Saturday, 27 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Reunião da SIP critica atuação de Chávez

Sobraram críticas ao presidente venezuelano Hugo Chávez na reunião da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), realizada em Caracas no fim de semana. Executivos de mídia de diversos países americanos acusaram o líder de ameaçar a liberdade de imprensa na Venezuela ao usar ‘ataques e intimidação’ para restringir as críticas a seu governo.

Delegados da organização citaram as ameaças do presidente de fechar a Globovision, um dos únicos canais de TV que permanece crítico às políticas governamentais, e o acusaram de suprimir o acesso da mídia independente a informações oficiais e a fontes do governo. Muitas emissoras venezuelana moderaram o tom crítico a Chávez depois que o presidente não renovou a licença de funcionamento do canal RCTV, que hoje funciona na TV fechada.

Do lado de fora do hotel que abrigava a reunião, centenas de manifestantes pró-Chávez chamavam os delegados de ‘fascistas’ e ‘mentirosos’ em uma manifestação pacífica. ‘Se não houvesse liberdade de expressão na Venezuela, estes terroristas da informação não estariam aqui’, afirmava a universitária Lucia Rios, uma das manifestantes. Curiosamente, aliados de Chávez participavam de uma reunião organizada pelo governo – chamada de ‘Encontro Latino Americano contra o Terrorismo na Mídia’ – a apenas alguns quarteirões.

Campanha

Em um discurso na sexta-feira (28/3), Chávez denunciou o que classificou de ‘campanha de manipulação da mídia’ contra o governo. Sobre a Globovision, o presidente afirmou que ‘o cano de esgoto deve ser deixado aberto’ para mostrar que a liberdade de imprensa é total na Venezuela. Palestrantes no encontro governamental refutaram as acusações feitas pela SIP. Para Marcos Hernandez, líder de um grupo pró-governo chamado Jornalistas pela Verdade, os executivos de jornais ‘transformaram a mídia em uma ferramenta política’ que ataca constantemente o presidente. ‘O jornalismo está em risco na Venezuela porque a população não acredita na mídia’, completou.

O jornalista Earl Maucker, presidente da SIP, negou que a organização, com sede em Miami, esteja fazendo algum tipo de campanha contra o país. Segundo ele, até os EUA foram criticados na reunião – especialmente por casos de repórteres ameaçados de prisão por não revelar suas fontes confidenciais à justiça. A Colômbia foi criticada por ameaças sofridas recentemente por cerca de 30 jornalistas; sobre Cuba, foi considerada ‘uma vergonha’ para o continente a prisão de 25 profissionais de imprensa. Informações de Jorge Rueda [AP, 29/3/08].