Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Mídia comprada pelo governo Fujimori

Na terça-feira (3/1), o governo do Peru requisitou formalmente a extradição de Alberto Fujimori do Chile, onde ele chegou em novembro passado após cinco anos de exílio no Japão. Há um mandado de prisão destinado ao ex-presidente. Fujimori, que ficou no poder de 1990 a 2000, é acusado de ordenar o assassinato de 25 pessoas por um esquadrão da morte paramilitar, desviar dinheiro governamental para contas pessoais e do Serviço de Inteligência Nacional e subornar a imprensa e políticos.


O dinheiro desviado para a SIN, agência de espionagem dirigida pelo então assessor presidencial Vladimiro Montesinos, era usado em grande parte para controlar jornais e emissoras de televisão.


Relatório do Human Rights Watch, divulgado em dezembro, denuncia o ‘controle da imprensa’ exercido por Fujimori na década em que esteve no poder. Segundo a organização, Montesinos ‘testemunhou que Fujimori autorizou pagamentos enormes para garantir o controle do governo sobre a mídia’.


Na campanha de 2000 para a reeleição, Montesinos ‘dava dinheiro regularmente a donos de tablóides sensacionalistas em troca de manchetes de primeira página ridicularizando e insultando políticos de oposição e jornalistas’. Além do suborno, parte do dinheiro também foi destinada para o lançamento de mais alguns tablóides.


Suborno e jogo sujo


O ‘investimento’ feito na área televisiva foi ainda maior. Milhões de dólares foram entregues a proprietários de canais de TV ‘em troca de controle editorial sobre suas transmissões’, acusa a organização.


Em uma das principais manobras pelo controle da mídia nacional, afirma o relatório, o governo de Fujimori simplesmente revogou a cidadania peruana do proprietário do canal Frequencia Latina, Baruch Ivcher, nascido em Israel. A medida efetivamente o proibiu de possuir uma emissora de TV no Peru. ‘Acionistas minoritários ligados ao governo tomaram a emissora e sua linha editorial mudou completamente’.


O Human Rights Watch afirma ainda que, desde o início da presidência de Fujimori, em 1990, o governo grampeou telefones de ‘um grande número de cidadãos peruanos, incluindo jornalistas, membros da sociedade civil e políticos’.


‘No Peru de Fujimori, a corrupção em larga escala não apenas privou os peruanos de fontes públicas que poderiam ser usadas para melhorar a economia como erodiu seriamente as leis, que seriam essenciais para a proteção dos direitos humanos’, conclui a organização. ‘Mais do que isso, através da corrupção o governo pôde subverter completamente o processo democrático, eliminando o controle de abusos governamentais pelo judiciário, pelo legislativo e pela imprensa’. Informações de Mark Fitzgerald [Editor & Publisher, 11/1/06].