Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

A mensagem da mídia aos políticos

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.


É preciso que se diga com muita clareza: foi tímida, canhestra e convencional a reação da mídia brasileira ao seqüestro da equipe de jornalistas da TV Globo pelo PCC. Os protestos contra as ameaças à democracia que ocuparam nossa mídia desde o domingo não impressionam os bandidos, eles estão fora do âmbito da lei, se lêem jornais não estão preocupados com o estado de direito.


A reação da imprensa brasileira foi fragmentada, diminuída, não muito diferente da reação das autoridades que se engalfinham na guerrilha eleitoral preocupadas tão somente em tirar dividendos e enrascar os adversários.


Em sua edição de hoje, o site do Observatório da Imprensa reclamou de que a nossa imprensa, como um poder republicano, perdeu rara oportunidade de assumir o comando do processo político, obrigando as autoridades e obrigando os partidos a iniciarem imediatamente um pacto político para enfrentar a violência.


Noventa horas depois do seqüestro da equipe da Globo, a imprensa brasileira finalmente despertou. Assumiu-se como um poder, o quarto poder, exigindo de forma cabal, incisiva e vigorosa que governos, partidos e políticos comportem-se com um mínimo de espírito público e um mínimo de responsabilidade.


Este Observatório já tratou duas vezes deste pacto político. Não fomos ouvidos em maio e não fomos ouvidos em julho quando o discutimos. Todos acharam a idéia generosa, mas impossível de se realizar na véspera de uma eleição presidencial. Nas duas vezes, perguntamos: o que a mídia está esperando para assumir seu papel de autoridade moral?


O seqüestro de sábado teve final feliz para as duas vítimas e suas famílias. A nota conjunta assinada pelas quatro entidades empresariais da mídia brasileira e transmitida ao mesmo tempo às 21h pelas principais redes de TV aberta pode ser um marco em nossa história política.


Se os bandidos não entenderam o texto, a classe política e os governos certamente entenderão o recado. Os eleitos em 2002 e 2004 não têm outra alternativa senão encarar um fato muito simples: se não se comportarem de forma responsável vão sobrar em 2006.