Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Aula calorosa

Na sexta-feira, 19/3, na aula de Fotojornalismo, foram expostos diversos jornais: NY Times, El País, Clarín, Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, Diário de S.Paulo, Herald Tribune. Durante os exercícios sobre fotos e características, a aula foi parar em outro ponto: a ética e a manipulação. Com certeza foi uma das aulas mais calorosas deste começo de ano. Um verdadeiro bate-boca entre os 30 alunos da turma sobre posição de editores, críticas dos leitores e gosto dos consumidores das notícias. Gostaria que houvesse mais coisas desse tipo para abrir a cabeça do pessoal. Obrigado pela ajuda.

Ibrahim M. Cruz, estudante de Jornalismo, São Paulo



Não gostei de ver

Não gostei de ver cadáveres e pedaços humanos na Veja. Chocar não é informar, conscientizar ou formar opinião. Não acredito que deveriam apagar o pedaço de corpo, mas também devem existir milhares de fotos com o mesmo objetivo, de ilustrar destruição, sem o tal detalhe. Colocaram para chocar mesmo!

Carlos Antonio Costa Almeida, professor, São José dos Campos, SP



Repercussão negativa

Espero que a repercussão negativa do caso de manipulação de imagem digital feita pelos periódicos Jornal do Brasil e Diário de S. Paulo, que alteraram o conteúdo de uma imagem do atentado terrorista em Madri, registrada pelo fotógrafo espanhol Pablo Torres Guerrero no dia 11/3, sirva de exemplo para que novos casos de desrespeito aos leitores e aos colegas jornalistas não voltem a acontecer!

Alexandre Paulo, fotojornalista, Guarulhos, SP



Censura à espanhola

Matérias publicadas no site (www.rnw.nl), em português e espanhol, da Rádio Nederland Wereldomroep, a emissora pública internacional da Holanda. Continua vindo à tona a manipulação da mídia espanhola, nos três dias que anteciparam as eleições, após os atentados de Madri. O partido governista espanhol, o PP, tentou manipular a mídia num ato desesperado para garantir, nas urnas, a preferência que vinha registrando nas pesquisas e não perder as eleições do domingo, o que ocorreu.

Carlos Delgado, jornalista, Curitiba

Denúncias

Mais uma empresa jornalística denunciou que foi pressionada pelo governo espanhol durante a cobertura do ataque a bomba em Madri, na quinta-feira passada, que causou a morte de 201 pessoas. Dessa vez quem denunciou o escândalo da censura e parcialidade forçada, envolvendo o derrotado Partido Popular foi o jornal catalão El Periodico. O jornal denunciou que o primeiro-ministro José María Aznar ligou duas vezes, antes das eleições, para seu editor para convencê-lo de que os autores dos ataques eram militantes bascos e não islâmicos.

Educadamente

Segundo o editor Antônio Franco, ‘em duas ocasiões, Aznar (…) educadamente me preveniu que não me enganasse. A ETA era a responsável’. Aznar confirmou, na sexta-feira, durante uma entrevista coletiva, que telefonou para vários jornais para explicar o ponto de vista do governo, e na segunda-feira o ministro do Interior, Angel Acebes, defendeu o modo como o governo informou o público sobre os ataques.

O jornal El País, o principal da Espanha, publicou que recebeu ligações de Aznar colocando a culpa dos atentados na ETA, e funcionários da agência de notícias estatal EFE acusaram, na segunda-feira, o editor-chefe de censurar informações importantes. Pesquisas feitas antes da eleição mostravam que a política linha dura do PP contra o ETA, grupo separatista basco com um histórico de atentados a bomba, tinha o apoio da população e favorecia sua manutenção no poder. O a apoio espanhol à Guerra do Iraque, porém, provocou protestos de milhões de pessoas no ano passado. E, novamente, milhares foram às ruas na noite de sábado para exigir ‘a verdade’ sobre os ataques.

Manipulação

Nos primeiros momentos após as explosões das bombas nos trens madrilenhos, o governo espanhol acusou diretamente os separatistas da ETA. Em seguida, disse que considerava todas as possibilidades, mas tentou torpedear as informações sobre indícios de que a autoria do atentado era da organização extremista al-Qaida, para punir o governo espanhol, que apoiou os ataques dos Estados Unidos ao Iraque. Apesar da manipulação e da censura clara, o povo deu o troco nas urnas, derrubando do poder o governo conservador do PP. Governo posto, sem censura, as provas de que a al-Qaida pode ter sido culpada por este maior ataque à Europa dos últimos 15 anos estão se juntando. Prisões de suspeitos e um alerta recebido pelo governo, de que a organização muçulmana extremista ia atacar a Espanha, são peças do quebra-cabeça que começam a se juntar para provar o que a censura tentou evitar.