Wednesday, 01 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Conselho Curador pede mudanças no plano de trabalho para 2013

“Espero que seja a última vez que aprovemos dessa forma”. Com essa fala a conselheira Ima Guimarães de Oliveira resumiu o clima da 42ª Reunião Ordinária do Conselho Curador da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), primeira do ano corrente. A apreciação do Plano de Trabalho apresentado pela empresa para 2013 foi a pauta prioritária do encontro realizado no último dia 30, quarta, no Espaço Cultural EBC, em Brasília. Os conselheiros reclamaram da insuficiência das informações contidas no documento recebido.

A diretoria da estatal apresentará novamente o Plano de Trabalho com alterações sugeridas pelo Conselho para ser apreciado na próxima reunião, no dia 27 de fevereiro. Segundo o conselheiro Guilherme Strozi, o plano entregue aos membros do órgão parece “mais um relatório de prestação de contas do que um plano de atividades pra 2013”.

Os conselheiros apresentaram as conclusões a que chegaram as câmaras temáticas reunidas no dia anterior ou na manhã que precedeu a reunião do conselho. Para Takashi Tome, conselheiro integrante da câmara de rádio, “não temos nenhuma visibilidade sobre o que está sendo planejado pro rádio em 2013”, o que foi corroborado pela presidente do conselho, Ana Fleck. A presidente, que apresentou a discussão realizada na câmara infanto-juvenil, sugeriu que houvesse esforço no sentido de apresentar de forma mais detalhada as ações previstas para o ano. 

Segundo Ana Veloso, integrante da câmara de direitos humanos, “a política de acessibilidade não está indicada no documento com suas metas”. A conselheira sugeriu a construção de indicadores para mostrar a representatividade das questões de direitos humanos na grade. Defendeu também que o item “regionalização” precisa ser melhor dimensionado e que as coberturas de eventos esportivos podem ser bons momentos para tratar de aspectos das questões culturais.

Para o conselheiro Murilo Ramos, o atual plano está melhor do que o do ano anterior, com informações que facilitam inclusive a apreciação, mas “falta detalhamento sobre o orçamento” e “está mais para um balanço do que para um plano”. Os conselheiros também reivindicaram mais clareza na definição da política de parcerias da EBC. “Se é preciso captar R$ 106 milhões é preciso descrever a forma de captação”, defendeu Guilherme Strozi.

“Há um coibimento da EBC em relação ao patrulhamento ideológico da grande mídia”, afirmou o conselheiro Daniel Aarão, cobrando maior ousadia da empresa. Para o conselheiro isso se revela ainda mais nos programas jornalísticos, onde “a empresa parece estar sempre numa situação de 'desconforto'“. “Tem que se promover o contraponto, assim como debater questões quentes como 'drogas, sexo e comportamento'“, completou.

Programas para jovens

Uma das principais polêmicas girou em torno dos programas juvenis estrangeiros exibidos pela TV Brasil. Alguns conselheiros apontaram que o programa australiano “Galera do Surf” e o francês “Um verão qualquer” não atendiam às exigências da linha de conteúdos definida para a EBC. Takashi Tome defendeu que o programa não expressa características sociais do país, restringindo a representação às características sócio-culturais de um grupo social específico. O presidente da EBC, Nelson Breve, defendeu o programa como um atrativo para construir a audiência da faixa jovem da emissora. Para o conselheiro João Jorge, “a TV pública deve refletir o espírito público”, o que, em sua opinião, não seria o caso do referido programa. Os programas juvenis da emissora serão debatidos com mais profundidade na câmara temática infanto-juvenil.