Saturday, 27 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

A imprensa como bode expiatório

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.


O gás boliviano, a entrevista-bomba de Silvio Pereira e a Operação
Sanguessuga estão dominando as atenções da mídia, mas na sombra, quase às
escondidas, estão acontecendo coisas incríveis. Uma delas está sendo revelada em
primeira mão pelo site do Observatório: o presidente do Senado, Renan
Calheiros, empossou no dia 3 de maio o suplente do senador Delcídio Amaral,
Antônio João Hugo Rodrigues, do PTB. Isto é inconstitucional e ilegal, porque o
novo senador é dono de empresas de TV e rádio em Mato Grosso do Sul. Parlamentar
não pode ser concessionário de serviços públicos. Veja no site do
Observatório da Imprensa todos os detalhes desta aberração.


A imprensa virou o saco de pancadas preferido de políticos e governantes
quando pegos em flagrante delito. Como quarto poder, a função da imprensa é
fiscalizar os demais poderes e servir à sociedade, mas, entre nós, quando a
imprensa cumpre sua função social, paga por isso.


O ex-todo-poderoso José Dirceu bateu na imprensa quando esta revelou a
extensão do mensalão; Tarso Genro, então presidente do PT, bateu na imprensa
quando lhe faltaram outros argumentos para defender seu partido. Quando Severino
Cavalcanti já não conseguia explicar seu mensalinho, partiu para atacar a
imprensa.


O time de detradores da imprensa foi ampliado há 15 dias com a entrada em
campo do ex-governador Garotinho. O Globo desvendou as irregularidades no
financiamento da sua pré-candidatura, a Folha de S. Paulo foi ainda mais
longe, revelando que um dos seus financiadores era um assaltante, e a resposta
de Anthony Garotinho foi começar uma greve de fome como protesto pelo
comportamento da imprensa.


A dieta de Garotinho virou piada e alimenta os cartunistas há exatos 10 dias,
mas é preciso não esquecer que a carreira de muitos caudilhos populistas
latino-americanos começou exatamente assim: fazendo da imprensa o bode
expiatório.