leque de prontos-socorros de três para seis, todos do Estado de São Paulo. E conseguiu fechar com o governo estadual para gravar também no Hospital das Clínicas (na região central), o maior complexo hospitalar da América Latina, com quatro prontos-socorros.


‘Cada hospital tem suas particularidades. O Hospital das Clínicas é importante para nós porque por ali passa de tudo, há muita diversidade. Estamos buscando novas histórias’, afirma Barredo. Além do número de hospitais, o ‘E-24’ aumentou de uma para três as unidades do Corpo de Bombeiros ‘conveniadas’.


O programa mostra cenas fortes de resgates de acidentes e de atendimentos em prontos-socorros..


HUMORÍSTICO 1


O ‘Mais Você’ está virando um programa humorístico. A última de Ana Maria Braga, de ontem, foi uma gafe geográfica. Ela entrevistava Marcos Losekann, correspondente da Globo em Londres, que está lançando seu terceiro livro, e perguntou sobre o próximo.


HUMORÍSTICO 2


‘Estou pensando em escrever algo sobre o período em que vivi no Oriente Médio, alguma coisa relacionada à Faixa de Gaza’, respondeu o jornalista. Ana Maria nem o deixou concluir: ‘Você tem visto a novela?’. ‘Caminho das Índias?’, respondeu Losekann.


HUMORÍSTICO 3


A apresentadora ainda quis saber se Losekann acrescentaria algo ao que está sendo contado por Glória Perez.


SEM LIMITE 1


A nova edição de ‘No Limite’ terá edições ao vivo, aos domingos, quando serão eliminados participantes, evitando vazamentos pela imprensa. A Globo estuda fazer as eliminações com voto do público. Antes, quem eliminava eram os membros das equipes perdedoras.


SEM LIMITE 2


A estreia de ‘No Limite’ pode ser antecipada para agosto. A Globo está preocupada com as audiências do ‘Fantástico’. O reality show, mesmo indo ao ar depois, poderia turbinar a revista eletrônica semanal.


OLHA O NÍVEL


No ‘Superpop’ de anteontem, Luciana Gimenez pediu para Renata Banhara, que tentava se equilibrar em um monociclo, deixar a ‘perereca’ livre e segurar no ‘pau’.’


 


 


Vinicius Abbate


Filme exibe o submundo de Londres


‘Histórias de violência que aconteceram nos subterrâneos de Londres estão no especial que o canal pago The History Channel apresenta no sábado, às 22h. ‘Londres – Cidade Sangrenta’ faz parte da série ‘Cidades Ocultas’, que aborda o lado negro de grandes metrópoles turísticas.


O documentário conta que, entre os séculos 16 e 17, túneis foram escavados em várias partes da Inglaterra para servir de proteção à população contra invasões externas, doenças e incêndios. No entanto, a 80 quilômetros da capital inglesa, na região de West Wycombe, uma sociedade secreta chamada Hellfire Club passou a frequentar os túneis para praticar rituais satânicos, além de orgias, jogos e prostituição.


Era 1774, as cerimônias eram organizadas por Francis Dashwood, o fundador do clube, e frequentadas por membros do governo e da elite britânica, segundo a série.


A parte mais interessante fica por conta do final, quando o documentário fala sobre o lendário Jack, O Estripador, que aterrorizou a população da cidade em 1888, ao matar ao menos cinco mulheres. Conta-se que o assassino atacava suas vítimas e fugia pelas galerias da região de Whitechapel, no subúrbio londrino.


LONDRES: CIDADE SANGRENTA


Quando: sábado, às 22h


Onde: The History Channel


Classificação: não indicado para menores de 14 anos’


 


 


 


************


O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 28 de maio de 2009


 


VAZAMENTO
Fausto Macedo


Juízes federais veem ‘censura’ em resolução


‘Juízes federais revelaram ontem apreensão diante de resolução do Conselho da Justiça Federal (CJF), que os proíbe de divulgar ‘informações contidas em processos de publicidade restrita a terceiros ou à imprensa’. Eles alegam que a regra constitucional garante transparência, ressalvados os dados sobre os quais se impõe o sigilo legal – interceptação telefônica, movimentação bancária e declarações fiscais.


A resolução foi decidida por unanimidade na sessão de sexta-feira do CJF, formado por 5 ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e pelos presidentes dos 5 Tribunais Regionais Federais. A audiência foi presidida pelo presidente do STJ, César Asfor Rocha, sob relatoria do corregedor-geral da Justiça Federal, Hamilton Carvalhido.


A violação à norma implica instauração de processo disciplinar. Os juízes se dizem preocupados com a resolução, a qual batizaram de ‘medida de censura’. Argumentam que o texto abre caminho para enquadramentos de caráter administrativo dada sua abrangência. Eles invocam o artigo 792 das disposições gerais do Código de Processo Penal, que prevê que os atos processuais ‘são em regra públicos’. Muitos juízes seguem essa linha de conduta diante ‘do interesse público e do direito do cidadão à informação’. Quando divulgam o teor de suas decisões, eles têm excluído detalhes sigilosos, os quais mantêm sob proteção.


A proibição é extensiva a todos os servidores do Judiciário e à Polícia Federal, ‘autoridades policiais e seus agentes’. Segundo o CJF, o objetivo ‘é coibir abusos causados pela divulgação indevida de dados e aspectos da vida privada, constitucionalmente garantidos, de réus, investigados e indiciados, obtidos mediante a quebra de sigilo bancário, fiscal, telefônico ou de informática’.


A resolução estabelece ao juiz competente a decretação e levantamento da publicidade restrita dos processos. No caso de grampos, as gravações que não interessarem à prova ‘serão inutilizadas, mediante autorização judicial, requerimento do Ministério Público ou da parte interessada’.


‘O sigilo das informações é um problema que deve ser mais bem regulamentado’, defende Ricardo de Castro Nascimento, presidente da Associação dos Juízes Federais em São Paulo.’


 


 


VENEZUELA
AFP


Polícia retém Mario Vargas Llosa no aeroporto de Caracas


‘O escritor peruano Mario Vargas Llosa foi retido ontem durante uma hora e meia no aeroporto de Caracas e advertido por um funcionário da alfândega de que ‘como estrangeiro, não tinha direito de fazer declarações políticas na Venezuela’. Vargas Llosa tem criticado o presidente venezuelano, Hugo Chávez, em artigos escritos para o jornal italiano La Stampa e reproduzidos pelo Estado. Na segunda-feira, seu filho, o jornalista Álvaro Vargas Llosa, também crítico de Chávez, ficou retido por três horas enquanto seus documentos eram checados.


‘Eles revistaram minha bagagem e comprovaram que não trago nada de contrabando, nenhum material explosivo, nem subversivo, salvo alguns livros de poesias’, disse o escritor, que viajou para a Venezuela para participar de uma conferência sobre liberdade e democracia. ‘Não vim insultar Chávez, mas expor minhas ideias.’


O episódio ocorre em um momento em que o debate sobre a liberdade de expressão está tomando fôlego na Venezuela. Ontem, completaram-se dois anos que a emissora opositora RCTV saiu do ar porque Chávez rejeitou renovar sua licença.


Funcionários do setor de comunicações, atores e grupos opositores realizaram no fim da tarde de ontem uma manifestação em Caracas em apoio à RCTV, que agora transmite via cabo de Miami. Em debates, entrevistas e discursos, diversos venezuelanos também demonstraram seu repúdio às ameaças recentes de Chávez contra outra TV opositora – a Globovisión.


À tarde, o ministro de Comércio da Venezuela, Eduardo Samán, apresentou à promotoria provas de supostas irregularidades na compra de 24 veículos confiscados na sexta-feira numa das casas de Guillermo Zuloaga, dono da Globovisión. Zuloaga, que tem uma concessionária Toyota, diz que os carros foram adquiridos de forma regular e denuncia perseguição política.


‘O tema da liberdade de expressão está hoje mais vivo do que nunca.. O governo quer regular todas as formas de pensamento e ameaça a Globovisión para impedir críticas’, disse o diretor da RCTV, Marcel Granier. Em maio de 2007, o governo venezuelano recusou-se a renovar a licença da RCTV, que estava havia 53 anos no ar e era campeã de audiência. A justificativa foi a de que Granier teria participado do fracassado golpe contra Chávez em 2002. Na época, foram realizados protestos em toda a Venezuela em apoio à emissora.


Desde então, a Globovisión tem sido a única emissora opositora que ainda transmite na rede aberta – embora apenas para as três principais cidades do país. Mas, há três semanas, o chanceler Nicolás Maduro acusou a emissora de fazer ‘terrorismo midiático’ ao noticiar o terremoto que abalou Caracas no dia 4 sem consultar as autoridades venezuelanas.


Após o tremor, a Globovisión disse que sua intensidade foi de 5,4 graus, citando o Serviço Geológico dos EUA. Além disso, o diretor da TV, Alberto Ravell criticou a ‘reação lenta’ do governo. Segundo autoridades, por tais faltas a Globovisión pode ser multada ou obrigada interromper suas transmissões temporariamente. Na sexta-feira, a Organização dos Estados Americanos e o relator da ONU para a Liberdade de Opinião e Expressão, Frank La Rue, manifestaram preocupação pelas ameaças de Caracas aos meios de comunicação.


MORDAÇA


27 de maio de 2007 – Chávez se recusa a renovar a licença da TV opositora RCTV


11 de abril de 2009 – Globovisión é acusada de fazer ‘terrorismo midiático’


18 de abril de 2009 – Promotora sugere caçar licença de emissoras que ‘prejudiquem o Estado ou causem confusão’


22 de abril de 2009 – Polícia faz busca na casa do dono da Globovisión, Guillermo Zuloaga’


 


 


FREQUÊNCIA
O Estado de S. Paulo


TAM desvia 3 voos por causa de rádio pirata em SP


‘A TAM desviou três aviões de Congonhas por causa da frequência de uma rádio pirata, na noite de ontem. O voo JJ 3955, que partiu do Santos Dumont, no Rio, com 92 passageiros, desceu no Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, às 21h. Com cem passageiros, o voo JJ 3135 partiu de Vitória e pousou às 21h05 em Viracopos, Campinas. O terceiro voo, JJ 3764, partiu de Londrina com 83 passageiros e aterrissou em Campinas às 21h. Ontem, Ana Maria Lima, de 73 anos, estava internada no Hospital Alemão Oswaldo Cruz e deve ser operada hoje. Ela sofreu fraturas no fêmur e na coluna a bordo do voo JJ 8095, da TAM, que enfrentou turbulência na segunda-feira.’


 


 


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Bancada em reforma


‘Aproveitando as mudanças na bancada do seu principal noticiário – com a chegada de Ana Paula Padrão ao Jornal da Record – a Record está construindo novos estúdios para os seus jornalísticos. O espaço comportará o JR e um novo programa da rede, o Esporte Fantástico, concorrente direto do Esporte Espetacular, da Globo. Com os estúdios em reforma, os noticiários da rede estão sendo gravados utilizando cromaqui (recurso gráfico que permite a colagem de um fundo virtual).


Na obra, promovida nos estúdios dos jornalísticos da Record, na Barra Funda, estão programadas novas bancadas, seguindo um estilo mais clean, uma nova redação e até um mezanino que poderá aparecer atrás dos âncoras.


O resultado será visto em 40 dias, na estreia de Ana Paula no JR e do Esporte Fantástico, antes previsto para setembro e agora antecipado. O programa, alvo do assédio da Record sobre a turma do esporte de Globo, quer Milena Ceribelli como âncora.


Enquanto a reforma não acaba, a redação da Record se espreme em um canto que já ganhou vários apelidos: ‘bolo do Bixiga’, ‘call center de telefonia’ e ‘acampamento dos sem-terra’.’


 


 


 


************