Monday, 06 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Números bons, ma non troppo

O Estado de S.Paulo divulga na edição de terça-feira (27/7) relatório do Instituto Verificador de Circulação (IVC) segundo o qual a circulação dos jornais brasileiros aumentou 2% no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2009.


Tanto o IVC como o jornal comemoram o fato, que confirma o processo de recuperação do setor observado no último trimestre do ano passado. Entre janeiro e junho de 2010, foram distribuídos 4.255.893 exemplares de jornais por dia. Segundo a direção do Instituto Verificador de Circulação, os números poderiam ser ainda melhores, mas a venda avulsa caiu durante a Copa do Mundo.


Como o mesmo fenômeno havia sido registrado em junho de 2006, os analistas consideram que, ao contrário do que era de se esperar, o campeonato mundial de futebol prejudica a venda avulsa de jornais.


O levantamento leva em conta 94 diários de todo o Brasil filiados ao IVC, e o Estadão não discrimina os números por região ou por tipos de jornal, o que dificulta o entendimento do resultado.


Dados refinados


A despeito do caráter festivo do anúncio, o desempenho do primeiro semestre ainda não é suficiente para cobrir as perdas ocorridas após a crise financeira de 2008. Na contagem de 2009, com 101 títulos, a circulação média diária chegou a 4.200.743 exemplares, representando uma queda de 3,5% em relação ao ano anterior.


Antes da crise, o setor vinha se recuperando rapidamente após quase uma década de problemas, graças ao crescimento econômico do país e à ascensão da nova classe média, que estimulou o lançamento de mais títulos destinados às classes de renda C e D.


Mas há outros aspectos do mercado que o relato do Estadão não esclarece. Por exemplo, o novo peso dos chamados ‘populares’, que se multiplicam em todas as capitais, com preço de capa equivalente a um quinto do custo de um jornal tradicional.


Sem esses dados, fica difícil fazer afirmações sobre a recuperação da influência dos jornais diários e de seu valor como mídia. Há uma grande diferença, por exemplo, entre o Estado de S.Paulo e o jornal Agora, título do Grupo Folha destinado às classes C e D.


Sem esses dados, o relatório do IVC é apenas uma curiosidade.