Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Imagem símbolo da Intifada é falsa, diz tribunal

Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 29 de maio de 2008


GAZA
Folha de S. Paulo


Imagem-ícone da Intifada é falsa, diz tribunal


‘Um tribunal de recursos parisiense inocentou um francês acusado de difamação por ter qualificado como ‘falsa’ e ‘encenada’ uma das imagens mais emblemáticas da Segunda Intifada, a revolta palestina de 2000 que selou os rumos da atual situação na região.


Na prática, isso significa que a corte validou a acusação de manipulação feita por Philippe Karsenty, presidente de uma ONG de vigilância midiática pró-Israel, contra a TV estatal France 2.


Há oito anos, o mundo inteiro viu a imagem de um pai, agachado junto a um muro, tentando proteger o filho de 12 anos com o próprio corpo, em meio a um intenso tiroteio numa rua de Gaza. O pai grita e gesticula, num aparente apelo por clemência. Segundos depois, uma nuvem de fumaça cobre a imagem. O pai aparece em seguida debruçado sobre o filho, aparentemente morto.


Filmada por um cinegrafista palestino da France 2 em 30 de setembro de 2000, a gravação foi repassada a centenas de outras emissoras. As únicas informações sobre o episódio, incluindo o relato sobre a suposta autoria israelense dos disparos, foram fornecidas pelo próprio cinegrafista.


O incidente aconteceu dois meses depois do fracasso das negociações entre israelenses e palestinos patrocinadas pelo então presidente americano Bill Clinton e dois dias depois do ingresso do então premiê israelense, Ariel Sharon, na esplanada das Mesquitas, em Jerusalém -episódio que detonou a Segunda Intifada.


O Egito deu o nome do menino, Mohamed al Duha, a uma rua, e homens-bomba, em seus vídeos de despedida, saudaram o garoto como mártir da causa palestina. Pressionado, Israel admitiu na época que os disparos ‘poderiam ter partido de posições israelenses’ que estavam na área.


Em 2004, Karsenty avaliou em seu site que a reportagem da TV France 2 era uma farsa montada para servir à propaganda palestina. Karsenty apontou ‘incoerências’ na filmagem, como a falta de sangue, e lembrou que a emissora se recusava a divulgar a íntegra da gravação original mostrando a suposta agonia do menino -imagens nunca exibidas.


Os advogados da estatal abriram processo por difamação contra Karsenty, que passou de acusador a acusado. O processo se arrastou até a semana passada, quando um tribunal de Paris inocentou Karsenty e afirmou que suas ressalvas quanto à reportagem são ‘legítimas’.


Mas a corte não deixou claro se a TV francesa agiu de má-fé. Amparada por especialistas que negam que tenha havido manipulação das imagens, a emissora recorreu agora à mais alta corte de apelações do país. Até hoje, não se sabe o que houve de fato com o menino.’


 


ELEIÇÕES NOS EUA
Eliane Cantanhêde


Ao campo de batalha


‘WASHINGTON – A partir da percepção de que Hillary Clinton já era, acabou a brincadeira. A eleição americana está começando de fato, e dois esqueletos saem do armário.


Um é o republicano John McCain, que se fingia de morto enquanto os democratas se matavam. O outro é um tabu: o racismo.


Com Hillary versus Barack Obama, não era politicamente correto manipular o racismo. Mas ele existe, é arraigado e, segundo os experts, será fator importante no confronto homem a homem. McCain não vai perder a chance.


Os Estados ‘azuis’ são democratas, e os ‘vermelhos’, republicanos.


Na campanha, o que interessa mesmo são os outros, os 12 ou 13 chamados de ‘battleground’ (campo de batalha), porque podem ir para um lado ou para outro, dependendo dos ventos -e de vários outros fatores, como raça.


Brancos de classe média baixa que disputam empregos com negros, em especial ao sul, votarão em Obama? E a elite branca eleitora dos democratas, vai migrar por gravidade de Hillary para ele?


Em conversas ontem de cinco jornalistas latino-americanos, nos EUA, a convite do Centro de Imprensa Estrangeira do Departamento de Estado, um professor da American University, um experiente jornalista de política, um especialista em pesquisa e uma do Council on Foreign Relations não tiveram respostas para perguntas assim. Só têm uma certeza: a de que não há certezas -e as características pessoais estão sendo decisivas.


Os programas de Hillary e de Obama ficaram muito parecidos, até em nichos da ex-primeira dama, como a saúde. Os eleitores deixaram o papelório de lado para olhar o (ou a) candidato (a). E enxergaram em Obama carisma, simpatia e capacidade de ouvir -quando políticos são craques só em falar.


A comparação de Obama com John Kennedy paira em Washington. A dúvida é se os EUA estão prontos para um Kennedy negro.’


 


POLÍTICA
Plínio Fraga


Ode aos esdrúxulos e ordinários


‘RIO DE JANEIRO – Divertir-se à vera é ler o noticiário político pelas entrelinhas, entender o que está dito como seu inverso e o que não está dito como sua afirmação plena. É jogo para iniciados, como costumam ser aqueles protagonizados por aloprados. Vive-se hoje a temporada dos ‘gastos esdrúxulos ou exóticos’ -forma que políticos e jornalistas adotaram para referir-se à compra de mimos, vinhos caros e carnes raras para a Presidência de FHC e para a de Lula.


Os ‘gastos esdrúxulos’ devem ser armazenados nas mesmas páginas do dicionário particular da política nacional nas quais estão ‘destravar, flexibilizar, dinheiro não-contabilizado, descontinuar e aparelhar’, para citar uns poucos casos.


Há outros, mais divertidos quanto menos inteligentes. Por exemplo: ‘base de apoio do governo’. Diz o ‘Houaiss’ a respeito da palavra base: ‘tudo que serve de sustentáculo ou de apoio; a parte inferior de alguma coisa, considerada como seu suporte; aquilo sobre o qual alguma coisa se repousa ou apóia’.


Se é base, já é de apoio, certo? Não no Congresso Nacional, onde a base só apóia depois de ter seus ‘pleitos atendidos’. O jogo é tortuoso: a palavra pleito tem raízes também numa acepção ligada à palavra vassalo, o dependente do senhor; mas é certo que a vassalagem dos congressistas pode ser reconhecida no cotidiano de forma mais simples.


Na produção poética, chamavam-se de versos esdrúxulos aqueles terminados em palavras proparoxítonas. Fernando Pessoa fez uso deles em ‘Ode Triunfal’, na qual fala da ‘maravilhosa beleza das corrupções políticas,’ dos ‘deliciosos escândalos financeiros e diplomáticos’, ‘das notícias desmentidas dos jornais’ e dos ‘artigos políticos insinceramente sinceros’ de uma ‘gente ordinária e suja, que parece sempre a mesma, que emprega palavrões como palavras usuais’.’


 


ACORDO ORTOGRÁFICO
Kenneth Maxwell


O importante é faturar


‘ATÉ ONDE SEI, os países de fala inglesa jamais tentaram impor uma ortografia mundial para o inglês, a despeito do fato de que as diferenças entre o inglês nos Estados Unidos e o inglês falado na Inglaterra sejam bem menores do que aquelas que separam o português de Portugal do português brasileiro.


Mesmo assim, certas palavras em inglês podem ter significados bem diferentes nos dois lados do Atlântico.


Tomemos, por exemplo, a palavra ‘classe’, algo que os norte-americanos supostamente não têm, mas os ingleses sim; classe, quero dizer, no velho sentido marxista, de grupos sociais distintos, hierarquicamente organizados.


Em termos gerais, ‘classe’, nos EUA, implica estilo, um atributo pessoal evidente na qualidade do comportamento e do caráter. Mas o que existe de mais estranho no Reino Unido hoje em dia é que falta à família que está acima das classes sociais, a família real dos Windsor, qualquer ‘classe’ no sentido americano do termo.


Dois acontecimentos da semana bastam como prova. Na capela de Saint George, no castelo de Windsor, Peter Phillips, o mais velho dos netos da rainha, se casou com uma canadense chamada Autumn Kelley. O casal vendeu os direitos fotográficos da cerimônia à revista ‘Hello!’ por meio milhão de libras. Ian Gibson, que representa os trabalhistas no Parlamento, se queixou: ‘O povo britânico esperaria que a rainha estivesse acima da posição de tema de reportagem na ‘Hello!’. Afinal, ela é a rainha, e não a mulher de um jogador de futebol’.


E temos também o caso do príncipe Andrew, o segundo filho da rainha. O príncipe Andrew vendeu sua casa de campo, Sunningdale Park, para um certo Kanes Rakishev, por 15 milhões de libras. Rakishev, 29, é o genro do ex-primeiro-ministro do Cazaquistão, uma antiga república soviética rica em petróleo e gás natural que ocupa a 150ª posição na lista de corrupção da Transparência Internacional (o Brasil ocupa o 72º posto).


O príncipe recebeu 438 mil libras dos contribuintes britânicos no ano passado em seu papel como ‘embaixador do comércio’. Ele certamente comerciou bem com Rakishev, que pagou três milhões de libras acima do preço inicialmente solicitado por Sunningdale Park, uma propriedade que estava à venda havia cinco anos.


Não há classe nenhuma nisso, apenas uma fria transação monetária, que os brasileiros veriam no ato. Os proprietários britânicos de imóveis residenciais cujos valores estão em queda livre decerto adorariam ter um amigo cazaque como esse.


KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.


Tradução de PAULO MIGLIACCI’


 


JORNAIS
Antonio Athayde


Não caia antes de ser empurrado


‘AINDA OUTRO dia recebi correspondência eletrônica com uma dezena de provérbios oriundos de várias culturas mundo afora. Com pequenas variações, nós aqui temos correspondentes para quase todos.


Um deles, inglês, que está no título deste artigo, me fez pensar na situação pela qual passam hoje os jornais norte-americanos, que amargam resultados ruins, com perda de leitores e anúncios e, conseqüentemente, de valor de mercado.


No Brasil, festejamos seguidos anos de crescimento de circulação, de faturamento e, o mais surpreendente, aumento da participação do nosso meio no chamado ‘bolo publicitário’, a verba destinada pelos anunciantes aos diversos meios de comunicação.


Surpreendente, sim, pois o crescimento da base de assinantes da TV paga e dos usuários da internet no Brasil fez com que analistas previssem que aconteceria aqui o mesmo fenômeno que preocupa acionistas e executivos da mídia impressa norte-americana.


Uma rápida análise do que está acontecendo por aqui mostra o impressionante crescimento dos chamados ‘jornais populares’, com preço baixo e conteúdo dirigido à classe C, já chamada a ‘classe dominante’ no país.


‘Extra’ (Rio), ‘Diário Gaúcho’ (Rio Grande do Sul), ‘Super Notícia’ (Minas Gerais), ‘Agora’ e ‘Jornal da Tarde’ (São Paulo) batem seguidos recordes de circulação. Iniciativas em Vitória (ES) e Campinas (SP) surpreendem os criadores de jornais populares por atingirem resultados muito superiores aos esperados nos seus planos de negócio.


Preço baixo, estratégia de distribuição, promoções e, sobretudo, matérias produzidas e apresentadas de acordo com o gosto do novo leitor fazem a receita desse enorme sucesso. Fica claro que estamos assistindo ao processo de formação de novos leitores que, em breve, procurarão análises mais refinadas, textos mais profundos e anúncios de produtos de maior valor agregado e migrarão para os jornais que ofereçam esse serviço.


Os grandes jornais inovam com novos cadernos, reformas gráficas e revistas, além de terem feito reestruturações nas suas organizações de modo a ganhar agilidade na percepção das novas tendências do mercado leitor e do mercado publicitário.


Ao mesmo tempo em que anunciam a revolução que a internet traz ao seu próprio negócio, os jornais têm seus cadernos de informática, que propagam as conquistas desse seu ferrenho concorrente. E assim também aconteceu quando da chegada da TV digital, quando foram servidos ao público cadernos especiais apresentando essa nova maneira de competição pelo tempo do consumidor.


E assim se preparam para essa nova realidade, em que sua missão não é mais trazer novidades aos leitores, mas sim ajudá-los a compreender o mundo, mais complexo sob qualquer ponto de vista, inclusive apontando a melhor maneira de escolher e comprar um produto ou um serviço.


Tabelas de preço de publicidade se tornaram mais simples, e equipes de vendas, mais preparadas para mostrar a anunciantes e agências de propaganda as vantagens de anunciar em jornal, não só como mídia eficiente, mas como veículo capaz de emprestar sua extraordinária capacidade de relacionamento com o seu leitor ao anúncio nele veiculado.


Nada como o prazer de ler ‘o meu jornal’!


É impressionante como mesmo os pequenos diários do interior do país estão na web fazendo valer a força de suas marcas, se dedicando ao chamado ‘hiperlocalismo’, a promover eventos, enfim, a reagir aos movimentos de leitores dos mais diversos perfis e a oferecer a anunciantes novas formas de se relacionar com eles.


Os jornais brasileiros têm vantagens importantes sobre os americanos que os fazem viver realidades inteiramente diferentes neste instante.


Podem acompanhar o que ocorre por lá e se preparar para enfrentar as dificuldades e evitar o ‘eu sou você amanhã’. Além disso, não estão submetidos à pressão de resultados que o mercado impõe às sociedades de capital aberto. Os empresários daqui fizeram o possível para enfrentar as dificuldades do final do século e do início desta década sem baixar a qualidade do seu produto. Amargaram reduções importantes nas suas margens e colhem agora os frutos dessa decisão.


Minha impressão é que os jornais americanos se preocuparam demais com a chegada dos concorrentes eletrônicos, não fizeram seu dever de casa para entender a nova situação e se entregaram a um derrotismo antecipado. Caíram antes de serem empurrados.


ANTONIO ATHAYDE, 62, engenheiro, é diretor-executivo da ANJ (Associação Nacional de Jornais). Foi executivo sênior da Rede Globo, Gobosat/NET Brasil, Globopar, Rede Bandeirantes e SBT. Trabalhou como consultor da Telefónica para projetos de TV na América Latina e para o Grupo Abril.’


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Os valentões brasileiros


‘Só ontem, foram três textos no ‘Wall Street Journal’ de papel e três no site, contra a compra do ‘ícone americano’ Anheuser-Busch, que produz a Budweiser, pela InBev ‘administrada por brasileiros’. O principal deles foi enviado de Diadema, ‘Na InBev, a cultura Gung-Ho comanda’. Gung-Ho é palavra derivada do mandarim e significa ‘exageradamente entusiástico’.


O texto, traduzido no ‘Valor’, perfila os brasileiros que dirigem a InBev como ‘técnicos de futebol’, diz que a ‘atmosfera de trabalho lembra um vestiário’, que os funcionários são estimulados por ‘um grande surdo’. Que a fusão da AmBev com a belga Interbrew até começou com belga na direção, mas ‘os brasileiros logo viraram a mesa’, no que se descreve hoje como ‘aquisição reversa’. Que eles ‘pisam calos’ e, por lá, são vistos como ‘um bando de valentões brasileiros’.


Por fim, noutro texto, o ‘WSJ’ diz que os ‘políticos americanos’ devem resistir à invasão no ano eleitoral.


O GIGANTE


Saem reportagens com títulos assim todos os dias, daí ter escapado, mas registre-se que o ‘Observer’, um dos jornais britânicos de maior prestígio, publicou no domingo ‘Brazil: gigante de uma nova ordem econômica mundial’. O texto principal do ‘WSJ’ sobre a InBev, ontem, foi inspirado nele, mas com sinal trocado.


O ‘Observer’ pega a InBev em Diadema como símbolo do ‘gigante’ que já ameaça se aproximar da China nos Brics.


OUTRO BRASIL


Blogs daqui destacavam o novo ‘grau de investimento’ dado por agência do Canadá.


Mas chegou o fim do dia e o salto da Bovespa, segundo o site do ‘Valor’, foi efeito dos ‘rumores sobre o grau de investimento da Fitch’, tão aguardado. Saindo ou não a nova avaliação, o ‘Financial Times’ já pede perguntas dos leitores a um ‘expert’, para fórum ao vivo na próxima segunda. Título do evento: ‘O Brasil depois da elevação’.


ESCRAVIDÃO?


O ‘Guardian’ seguiu ontem no ataque ao etanol do Brasil, mas admitindo que os dados sobre impacto ambiental são ‘conflitantes’. Citou então as ‘condições similares à escravidão’ nos canaviais. Mal saiu o texto e agências como Efe e Reuters davam que a Anistia Internacional, também ontem, condenou o ‘trabalho degradante’ nos canaviais do Brasil.


Também ontem, um colunista brasileiro da Bloomberg postou horas antes que a mecanização da colheita ‘deve pôr fim ao argumento de trabalho escravo’. E foi ao ataque dizendo que o problema é a tarifa cobrada nos EUA.


SEM GOVERNO


A visita de Lula ao Haiti, que pouco interessou à cobertura por aqui, mobilizou o ‘Miami Herald’ de ontem. O jornal da Flórida deu longa reportagem sobre a presença ‘ansiosamente aguardada’ num país novamente em barafunda política, ‘sem governo funcional há sete semanas’. Em editorial, elogiou o ‘bom trabalho’ da missão de paz da ONU liderada pelo Brasil, numa ‘oportunidade infelizmente desperdiçada pela classe política do Haiti para formar governo estável’.


OUTRO ORGULHO


Entre os despachos sem fim sobre os 5 milhões da Parada GLBT, o ‘Guardian’ postou ‘Orgulho do Brasil’, sublinhando não o suposto recorde, mas a decisão dos organizadores de São Paulo de abraçarem como ‘gêmea’ a parada de Moscou, que foi até atacada, no ano passado.’


 


CASA BRANCA
Sérgio Dávila


Bush foi desonesto sobre Iraque, diz assessor


‘No mais recente livro de um ex-assessor de George W. Bush que faz denúncias graves somente depois de deixar o poder, o ex-porta-voz da Casa Branca Scott McClellan afirma que o presidente norte-americano não foi ‘franco’ nem totalmente ‘honesto’ sobre os motivos que levaram o mundo à Guerra do Iraque, em 2003.


Bush e sua equipe ‘gerenciaram a crise [pré-guerra] de tal modo que era quase uma garantia que o uso da força se tornaria a única opção factível’, escreve o ex-secretário de imprensa em ‘What Happened – Inside the Bush White House and Washington’s Culture of Deception’ (O que aconteceu – por dentro da Casa Branca de Bush e da cultura do engano de Washington), a ser lançado na próxima terça, mas obtido pelo site Politico anteontem.


‘Durante o verão de 2002, os principais assessores de Bush haviam planejado uma estratégia para orquestrar cuidadosamente a campanha vindoura para vender agressivamente a guerra. […] Na era da campanha permanente, tudo se tratava de manipular fontes de opinião pública em benefício do presidente’, diz McClellan. ‘O que eu sei é que uma guerra só deveria ser travada quando fosse necessário, e a Guerra do Iraque não era necessária.’


McClellan, 40, ocupou o cargo de julho de 2003 a abril de 2006, quando foi defenestrado. Considerado pela imprensa especializada um dos piores porta-vozes recentes por sua ingenuidade e despreparo, fazia parte da equipe de Bush desde seus tempos como governador do Texas, nos anos 90. Embora não seja original ao atirar após sair (o ex-czar antiterror Richard Clarke é outro exemplo), é o primeiro do chamado ‘Grupo do Texas’ a fazê-lo.


No livro de 341 páginas, o ex-secretário de imprensa ataca a atuação do governo após o furacão Katrina -’um dos piores desastres da história de nosso país virou um dos maiores desastres da Presidência de Bush’- e critica a atitude da imprensa norte-americana antes e durante os primeiros meses da guerra, que qualifica como ‘respeitadora em demasiado’. ‘Nesse caso, a ‘mídia progressista’ não fez jus a sua reputação. Se tivesse feito, o país estaria numa situação melhor.’


Parte do livro havia vazado no ano passado e dava a entender que tanto Bush quanto seu vice, Dick Cheney, haviam acobertado a participação de membros do governo no vazamento do nome da ex-espiã da CIA Valerie Plame, em 2003, em retaliação ao marido dela, um diplomata crítico das justificativas para a guerra. A impressão é corrigida agora: o ex-assessor diz que Bush parecia acreditar no que depois se revelou ser apenas uma manobra.


Tal capacidade do presidente é citada em outra ocasião: quando os dois comentam o uso de cocaína por Bush quando jovem. Aconteceu em 1999, durante a campanha presidencial, em que McClellan levanta a possibilidade de a imprensa tocar no assunto. ‘A verdade é que eu honestamente não me lembro se usei ou não’, teria dito Bush a ele, que se perguntou: ‘Como pode ser? Como alguém pode simplesmente não se lembrar se usou ou não uma substância ilegal como essa?’


Houve ainda quem visse nos relatos base para um pedido de impeachment. O livro ‘é o argumento de um homem muito próximo ao presidente, incumbido de ser seu porta-voz por tantos anos, de que o presidente deliberadamente enganou o país sobre as razões de ir à guerra’, escreveu o conservador Andrew Sullivan, no site da revista ‘The Atlantic’.


Reação da Casa Branca


Indagada sobre a reação do presidente, Dana Perino, que sucedeu McClellan, disse que Bush se sentiu ‘estarrecido’, que não reconhece o autor como ‘o Scott McClellan que ele contratou e do qual foi confidente’ e está ‘desapontado por ele ter essas preocupações e nunca as ter externado quando estava na Casa Branca’.’


 


TECNOLOGIA
Folha de S. Paulo


Sucessor do Vista, da Microsoft, terá tecnologia ‘touch screen’


‘O Windows 7, o sucessor do Vista, criticado sistema operacional da Microsoft, terá funções ‘touch screen’, segundo demonstração feita pela empresa. A estimativa é que o novo programa só chegue às lojas no final do ano que vem ou no início de 2010.


Pela apresentação feita em um seminário de tecnologia, os donos de PCs poderão desenhar, navegar em mapas, dar zoom em fotos e tocar piano apenas com os dedos -sem mouse ou teclado-, usando uma tecnologia parecida com a do iPhone, da rival Apple, e baseada no Surface, uma mistura de programa com computador lançada pela Microsoft neste ano.


Segundo a Microsoft, a tecnologia é bastante apropriada para a edição de fotos digitais e para a navegação em mapas da internet. Na demonstração, uma executiva da Microsoft procura uma loja de café em San Diego, onde a conferência anual está sendo realizada, em um mapa da cidade norte-americana, deslizando apenas os dedos na tela de um laptop. Ela também faz um desenho (uma árvore e um sol) usando a tecnologia.’


 


LEITURA
Lucas Ferraz


45% dos brasileiros dizem que não gostam de ler


‘No país de escritores como João Guimarães Rosa, Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade, 45% dos entrevistados na pesquisa ‘Retratos da Leitura no Brasil’ disseram não gostar de ler. O percentual, aplicado à população brasileira, corresponde a mais de 77 milhões de pessoas.


Segundo o balanço, realizado pelo Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística), a pedido do Instituto Pró-Livro, e divulgado ontem, o brasileiro lê, em média, 4,7 livros por ano, e compra ainda menos, média de 1,2 exemplar a cada 12 meses.


Quando indagada sobre o que prefere fazer em seu tempo livre, a maioria da população opta pela televisão (77%) -a leitura foi a quinta opção citada pelos entrevistados, com 35%, atrás de hábitos como ouvir música e rádio e descansar.


Em um país que tem 18% de analfabetos, segundo dados de 2006 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foi considerado como leitor quem leu pelo menos um livro durante os três meses anteriores à pesquisa, feita entre novembro e dezembro de 2007, equivalente a 55% dos entrevistados.


Entre os leitores que dedicam seu tempo livre para ler, 27% deles lêem revistas (leitura semanal) e 20%, jornais (leitura diária). Os livros são preferidos para leituras mensais -como afirmaram 14% dos entrevistados.


Por região


O Sul é a região onde mais se lê (média de 5,5 livros por pessoa), à frente do Sudeste (4,9 livros), Centro-Oeste (4,5 livros), Nordeste (4,2 livros) e Norte (3,9 livros).


Em 2001, na primeira edição da pesquisa, a média de leitura da população era de 1,8 livro por ano, mas as metodologias utilizadas são diferentes.


Enquanto aquela ouviu pessoas com idade superior a 15 anos, a pesquisa divulgada ontem entrevistou crianças a partir dos cinco anos e analfabetos funcionais, em todos os Estados e no Distrito Federal. A margem de erro da pesquisa é de 1,4 ponto percentual.


Na opinião do escritor Luis Fernando Verissimo, o preço do livro é uma barreira contra novos leitores. ‘A maioria está mais preocupada em sobreviver, não tem como comprar livro’, disse o escritor -o último da lista de 25 nomes mais admirados (‘estou na zona de rebaixamento’, brincou).


Galeno Amorim, coordenador da pesquisa, negou que o preço seja um ‘complicador’ -o estudo contou com o apoio do Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros) e da CBL (Câmara Brasileira do Livro).


Hábito


As professoras aposentadas Manoelina de Barros, 75, e Maria Helena Tosoni, 68, gostam de se encontrar em livrarias para comprar livros. Elas afirmam que só têm essa disponibilidade porque são aposentadas, e lamentam que a maioria dos professores leia pouco. Sobre o motivo, Tosoni é categórica: ‘Se o salário fosse maior, leríamos mais’.


A metroviária Telma Piccirillo, 45, diz que nunca obrigou seus filhos Victor, 10, e Taynã, 15, a ler, mas sempre cultivou o hábito: ‘Quando não sabiam ler, eu lia para eles’. Ela acredita que lê mais que seus colegas: ‘Eles são meio preguiçosos’.


Colaborou INGRID AGUIAR’


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Computador suaviza rugas em ‘A Favorita’


‘Segunda novela da Globo a ser gravada em alta definição (HDTV), ‘A Favorita’, no ar a partir de segunda-feira, terá uma linha de maquiagem suave, quase natural. Para atenuar rugas dos atores, a emissora usará em todas as cenas uma textura, inserida por computador após a captação de imagens.


A alta definição expõe com detalhes as imperfeições dos rostos dos artistas, o que exige uma maquiagem mais forte, feita com spray, ou correções em softwares de pós-produção.


‘Fiz várias experiências antes de gravar. Concluí que o melhor era tirar a maquiagem pesada, usá-la apenas de forma corretiva. Senão, os atores ficariam mumificados’, conta o diretor Ricardo Waddington.


Waddington optou por usar o software BaseLight, já experimentado em ‘Páginas da Vida’ e ‘Sinhá Moça’. ‘Estou dando uma pequena textura em toda a imagem, e não só no rosto’, diz.


Outra novidade tecnológica de ‘A Favorita’ será o emprego de microfones de lapela para captar o áudio de cada ator, individualmente. Normalmente, o som de uma cena é captada por um único microfone, grande, preso a uma haste manipulada por um operador.


Apesar do uso de até cinco microfones por cena, a novela não terá som em cinco canais, como no cinema. Seu áudio será estéreo. ‘O ganho é na qualidade de áudio. Haverá maior equilíbrio nos ruídos e nas falas’, diz Waddington.


SEM BEIJO 1 A Globo gravou anteontem à noite a seqüência do casamento de Bernardinho (Thiago Mendonça) e Carlão (Lugui Palhares) em ‘Duas Caras’. Os convidados gritam ‘beija! beija!’, mas não há beijo.


SEM BEIJO 2 Em seu blog, Aguinaldo Silva sustentava ontem que o beijo fora gravado. E lamentou a hipocrisia dos que dizem que ficariam chocados com a cena em um país onde cadáveres são incinerados em praça pública.


SEM BEIJO 3 A Globo sequer ousou exibir um falso beijo gay. No capítulo de ontem de ‘Beleza Pura’, novela das sete, Renato (Humberto Martins) beijaria Mateus (Monica Martelli). Na hora agá, a censura interna apareceu na forma de um blecaute.


CONTRA O TEMPO 1 A Globo já desistiu de colocar Carlos Lombardi como autor da próxima novela das seis. A substituta de ‘Ciranda de Pedra’ deverá ser um texto de Miguel Falabella com o título provisório de ‘Negócio da China’. É que Lombardi ainda nem escreveu a sinopse de sua história, coisa que Falabella já fez.


CONTRA O TEMPO 2 Com as baixas audiências da atual novela das seis, a Globo fará o possível para estrear a substituta antes do próximo horário de verão. Por isso a opção por Falabella. Mas, além de Lombardi, existem outros ‘planos B’ na emissora.


CANELADA Vai mal a nova novela da Band, ‘Água na Boca’. Anteontem, a produção deu apenas 1,5 ponto na Grande São Paulo.’


 


Thiago Ney


Final de ‘American Idol’ reúne ‘Davids’


‘De um lado, um adolescente de 17 anos bem-comportado, que vive em Utah e é fã de Bryan Adams. De outro, um texano de 25 anos que toca guitarra e é fã de grunge. O canal Sony exibe hoje, às 21h, a final da sétima temporada de ‘American Idol’, que tem como finalistas David Archuletta (o bem-comportado) e David Cook (o grunge).


O episódio foi exibido nos Estados Unidos na semana passada e visto por 31,7 milhões de espectadores -audiência superior à da sexta temporada, mas inferior à da quinta.


Esta foi a melhor temporada desse que é o programa mais popular da TV norte-americana. Entre os 12 finalistas, foram escolhidos concorrentes carismáticos e de diversos estilos.


Mesmo candidatos que não chegaram à final, como o soul Chikezie e o neo-hippie Jason Castro, movimentaram blogs e revistas de adolescentes e motivaram a criação de fãs-clubes.


Mas esta edição do ‘American Idol’ não esteve longe de polêmicas. Uma das concorrentes, Carly Smithson, já tinha assinado contrato com uma grande gravadora e até lançado um disco -que vendeu menos de 400 cópias.


Um dos executivos da gravadora que a contratou à época era Randy Jackson, que hoje é jurado do ‘American Idol’…


AMERICAN IDOL


Quando: hoje, às 21h


Onde: canal Sony’


 


LITERATURA
Eduardo Simões


SP lança o mais alto prêmio literário


‘A Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo vai lançar nos próximos dias o mais bem pago prêmio literário do Brasil. O Prêmio São Paulo de Literatura pagará R$ 200 mil para o melhor livro de ficção do ano, mais R$ 200 mil para o melhor livro estreante, também ficção. A primeira edição levará em conta livros de autores brasileiros publicados no ano passado.


A quantia ultrapassa com folga os valores máximos de outras láureas já concedidas no país, como o prêmio Portugal Telecom (R$ 100 mil), o Zaffari & Bourbon (R$ 100 mil), da Jornada de Passo Fundo, e o Jabuti (R$ 30 mil), o mais antigo e tradicional de todos.


O novo prêmio perde apenas para o também recém-criado Leya (www.leya.com), do grupo editorial português de mesmo nome, que irá pagar 100 mil (cerca de R$ 262 mil) para o melhor romance inédito escrito em português. E dará ainda prêmios de 25 mil (cerca de R$ 65 mil) para um ou mais finalistas. Já o Camões premia um autor de língua portuguesa, pelo conjunto da obra, com 100 mil.


Segundo o secretário estadual de Cultura, João Sayad, o prêmio segue os moldes do Booker Prize, o mais tradicional do Reino Unido, e terá duas etapas: na primeira, um corpo de cinco jurados vai indicar os dez livros finalistas; na segunda etapa, outro grupo de cinco jurados vai apontar os dois livros vencedores.


Indicados pelo Conselho Estadual de Cultura, os dois júris serão compostos por um crítico literário, um editor, um escritor, um livreiro e um jornalista da área. Os nomes serão anunciados posteriormente.


Vendas


‘O objetivo do prêmio não é tanto divulgar um determinado autor, e sim incentivar a venda dos livros. E a idéia é que sejam os melhores livros do ano, nada necessariamente revolucionário’, afirma Sayad, que irá anunciar o prêmio na primeira edição do Festival da Mantiqueira, que acontece neste fim de semana.


As inscrições começam já na próxima semana e podem ser feitas pelas editoras ou pelos próprios autores, na Secretaria de Cultura do Estado, ou pela internet, numa página que ainda está sendo criada. A secretaria ainda estuda como os livros deverão ser enviados.


Ainda não há uma data para o anúncio dos dez finalistas. Mas o resultado do primeiro Prêmio São Paulo de Literatura já tem data marcada: 23 de novembro.’


 


 


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 29 de maio de 2008


AGRESSÃO
O Estado de S. Paulo


Prefeito agride repórter


‘O prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho (PT), agrediu ontem com socos e palavras de baixo calão o jornalista Paulo Andreolli, sócio do site Rondoniaovivo.com, em evento na capital de Rondônia. Sobrinho ficou irritado com uma pergunta sobre um adesivo promocional. O repórter teve um dente arrancado. Assessores do prefeito tentaram tomar a câmera de vídeo, mas conseguiram levar apenas o microfone. A Polícia Militar registrou ocorrência de agressão e furto.’


 


INTERNET
Elaine Sciolino e Souad Mekhennet, The New York Times


Furiosa guerreira da Al-Qaeda recruta radicais pela internet


‘Malika El-Aroud, uma belga de 48 anos, ganhou destaque na internet. Escrevendo em francês sob o pseudônimo de ‘Oum Obeyda’, ela se transformou numa das jihadistas da internet mais destacadas da Europa. Ela se denomina uma guerreira santa da Al-Qaeda. Insiste que não dissemina instruções para a fabricação de bombas e tampouco tem intenção de pegar em armas – mas atiça muçulmanos à luta e arregimenta mulheres para que se juntem à causa.


‘Tenho uma arma. É a escrita. É a minha voz. Esta é a minha jihad. Pode-se fazer muitas coisas com as palavras. Escrever também é uma bomba’, diz. Além de ficar famosa entre os seguidores de fóruns radicais islâmicos, ela também se tornou conhecida das autoridades de inteligência por toda a Europa simplesmente como Malika – uma muçulmana que está na vanguarda do movimento pela maior participação das mulheres na jihad global dominada pelos homens.


Malika começou sua ascensão por causa de um homem que fez parte de sua vida. Dois dias antes dos ataques de 11 de setembro de 2001 nos EUA, seu marido lançou um atentado no Afeganistão, matando o líder da resistência anti-Taleban, Ahmed Shah Massoud, em nome de Osama bin Laden. Seu marido foi morto e ela foi à internet como a viúva de um mártir.


Casou-se novamente e foi condenada com o novo marido na Suíça por operar sites pró-Al-Qaeda. Agora, é suspeita de participar de uma trama para lançar ataques na Bélgica.


Ela chegou a ser detida em dezembro com outras 13 pessoas por suspeitas de envolvimento num plano para libertar um terrorista condenado e de planejar um ataque em Bruxelas. Mas a legislação belga exigiu que fossem libertados dentro de 24 horas, pois não foram acusados formalmente e as buscas não encontraram armas, explosivos ou documentos comprometedores.


Agora, embora Malika permaneça sob constante vigilância, ela está de volta à sua casa recrutando militantes em seu principal fórum da internet e recebendo mais de 1.100 por mês do seguro-desemprego.


Nascida no Marrocos e criada desde criança na Bélgica, Malika não parecia destinada à jihad. Ao crescer, ela se rebelou contra a educação islâmica que recebia, segundo escreveu em suas memórias. Incapaz de ler em árabe, foi a descoberta do Alcorão em francês que a levou a adotar uma versão rígida do Islã e finalmente a se casar com Abdessater Dahmane, um tunisiano leal a Bin Laden.


Ansiosa para tornar-se uma combatente no campo de batalha, ela disse que esperava lutar ao lado do marido na Chechênia. Mas os chechenos ‘queriam homens experientes, muito bem treinados’, disse ela. Em 2001, ela seguiu o marido até o Afeganistão. Enquanto treinava num acampamento da Al-Qaeda, foi instalada num campo para mulheres estrangeiras em Jalalabad.


Após a missão do marido, Malika foi detida brevemente pelos seguidores de Massoud. Assustada, ela foi posta em contato com autoridades belgas, que prepararam o seu trajeto de volta em segurança. ‘Nós a tiramos de lá e pensamos que ela fosse cooperar conosco’, disse uma autoridade do serviço belga de inteligência. ‘Fomos enganados.’


Malika foi julgada com outros 22 acusados na Bélgica por cumplicidade no assassinato de Massoud. Como viúva num véu negro, ela convenceu o tribunal de que estivera realizando serviços humanitários e nada sabia dos planos do marido. Foi absolvida por falta de provas.


A morte do marido, no entanto, lançou-a numa nova vida. ‘A viúva de um mártir é muito importante para os muçulmanos’, diz. Malika fez uso de seu status privilegiado para conhecer seus novos ‘irmãos e irmãs’ na internet. Um deles era Moez Garsalloui, um tunisiano vários anos mais novo que tinha status de refugiado político na Suíça.


Eles se casaram e mudaram para uma pequena vila suíça. Lá, eles administravam diversos sites pró-Al-Qaeda e fóruns na internet que foram monitorados pelas autoridades suíças como parte do primeiro caso criminal relacionado à internet.


SENTENÇA SUSPENSA


Condenada em junho de 2007 por incitar à violência e apoiar uma organização criminosa, ela recebeu uma sentença suspensa de seis meses; Garsalloui, que foi condenado por acusações mais graves, foi libertado após 23 dias.


Apesar do destaque de Malika, novamente é seu marido que as autoridades vêem como maior ameaça. Suspeitam que ele tenha recrutado agentes para executar ataques em dezembro e possua conexões com grupos terroristas que operam no Paquistão. As autoridades dizem que perderam o rastro dele após sua libertação em 2007 na Suíça. ‘Ele está em viajando’, diz Malika, enigmática, sobre o paradeiro do marido.’



CASA BRANCA
O Estado de S. Paulo


Ex-porta-voz acusa Bush de enganar os americanos


‘O ex-porta-voz da Casa Branca Scott McClellan acusou o presidente dos EUA, George W. Bush de esconder a verdade para defender a guerra no Iraque. O livro What happened: inside the Bush White House and Washington?s culture of deception (O que aconteceu: por dentro da Casa Branca de Bush e da cultura da enganação de Washington) será lançado na segunda-feira, mas alguns trechos foram divulgados ontem por jornais americanos.


McClellan, que foi porta-voz do presidente de julho de 2003 até abril de 2006, diz que Bush governa como se estivesse em campanha. ‘Isso significa nunca explicar nada, nunca se desculpar e nunca voltar atrás’, disse. ‘Infelizmente, isso implica nunca refletir, nunca reconsiderar e nunca ceder, especialmente quando se tratava do Iraque.’


Ele afirmou que mentiu quando veio a público dizer que Karl Rove e Lewis ‘Scooter’ Libby, assessores do presidente, não estavam envolvidos no caso Valerie Plame, ex-agente da CIA cujo nome foi revelado em 2003 e desatou um escândalo político.


‘Sem saber, propaguei informações falsas. E cinco dos mais altos funcionários do governo estavam envolvidos: Rove, Libby, o vice-presidente (Dick Cheney), o chefe de de gabinete do presidente (Andrew Card) e o próprio presidente.’


Entre as memórias do ex-porta-voz também há uma passagem em que Bush diz que as festas que freqüentou na juventude eram tão loucas que ele não se lembrava se cheirou ou não cocaína. ‘Como pode alguém não se lembrar de uma coisa dessas?’, escreveu McClellan.’


 


VENEZUELA
O Estado de S. Paulo


Estudantes marcham pela volta da RCTV


‘Em um protesto em Caracas, uma comissão estudantil entregou uma petição à Assembléia Nacional venezuelana. Os estudantes pedem a volta da emissora RCTV para a TV aberta e a anulação da Lei Habilitante, que permite ao presidente legislar por decreto em certas áreas.’


 


JUSTIÇA
O Estado de S. Paulo


PMs presos por morte de jornalista depõem


‘Seis PMs – quatro presos, acusados de participar da morte do jornalista Luiz Carlos Barbon Filho – serão interrogados hoje, no Fórum de Porto Ferreira. Embora a audiência seja sobre a tentativa de homicídio de um adolescente meia hora após a morte de Barbon, em maio de 2007, o promotor Gaspar Pereira da Silva Júnior informou que pode surgir novidade sobre o caso do jornalista.’


 


CULTURA
Roberta Pennafort


A França no Brasil, para todos


‘Se visitar a França e descobrir in loco suas maravilhas é privilégio para poucos, o Ano da França no Brasil, em 2009, trará uma amostra daquela cultura a ‘todos os públicos e todas as regiões brasileiras’, planejam os governos dos dois países. Parte da provável programação foi divulgada ontem, no Rio, no anúncio oficial do chamado França.Br2009 – cujo logotipo reúne nosso verde e amarelo ao azul, branco e vermelho deles.


Já ganharam o aval dos organizadores projetos como o Brésil de Brésiliens, que levará ao Oiapoque, em parceria com universidades francesas e da Guiana Francesa, colóquios e shows. Além de exposições de fotografias de Pierre Verger, quadros de Matisse e Chagall e roupas de Thierry Mügler, Christian Lacroix e Yves Saint-Laurent. Espetáculos de rua e em circos deverão ser encenados Brasil afora.


‘Queremos que seja algo que ocorra no Brasil inteiro, de Roraima ao Rio Grande do Sul, e que tenha caráter popular’, esclareceu Danilo Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo e presidente do comissariado brasileiro. Ele dividiu a mesa com o ministro da Cultura, Gilberto Gil, o presidente do comissariado francês, embaixador Yves Saint-Geours, que é presidente do Grand Palais de Paris, e com o embaixador da França no Brasil, Antoine Pouillieute.


A iniciativa, assinada ainda por Jacques Chirac e o presidente Lula em 2006, foi confirmada por Sarkozy este ano. É uma forma de o Brasil retribuir o esforço francês que fez do Ano do Brasil na França (2005) um sucesso – como legado, houve aumento nos números do turismo, nos negócios entre os dois países e na procura por cursos de português por lá, por exemplo. Quinze milhões de franceses participaram.


‘O Brasil foi representado em 2.500 eventos de todos os campos. Somos filhos dessa grande república universal que a França sempre quis’, disse Gil, que, simpático, gastou seu francês aqui e acolá no discurso. ‘Já pedi generosa porção do orçamento para os projetos e a França está fazendo o mesmo. Vamos levar nossa generosidade no limite das nossas possibilidades. Sabemos que a França é um país muito mais rico do que nós.’


O Ano da França no Brasil vai de 21 de abril – será aberto no Rio, com um espetáculo pirotécnico e de música na Lagoa Rodrigo de Freitas – a 15 de novembro (o encerramento será em São Paulo). As inscrições de projetos (culturais, acadêmicos e científicos) estão sendo feitas desde 28 de março pela internet, na página www.cultura.gov.br/franca_br2009. O prazo acaba no dia 31 de julho. Mais de 200, daqui e de lá, já chegaram.


Além de se submeterem ao crivo dos comissariados, os proponentes terão de tentar, por conta própria, a inclusão na Lei Rouanet. Todos têm de apresentar uma ‘estratégia consistente de captação de recursos’, mostrar a França diversa do século 21 e promover o intercâmbio entre o país e o mundo. Grandes empresas francesas já se mobilizaram – Air France, Carrefour, Renault, Peugeot, Citroen e outras. Espera-se que as brasileiras sigam o exemplo.


Tudo está sendo decidido em reuniões conjuntas. Lula e Sarkozy farão o lançamento em dezembro. Rio, São Paulo, Brasília e São Luís – a única cidade brasileira fundada por franceses – sediarão momentos-chave do Ano da França no Brasil, que estará representado em eventos já consolidados, como a Virada Cultural, o São Paulo Fashion Week, o Fashion Rio e os principais festivais de artes cênicas e de cinema.


Lenine, um dos muitos artistas que participaram do Ano do Brasil na França, agora planeja repetir a performance com a Orquestra Nacional da ?le-de-France, possivelmente em São Paulo e no Recife. ‘A importância (do Ano) é brutal. Eu me lembro com muito carinho dos shows que fiz. Existe um débito (do Brasil com a França.)’’


 


Beth Néspoli


Artistas e produtores discutem no Senado


‘A atriz Nicette Bruno estava entre os representantes da classe teatral que participaram ontem de mais uma audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal, para discutir uma legislação específica para a atividade teatral. Segundo a senadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN), vice-presidente e relatora da comissão, Nicette relembrou vários momentos de mobilização da classe teatral, começando pela atuação de Dulcina de Moraes. ‘Ela mostrou que as conquistas sempre vieram em momentos de união de toda a classe, dos grandes produtores ao amadores, dos artistas independentes aos ligados a companhias e grupos.’ A audiência de ontem foi a última antes do início da elaboração do projeto de lei. ‘Colhemos muitas idéias, já é o momento de elaborar um projeto. Creio que outras audiências serão necessárias, mas para discutir em cima de uma lei, que vai surgir das sugestões colhidas até agora’, diz a senadora. Participaram Roberto Nascimento, representante do MinC, a atriz Sheila Aragão (DF), Tânia Farias, representante do Redemoinho; a produtora Bianca de Felippe (RJ) e Paulo Pélico, representante da Apetesp.’


 


TELEVISÃO
Cristina Padiglione


Pantanal vem aí


‘O SBT botou no ar uma série de entrevistas nas ruas sob o mote ‘qual a sua novela preferida?’. A resposta mais freqüente é Pantanal, produção de 1990 da falida TV Manchete, cujos direitos de texto a Globo comprou de Benedito Ruy Barbosa. A campanha do SBT tem tudo a ver com informação cravada pelo colunista Flávio Ricco na edição de ontem da coluna de TV Canal 1: o SBT conseguiu as cópias originais da saga de Juma Marruá e vai reprisar o folhetim dirigido por Jayme Monjardim.


A idéia de Silvio Santos é jogar Pantanal na vaga a ser ocupada por Revelação, novela de sua Iris Abravanel.


Em tese, o SBT não pode exibir a produção, não só porque o texto pertence à Globo. Trata-se de produto da massa falida da TV Manchete – diferentemente de Xica da Silva, também exibida pela Manchete e reprisada pelo SBT, que foi produzida sob o selo Bloch, Som & Imagem.


Se a Justiça interferir na reprise de Pantanal, não será a primeira novela que o SBT interromperá no ar. Nem seria ação inédita na arte de criar polêmica by Silvio Santos – vide Casa dos Artistas e Buffo & Spallanzani, filme exibido pelo SBT na véspera da data anunciada pela Globo.’


 


 


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