Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Protógenes detalha pressão
e revela que foi insultado


Leia abaixo os textos de segunda-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 28 de julho de 2008


CASO DANIEL DANTAS
Delegado detalha pressões e insultos


Fausto Macedo e Marcelo Godoy


‘O dossiê que abalou a Polícia Federal e pôs em xeque a aura de corporação unida e compacta na guerra ao crime organizado revela os bastidores da operação Satiagraha – missão que levou para a cadeia o banqueiro Daniel Dantas e desmontou suposto esquema de desvio de recursos públicos, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.


São 16 páginas subscritas por Protógenes Queiroz, o delegado que comandou a maior ação da PF no ano até ser alijado do inquérito em meio a intensa pressão superior. Punido com o rótulo da insubordinação, ele voltou a Brasília com a justificativa oficial de fazer um curso de especialização.


No documento que confiou à Procuradoria da República, e no qual sustenta ter havido obstrução às investigações e boicote à Satiagraha, Protógenes denuncia que foi forçado a revelar informações sensíveis do caso – e que resistiu por serem elas estrategicamente protegidas pelo sigilo. Afirma ainda ter sido insultado por colegas instalados em postos elevados na hierarquia.


Ele reconstitui os instantes derradeiros da operação, marcados por um duelo interno sem paralelo na história recente da PF. O momento crucial, relata Protógenes, se deu quando a operação preparava o bote a suas presas mais evidentes, entre elas Dantas e o investidor Naji Nahas, a quem a PF atribui o mando de organizações que se teriam associado para fraudes financeiras.


Era a madrugada de 8 de julho, terça-feira. Agentes e delegados se concentravam na sede da Superintendência Regional da PF, no bairro da Lapa. Às 4 horas começou a distribuição dos kits diligências – cópias dos mandados judiciais que autorizavam o efetivo a fazer buscas e prisões em escritórios e residências dos alvos da Satiagraha. ‘As dificuldades ocorreram antes, durante e depois da operação’, acusa Protógenes.


CHOQUE EMOCIONAL


Um dos objetivos era Celso Pitta, ex-prefeito de São Paulo (1997-2000), que mora no Jardim Paulista. Protógenes e seus homens estavam a caminho quando o celular dele tocou. Do outro lado, uma voz exaltada – era o delegado Paulo de Tarso Teixeira. ‘Que porra você está fazendo que está fora da superintendência, Queiroz?’, teria dito Teixeira, segundo o relato por escrito de Protógenes. ‘Você é um mentiroso, você mentiu para mim, você não me avisou porra nenhuma.’


Teixeira conduz a Divisão de Repressão a Crimes Financeiros, unidade de elite da PF. A assessoria da direção-geral da corporação informou que ele não iria se manifestar sobre o caso.


Protógenes teria se comprometido a permanecer na superintendência, durante a operação, daí a irritação de Teixeira. Ele afirma que o chefe da Crimes Financeiros o tratou com ‘palavras de baixo nível’ e que um ‘choque emocional tomou conta de toda a equipe’.


No capítulo ‘incidentes’, que incluiu no relatório de execução da Satiagraha, Protógenes narra que começaram no dia 7 os preparativos para o cumprimento de 24 mandados de prisão e 56 de buscas. ‘Recebeu sucessivas ligações telefônicas, em tom agressivo, exigindo cópia da decisão judicial do juiz da 6.ª Vara Federal em São Paulo a fim de verificarem os nomes dos investigados’, assinala o delegado.


Protógenes recusou-se a passar a lista, alegando preocupação com o vazamento de dados secretos. ‘Por sucessivas vezes (Protógenes) declinou que não poderia atender tal solicitação em razão do sigilo que revestia o trabalho e a importância dos alvos investigados, bem como informou que daria maiores informações a partir das 4 horas do dia seguinte.’


‘Durante o desenvolvimento das atividades dos trabalhos de inteligência policial consistente em monitoramento telefônico e telemático, foram muitos os obstáculos enfrentados, desde falta de pessoal, indícios de vigilância por parte da organização comandada por Daniel Dantas, bem como por parte de alguns policiais federais contra a equipe de policiais da Satiagraha’, destaca.


‘Outro dado que considero prejuízo foi a migração de dados do sistema antigo de análise que utilizamos para um novo sistema implantado no Departamento de Polícia Federal/Ministério da Justiça chamado i2’, aponta o delegado. ‘Neste processo, houve perda ou mistura de todos os dados operacionais antigos e atuais.’


Para realçar o que classifica de falta de apoio da cúpula da PF, ele indica que apenas quatro policiais analisaram dados ‘advindos da interceptação telefônica, da ordem de aproximadamente 1.300 chamadas por dia dos alvos, desde dezembro de 2007’.’


 


 


 


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PF nega boicote e diz que é normal pedir informações sobre alvos de prisão


‘A Polícia Federal vai informar à Procuradoria da República que mobilizou todo o efetivo e recursos necessários para o êxito da Operação Satiagraha. Foram 300 os policiais destacados na madrugada de 8 de julho para cumprimento de 24 mandados de prisão e buscas em 56 endereços residenciais e comerciais.


A PF não admite que tenha havido ‘obstrução da investigação’, como alega o delegado Protógenes Queiroz, e já começou a reunir as informações sobre o caso. Desde sexta-feira, delegados preparam texto com todos os dados acerca do contingente acionado para a missão.


A assessoria do delegado Luiz Fernando Corrêa, diretor-geral da PF, garantiu que ‘desde já se põe inteiramente à disposição’ do Ministério Público e da Justiça para prestar qualquer tipo de esclarecimento.


Na semana passada, o dossiê Protógenes Queiroz começou a ser investigado. A apuração está sob responsabilidade do procurador Roberto Diana, que coordena o setor do Ministério Público Federal (MPF) encarregado do controle externo da atividade policial. Diana cobrou explicações da PF.


A cúpula da PF admitiu que antes da execução das ordens de prisão tentou obter junto à equipe de Protógenes a lista completa dos alvos de Satiagraha. ‘Realmente isso aconteceu’, declarou a assessoria do dirigente máximo da PF.


Segundo a assessoria, essa conduta ‘é absolutamente corriqueira, acontece em qualquer operação da Polícia Federal’. A PF assinala que precisa saber com antecedência quem e quais são os objetivos da blitz.


Isso quer dizer que na véspera de qualquer operação – até então mantida sob segredo para evitar alerta aos investigados – outros setores da instituição, não apenas aqueles envolvidos no caso, ficam sabendo de detalhes da ação.


‘É preciso dimensionar a logística da operação’, respondeu a assessoria de Corrêa. ‘Primeiro para saber quais os locais em que as prisões deverão ser executadas. Se for em órgão público os policiais não poderão se apresentar ostensivamente.’


A PF alega que tem por norma saber quem deverá ser capturado para identificar ‘alvos de periculosidade’. Nesse caso, o armamento empregado será ‘diferenciado’. ‘Não há nenhuma excepcionalidade, haveria se isso não ocorresse.’


De acordo com a direção-geral, o delegado Paulo de Tarso Teixeira, chefe da Divisão de Combate a Crimes Financeiros, não iria se manifestar sobre as acusações de Protógenes.’


 


 


MÍDIA & POLÍTICA
Cristina Padiglione


Jurista auxilia debate


‘Um jurista ficará de plantão no switcher da Bandeirantes, dividindo espaço com diretores e editores que de lá comandam as cenas do estúdio. O expediente é para esta quinta-feira, durante o primeiro debate eleitoral da temporada. O advogado fará parte de um comitê ali presente justamente para definir, por exemplo, quem tem razão em solicitar direito de resposta.


‘Qualquer ofensa pessoal pode produzir um direito de resposta’, assegura o diretor nacional de jornalismo da Band, Fernando Mitre.


A mediação será de Boris Casoy, recordista no quesito de cenas memoráveis em debates pré-eleitorais. Também da Band, os jornalistas Fernando Vieira de Mello Filho e José Paulo de Andrade farão perguntas no quarto e penúltimo bloco do programa.


Item ao qual os candidatos dão grande importância para definir o figurino do dia, a cor do cenário em São Paulo pende para o azul . No mesmo horário, a Band realizará debates também em Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador. Até sexta-feira passada, o encontro no Rio ainda não era certo – havia discordância no grupo de candidatos sobre os critérios que excluem os nanicos.’


 


 


 


MERCADO EDITORIAL
Marili Ribeiro


Revista masculina busca novo perfil


‘Uma pesquisa feita pelo Instituto Ipsos, sob encomenda do núcleo de revistas masculinas da Editora Abril, mostra que as mudanças no comportamento do sexo masculino se tornam cada vez mais palpáveis. A pesquisa apresenta um homem cada vez mais livre para expressar seus sentimentos, mais vaidoso com seu corpo e rosto, disposto a ir às compras e mais voltado para o ambiente da casa, ciente da dupla jornada de trabalho, antes restrita ao universo feminino. Uma espécie de ‘homem do lar’ surge no horizonte.


O resultado do estudo tem sido apresentado pelo diretor do Núcleo Homem de revistas da Abril, Felipe Zobaran, às agências de publicidade, numa tentativa de ampliar o leque de anunciantes das revistas masculinas. ‘Essas características acentuam tendências que vão refletir no consumo e na forma como as marcas irão se comunicar com eles’, explica Zobaran. ‘Basta ver que, no primeiro semestre deste ano, pela primeira vez aqui na Abril, os anúncios de moda superaram nas revistas masculinas os de bebidas e automóveis, que são tradicionais anunciantes do segmento.’


Um homem dono de um perfil menos machista também estimula uma movimentação no negócio das revistas dedicadas a eles. Há novos títulos na praça, caso da revista Men?s Health, voltada para saúde e bem-estar da Editora Abril, surgida há dois anos e que se tornou sucesso de vendas.


Na brecha dessa oportunidade de mercado chega agora em agosto mais um título nesse segmento: a revista de origem inglesa Maxim, da Editora Escala. A publicação pretende ter na capa mulheres bonitas e bem-sucedidas, mas que não se dispõem a posar nuas, além de, claro, assuntos diversos do interesse masculino, escritos com um olhar masculino.


‘Somos uma revista para homens com relacionamentos estáveis e não uma publicação de incentivo à pegação. Não queremos o espaço da VIP (revista da Abril), que ensina onde ir para pegar mulher’, diz André Jalonestsky, diretor da Escala. Se editorialmente a nova publicação já definiu quem quer atingir, comercialmente vai atrás dos anunciantes que, segundo Jalonestsky, se recusam a pôr suas mensagens publicitárias em revistas de mulheres nuas.


No geral, o mercado de revistas perde receita publicitária desde o começo da década. Pelos dados do Projeto Inter-Meios, que monitora os investimentos em mídia no País, no ano passado, o segmento respondia por 8% do total das verbas publicitárias. Em 2000, essa participação era de 10%.


No caso das revistas masculinas, há retração de circulação de alguns títulos. Revistas com mais de uma década de existência como Playboy, VIP e Sexy perdem espaço, enquanto publicações mais novas – e em sintonia com temas que preocupam esse homem – ganham mercado, caso da Men?s Health.


A Playboy, por exemplo, caiu de uma média de 222,4 mil exemplares mensais de junho de 2006 a maio de 2007 para 209,8 mil exemplares mensais de junho de 2007 a maio de 2008, segundo dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC). Na mesma comparação, a Men?s Health subiu de 89,4 mil para 109,1 mil exemplares mensais, em média.


Esses números, de certa forma, endossam a pesquisa do Ipsos. Zobaran não vê nesse sobe-e-desce de circulação entre dois títulos da Abril uma situação de canibalização entre públicos, mas sim um aumento de segmentação do setor.


Jalosnetsky, da Escala, porém, discorda. ‘Revistas masculinas são extremamente limitadas em termos de segmentação e quantidade’, diz. ‘Quando se foca em comportamento masculino – sem nudez e/ou sexo -, as opções ficam ainda mais restritas. Ao mesmo tempo, esse segmento é vigoroso e muito disputado na Europa e Estados Unidos’, acrescenta. Segundo ele, está mais do que na hora de o Brasil expandir a oferta de revistas nessa área.’


 


 


 


MÍDIA & CULTURA
Ubiratan Brasil


‘O futuro está na TV de internet’


‘O homem que transformou o cinema em uma alucinante mistura de tempo, espaço, sexo e morte chega ao Brasil no domingo. O cineasta David Lynch desembarca neste dia no Rio de Janeiro, iniciando um périplo em que, até o dia 9, vai visitar também São Paulo e Belo Horizonte para divulgar seu livro Em Águas Profundas – Criatividade e Meditação (tradução de Márcia Frazão, 204 páginas, R$ 29,90) que a editora Gryphus lança nos próximos dias. Trata-se de uma série de capítulos curtos (alguns no formato de pílulas) em que o criador de Veludo Azul e Império dos Sonhos revela as influências da prática da meditação transcendental em sua vida e obra.


Lynch tornou-se adepto da prática na década de 1970, antes mesmo de estrear no cinema com Eraserhead – o filme, aliás, era um dos preferidos de Stanley Kubrick, como Lynch revela, com orgulho, no livro. A aproximação veio com o interesse pelo movimento espiritual criado pelo guru indiano Maharishi Mahesh Yogi, que seduziu outros simpatizantes como os Beatles.


Inicialmente cético, Lynch cedeu à experimentação em 1973, convencido pela irmã. Ao lado de uma orientadora que se parecia com Doris Day, ele tomou conhecimento de um mantra, que deveria ser repetido em duas sessões diárias de 20 minutos para atingir um estado de ‘alerta descansado’. ‘Foi como se estivesse em um elevador cujo cabo se rompesse de repente’, escreve, no livro. ‘Caí direto na mais pura felicidade.’


A meditação, confessa, tornou-se um método eficaz para acalmar sua intensa inquietação, além de exorcizar demônios internos que, como bem sabem seus fãs, se transferiram para o cinema. Intuitivo, Lynch relata sua paixão pelas histórias impregnadas de abstração.


Aos 62 anos e ainda fiel ao cabelo aparado rente dos lados e muito crescido no topo, Lynch não acredita no futuro do cinema – para o homem que criou imagens alarmantes, com lógica onírica, mudança de identidades e erotismo que transgride normas, o caminho está na internet. É o que ele comenta na seguinte entrevista ao Estado, realizada por telefone.


Qual sua expectativa em vir agora ao Brasil?


Bem, não sei ainda o que esperar. Já visitei outros 15 países para falar sobre minha obra, especialmente o livro, e, em todos, tive resultados muito felizes. Espero ter a mesma sorte em seu país. Gostaria, inclusive, de conversar com o presidente Lula, com quem falaria sobre paz.


Esse tema faz pensar em seu livro, que traz alguns relatos autobiográficos mas que trata basicamente da meditação transcendental. Qual proveito ela lhe trouxe?


Trata-se de uma técnica mental. Ela abre portas para o nível mais profundo da sua vida, onde navegam inúmeras sensações. Quando você atinge esse nível, quando você realmente transcende, descobre uma região de criatividade, amor, paz e inteligência infinitas, algo capaz de melhorar sua vida. Cresce a disposição para realizar coisas, pois o negativismo praticamente desaparece. Isso é importante pois, para mim, o pessimismo é inimigo do artista. Ao transcender, diminui a sensação de depressão, medo, tristeza e é possível trabalhar com a mente aberta. Nesse estágio, você consegue utilizar todo seu potencial, pois dispõe de mais compreensão e entendimento de tudo.


É possível identificar no cinema, especialmente nos seus filmes, algum momento em que essa transcendência seja perceptível?


Não acredito. O cinema e a música conseguem levar as pessoas a um estágio de imersão, mas, chegar a ponto de transcender, não creio. A transcendência é um ato único, muito forte, de atingir a felicidade – não uma qualquer, mas a felicidade irrestrita, ilimitada. Já o cinema é uma atividade que oferece a oportunidade do espectador atingir um nível de satisfação, mas não a um nível tão profundo. Gosto de falar sobre essas sensações, pois a transcendência é um ato natural. Muitas pessoas já atingiram esse nível sem perceber e tampouco sabem como repetir a experiência. Para se ter uma idéia, é uma sensação além daquela de quando se está chegando ao sono profundo, quando o corpo atinge um alto grau de relaxamento.


Mas o senhor consideraria o cinema como uma diversão que provoca algum tipo de desligamento da mente?


Para mim, cinema é a criação de um mundo no qual desfrutamos uma série de experiências. Trata-se de um mundo que oferece uma infinidade de possibilidades porque a linguagem cinematográfica é mágica. E, como cada cineasta usa sua criatividade de uma forma distinta, cada um também constrói um mundo diferente. Nesse caso, há experiências melhores que outras. O cinema pode abstrair, mas não acredito que consiga fazer alguém transcender. Para mim, o cinema deveria conduzir o público a níveis mais profundos e abstratos, dar indicações de caminhos ocultos, mas não conseguiria transcender.


Isso aconteceria porque atualmente o público de cinema diminuiu sua capacidade de pensar, especialmente por conta do excesso de filmes que oferecem apenas diversão?


Entendo o que você quer dizer, mas o ser humano é naturalmente dotado de sensibilidade. O problema é que a maioria dos filmes atuais é superficial, eles não exigem uma grande capacidade de compreensão. As tramas não oferecem provocações, apenas diversão. Quando se deparam com filmes mais densos, muitas pessoas sentem-se perdidas por não compreender, mas garanto que elas entendem mais do que realmente imaginam.


Sobre seus filmes, gostaria que o senhor falasse especificamente de uma cena de Estrada Perdida em que uma música brasileira, Insensatez, de Tom Jobim e Vinícius de Morais, é tocada integralmente.


Ouço diferentes tipos de música e nem todas conseguem casar com a trama. Mas, no caso específico de Insensatez, logo fiquei muito atraído por ela. E, tão logo a coloquei no filme, percebi que a cena cresceu, atingiu o grau que eu esperava. Fico particularmente satisfeito quando consigo o casamento exato entre música e cena, o que aconteceu nesse caso.


Uma de suas melhores obras, Twin Peaks, foi criada para a TV. O senhor pretende retornar para a televisão?


Não, pois o futuro é a televisão de internet. Já está chegando. A TV que hoje conhecemos está condenada, assim como filmes realizados para salas de cinema e DVDs. Hoje temos de pensar no formato de internet e é o que pretendo fazer com meu trabalho.’


 


 


 


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Meditações sobre A Arte De Filmar


‘‘Eraserhead é meu filme mais espiritual. Ninguém entende quando digo isso, mas é verdade. Eraserhead foi desenvolvendo de um certo modo que eu não entendia (…) Um dia acabei lendo uma frase. E fechei a Bíblia porque havia encontrado: a resposta estava lá’


‘Para mim, Duna foi um baita fracasso. Eu sabia que teria problemas quando concordei em não fazer a edição final. Minha esperança é que desse certo, mas não deu. Lamentavelmente, o resultado final não ficou com eu esperava’


‘Não sei por que a emissora deixou que Twin Peaks se tornasse um piloto. Mas quando permitem que alguma coisa se torne piloto, isso não quer dizer que vão transformá-la em seriado. (…) De qualquer forma, meu piloto obteve uma boa pontuação, embora não espetacular, mas a verdade é que teve um público enorme na noite de estréia. Foi a sorte grande’


‘O filme vem, para mim, em fragmentos. O primeiro é a peça do quebra-cabeça que orienta todo o resto. Em Veludo Azul, isso surgiu sob a forma de lábios vermelhos, gramados verdes e a canção Blue Velvet interpretada por Bobby Vinton. A idéia seguinte foi uma visão de uma orelha sobre a relva’


‘Não emito comentários de direção nas cenas de making of dos meus DVDs. Sei que as pessoas adoram os suplementos, mas, com todos os acréscimos de hoje em dia, o filme parece ter se perdido’


‘Depois que se trabalha com vídeo digital de equipamento leve, pequeno e com foco automático, o trabalho com película se mostra incômodo’’


 


 


 


 


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CINEASTA PARTICIPA DE EVENTOS EM SÃO PAULO NO DIA 7


‘ROTEIRO: David Lynch desembarca no Rio de Janeiro no domingo, quando apenas descansa e passeia, preparando-se para a maratona. No dia seguinte, participa de uma entrevista com a imprensa, além de encontro com autoridades e de um evento noturno promovido pelo jornal O Globo.


No dia 5, Lynch viaja a Belo Horizonte, onde vai conversar com mais de mil crianças e se encontrar com artistas até terminar o dia autografando o livro no BH Shopping. No dia 6, a agenda prevê um encontro com estudantes da Universidade Federal, seguido de uma recepção na Federação das Indústrias, onde o cineasta participa da programação da Semana da Paz.


Lynch chega a São Paulo no dia seguinte. Entre 15 e 17 horas, ele autografa seu livro Em Águas Profundas na livraria Cultura do Conjunto Nacional. Haverá ainda uma conversa sobre a prática da meditação transcendental. E, à noite, a partir das 20 horas, estará na Faap para leituras e promoção da obra. A previsão é que o evento termine às 22 horas


No dia 8, ainda em São Paulo, ele grava entrevistas para programas de televisão e tem encontros com políticos, especialmente da área de educação. No dia seguinte, Lynch volta ao Rio e, pela manhã, participa de debate na Faculdade Estácio de Sá. E, antes de embarcar para a Venezuela, onde ficará no dia 9, grava mais uma entrevista para um programa de televisão.’


 


 


TELEVISÃO
Cristina Padiglione


Tarefa une Cultura e Cinemateca


‘Filmes e fitas da TV Tupi hospedados na Cinemateca e na TV Cultura unem agora as duas instituições nos esforços para a digitalização desse acervo. A Cultura abriga ainda fitas da TV Manchete, o que engrossa suas intenções para o futuro Museu da TV.


O projeto voltou para o papel depois que governo e prefeitura definiram outro destino à Casa das Retortas, no Brás. E ninguém toca no assunto que motivou tal mudança de planos. Nem Johnny Saad se manifesta sobre sua resistência ao projeto, que já estava pronto quando chegou ao seu conhecimento.


Filho do rei volta à tela


Herdeiro de Roberto Carlos, Dudu Braga esteve na TV Cultura para gravar o piloto de Vida em Movimento, programa que abordará o universo de atividades físicas para portadores de deficiência física. O título estréia em breve, em data a definir.


Entre-linhas


Além de estrear novo programa, Ratinho já ouve, aqui e ali, quem fale sobre a renovação de seu contrato no SBT.


Ex-global, atualmente na Record, já é conhecida na nova emissora pelo excesso de críticas e reclamações aos profissionais do backstage e à estrutura da casa. Não cansa de falar: ‘Na Globo não era assim…’


O GNT estréia no dia 3 produção em que a protagonista ‘é injustamente presa, cumpre pena, é solta e tenta reerguer sua vida e recuperar a confiança da filha’. A Favorita? Não, o enredo é da série canadense Justa Causa.’


 


 


 


UBALDO PREMIADO
Daniele Carvalho


‘Me sinto um BBB’, diz João Ubaldo


‘No dia seguinte à conquista do Prêmio Camões 2008, o escritor baiano João Ubaldo Ribeiro manteve o humor e o senso crítico que o tornaram internacionalmente conhecido. De seu apartamento no Leblon, zona sul do Rio, o colunista do Estado se deliciava com a quantidade de telefonemas e e-mails recebidos de amigos e escritores desde a tarde de sábado ‘Estou me sentindo uma celebridade. Pareço até um BBB’, brincou, referindo-se ao reality show.


Oitavo brasileiro a receber a homenagem, criada pelos governos de Portugal e Brasil, em 1988, Ubaldo foi escolhido pelo conjunto de sua obra, que contribui para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural da língua portuguesa. Apesar de se dizer feliz e satisfeito com a premiação, ele lamentou o pouco destaque que o assunto ganha no País.’Talvez se eu me chamasse John Brock e ganhasse um prêmio nos Estados Unidos, seria mais conhecido e teria mais espaço no noticiário.’


Dizendo-se de mau humor – situação difícil de ser identificada diante de seus comentários -, Ubaldo avalia que o pouco interesse do brasileiro pela leitura tem como causa a forma com que a literatura é ensinada nas escolas. Segundo ele, os alunos, muitas vezes, são obrigados a ler textos para depois responder a questões confusas e mal elaboradas. ‘Os livros didáticos de literatura estão repletos disto. Eu teria dificuldade de responder a perguntas feitas até sobre textos meus’, disse.


RECONHECIMENTO


O reconhecimento internacional obtido em um país em que poucos buscam a companhia de um livro foi lembrado por Lygia Fagundes Telles, última brasileira a receber o Prêmio Camões (2005). ‘É um afago à alma. É árduo o ofício de um escritor em um país como o Brasil, que tem tantos analfabetos. O prêmio me trouxe muitas alegrias. João Ubaldo merecia este reconhecimento’, afirmou a escritora.


A utilização de elementos técnicos e temáticas populares foi apontada pelo imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) Antônio Carlos Secchin como a principal característica da literatura de Ubaldo. ‘Ele é o erudito de bermudas. Ele não é um autor ingênuo e é sofisticado’, disse. Para ele, as obras Viva o Povo Brasileiro e Sargento Getúlio são exemplos claros dessa dualidade.


‘Viva o Povo Brasileiro é uma obra fundamental para a literatura nacional. O livro sintetiza a alma de nosso povo’, acrescenta o também imortal Cícero Sandroni, que descreve Ubaldo como uma pessoa de relacionamento ameno e agradável. ‘Sentimos falta dele na ABL, mas sabemos que ele produz muito. É o tipo de escritor que mergulha e se dedica totalmente quando está escrevendo um romance. Seu trabalho é admirável’, afirmou Sandroni.


A consistência da obra de Ubaldo também é lembrada pelo escritor Silvano Santiago, que o considera um dos nomes mais importantes da literatura brasileira na segunda metade do século 20. ‘Ele faz parte daquela geração de baianos talentosos, como Glauber Rocha. No exterior, ele é tido como o sucessor de Jorge Amado. Boa parte de seus livros é publicada, inclusive, pelas mesmas editoras dos livros de Jorge’, contou.


Para o poeta e roteirista Geraldo Carneiro, que adaptou O Sorriso do Lagarto para uma minissérie de televisão, Ubaldo consegue dialogar com os mais variados públicos. ‘Temos um relacionamento ótimo. Adaptar os livros de João Ubaldo para a televisão não é uma tarefa difícil. Seus personagens são muito ricos e seu texto é repleto de ação’, elogiou Carneiro.


COLABOROU RAFAEL SIGOLLO’


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 28 de julho de 2008


MÍDIA & POLÍTICA
Fernando de Barros e Silva


gilberto@kassab.com.br


‘SÃO PAULO – Se as coisas já não andavam nada boas para o lado do prefeito Gilberto Kassab, ficaram bem feias agora, com a revelação -num grande furo da jornalista Renata Lo Prete- de que acionou por e-mail quase todos os subprefeitos da cidade com a recomendação de que tentassem interferir no campo da recente pesquisa do Datafolha.


O episódio tem implicações legais, já que é proibida a ação eleitoral de agentes públicos em serviço. Mas, se a intenção é coibir o uso da máquina em benefício de qualquer candidatura, sob este aspecto valeria comparar a falta do prefeito e a publicação da revista ‘Governo Lula nos Municípios’, patrocinada com dinheiro público e já incorporada às campanhas do PT pelo país, como noticiou a Folha no sábado.


O que chama a atenção na operação tabajara de Kassab não é o maquiavelismo, mas a mistura de insensatez com ingenuidade, de malandragem com inocência, de esperteza com amadorismo político.


Registre-se, para quem é chegado em duendes: o prefeito diz que não tinha a pretensão, de resto desvairada, de inflar seu desempenho na pesquisa, mas a intenção de reagir a possíveis distúrbios por encomenda nos locais do campo, segundo ele praticados por militantes do PT.


Traído pelo excesso de confiança ou vítima do próprio desespero? As coisas se misturam. Pressionado pela necessidade de mostrar aos tucanos que o apóiam que ainda tem alguma chance de embaralhar a disputa polarizada entre Marta e Alckmin, Kassab recebe da elite da máquina que supostamente comanda um recado inequívoco de que o desembarque já começou.


Flagrado num flerte com a ilegalidade, está claro que o prefeito foi apunhalado por algum dos seus que já bandeou para o lado de Alckmin. Essa será a tendência, que dificilmente a campanha na TV (onde o democrata tem mais tempo que os rivais) conseguirá reverter.


Os tucanos de São Paulo atolaram num pântano. Resta saber como José Serra, o padrinho de toda a meleca, vai sair dessa.’


 


 


 


Conrado Corsalette José Alberto Bombig


PT irá à Justiça contra uso da máquina por Kassab


‘A coordenação da campanha de Marta Suplicy (PT) irá pedir que a Justiça Eleitoral investigue se houve uso da máquina pública pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), que tenta a reeleição. A Folha revelou ontem que Kassab enviou e-mail para subprefeitos pedindo uma ‘ação’ de modo a tentar influir na última pesquisa Datafolha.


A mensagem foi enviada em 23 de julho -o primeiro dos dois dias de campo do levantamento, que apontou Kassab em terceiro lugar (11%).


Na noite de ontem, o candidato do PSOL, Ivan Valente, protocolou no cartório da 1ª zona eleitoral uma representação de abuso de poder contra Kassab pelo suposto uso da máquina pública em benefício de sua campanha.


O prefeito voltou a negar ontem o uso da máquina pública e repetiu que sua intenção era evitar que adversários, especificamente os petistas, influenciassem o levantamento. Os procedimentos de segurança e a metodologia do Datafolha impedem que ações coordenadas modifiquem o resultado.


Marta, que visitou ontem o Centro de Tradições Nordestinas e a festa anual dos motoristas de ônibus da capital, evitou comentar o caso. ‘Estou pasma, não tenho palavras’, limitou-se a dizer a ex-prefeita.


Coordenador da campanha petista, o deputado federal Carlos Zarattini (PT) justificou a intenção do partido de ir à Justiça contra Kassab. ‘Servidor público não é contratado para fazer campanha ou interferir nela.’ A Lei Eleitoral prevê punições a quem utiliza cargo público para fins eleitorais. A pena para quem for condenado por tal ilegalidade pode chegar à cassação da candidatura.


O candidato tucano, Geraldo Alckmin, apesar de hospitalizado por conta de uma diverticulite, conversou com aliados e decidiu que não irá entrar com representação contra Kassab.


Dividindo o primeiro lugar nas pesquisas com Marta, o ex-governador disse temer dinamitar as pontes com o prefeito para um eventual acordo na disputa de segundo turno.


Reservadamente, a avaliação dos tucanos é a de que o gesto demonstra ‘desespero’ e ‘descontrole’ de Kassab. E pode afastar o prefeito de seu antecessor e padrinho político, o governador José Serra (PSDB).


‘Cada um faz a campanha como pode. A nossa não se dá dessa maneira. Não pretendemos tomar nenhuma atitude, embora a gente entenda que eles tenham atentado contra uma das instituições mais importantes do país, que é o Datafolha’, disse o deputado federal Edson Aparecido, coordenador da campanha tucana.


Na seara petista existe uma divisão quanto às conseqüências políticas do caso. Parte da coordenação da campanha de Marta não vê com bons olhos a perspectiva de Kassab ficar ‘desidratado’ tão cedo, pois o prefeito ajuda a diluir os votos do eleitorado antipetista. Seu enfraquecimento faria esses votos migrarem para Alckmin precocemente, colocando o tucano à frente de Marta. Outros petistas preferem polarização imediata com o tucano, numa antecipação, dizem, do segundo turno. Há o consenso de que Kassab deve crescer com a propaganda gratuita na TV e no rádio, que começa em 19 de agosto. O prefeito é o candidato que terá o maior tempo na TV.’


 


 


 


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Datafolha barra influências em suas pesquisas


‘Os procedimentos adotados pelo Datafolha impedem interferências nos levantamentos realizados pelo instituto.


A metodologia aplicada pelos pesquisadores e as orientações dadas a eles quando vão a campo são capazes de barrar possíveis influências nas pesquisas, de acordo com o instituto.


Os pontos de fluxo onde são aplicados os questionários mudam de um levantamento para o outro e só são registrados no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) após a realização de cada pesquisa.


Caso existam movimentações estranhas em determinados ponto de fluxo, o pesquisador as informa por telefone e também nos instrumentos de campo. Conforme o instituto, quando isso ocorre, eles mudam de ponto e refazem as entrevistas.


O Datafolha informou que até o momento não foram detectadas perturbações no campo de nenhuma pesquisa feita pelo instituto na atual temporada.


Em levantamentos anteriores, a perturbação mais registrada, ainda que em quantidade reduzida, é a do militante partidário que pede para ser entrevistado. A oferta é descartada pelo aplicador do questionário. A metodologia usada pelo Datafolha proíbe que o eleitor que se ofereça seja entrevistado.


Existe também a realização de propaganda na vizinhança do ponto de fluxo. No entanto, há barreiras nos procedimentos de segurança que impedem essas tentativas.’


 


 


 


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Preocupação é com ação que prejudique cidade, diz Kassab


‘O prefeito Gilberto Kassab (DEM) afirmou ontem que permanecerá ‘alerta’ para evitar que ‘grupos partidários’ atuem para prejudicar o ‘bom andamento de serviços da cidade em função de pesquisas eleitorais’.


Kassab reiterou não entender ter atuado de forma irregular e disse que nunca buscou influenciar no resultado da mais recente pesquisa Datafolha.


‘Eu não acusei ninguém nem usei a máquina pública. Apenas, como prefeito da cidade de São Paulo, pedi aos subprefeitos que ficassem alerta para que, identificados os fatos [distúrbios ou tumultos], eles agissem, o que significa chamar a polícia. A preocupação não é a pesquisa, são ações que possam prejudicar a cidade’, disse.


Em seguida, afirmou que sua determinação deverá se repetir sempre que existirem pesquisas registradas na cidade.


Apesar disso, o prefeito disse desconhecer a ocorrência de problemas durante os dias em que o Datafolha esteve em campo, quarta e quinta-feira passadas. ‘Nós não temos conhecimento, mas estamos alerta’, afirmou ele ontem.


No e-mail que enviou aos subprefeitos na quarta-feira à noite, Kassab em nenhum momento se referiu aos eventuais distúrbios ou problemas.


‘Assim como hoje, onde alguns foram identificados, seria ótimo se acontecesse amanhã’, escreveu ele na mensagem.


Caçada


Segundo o prefeito, o episódio não deverá alterar os rumos de sua campanha. ‘Fiz tudo de forma transparente.’


Nos bastidores de sua campanha, no entanto, o temor é que o episódio afaste dele setores do PSDB que hoje já estariam negociando adesão à candidatura de Geraldo Alckmin, melhor colocado na pesquisa.


O ato também poderia ser interpretado como ‘desespero’ pelos vereadores de PR, PMDB e PV, atualmente preocupados com suas chances de eleição na coligação que sustenta Kassab e flertando com o PT.


Kassab participou de duas solenidades como prefeito de São Paulo ontem pela manhã. Na primeira delas, ele comemorou o aniversário do bairro de Santana, na zona norte da capital. Em seguida, esteve em um sindicato, também na mesma região.’


 


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


‘Muito, muito perto’


‘A Rodada Doha deu ‘inesperada arrancada de progresso’, na afirmação do ‘Financial Times’ de hoje. A ‘persuasão’ do Brasil foi um avanço, segundo o ‘Wall Street Journal’ de sábado. Mas sobram obstáculos ao ‘pacote frágil’ de sexta, afirma hoje o ‘Times’ de Londres, ecoando, como tantos na cobertura, o blog do comissário europeu nas negociações, Peter Mandelson.


Nas agências, ontem, enunciados contraditórios. A Reuters ressaltou que a representante americana questionou a resistência dos emergentes, a saber, China e Índia. Mas também que a Organização Mundial do Comércio avalia que acordos sobre disputas históricas, caso da banana, estariam ‘muito, muito perto’. E a agência chinesa Xinhua fechou o domingo saudando o ‘retorno do otimismo’ diante dos ‘sinais de consenso’. A Bloomberg foi pelo mesmo caminho.


O PRESIDENTE EM EXERCÍCIO


Na manchete do Drudge Report, com link para o site do Gallup (acima), ‘Liderança de nove pontos após turnê mundial’, para Barack Obama. É a maior diferença no mês. O ‘New York Times’ destacou que John McCain age para ‘limitar benefícios da viagem’, enquanto Obama voltou priorizando a economia.


Quanto à suposta ‘arrogância’ de ‘presidente em exercício’ no exterior, como acusam os republicanos, o colunista Frank Rich escreveu que o mundo quer Obama ou qualquer um, menos George W. Bush.


A RECORD CONTRA-ATACA


Cabral na Record


No ‘Jornal Nacional’ de sexta e antes no Globo Online, a operação da polícia do governador Sergio Cabral, que apóia Eduardo Paes a prefeito, achou ‘indício de apoio do tráfico’ a um candidato da Rocinha, parte da coligação de Marcelo Crivella -que comanda a disputa no Rio e é sobrinho de Edir Macedo.


No ‘Jornal da Record’ e antes na Record News, também sexta, a resposta na escalada: ‘Dirigindo o Rio: O governador Sergio Cabral faz 20 pontos na carteira, mas diz que a culpa não é dele’. Ele ‘pode perder a habilitação’.


MAIA TAMBÉM


O prefeito Cesar Maia, que apóia Solange Amaral no Rio, atirou ‘chumbo grosso’ contra Eduardo Paes, no dizer da Veja.com. Deu link para entrevista ao ‘SPTV’ em que Paes apóia milícia ‘formada por policiais e bombeiros’.


PCC NÃO EXISTE


Os telejornais da Record e da Band destacaram, nas manchetes, a prisão de ‘advogadas do PCC’ em SP.


No ‘JN’, ‘Preso grupo de advogados acusados de movimentar o dinheiro do crime organização em São Paulo’.


SPRJ


O ‘El País’ deu foto da Agência Espacial Européia para a ‘região mais povoada do Brasil’, com São Paulo e Rio


PROTOBLOG


Surgiu sábado e logo se espalhou o que foi apresentado como ‘blog para defender Protógenes’ ou, para outros, blog escrito pelo próprio delegado.’


 


 


 


UBALDO PREMIADO
Laura Mattos


Prêmio é ‘consolador em vida de briga’, diz Ubaldo


‘Foi com sua habitual ironia que João Ubaldo Ribeiro, 67, falou à Folha sobre os 100 mil (cerca de R$ 246 mil) que receberá por ter vencido, no sábado, o Prêmio Camões, a principal distinção concedida a autores de língua portuguesa.


‘Gostaria de lembrar que se trata de 100 mil. Pode parecer muito, mas não compra as dependências de empregada de um apartamento aqui pertinho na [avenida] Delfim Moreira [Leblon, zona sul do Rio]. Portanto, não posso sair por aí como quem sai do ‘Big Brother’ nem tampouco posar pelado, pois tenho o receio de que o mercado seria reduzido’.


Baiano radicado no Rio, o autor de ‘Sargento Getúlio’ (1971), ‘Viva o Povo Brasileiro’ (1984) e ‘O Sorriso do Lagarto’ (1989), entre outros livros, é o oitavo brasileiro a levar o prêmio (veja quadro abaixo). Ele completou a resposta sobre o dinheiro dizendo que irá aplicar no banco, para sua ‘aposentadoriazinha’. ‘Se fosse aposentado pelo INSS, estaria ganhando R$ 1.200 por mês. Já sou oficialmente velhote.’


Sobre o significado do prêmio para sua carreira, afirmou: ‘É sempre consagrador, é ‘o’ prêmio da língua portuguesa, não deixa de ser especial. Mas não estou tão seduzido assim pela glória. É consolador numa vida de briga, às vezes difícil, porque a vida de quem vive de escrever não é fácil, e nem sempre pude viver de escrever’.


Polêmica


No sábado, a agência de notícias Lusa informou que o vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Autores, José Jorge Letria, questionou a decisão do júri, formado por Maria de Fátima Marinho, professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, pelo escritor brasileiro Marco Lucchesi e pelo poeta e jornalista angolano João Meio. Segundo a agência, Letria disse que ‘precisam ser apresentadas razões justificáveis’ para o fato de o júri ter decidido analisar apenas escritores brasileiros neste ano.


Ubaldo disse que não soube da controvérsia. Ele foi jurado do prêmio em 1994, ano em que Jorge Amado foi o vencedor. ‘Na época, havia discussão sobre certas regras, como um rodízio entre países. Não lembro se definiram algo. Posso dizer que: a) Sou membro da Sociedade Portuguesa de Autores e ele [Letria] deve saber disso; b) Não tinha idéia de que se estava discutindo o Camões, porque não vivo pensando nessas coisas. Só sei que deram o prêmio e espero fervorosamente que não o tomem de volta.’


Em abril, a Alfaguara iniciou uma série de reedições da obra de Ubaldo, com ‘Sargento Getúlio’ e ‘Viva o Povo Brasileiro’. Para agosto, está previsto o relançamento do infantil ‘A Vingança de Charles Tiburone’ (1990) e, para janeiro, o do ensaio ‘Política: Quem Manda, Por Que Manda, Como Manda’ (1981). Em novembro, será lançada a coletânea de crônicas ‘Correio da Noite’.


Novas obras, porém, devem esperar. ‘Não tenho tempo’, justifica. ‘Recebo dezenas de originais, centenas de e-mails, solicitações as mais diversas. Como da amiga que posa nua e quer que eu faça uma frase dizendo como ela é linda pelada [já fez, por exemplo, para ‘Playboys’ de Maria Zilda e Vera Fischer], achando que é fácil. E não é, tem de suar o mês todo para imaginar algo de que fulana goste e que minha mulher não desaprove.’’


 


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OUTROS VENCEDORES


‘Brasileiros premiados


2005


Lygia Fagundes Telles


2003


Rubem Fonseca


2000


Autran Dourado


1998


Antonio Candido


1994


Jorge Amado


1993


Rachel de Queiroz


1990


João Cabral de Melo Neto’


 


 


 


QUADRINHOS
Pedro Cirne


Final Feliz


‘Em 1997, os gêmeos paulistas Fábio Moon e Gabriel Bá participaram pela primeira vez da San Diego Comic-Con, a mais disputada convenção de quadrinhos dos EUA, na qual são distribuídos os prêmios do Eisner Awards, o Oscar do gênero.


Nas primeiras idas a San Diego, Moon e Bá viajaram como fãs de HQ. Depois, como artistas iniciantes. Em duas edições recentes, chegaram a ser indicados. Na última sexta-feira, foram, juntamente com o gaúcho Rafael Grampá, os primeiros brasileiros agraciados com o Eisner em 20 anos da premiação, batizada em homenagem a Will Eisner (1917-2005), o criador do personagem Spirit.


A novidade se deu em dose tripla: Bá, Moon e Grampá venceram por ‘5’, na categoria melhor antologia; ‘The Umbrella Academy’, desenhada por Bá, levou o prêmio de série limitada; e ‘Sugarshock!’, ilustrada por Moon, foi considerada a melhor HQ digital.


‘5’ é nosso tributo ao fazer quadrinhos, à ‘ralação’ e à diversão que é criar uma HQ’, disse Grampá, 30, à Folha. ‘Acho que por isso ganhamos. Queríamos passar essa energia, e agora sei que conseguimos.’


‘Vencer esse prêmio significa que não faz diferença de onde você vem. Não faz sentido achar que não dá certo porque a gente vive no Brasil e o mercado é pequeno. Só depende do artista, só depende de fazer’, afirmou Moon ao site G1.


Elogios


Os ‘meninos do Brasil’ foram elogiados no palco por Jerry Robinson, 86, um dos primeiros roteiristas de ‘Batman’, e, como ‘autores do Brasil’, citados no discurso de outro grande nome das HQs, Brad Meltzer, um dos vencedores.


‘5’ é uma revista independente lançada no Brasil, nos EUA e na Grécia. Tanto a criação quanto a edição ficaram a cargo dos cinco quadrinistas: além dos brasileiros, o grego Vasilis Lolos e a americana nascida na Itália Becky Cloonan.


A revista traz quatro histórias narradas apenas por imagens e estreladas pelos autores. Assim, os gêmeos protagonizam a HQ ilustrada por Becky, Vasilis está na história desenhada por Moon, e por aí vai.


Os gêmeos Bá e Moon, 32, começaram a carreira em fanzines. O primeiro foi ‘Vez em Quando’, seguido por ‘Ícones’. Em 1997, surgiu o terceiro e mais famoso, ‘10 Pãezinhos’. As HQs deles misturam humor, romance, aventura e recursos metalingüísticos, como conversa direta com o leitor.


Bá e Moon já haviam sido indicados a melhor antologia em 2004 (‘Autobiographix’) e 2007 (‘24Seven’) -no mesmo ano, tiveram ainda uma indicação só deles por ‘De:Tales’ na categoria melhor edição americana de material estrangeiro.


‘Sugarshock!’ (www.myspace.com/darkhorsepresents), ilustrada por Moon, é escrita por Joss Whedon, criador do seriado ‘Buffy’.


Bá desenha ‘The Umbrella Academy’ a partir do roteiro de Gerard Way, vocalista da banda My Chemical Romance e que dedicou o seu Eisner ao brasileiro. Agora, Bá e o irmão deverão participar de uma minissérie envolvendo o personagem Hellboy. Já Grampá lançou em San Diego ‘Mesmo Delivery’.


PRINCIPAIS PREMIADOS


Antologia: ‘5’, de Becky Cloonan, Fábio Moon, Gabriel Bá, Rafael Grampá e Vasilis Lolos


HQ digital: ‘Sugarshock!’, de Joss Whedon e Fábio Moon


Série limitada: ‘The Umbrella Academy’, de Gerard Way e Gabriel Bá


Série contínua: ‘Y: The Last Man’, de Brian K. Vaughan, Pia Guerra e José Marzan Jr.


História curta: ‘Mr. Wonderful’, de Dan Clowes


Edição única: ‘Justice League of America’ nº 11, de Brad Meltzer e Gene Ha


Nova série: ‘Buffy the Vampire Slayer, Season 8’, de Joss Whedon, Brian K. Vaughan, Georges Jeanty e Andy Owens.’


 


 


 


TELEVISÃO
Cristina Luckner


Técnicas servem a cães e seus donos


‘‘Who Let the Dogs Out?’ (‘Quem soltou os cachorros?’, em tradução livre, que por aqui ganhou a versão ‘Só as Cachorras’) é a trilha sonora perfeita para ‘Ou Eu ou o Cachorro’, série que retrata situações reais entre os cachorros e seus donos. Na estréia da quarta temporada no Brasil, Victoria Stilwell continua à frente do programa com seus dez anos de experiência em adestramento de cães, e faz um alerta: ‘Você tem de ter controle sobre o cão, isso fará sua vida muito mais fácil’. Fazer essa escolha -entre você ou o cachorro- não é tarefa simples. Entretanto, se o seu animal de estimação é capaz de transformar sua rotina num inferno, é hora de tomar uma atitude. Os episódios das temporadas anteriores já mostraram casais que pensaram em divórcio e brigas de família provocadas pelos cães descontrolados. As técnicas infalíveis da adestradora funcionam como milagre na frente dos olhos dos donos do cachorro, que ficam pasmos ao ver os resultados. Durante o programa é possível conhecer um pouco da história das diferentes raças e aprender alguns truques para evitar o mau comportamento canino. Nos episódios, Victoria serve também de ‘adestradora’ para os donos dos cães, que, na sua opinião, são os principais responsáveis pelas travessuras de seus bichos.


OU EU OU O CACHORRO


Quando: amanhã, às 21h30


Onde: GNT


Classificação indicativa: não informada pelo canal’


 


 


 


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SÉRIE DA BBC ESTRÉIA NO DISCOVERY KIDS


‘O canal infantil Discovery Kids estréia, na próxima sexta-feira, às 9h, a série ‘Mister Maker’, produção da rede inglesa BBC na qual um apresentador ensina as crianças a fazer trabalhos manuais em um minuto.’


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