Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

O que a imprensa pode fazer pela paz

A carnificina de domingo (30/7) em Qana, sul do Líbano, pela aviação israelense, desvenda uma realidade que precisamos encarar: estamos na Era da Informação mas longe, muito longe da Era do Esclarecimento. Cada vez mais informados e cada vez menos impregnados pela humanização da informação.


Ontem, domingo, no jornal israelense de maior prestígio, o Haaretz, o jornalista Gideon Levy escreveu um violento libelo contra o seu governo, contra as lideranças políticas, contra os generais e contra a esquerda que ainda não conseguiu despertar da letargia. O título foi ‘Dias de escuridão’. Não poderia ser mais apropriado porque apesar de bombardeados pela informação vivemos às escuras.


Falta empenho


Em 58 anos foram cinco guerras formais, o massacre de Sabra e Chatila, duas Intifadas e horrorosos atentados terroristas. O pior é que apesar de tanta informação, os moderados de todos os lados não conseguem impor-se aos radicais. Alguma coisa está errada nesta engrenagem informativa. Ou no conteúdo do que ela produz.


A CNN ficou no domingo o dia inteiro acompanhando os debates do Conselho de Segurança e o dramático apelo do secretário-geral da ONU, Kofi Anan, para o fim das hostilidades foi repetido integralmente diversas vezes. Obteve-se alguma coisa, mas ainda é pouco.


Está faltando na imprensa, ao contrário do que aconteceu na Guerra do Vietnã com a mídia americana, um empenho para acabar com a guerra. Agora este empenho precisa manifestar-se dos dois lados.


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Intelectuais de origem libanesa no Brasil descrevem o seu luto


Lourival Sant´Anna # copyright O Estado de S.Paulo, 30/7/2006


No dia 26 de março de 1876, o paquete Hevelius, escoltado pela corveta Trajano, zarpou da Baía da Guanabara, levando o imperador Pedro II e a imperatriz Teresa Cristina. Começava ali um giro de 18 meses por três continentes, destinado a saciar a curiosidade do imperador e a arrancá-lo do visível torpor que os assuntos domésticos lhe causavam. O périplo imperial por dezenas de cidades incluiu, em novembro de 1876, entre a Grécia e a Palestina, passeio de uma semana por Beirute, pelas ruínas romanas de Baalbek e por Damasco.


Ali, observa Roberto Khatlab, pesquisador brasileiro radicado no Líbano, o imperador ‘divulgou o Brasil’. Tinha início, segundo a história oficial, a imigração libanesa no Brasil, que este ano completa 130 anos – embora haja registros de que os ‘turcos’ daquelas paragens, chamados assim porque portavam o passaporte do Império Otomano, de cuja opressão aliás fugiam, tenham chegado pelo menos desde meados do século 18.


Hoje, quantitativamente falando, o Brasil é mais libanês que o Líbano: são 6 milhões de libaneses e descendentes aqui – dos quais 2 milhões na cidade de São Paulo –, para 3,8 milhões lá. É uma comunhão de destinos insólita. À primeira vista, Líbano e Brasil não têm nada a ver um com o outro. O Líbano é um mosaico de civilizações milenares – fenícios, assírios, armênios, gregos, caldeus –, sobre cuja base se assentaram identidades étnicas e religiosas mais recentes: árabes maronitas, melequitas, ortodoxos, coptas, sunitas, xiitas e drusos. Tudo isso condensado em exíguos 10.230 quilômetros quadrados (metade da área de Sergipe, o menor Estado do Brasil).


A diversidade é o ponto em comum entre os dois países. Mas a do Líbano é estática, com seus casamentos no interior dos grupos religiosos – freqüentemente no interior das famílias –, e com a identidade social e política fortemente delimitada no Estado confessional. ‘Chu dinak?’ (‘o que você é?’) é uma pergunta freqüente nas primeiras apresentações, e ela se refere ao pertencimento religioso. Mas isso explica mais do que contradiz a adesão dos libaneses ao Brasil: aqui, eles puderam ser o que quisessem quando quisessem, liberando-se da identidade sufocante e ao mesmo tempo mantendo os laços com a ‘terrinha’, na medida do seu desejo.


Pesadelo


No balanço entre distância e proximidade, negação e afirmação, no momento, o Líbano dói na carne. Vista daqui do Brasil, a destruição do país recém-reconstruído causa perplexidade, indignação e luto nos intelectuais brasileiros de origem libanesa. ‘É uma sucessão de pesadelos, que estão além do sentimento humano, porque não é humano’, tenta definir o escritor Milton Hatoum. ‘O luto é um sentimento mais profundo que a revolta. Não consigo assistir TV. Não tenho mais cabeça para isso.’


Seu romance Dois Irmãos foi lançado no Líbano há dois anos. O escritor libanês Elias Khoury, amigo de Hatoum, falava em promover um debate com a participação dele no ano que vem em Beirute. ‘Mas não sei se no ano que vem vai ter Beirute’, diz Hatoum, de 53 anos. ‘A literatura virou uma coisa fútil diante de tanta destruição. As pessoas estão morrendo.’


Seu pai, Hassan, muçulmano xiita do bairro de Borj el-Brajney (sul de Beirute), veio para o Acre nos anos 30, instalou-se depois como comerciante em Manaus, casou-se com uma brasileira católica e ‘levou-a durante 50 anos à missa de domingo’. Hassan morreu em 1998. ‘Ainda bem, porque ele não agüentaria ver isso’, estima Hatoum. ‘É muito sofrimento.’


Já o pai de Salem Nasser, Hikmat, está agora mesmo em Kilia, a aldeia da família, também xiita, na beira do Rio Litani, a ‘dez minutos’ (bem-vindo às distâncias libanesas) de onde começa a área que os israelenses mandaram evacuar. ‘Por proximidade geográfica e convicções, é o sul do Líbano’, situa Salem, referindo-se às simpatias para com o Hezbollah.


Hikmat, de 77 anos, que mora em Foz do Iguaçu, chegou à aldeia há dois meses, depois que sua mãe morreu. Em Kilia se escutam os bombardeios dia e noite, e as estradas que levam à aldeia foram destruídas. Uma irmã, primos e tios de Salem fugiram de lá, mas seu pai decidiu ficar. ‘É uma tensão permanente. Falo com ele praticamente todos os dias’, conta Salem, 39 anos, professor de direito internacional da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo. Segundo seu pai, ‘o moral está alto’.


‘A sensação generalizada de boa parte da população libanesa e de muitas mentes e corações árabes e muçulmanos é a de que essa seria a batalha decisiva, em que alguém se contrapusesse a esse poder imbatível’, observa Salem, que acompanha os canais de televisão e jornais libaneses e árabes. O que se espera não é uma vitória militar. ‘As pessoas parecem dispostas a esse sacrifício, orgulham-se do fato de que estão conseguindo resistir, achando que algum tipo de vitória moral é possível, e que essa é uma luta honrada. Acham que a história se escreve assim.’


Há visões mais pessimistas. ‘O mais doloroso é que isso não vai resultar em nada de positivo’, lamenta Mamede Mustafá Jarouche, tradutor das Mil e Uma Noites, que, como muitos árabes em todo o mundo, também tem ficado ‘muito vidrado’ nos canais de TV árabes.


Jarouche, professor na Universidade de São Paulo, está ajudando na organização da Feira Internacional do Livro de Fortaleza, de 18 a 28 deste mês, cujo tema será exatamente o que ele ensina: a literatura árabe. Ele havia acertado a presença, na feira, da escritora argelina Fadhila al-Farouk, que mora em Beirute. ‘Ela está apavorada, e não vem mais’, conta Jarouche, que convidou em seu lugar a professora Amina Ghosn, da Universidade Americana de Beirute, que optou por sair do Líbano via Chipre. ‘Amina descreveu a situação como `apocalíptica´’, relata Jarouche. ‘Não dá para ser otimista.’


‘Estou me sentindo violentado’, explica o tradutor. Seu pai, de 70 anos, chegou do Líbano (via Turquia) na terça-feira, num avião da Força Aérea Brasileira. Havia 30 anos que ele não visitava a terra natal, que deixou em 1976. Estava havia uma semana em seu vilarejo de Sultan Yacoub, no Vale do Bekaa, quando começou o bombardeio. Por causa das bombas que continuaram caindo, mal pôde enterrar o amigo Dib Barakat, cuja fábrica de madeira foi identificada como alvo pelos pilotos israelenses.


‘Meu pai está arrasado’, resume Jarouche. Mas também comovido com o seu resgate: ‘Ele diz que a vida dele foi salva por ele ser brasileiro. O Brasil é maravilhoso.’ Jarouche, de 43 anos, conta que estudou num colégio em Osasco em que ‘praticamente todo mundo era de origem estrangeira: italianos, alemães, russos, japoneses, espanhóis, portugueses’. Ele se encontrou recentemente com os colegas de infância e todos tiraram passaporte desses países. ‘O único que não tem outro passaporte sou eu’, diz ele. ‘Ser árabe te torna mais dependente do Brasil.’


Amor


Cada família libanesa no Brasil tem uma história para explicar seu caso de amor pelo Brasil. A do geógrafo Aziz Ab´Sáber, um dos mais proeminentes do País, é assim: em 1911, sua avó, inquieta com a demora do marido Chaim, que estava permanecendo além da conta em São Luís do Paraitinga (Vale do Paraíba, SP), incumbiu o futuro pai de Aziz, Nacibinho, então com 15 anos, de ir no encalço do pai fujão.


Nacibinho partiu da pacata Kafara Homei, no Vale do Bekaa, pegou navio, atravessou o Mediterrâneo e o Atlântico, desembarcou no Rio, e, com ajuda de ‘moças árabes que identificou pelos olhos’, conseguiu subir num trem para Taubaté e de lá chegar finalmente a São Luís. Onde encontrou o velho Chaim Ab´Sáber e o arrastou de volta. ‘Meu pai ficou famoso na aldeia por essa odisséia’, diverte-se o geógrafo. O avô Chaim chegou contando maravilhas do Brasil, uma terra livre da dominação otomana e do conflito religioso. Um país só católico – o mesmo rito dos maronitas libaneses.


Pouco mais de um ano depois, Nacibinho andava no mercado de Beirute com a mãe quando um terrorista druso encostou um revólver em sua testa e perguntou ao parceiro: ‘É mais um cristão que morre?’ O outro respondeu: ‘Não tenho certeza.’ Decidiram poupá-lo. O trauma fez a avó de Aziz mandar seu pai, Nacib, emigrar para o Brasil: ‘Isto não é terra para se viver.’ Nacib instalou-se em São Paulo, onde trabalhou como marceneiro, e ganhou o apelido de Turquinho.


Depois voltou para São Luís do Paraitinga, onde se casou com ‘uma magnífica e brava caipira’ chamada Juventina Maria Iunes de Jesus. Mas não perdeu o hábito de reconhecer moças árabes pelo olhar. Um dia, estavam numa lojinha de lembranças em Aparecida do Norte, quando Nacib entabulou animada conversa, em árabe, com a vendedora. Aquilo enfureceu Juventina, que a partir de então proibiu o marido de falar árabe. ‘É por isso que não sei uma palavra de árabe’, explica Aziz.


A 1ª Guerra Mundial, somada à gripe espanhola, dizimaria a família Ab´Sáber em Kafara Homei. ‘Não sobrou ninguém da família do meu pai’, conta Aziz. ‘Fico muito satisfeito que o Brasil seja uma terra tão boa quanto minha avó disse’, conclui hoje o geógrafo, aos 82 anos. ‘Fico desesperado com a destruição do pequeno Líbano. É doloroso demais.’ [Lourival Sant´Anna é repórter do Estado de S.Paulo]


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O Oriente Médio é um problema europeu


Timothy Garton Ash # copyright O Estado de S.Paulo, 30/7/2006


Quando e onde esta guerra começou? Pouco depois das nove horas da manhã (hora local) da quarta-feira, 12 de julho, quando militantes do Hezbollah capturaram Ehud Goldwasser e Eldad Regev – reservistas israelenses no último dia de seu turno de serviço – numa ação cruzando a fronteira no norte de Israel? Na sexta-feira, 9 de junho, quando projéteis israelenses mataram pelo menos sete civis palestinos numa praia na Faixa de Gaza? Em janeiro, quando o Hamas venceu as eleições parlamentares palestinas, num triunfo incômodo para uma política americana de apoiar a democratização? Em 1982, quando Israel invadiu o Líbano? Em 1979, com a revolução islâmica no Irã? Em 1948, com a criação do Estado de Israel? Ou que tal a Rússia na primavera de 1881?


Perguntas simples requerem respostas tão complicadas. Mesmo se os fatos básicos são consensuais, cada termo é disputado: militantes, soldados ou terroristas? Apanhados, capturados ou seqüestrados? Cada seleção de fatos implica uma interpretação. E, em histórias tortuosas como esta, cada horror será explicado ou justificado com referência a algum horror precedente:




De tirania em tirania à guerra


De dinastia em dinastia ao ódio


De vilania em vilania à morte


De política em política ao túmulo


… ‘A canção é sua. Arranjem-na como quiserem’, escreve o poeta James Fenton em sua Balada do Imã e do Xá.


Contudo, observando as respostas européias ao atual conflito, quero insistir no direito da Europa de estar entre suas primeiras causas. Os pogroms russos de 1881; a turba francesa entoando ‘à bas les juifs’ enquanto o capitão Dreyfus era despojado de suas dragonas na École Militaire; o anti-semitismo pestilento da Áustria por volta de 1900, que moldou o jovem Adolf Hitler; todo o caminho até o Holocausto dos judeus europeus e as ondas de anti-semitismo que convulsionaram parte da Europa logo depois dele.


Foi essa história de rejeição européia cada vez mais radical, das décadas de 1880 a 1940, que gerou a força motriz do sionismo político, a emigração judaica para a Palestina e a criação do Estado de Israel.


Lar


‘O que me tornou um sionista foi o caso Dreyfus’, disse Theodor Herzl, o pai do sionismo moderno. Se a Europa decidiu que cada nação deveria ter seu próprio Estado – o que significa que não aceitaria nem mesmo judeus emancipados como membros plenos da nação francesa ou alemã – e finalmente se tornou o cenário da tentativa de extermínio de toda a comunidade judaica, então os judeus precisavam ter seu próprio lar nacional em algum outro lugar. Lar – numa definição amada por Isaiah Berlin – é o lugar onde, se você precisar ir para lá, eles têm que recebê-lo.


E os judeus jamais iriam novamente como ovelhas para o matadouro. Como israelenses, eles lutariam pela vida de cada simples semelhante judeu. Os estereótipos do século 19 de Helden alemão e H‰ndler judeu foram invertidos. Os alemães, e com eles a maioria dos burgueses europeus de hoje, se tornaram os eternos mercadores; os judeus, em Israel, os eternos guerreiros.


Evidentemente, este é apenas um fio naquela que talvez seja a mais complicada tapeçaria política do mundo; mas ele é muito importante. Não creio que algum europeu devesse falar ou escrever sobre o atual conflito no Oriente Médio sem mostrar alguma consciência sobre a nossa própria responsabilidade histórica.


Receio que alguns europeus de hoje assim falem e escrevam; e não quero me referir com isso apenas aos alemães de extrema direita que marcharam pela cidade de Verden, na Baixa Saxônia, no sábado retrasado, agitando bandeiras iranianas e entoando ‘Israel – centro genocida internacional’. Refiro-me também a pessoas pensantes da esquerda, contribuintes de blogs e fóruns de discussão do Guardian e outros afins. Enquanto criticamos a maneira como os militares israelenses estão matando civis libaneses e observadores da ONU em nome de resgatar Ehud Goldwasser (e destruir a infra-estrutura militar do Hezbollah), devemos nos lembrar de que tudo isso quase certamente não estaria acontecendo se alguns europeus não tivessem tentado, algumas décadas atrás, remover qualquer um que se chamasse Goldwasser da face da Europa – se não da Terra.


Serei muito claro sobre o que quero dizer. Não decorre dessa terrível história européia que os europeus devam mostrar uma solidariedade acrítica ante tudo que o atual governo de Israel resolva fazer, por mais violento e imprudente que seja. Ao contrário, o verdadeiro amigo é o que se manifesta quando você está cometendo um erro. Não decorre daí que devamos assinar em baixo das mais recentes simplificações perigosas sobre uma ‘terceira guerra mundial’ contra ‘uma aliança terrorista Irã-Síria-Hezbollah-Hamas’ (segundo o político republicano americano Newt Gringrich) ou um ‘movimento totalitário contínuo’ do islamismo político (segundo o parlamentar conservador britânico e jornalista Michael Gove).


Não decorre daí que todo europeu que critique Israel seja um anti-semita disfarçado, como alguns comentaristas nos Estados Unidos tentam deixar implícito. E certamente não decorre daí que nós deveríamos ficar menos atentos ao sofrimento dos árabes, incluindo aí os árabes palestinos que fugiram ou foram expulsos de seus lares quando da fundação do Estado de Israel, e seus descendentes que cresceram em acampamentos de refugiados. A vida de cada simples libanês morto ou ferido por bombardeio israelense vale exatamente o mesmo que a de cada israelense morto ou ferido por ataques com foguetes do Hezbollah.


Decorre daí que os europeus tenham uma obrigação especial de se envolver na tentativa de assegurar um acordo de paz em que o Estado de Israel possa viver dentro de fronteiras seguras ao lado de um Estado palestino viável? Creio que sim. Evidentemente, como os europeus afetaram de uma maneira ou de outra quase todo canto da Terra, um argumento histórico desses poderia, em teoria, nos levar a toda parte – o legado do imperialismo europeu proporcionando uma desculpa moral universal para o neo-imperialismo europeu. Mas a história dos judeus expulsos de seus lares europeus e, por sua vez, expulsando árabes palestinos de sua terra natal é única.


Mesmo que não se aceite esse argumento de responsabilidade moral e histórica, os interesses vitais da Europa estão absolutamente em jogo: petróleo, proliferação nuclear e a reação potencial entre nossas minorias muçulmanas alienadas, para citar apenas três.


Não é tão claro qual deveria ser esse envolvimento. Uma proposta é a de forças européias participarem de uma força multinacional da paz no sul do Líbano, mas isso só faz sentido se forem estabelecidos parâmetros realistas para uma missão clara, factível e finita.


Chave


Isso ainda não está à vista. Mesmo um cessar-fogo ainda não está à vista. A conferência de Roma se encerrou na quarta-feira mal conseguindo disfarçar a clara diferença entre os EUA e Israel, de um lado, e a maior parte do restante do mundo, incluindo a União Européia e a ONU, do outro, sobre como se pode chegar a um cessar-fogo.


A verdade é que agora, mais do que nunca, a chave diplomática repousa no engajamento pleno dos EUA, usando sua influência única sobre Israel e negociando o mais diretamente possível com todos os participantes do conflito, por mais indigesto que seja. Até que isso aconteça, a Europa sozinha pouco poderá fazer.


Entretanto, a questão aqui não é apenas mudar as realidades no Oriente Médio. A maneira como os europeus falam e escrevem sobre a posição dos judeus na região à qual os europeus os impeliram é também uma questão de nossa própria autodefinição. Nós deveríamos pesar cada palavra. [Timothy Garton Ash é historiador britânico; tradução de Celso Mauro Paciornik]