Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Depois das falhas, retratações

Em um mesmo dia, o New York Times sofreu dois baques: admitiu que foi enganado por uma mulher que dizia ser veterana da guerra do Iraque e revelou que um ex-repórter pagou US$ 2 mil a uma fonte que denunciou uma rede de pornografia online.


Em nota dos editores publicada no fim de semana, o NYTimes reconheceu que Amorita Randall, ex-construtora naval citada em uma matéria de capa da revista do diário sobre mulheres veteranas da guerra do Iraque, nunca serviu naquele país e pode ter inventado que havia sido ferida em uma explosão em 2004. Posteriormente, o jornal divulgou ter descoberto que Amorita havia servido em Guam. ‘Agora está claro que a sra. Randall não serviu no Iraque’, dizia a nota.


No domingo (24/3), o ombudsman Byron Calame tratou da polêmica envolvendo o repórter investigativo Kurt Eichenwald, que, em 2005, escondeu de seus editores que havia dado um cheque ao adolescente Justin Berry, fonte de uma matéria de sua autoria. O jornalista alegou que, na ocasião, agiu como cidadão – ajudando o garoto a deixar a pornografia online – e não como jornalista. ‘Se os editores soubessem do cheque, o artigo não teria sido publicado, mesmo com o dinheiro tendo sido devolvido pela fonte posteriormente’, escreveu Calame. Informações de Janet Whitman [New York Post, 27/3/7].


 


Cargo de ombudsman é mantido


Embora o editor-executivo Bill Keller tenha colocado em dúvida a continuidade do posto de ombudsman, uma porta-voz do New York Times confirmou que o jornal elegerá um terceiro ouvidor para substituir Byron Calame, cujo período no cargo acaba em maio. A data da próxima indicação não foi ainda determinada, mas Calame não ficará mais tempo do que o combinado.


Mesmo com algumas críticas de leitores e membros da equipe do NYTimes ao trabalho do atual ouvidor, e com a tensão existente entre ele e Keller, o anúncio de continuar com o posto vem em um momento em que a reputação de Calame está em alta. Diversos repórteres e editores do jornal elogiaram a posição tomada por ele em caso recente sobre um furo do Washington Post. O ombudsman questionou, em uma coluna, se o NYTimes havia sido lento em se pronunciar sobre a matéria do Post que tratava das condições precárias no centro médico militar Walter Reed; ele também abordou a controvérsia sobre o jornalista Kurt Eichenwald. ‘Há um amplo consenso de que o caso Eichenwald explica a necessidade de termos um ombudsman’, afirmou um funcionário da redação.


Calame se descreveu como ‘antiquado’, mas disse ter feito ‘o melhor’ que podia no cargo. Ele informou que não se envolveu no debate sobre sua sucessão. Sua última coluna será publicada no dia 22/4. Informações de Irin Carmon [Women´s Wear Daily, 28/3/7].