Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

A osteoporose da educação

Sou um dos muitos passageiros do metrô de São Paulo que folheiam o MetrôNews, publicação distribuída gratuitamente à entrada das estações, de segunda a sexta-feira.

E na edição do dia 24 de fevereiro (nº 4771), deparo, na ilustre página 2, com um artigo do secretário municipal da Educação, Dr. José Aristodemo Pinotti. Imaginei que o título escolhido pelo ex-reitor da Unicamp – ‘Osteoporose’ – seria uma metáfora relacionada à educação… Li o texto até o fim e, para minha surpresa, a questão era osteoporose mesmo!

Compreendo o quanto seja urgente esclarecer a população a respeito dos males causados por essa doença. Foi interessante aprender que uma boa forma de preveni-la é alimentar-se de leite, queijo, requeijão, sardinha e verduras verde-escuro… mas não teria sido aquele espaço (duas colunas!) mais bem aproveitado se fosse tratada a fragilidade da educação? Não recebeu o ginecologista, do prefeito José Serra, a missão de cuidar da saúde não menos ameaçada de nossas escolas?

Espaço de diálogo

A menos que os problemas da educação no município de São Paulo estejam solucionados, poderíamos discutir todas as patologias que quiséssemos, com a inestimável ajuda, é claro, do nosso secretário da Saúde, Dr. Claudio Luiz Lottenberg.

Contudo, osso duro de roer mesmo, e a respeito desse osso quero mais detalhes, é saber como aproveitar os 21 prédios que abrigam os CEUs (centros educacionais unificados), que, segundo o próprio secretário, foram mal construídos e necessitam de reformas. Outro tema: as ‘escolas metálicas’, que, no verão, podem derreter os ossos e a alma de nossos alunos e professores! Já nos livramos delas? Sim ou não?

Ah, os professores… os que enfrentam os ossos do ofício. Teremos de pedir ao responsável pela pasta de Esportes, o advogado Marco Antonio Capovilla Tortorello, ou ao engenheiro Frederico Victor Moreira Bussinger (da secretaria dos Transportes), que nos digam o que já está sendo feito para acompanhar, promover os professores?

Vida de secretário da Educação, bem sabemos, é de moer os ossos. Bastam tarefas como entregar uniformes e material escolar aos alunos, ou resolver o atraso no pagamento dos motoristas do sistema ‘Vai e Volta’… Por favor, secretário, conte com nosso apoio, mas nos conte também o que pensa e o que pretende fazer.

Pois para esse diálogo serve um espaço na mídia, quando dele pode dispor os que, em nome do povo, cuidam da coisa pública.

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Doutor em Educação pela USP e escritor (www.perisse.com.br)