Friday, 03 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Jornalista inglês sofre longo boicote da Fifa

Ser um repórter investigativo eficiente pode sair caro. O jornalista britânico Andrew Jennings que o diga. Autor de livros sobre corrupção no esporte e responsável por denunciar irregularidades do meio, Jennings sofre há três anos boicote da Federação Internacional de Futebol (Fifa).


O profissional começou a sofrer restrições depois da divulgação de matérias de jornal e televisão sobre casos de suborno, corrupção e segredos envolvendo a organização. Jennings passou a ser barrado de coletivas de imprensa, não ser recebido para entrevistas e receber cartas ameaçadoras.


‘A experiência com Jennings ilustra o quão difícil se torna a vida de jornalistas investigativos quando instituições poderosas dão a impressão de que estão acima de qualquer crítica’, afirma Aidan White, secretário-geral da Federação Internacional de Jornalistas [26/9/06]. Em carta ao presidente da Fifa, Joseph Blatter, a FIJ defende que a organização deveria respeitar seus princípios de abertura e transparência e cooperar com Jennings e outros jornalistas investigativos.


Problema antigo


O caso, diz a Federação, reflete um antigo problema de hostilidade institucional enfrentado por jornalistas que cobrem o mundo dos esportes. Por quase 20 anos, o meio tem sido atingido por escândalos envolvendo doping, acordos financeiros escusos e denúncias de suborno. O próprio Jennings é co-autor de um livro que ataca o Comitê Olímpico Internacional e seu então presidente Juan Antonio Samaranch.


‘O estilo de reportagem agressivo e independente [de Jennings] trouxe à tona verdades duras que, ainda que desagradáveis a alguns, contribuem para um importante debate público sobre a necessidade de reforma e mudança’, afirma White. ‘O mundo dos esportes tem que se tornar mais consciente de suas responsabilidades públicas. A Fifa pode abrir caminho terminando este boicote e respondendo a questões legítimas com honestidade e por inteiro’.