A pedido do juiz Adil Ahmed, da Suprema Corte da Etiópia, um tribunal da capital libertou nove pessoas e retirou as acusações de traição, tentativa de genocídio e outros crimes contra 18 pessoas que eram julgadas sem estarem presentes no tribunal. Cinco jornalistas da Voz da América – Nigussie Mengesha, Addisu Abebe, Tizita Belachew, Adanech Fessehaye e Solomon Kifle – que trabalham em Washington estavam entre os réus acusados de tentativa de subverter o governo. Os EUA haviam pressionado a Etiópia a retirar as acusações contra os jornalistas da Voz da América, serviço de rádio via satélite patrocinado pelo governo americano.
O promotor Shemelis Kemal afirmou que uma das sete acusações enfrentadas por todos os réus – a ofensa de ameaçar à integridade política da nação – foi retirada. No entanto, 111 líderes da oposição, ativistas e jornalistas acusados de incitar a violência que emergiu em novembro de 2005 no país ainda serão julgados por outros crimes. Alguns deles estão presos desde novembro do ano passado, quando o governo iniciou uma sanção à mídia independente, políticos de oposição e ativistas de direitos humanos depois que pelo menos 46 pessoas morreram em conflitos com forças de segurança. Em protestos similares em junho, 42 pessoas morreram. A onda de violência teve início durante os protestos sobre as polêmicas eleições de maio do ano passado, que levaram o primeiro-ministro Meles Zenawi de volta ao poder.
Perseguição política
Grupos de defesa dos direitos humanos condenaram o julgamento, alegando que as acusações contra os críticos do governo tiveram motivação política. Dentre os presos estão Mesfin Woldermariam, ativista de direitos humanos; a liderança da Coalizão pela Unidade e a Democracia, principal partido de oposição; um ex-promotor do tribunal das Nações Unidas pela Ruanda e um ex-juiz da Suprema Corte. Os réus apareceram no julgamento vestidos de preto em protesto contra as acusações. A próxima audiência está marcada para maio. Informações de Les Neuhaus [Associated Press, 23/3/06].