Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Tenhamos brios

Sou obrigado a lembrar Baudrillard, para preservar as ‘distâncias’ que nos separam do que não somos. O filósofo parece ser o único lúcido capaz de nos avisar que nosso cotidiano está lamentavelmente contaminado pelo simulacro. Perdemos a noção do que é palco e do que é platéia, o espectador passa a ser ator, o leitor passa a ser escritor, e por aí vai. O que vejo: 1) jornalistas fazendo o papel de juristas; 2) um ministro do Judiciário com poder para revogar uma decisão presidencial; 3) políticos da oposição clamando pela defesa de um jornalista que se excedeu, mesmo que isso custe o desmantelamento da figura e da autoridade presidencial; 4) setores reacionários que apoiaram a ditadura clamando por liberdade de imprensa.

Quanta loucura! Será que custaria nos darmos conta de que viramos todos massa de manobra do Sr. Leonel Brizola e Cia. Ltda.? A história está fadada à repetição? Se o NYT quer falar do Lula que vá falar com o Lula, não com o Sr. Leonel Brizola. Até quando a oposição vai continuar nesse esforço de desmoralizar o governo é algo que queremos ver. Se depender da ambição de políticos pipoqueiros – esses que saltam à frente das câmeras – esse país será ingovernável e a figura do presidente, nula.

Toda vez que isso ocorre e descamba para a ingovernabilidade, a ordem só retorna com a força das ditaduras. Se Lula não reagisse como reagiu seria pior. De Rohter ao ministro do Supremo, todo mundo quer tirar uma casquinha do Lula. Isso é democracia? Certa vez, no Canadá, contei uma piadinha boba usando o primeiro-ministro como personagem. Piadinha leve, para nossa cultura. Os dois canadenses que ouviram me lançaram um olhar de reprovação, desses de ‘congelar o passaporte’. Me deram uma aula de como a figura do primeiro-ministro é tratada com respeito pelo povo. A recusa do NYT em se retratar ou pedir desculpas formais a Lula me dá a impressão de que, para os americanos, deve-se tratar o presidente dos outros com o mesmo rigor e desdém com que trataram o ditador iraquiano: ‘Matem o canalha, se não puderem prendê-lo! Joguem bombas e balas no povo!’.

Tenhamos brios.

Sandro Caje, consultor de comunicação, São Paulo



Atitude moderada

Enquanto mestre Dines e outros jornalistas dão tratamento técnico, didático e até ingênuo, esse episódio do Larry Rohter e NYTimes revela simplesmente mais um golpe sujo do tradicional imperialismo americano. O texto e várias outras atitudes são represália contra a vitória brasileira na OMC, no caso do algodão. A reação do nosso governo ainda foi moderada. Além da punição ao jornalista canalha, valeria medida judicial internacional contra a empresa jornalística, que não se retratou, com a típica arrogância de ‘donos do mundo’.

Nythamar Hilário Fernandes de Oliveira, advogado/consultor, Recife



Artigo brilhante

Alberto Dines: brilhante o seu artigo. Parabéns.

Waldo Ferraz, engenheiro, Brasília



Monstrinho desimportante

Caro Dines, o NY Times sempre teve sua importância superdimensionada na imprensa brasileira. Embora seja um grande jornal em número de leitores não tem nos EUA a mesma influência que os jornalões daqui. Porém, a imprensa tupiniquim sempre publicou artigos do NYT com informações duvidosas contra o presidente Bush. Quando o atacado era Bush pouco ou nada se falava sobre a idoneidade ou qualidade jornalística do NYT. Agora que o atacado é Lula a imprensa se levanta, porém é tarde. Quem pariu este monstrinho chamado NYT foi a nossa imprensa. Uma pena.

José Roberto Barreto, economista, São Paulo



Infeliz matéria

Infeliz a matéria, não há o que dizer. Brasileiros em geral tomam cerveja, sim, mas a apreciação da bebida não significa que sejam dependentes do álcool. Todos nós temos direito de beber quando quisermos se a ocasião permitir.

Berta Monteiro, estudante de Jornalismo, Goiânia



Injuriosa e debochada

Parabéns pelo artigo. É uma vergonha que colegas seus venham com esse papo de censura e liberdade de imprensa. A matéria do NYT foi irresponsável, injuriosa e debochada. Vá falar mal do umbigo do Bush!

Cesar Oliveira, publicitário, Rio de Janeiro