Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Cerco a jornalistas aperta com Fidel doente

Em um dos mais importantes momentos na história de Cuba, com o longevo e forte Fidel Castro transferindo o poder a seu irmão, jornalistas estrangeiros estão sendo proibidos de entrar na ilha. A agência de notícias alemã Deutsche Presse-Agentur afirmou que mais de 150 jornalistas estrangeiros tentando entrar em Cuba com visto de turista foram barrados no aeroporto de Havana desde que o governo anunciou que Fidel estava com hemorragia interna e teria de passar por uma cirurgia delicada. Em Cuba, jornalistas precisam ter visto de trabalho para exercerem a profissão legalmente.


O Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ) emitiu um comunicado pedindo que Cuba permita a entrada de jornalistas estrangeiros na ilha para ‘trabalhar sem ser perseguidos’.


Silêncio na ilha


Onze anos à frente de uma agência de notícias independente do governo em Cuba é um feito para poucos. Mas Nancy Pérez-Crespo não teve uma trajetória fácil ao dedicar seu tempo à Nueva Prensa Cubana, agência sem fins lucrativos que conta com 21 jornalistas independentes baseados na ilha.


Com o futuro do país incerto devido ao quadro de saúde de Fidel Castro, o trabalho de Nancy ficou ainda mais frustrante. ‘Nada está sendo noticiado essa semana’, afirmou. ‘Desde terça-feira tudo o que se sabe é que a população está calma, há muito silêncio e as tropas estão se movimentando.’


O governo cubano sempre denunciou grupos como a Nueva Prensa Cubana como sendo frentes do governo americano, chamando os jornalistas colaboradores de mercenários e traidores. Vários jornalistas foram presos por colaborarem com inimigos do governo cubano. Há registros de que 25 deles cumprem penas de até 27 anos, segundo o CPJ. Nancy afirma que não recebe dinheiro do governo dos EUA. Para manter a agência conta com doações de amigos e associados, assim como de sua própria família.


Filha de Fidel na CNN


Na quinta-feira (3/8) a CNN anunciou um contrato com Alina Fernandez, a filha ‘ovelha negra’ de Fidel Castro, como colaboradora da emissora. Alina tinha 3 anos quando Fidel assumiu o poder e o pouco contato com o pai catalisou sua saída de Cuba em 1993, como turista espanhola. Depois se mudou para Miami, onde é hoje apresentadora de rádio e autora do livro Castro’s Daughter: An Exile’s Memoir of Cuba (‘Filha de Castro: Memórias de uma exilada de Cuba’).


Alina fará comentários sobre Cuba. ‘Em um momento crítico como esse, é importante para mim, como cubana, chamar a atenção do mundo para a situação na ilha, à medida que refletimos sobre seu futuro’, disse. ‘A CNN é uma emissora global capaz de atingir grande parte da população.’ Informações da AP (3/8/06) Editor & Publisher (3/8/06) e de David Gonzalez [The New York Times, 4/8/06].