Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

A energia que vem do campo

Não demora muito e a família Bush vai trocar seus negócios petrolíferos no Texas por um exuberante canavial. Pelo menos este foi o conselho de Alan Greenspan, presidente do Federal Reserve, o banco central americano. Na semana passada, Greenspan advertiu que os preços futuros do petróleo e do gás natural colocaram os mercados de energia num nível de pressão sem precedentes, no espaço de uma geração. E recomendou a Bush que expanda a exploração de fontes energéticas. Segundo o presidente do Fed, é de fundamental importância que os 200 milhões de automóveis dos EUA tenham motores mais econômicos. A frota americana consome 11% da produção mundial de petróleo.

Este também é o discurso do FMI, que previu em seu relatório ‘Perspectivas da Economia Mundial’ um choque do petróleo permanente. ‘Os próximos anos serão marcados por preços altos e voláteis, pondo em risco a economia mundial’, advertiu o economista-chefe, Rhaguram Rajan.

Os jornais brasileiros passaram batido e não conseguiram avaliar a contento essas duas advertências seriíssimas – reflexo, aliás, de uma postura distante de um assunto que há muito deveria estar em pauta, já que é de evidente interesse público: o enorme potencial energético do agronegócio canavieiro.

Nesta área, o Brasil está no caminho certo. É só os usineiros não repetiram os erros do passado, que prejudicaram a sociedade e o próprio negócio. Agora o cenário é outro: em 2004 foram vendidos no mercado interno 380 mil veículos flex fuel. E há estudos mostrando que as vendas do carro bicombustível pode atingir 6,2 milhões de unidades/ano em 2010.

Recursos renováveis

Eduardo Carvalho, presidente da Única (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo), o fórum dos usineiros, tem argumentos que apontam para o fim do mercado da gasolina. ‘O destino do Brasil é a agricultura energética. E neste campo somos imbatíveis, não apenas no álcool como nas várias formas de biodiesel’, diz.

Ano passado o Brasil exportou 2,6 bilhões de litros de álcool, quase três vezes mais do que em 2003. Em 2010, segundo projeções da Única, o país exportará 23 bilhões de litros. Energia limpa e renovável que vem do campo.

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Editor do AgroPauta e da revista Agroanalysis