Tuesday, 16 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Filho de Murdoch deve voltar a depor; acionistas ampliam ação contra grupo

O comitê parlamentar britânico que investiga o caso dos grampos telefônicos no tabloide News of the World anunciou que o filho do magnata Rupert Murdoch, James, será chamado novamente a prestar depoimento. James Murdoch preside a News International, unidade britânica do grupo de mídia News Corp, de seu pai.

O presidente do comitê, John Whittingdale, afirmou que James será convocado depois que o ex-executivo Les Hinton for ouvido. Hinton, que dirigiu a News International entre 1997 e 2005 e  havia se tornado presidente da Dow Jones depois que a empresa foi comprada pela News Corp, deixou o grupo em julho em meio ao escândalo.

Whittingdale afirmou que, pelo que sabe, James estaria disposto a cooperar com a investigação. Um porta-voz do empresário declarou que ele “fica feliz” em se apresentar ao comitê para responder novas perguntas. James falou ao comitê junto com seu pai, em julho.

Processos

A existência de casos de grampos telefônicos no tabloide britânico já era conhecida há anos. Mas o News of the World foi posto na berlinda no início de julho com a revelação de que teria, em 2002, monitorado ilegalmente – e manipulado – mensagens telefônicas de uma adolescente desaparecida e posteriormente encontrada morta. O escândalo provocou críticas de políticos e da população, e o jornal acabou sendo fechado.

Entre as ações abertas contra o tabloide com base nos grampos, estão as de celebridades, como o ator Jude Law, e políticos, como o deputado Simon Hughes. Ambos alegam que tiveram suas caixas de mensagem do celular interceptadas. Esta semana, Sheila Henry, mãe de uma das 52 vítimas do atentado no sistema de transportes de Londres em 2005, abriu uma ação depois de saber, por investigadores da Scotland Yard, que um detetive a serviço do News of the World teria tentado grampear o telefone do seu filho.

Acionistas enfurecidos

Nos EUA, também esta semana acionistas da News Corp ampliaram um processo contra o grupo alegando que seu conselho sabia, há mais de 10 anos, que as subsidiárias americanas News America Marketing e NDS Group invadiam ilegalmente computadores de empresas rivais. A prática era tão corriqueira que a News America Marketing enfrentou cinco processos por comportamento anti-competitivo, incluindo um em que foi acusada de hackear um sistema de computadores de uma empresa 11 vezes.

Os acionistas abriram a ação contra a News Corp originalmente em março, depois que o grupo decidiu comprar a produtora Shine, de Elizabeth Murdoch, filha de Rupert Murdoch. Na ocasião, eles se queixaram de nepotismo. Em julho, eles já haviam ampliado a ação, desta vez por conta do escândalo dos grampos no News of the World.

A nova queixa levada ao tribunal na terça-feira, 13, afirma que o conselho da News Corp falhou diante de sinais de alerta sobre a existência de práticas ilegais e antiéticas. “Por mais de uma década, subsidiárias da News Corp cometeram práticas impróprias que levaram o grupo a danos financeiros e em sua reputação”, dizia o documento. “Estes atos eram tão generalizados que o conselho da News Corp ou estava ciente ou foi deliberadamente indiferente à cultura corporativa que estimulou este tipo de conduta”. Com informações da Reuters, do New York Times e do Guardian [13/9/11].