Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Em dois dias, cinco jornalistas mortos no Iraque


Leia abaixo a seleção de quarta-feira para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 17 de outubro de 2007


GUERRA DO IRAQUE
O Estado de S. Paulo


Ataques matam 5 repórteres em 48 horas no Iraque


‘A agência de notícias ‘Aswat Al-Iraq’ informou ontem que três jornalistas iraquianos foram mortos numa emboscada na noite de segunda-feira, aumentando para cinco o número de repórteres assassinados em dois dias. Os três trabalhavam para o jornal ‘Al Watan’, de Bagdá, e foram mortos em Kirkuk, no norte do país. Na segunda-feira, o jornalista Abdul Razak al-Dibo também foi vítima de uma emboscada em Kirkuk. No domingo, o correspondente do ‘Washington Post’ Saleh Saif Aldin foi baleado em Sidiya, um bairro de Bagdá. De acordo com a ‘Aswat Al-Iraq’, o conflito já causou a morte de 117 jornalistas.’


 


TV SAUDÁVEL
O Estado de S. Paulo


Temporão quer espaço na TV para a saúde


‘O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, defendeu ontem que nas discussões sobre renovações das concessões de canais de TVs, as emissoras sejam obrigadas a abrir espaço gratuito em horário nobre para a divulgação de informações que o governo ‘considere relevante do ponto de vista da saúde pública’.’


 


TV DIGITAL
Luciana Nunes Leal e Gerusa Marques


Mais indefinição na TV digital


‘O ministro das Comunicações, Hélio Costa, reconheceu ontem que a TV digital poderá começar a funcionar sem uma definição se os telespectadores poderão ou não gravar programas e reproduzir em outros aparelhos. Há uma dúvida sobre bloqueio de conteúdo dos programas da TV digital, que tem previsão para entrar em operação a partir de 2 de dezembro, em São Paulo. Enquanto instituições ligadas ao direito condenam o veto às gravações, as emissoras defendem um mecanismo que impeça a reprodução em CDs ou DVDs, para inibir a pirataria.


‘Nada impede evidentemente que a TV digital comece as suas operações a partir do dia 2 de dezembro sem estar com esse sistema definido’, disse o ministro. Costa tem concordado com o argumento das emissoras de que é preciso impedir a reprodução indefinida dos programas de alta definição. Pela proposta das empresas, os telespectadores poderiam gravar programas em um arquivo que ficasse no próprio aparelho e as cópias em CDs ou DVDs só poderiam ser feitas com imagens de qualidade inferior, sem a definição da TV digital.


‘Nunca se pretendeu fazer qualquer bloqueio do que é transmitido pela televisão. O que se propôs foi que, exclusivamente nas transmissões de alta definição, você tivesse um sistema colocado que permitiria, lá na frente, decidir se nós vamos autorizar mais de uma gravação ou não. Porque uma gravação automaticamente já está permitida’, afirmou o ministro.


RÁDIO


O governo vai adiar para o próximo ano a decisão sobre a escolha do padrão de rádio digital que será adotado no Brasil. A decisão, que era esperada pelos donos das emissoras para o mês passado, confirmando a escolha do padrão americano (Iboc), deverá ser tomada só daqui a seis meses. O assessor especial da Casa Civil da Presidência da República, André Barbosa, disse ontem que os problemas detectados na tecnologia Iboc – como interferências entre os sinais digitais e analógicos e redução no raio de alcance das emissoras – têm ‘assustado’ a Casa Civil.’


 


CINEMA
Luiz Carlos Merten


Piaf, uma experiência emocional


‘Olivier Dahan havia feito Rios Vermelhos 2 – Anjos do Apocalipse. Foi uma obra de encomenda que ele aceitou para testar suas habilidades. ‘Queria ver se era capaz de fazer um filme de ação à francesa.’ O caso de Piaf – Um Hino ao Amor é diferente. Este foi o filme que ele quis fazer, um projeto autoral. E não foi por devoção à cantora que encarnava a alma da França. ‘O que sabia sobre Edith era o trivial, aquilo que todo mundo sabe.’ Mas ele queria fazer um filme sobre a arte, e os artistas. Escolheu uma visceral.


Numa entrevista por telefone, de Paris, Dahan conta as etapas de realização do filme que estreou na sexta-feira. Primeiro, claro, foi a escolha da personagem e, logo, a da atriz. ‘Confiei na minha intuição e escolhi Marion Cotillard imediatamente, sem necessidade de teste nem nada. Simplesmente, eu sabia que ela poderia ser Piaf.’ Escolhidas a atriz e a personagem, ele começou a ler, obsessivamente, sobre Piaf. Teve a idéia da primeira cena – o colapso da artista no palco, em Nova York. E Dahan também sabia que queria reinventar uma cena de Edith e Marcel, que Claude Lelouch realizou em 1983, contando a história de amor de Edith Piaf e do pugilista Marcel Cerdan.


‘Não revi o filme, mas era jovem e a cena em que Edith recebe a notícia da morte de Marcel, entra em desespero e sai no palco , foi uma coisa que me marcou muito. Achei que poderia resumir todo o filme, mas não queria repetir o que Claude havia feito. A opção pelo plano-seqüência terminou sendo natural. Meu diretor de fotografia, Tetsuo Nagata, calculava um plano de cinco minutos. No final, ficou com 4min45. Filmamos cinco vezes e, em todas elas, Marion foi sublime. Fizemos uma escolha técnica, em função da luz, do movimento de câmera. Ela era perfeita em todas.’


No set, era como se Marion Cotillard tivesse sido tomada pela entidade Edith Piaf. ‘O mais incrível é que não ensaiamos, não fizemos preparação nenhuma. A maquiagem ajudava, mas a personagem vinha de dentro. Conversamos muito, lemos os mesmos livros, assistimos aos mesmos filmes e documentários, mas depois cada um foi para o seu lado, trabalhar à sua maneira. Eu escrevi o roteiro, Marion fez a própria preparação. Quando começamos a filmar, ela demorou um ou dois dias para entrar na pele de Piaf. O processo de filmagem, embaralhando o tempo, a deixou inicialmente tensa, pois passava de uma cena de Piaf garota para outra de palco ou da sua grande crise como mulher e artista. Quando houve o clique, senti que Marion estava pronta. E ela foi genial.’


O que está sendo feito para colocar Marion Cotillard no próximo Oscar de melhor atriz? ‘Existem críticos, mesmo nos EUA, que dizem que será um absurdo se ela não for indicada. Mas é um processo que exige tempo, dedicação – e dinheiro. É preciso fazer campanha, para que seu nome seja levado em consideração pelos votantes da Academia de Hollywood.’ Marion poderá ser indicada para o Oscar de melhor atriz, mas Piaf não foi indicado pela França para o prêmio de melhor filme estrangeiro. Por quê? ‘Há muita política nas indicações nacionais para o Oscar. Eu não faço política, faço cinema. Fico de fora.’


Piaf fez 5 milhões de espectadores na França. Vai bem nos EUA, no Japão. Dahan segue a receita de Tolstoi – é preciso ser regional para tocar o universal. Edith é uma cantora francesa, o meio que ele descreve é francês, mas a tragédia da mulher – e da artista – é universal. Ele conta como escreveu o roteiro. ‘Não sou historiador, nunca quis contar uma história objetiva. Sempre entendi Piaf como uma experiência emocional, para o espectador e para mim. Tem coisas que estão no filme porque me dizem respeito. Os 15 minutos finais são os menos factuais, mas são os mais próximos de mim.’


Ele nunca teve medo de parecer exagerado? ‘Vou lhe dizer uma coisa – Edith era muito mais visceral do que mostro no filme. Era muito mais alegre e muitíssimo mais depressiva. Sua infância pobre poderia descambar para o pior (Émile) Zola. O apogeu seria um desfile insuportável de personalidades que, na França e no mundo, a bajulavam. Isso não me interessava. Edith viveu oscilando entre os extremos. Temo estar dizendo uma banalidade reducionista do seu gênio, mas creio que, se não fosse assim, ela não teria sido a extraordinária artista que foi.’’


 


TELEVISÃO
Leila Reis


Ney Latorraca agora vai dominar o mundo


‘Na primeira sexta-feira de novembro, Ney Latorraca volta à TV como um vilão que quer dominar o mundo na série O Sistema, escrita por Fernanda Young e Alexandre Machado, na Globo. Katedref (esse é o nome do personagem) é o presidente de uma multinacional que acessa a vida de todos ao seu redor ao toque de uma tecla. ‘Ele é meio personagem de história em quadrinhos, uma mistura de dr. No, John Galliano e Pica-Pau’, diverte-se o ator que está na TV há quase 40 anos. Ele será combatido por um grupo de jovens ‘excluídos do sistema’ que quer descobrir ‘o que está por trás de tudo aquilo que tem alguma coisa por trás’. Nesta entrevista, Ney conta como se deu essa volta ao terreno do humor e garante que é mais fácil fazer chorar do que rir.


Por que demorou tanto para você voltar a fazer humor na TV?


Sou um ator muito especial e não tinham papel para mim. Quando fui gravar o programa da Fernanda Young na GNT (Irritando Fernanda Young) perguntei quando ela ia escrever um papel para mim, fiz chantagem. Assim José Lavigne, com quem fiz TV Pirata, me chamou para ser o vilão Katedref, de O Sistema, uma série de seis episódios que vai entrar na noite de sexta, depois do Antônia.


Como é esse Katedref?


É um vilão maravilhoso, não é um canalha, é um misto do Dr. No (personagem de Peter Sellers), do Volponi (que interpretou na novela ‘Um Sonho a Mais’), John Galliano (estilista) e o Pica-Pau. É um ser exuberante que domina todo mundo de sua sala. Ele é um CEO de uma empresa de call center que, ao apertar um botão, chega a qualquer um. Katedref adora o poder e, como todas as pessoas que só valorizam isso, é um vampiro da vida.


O humor é a sua praia?


No mundo inteiro é assim: ator é aquele que faz o padre, o delegado. E o comediante é o que faz tudo. Eu sou comediante, o que vier eu traço. Sou capaz de fazer chorar, de arrasar com a vida das pessoas. Mas difícil mesmo é fazer rir, porque com esse cotidiano tão chato e violento de hoje, as pessoas estão sempre preparadas para o choro.


Como você avalia o humor da TV?


Existe gente muito boa como o Bruno Mazzeo (‘Cilada’, no Multishow), Heloísa Perissê e Ingrid Guimarães (de ‘Sob Nova Direção’). Acho maravilhosa a imitação que Tom Cavalcante faz da Ana Maria Braga.


A Globo usa o horário em que vai entrar O Sistema para testar programas…


O Sistema vai vingar, porque tem um elenco maravilho: Zezé Polessa, Selton Mello, Maria Alice Vergueiro. Vamos emplacar outras temporadas porque eu sou pé-quente.


Mas o seu pé-quente já falhou…


Bang Bang não deu certo e uma outra novela, também do Mário Prata, que se chamava Sem Lenço, Sem Documento e sem ibope. Estúpido Cupido, do Prata, deu muito certo, chegou a dar 80% de audiência.


Está difícil fazer TV hoje?


A TV está mudando, o ator tem que se concentrar mais, mas não me queixo, estou na Globo desde 1974 e sempre fui bem tratado. A concorrência que surge agora é saudável.


Você tem visto as novelas da Record?


Assisti a Caminhos do Coração para ver meus amigos Walmor Chagas e Fafá de Belém Achei interessante como proposta. É bom abrir campo de trabalho para todo mundo.


No seu ranking de personagens, qual lhe deu mais satisfação?


Fiz mais de 30 personagens. Aliás, se contar os do TV Pirata dá mais de 100. Alguns foram muito bons, como o vampiro Vlad (Vamp), Volponi, Seu Quequé (Rabo de Saia), mas o meu preferido foi Ernesto Gattai, de Anarquistas Graças a Deus.


Qual personagens que você gostaria de ter feito?


Os gêmeos do Tony Ramos, em Baila Comigo, e Herculano Quintanilha, que Francisco Cuoco fez em O Astro.


Há quanto tempo você é da televisão?


Comecei em 1969, pelas mãos da minha madrinha Marília Pêra, para fazer Super Plá, na Tupi. Na Globo, era para eu ser galã, foi assim que entrei em Escalada (1975). Mas eu sou mais ator de teatro e minha carreira tomou outro rumo.


Qual é o seu projeto?


Não sei, porque nada para mim é definitivo. Não acredito nem no que eu faço, não virei busto. As pessoas vêm com essa conversa de que eu sou um monstro sagrado, mas eu respondo que só sou monstro, por causa da idade. Tenho 63 anos, estou bem enxuto, porque eu me cuido para o meu público. Parei de fumar há mais de quatro anos e ando todo dia em volta da Lagoa Rodrigo de Freitas. As pessoas me param e se admiram: ‘Você é mais jovem’, ‘você é mais alto.’ Ainda bem, não é?’


 


Keila Jimenez


Record negocia com Bulgária e Rússia


‘Contratos longos, de cinco anos, para o fornecimento de duas novelas ao ano. Esse foi o tipo de negócio que a Record fechou na MipCom, feira de produtos televisivos, realizada em Cannes, na semana passada.


‘Foi nosso melhor ano em vendas no evento, nunca abrimos tantas frentes de negociação e selamos tantos acordos importantes’, comemora o diretor de Vendas e Assuntos Internacionais da Record, Delmar Andrade. ‘Pela primeira vez, estamos negociando com a Bulgária, com o Azerbaijão e com a Rússia. Eles estão interessados em nossas novelas.’


Além das conversas com novos países, a emissora consolidou contratos de fornecimento de conteúdo com clientes mais antigos, como Honduras, Guatemala, Costa Rica, Venezuela, Chile e Paraguai.


‘Também estamos negociando novelas com a América do Norte, mas não posso adiantar nada ainda, pois tenho um forte concorrente’, fala Delmar, referindo-se à Globo, que já bate cartão na MipCom há anos.


Além de novelas, a Record também comercializou na feira edições do Repórter Record e do Selvagem ao Extremo.’


 


TROPA DE ELITE
Roberto da Matta


Tropa de elite e tropo de elite


‘Tropa de Elite desperta um ‘tropo (uma figura) de elite’. Corre a opinião de que seria um filme – valha-nos Deus! – fascista e, talvez pior que isso, conservador. Para um certo Brasil, tudo o que desagrada à tropa dos ‘revoltados contra tudo isso que aí está’, cai imediatamente na categoria dos leprosos. Para quem se acha acima da sociedade e detesta examinar as conseqüências de suas ações, toda leitura complicada e não-ortodoxa de fenômenos complexos – o crime como um valor, a violência e a tortura como método, a politicagem canalha dos fins que justificam os meios, e a insinceridade como um estilo de vida – é geralmente chamado de ‘fascista’.


Foi assim com o filme de Mel Gibson sobre a paixão de Cristo e foi também assim com outros filmes, livros, pessoas e assuntos. Por exemplo: num certo momento, falar de sociedade brasileira buscando suas singularidades e diferenças era ‘fascista’ porque a leitura do sistema por suas instituições sociais e simbólicas seria a plataforma para tudo perdoar ou compreender – no caso, a ditadura militar. Do mesmo modo, tomar o futebol, o carnaval ou a obra de alguns autores (penso sobretudo em Jorge Amado, cujo acervo baiano vai acabar em Harvard, imagine…) como objeto de reflexão, era um outro interdito. Para alguns, era reacionário admirar a coragem e a integridade esperançosa de um Quincas Berro d’Água; a decidida decisão de não decidir de uma dona Flor entre seus dois maridos. Do mesmo modo, nada mais mistificador do que apreciar a renovação orgiástica do carnaval. Ter orgulho do futebol tantas vezes campeão do mundo era apoiar a ditadura. Qualquer posicionamento otimista deveria ser substituído pelo mais crasso cinismo, pelo pessimismo mais negro e pela mais profunda desesperança. O mote do ‘tanto pior, melhor’, exprimindo uma esperança às avessas, falava esplêndida e tragicamente dessa persistente confusão entre regime político e país, protesto e autoflagelação, cuidado ao se discutir certos assuntos e a sua pura e simples proibição. E, mais complicado do que tudo isso, como vemos neste governo Lula, ser oposição e estar no poder.


No tropo das elites, a arrogância dá voz de prisão não apenas a pessoas e obras – Gilberto Freyre foi por longa data um degredado no mundo acadêmico brasileiro como um famigerado ‘conservador’ – mas também a assuntos e sentimentos. Gostar do Brasil é, diz esse figurino, um troço, digo, um tropo, babaca. Sem a menor sensibilidade para a dinâmica social, a suposição ainda é a de que só se pode mudar o que está podre ou exaurido; ou o que se odeia. Lendo a sociedade como um pervertido, a esquerda mais burra queria que o Brasil chegasse ao fundo do poço para salvá-lo. Neste sentido, fazer oposição (algo fundamental em qualquer posicionamento democrático) seria ser irremediavelmente do contra. A ausência de limites para a crítica, abriu um fosso ético dificultando o reconhecimento de que não se vive sem alguma forma de limite. E, como conseqüência, de que tudo – até mesmo o poder e o crime – tem um limite, do mesmo modo que a ausência de limites é um terrível limite. Um limite perverso, mas um limite, como estamos cada vez mais conscientes no Brasil. O adágio, ‘é proibido, proibir’ é uma tirada alegre mas é também uma triste, autoritária – e ‘fascista’ – proibição.


Lembro-me que, um dia, no decorrer de uma conferência, falando do poder coercitivo dos hábitos, valores, instituições e normas sociais, terminei – para horror de alguns colegas – declarando-me conservador. Conservador no sentido de reconhecer a força e a inércia dos valores culturais e da dificuldade (mas não da impossibilidade) de corrigir e remendar o que eu percebia como anacrônico ou errado no sistema. Coisas como o machismo, o preconceito de não ter preconceito contra negros, índios e mulheres; contra os velhos e os diferentes. Esses que, no Brasil, chamamos de ‘esquisitos’. Mencionava também o meu respeito ao poder das condescendências que impediam ver os dois lados, as duas medidas e os seus duplos pesos, das quais resultava aquela famosa tirada tão em voga na minha juventude: ‘Eu tenho ciência; você ideologia!’


Tudo isso para dizer que o tropo mais detestável de Tropa de Elite, um filme de resto um tanto mecânico, com personagens achatados e sob o mais completo controle dos seus criadores, é que ele apresenta a questão dos limites. Seria possível ser um policial honesto numa polícia corrupta? Como combater o crime numa sociedade que o crime depende de quem o pratica? Seria plausível estar preocupado intelectualmente com o trafico e ser também um consumidor-traficante? Até onde é razoável estar nos dois lados e jogar nos dois times? Em que medida se pode comungar dos dois mundos e tirar vantagem de tudo, sem ter a menor preocupação com os limites, mesmo quando se está diante da tortura e da morte?


Qualquer solução passa, como sugere o filme, pela obrigação de honrar valores e demandas morais. Tropo terrível para a nossa tropa que fala em tudo mudar, desde que as coisas fiquem nos seus lugares.’


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 17 de outubro de 2007


LULA
Melchiades Filho


Trava-língua


‘BRASÍLIA – O presidente estava confiante e espirituoso e se deparou com perguntas que não têm freqüentado as coletivas. O saldo foi um depoimento menos contido do que a relação atritada entre Planalto e imprensa permitia antever.


Lula abandonou o discurso cauteloso sobre o mensalão. Não há nada provado, insistiu, ao contrário do que sustentam o procurador-geral e ministros do Supremo. É ‘acreditar em Papai Noel’, rebateu, quanto ao envolvimento de parte do PT.


Desfez as declarações ambíguas (e mais convenientes do ponto de vista político) sobre Zé Dirceu. ‘Não acho que ele seja um traidor.’


Afirmou que ‘ministro forte cai’ e mandou recado ao BC: não considera correto interromper a queda dos juros, e, se isso ocorrer, Henrique Meirelles terá que ‘explicar’.


Não calou quando indagado do negócio do filho com a Telemar.


Revelou que prefere programas ‘quanto mais avacalhados, melhor’ na TV, justo quando o governo prepara o lançamento de uma custosa emissora pública em nome de ‘conteúdo mais aprofundado’.


Pela primeira vez aceitou tratar do incidente com o ‘New York Times’. Não poupou palavrões. Afirmou que não fica ‘travado’ de bebida há mais de 30 anos e desafiou o jornalismo a provar o contrário.


Teceu comentários sobre três ex-presidentes (‘FHC vacilou’).


Discorreu com paciência sobre dez presidenciáveis, um a um.


Não titubeou em piscar na direção de Aécio Neves, apesar da onda no país pela fidelidade partidária.


Teve a gentileza até de, no dia seguinte, acrescentar uma resposta sobre a saída de Renan Calheiros.


Provocado ou espontaneamente, falou de todos na entrevista de domingo na Folha. Com uma única e intrigante exceção. ‘Não comento’, repetiu às três perguntas sobre o ex-deputado Roberto Jefferson.


Se o PTB não faz cócegas no governo, por que o prurido? É digno de nota que Lula ainda se abstenha de retrucar o algoz do mensalão.’


 


Folha de S. Paulo


Playboy: entrevistado em 79, Lula agora diz que não vê a revista


‘Questionado sobre as fotos de Mônica Veloso nua, Lula disse: ‘Desde que virei adulto que não vejo a Playboy’. Mas ele completou 18 anos 12 anos antes do lançamento da revista, sob codinome ‘Homem’. Lula ainda ignorou sua famosa entrevista à ‘Playboy’, em 1979.’


 


NA ESPORTIVA
Ruy Castro


Ig Nobels e ignóbeis


‘RIO DE JANEIRO – Todo ano, na época da distribuição do Prêmio Nobel, fico atento às folhas à espera da matéria sobre os ganhadores do Prêmio Ig Nobel, uma criação da revista científica de humor ‘Anals of Improbable Research’ destinada a premiar pesquisas de duvidosa necessidade para o progresso da ciência. Os contemplados recebem os diplomas das mãos de vencedores do Nobel oficial, numa cerimônia na Universidade Harvard, e lêem seus trabalhos no auditório do Massachussetts Institute of Technology, sujeitando-se a uma chuva de aviõezinhos de papel.


Entre os campeões de 2007, meu favorito é o pessoal da Universidade de Barcelona, que levou o Ig Nobel de Lingüística ao demonstrar que ‘os ratos nem sempre diferenciam pessoas falando japonês ou holandês de trás para a frente’. Páreo duro com a equipe do Laboratório Wright, da Força Aérea americana, vencedora do Ig Nobel da Paz pelo desenvolvimento de uma espécie de ‘bomba gay’ capaz de fazer com que ‘soldados inimigos [num front de guerra] se sintam sexualmente atraídos entre si’.


Às vezes, o prêmio é dividido entre equipes que se envolveram na mesma pesquisa, uma sem saber da outra. Vide o grupo da Universidade de Santiago, no Chile, e o da própria Harvard, que venceram o Ig Nobel de Física ao determinar ‘por que os lençóis amassam’.


O que me fascina é que esses pesquisadores acreditam sinceramente estar prestando um serviço à humanidade. Ao se verem ridicularizados, levam na esportiva e vão receber o prêmio e as gaivotas de papel. Não é cinismo, mas humor ou humildade. Bem diferente das internas da política e da economia brasileiras, em que as medidas mais oportunistas geram crises e disputas como se de importância vital para a nação, e não apenas para o seu próprio círculo, este, sim, ignóbil.’


 


DOCUMENTÁRIOS
Jorge da Cunha Lima


DocTV, modelo de financiamento público


‘O FINANCIAMENTO da produção cultural no Brasil se faz por meio de verbas orçamentárias, de patrocínios de empresas estatais e das leis de incentivo fiscal. Muito pouco é destinado ao consumo dos bens culturais, e as leis de incentivo fiscal apresentam deficiências conhecidas, mas até hoje não corrigidas.


As verbas públicas se destinam principalmente ao funcionamento do MinC, sua estrutura e seus projetos. O bom uso dessas verbas depende das virtudes do titular.


Nesse contexto, contemplando e aperfeiçoando as expectativas, surgiu o DocTV, com o objetivo de promover a produção e a regionalização de documentários, articular um circuito de divulgação de caráter nacional e criar ambientes de mercado para o documentário brasileiro. Também visava incentivar a produção independente e usar, para sua realização, os préstimos e a experiência do MinC, da TV Cultura, das emissoras associadas à Abepec, com apoio da Associação Brasileira de Documentaristas.


Disponibilizar um fundo público de recursos para um projeto descentralizado, conseguir a parceria das geradoras públicas de televisão, tanto numa parcela de 20% quanto no encaminhamento das concorrências de roteiros e projetos, encarregar a TV Cultura de São Paulo, que não pertence à estrutura federal, da administração do projeto, selecionar os candidatos e colaborar intelectual e tecnicamente para o bom desempenho da tarefa pode parecer um milagre no Brasil. Mas o milagre se realizou.


E tanto que já tivemos três séries de DocTVs nacionais, a partir de 2.380 projetos de documentários em 74 concursos estaduais, que produziram 114 documentários e 3.026 horas de programação. Tudo isso divulgado semanalmente, por 35 semanas consecutivas, em 26 Estados e no Distrito Federal, aos domingos.


Importante foi constatar a melhoria de qualidade nos documentários em cada etapa. Isso devido ao fato de que foram realizados 44 seminários com autores e produtores, com a participação de cineastas e documentaristas da qualidade de Geraldo Sarno, Eduardo Coutinho, Eduardo Escorel, Maurice Capovilla, Giba Assis Brasil, Jorge Bodanski, Jean-Claude Bernadet, Ruy Guerra e ainda outros. Nenhuma faculdade de comunicação no país reuniu tal elenco de professores em cursos de cinema e TV.


O projeto proporcionou ainda, com a participação de empresas privadas, um aumento de 14 projetos estaduais, além dos 35 financiados pelo MinC. Completa o projeto a venda ‘on demand’ via internet e a distribuição em ‘home video’.


O DocTV logo chamou a atenção de parceiros latino-americanos, até agora distanciados. Hoje, a tendência de distanciamento entre as nações da América Latina começa a se inverter: os latinos iniciam o exercício do olhar recíproco. Sintoma disso é a receptividade dada ao projeto brasileiro de criar um DocTV ibero-americano.


O escritor Gabriel García Márquez conheceu o projeto DocTV no 26º Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano. Manifestou-se com entusiasmo: ‘Agora estamos ante uma nova versão ibero-americana que propõe levar ao nível da região a produção de documentários e criar um circuito ibero-americano de teledifusão a partir das redes de TVs públicas nacionais. Esse programa se propõe materializar um sonho de gerações: o da integração por meio do audiovisual, atualizado agora pela ambição de fixar como horizonte utópico a articulação de mercados nacionais para o documentário’. Cada país, por intermédio de suas televisões públicas, coordena a produção independente de documentários com identidade regional, que são divulgados simultaneamente por todas as emissoras públicas nos países que aderiram ao projeto.


Treze países, 13 TVs, 13 documentários. Dezenas de criadores e produtores. Paisagens, razões, sentimentos, desejos, memórias, lendas, histórias e objetos distantes, mas aproximados pela busca da própria identidade.


Da vingança chilena ao canto da ressurreição colombiana; dos títeres (‘hítleres’) do Uruguai aos homens de Marañon no Peru; do fotógrafo mexicano ao amigo que escapou do Iraque; do louco Simon Rodriguez ao canal lendário do Panamá; da paixão pelos carros, em Porto Rico, ao abandono do mar pelos pescadores cubanos; da folha de coca boliviana até nós, chegamos ao ‘Jesus Maravilha’.


‘Jesus’, o filme brasileiro que iniciou a exibição dos 13 documentários produzidos pelo DocTV ibero-americano, conta a história de três policiais e um palhaço. Traço comum: a nostalgia. Nos policiais, a nostalgia é do passado, quando, com eficiência, tratavam os delinqüentes com a ‘merecida’, no dizer deles, violência. No palhaço, a nostalgia é do futuro, onde se antevê diante da TV, sonho que nem o parque e as crianças compensam.


JORGE DA CUNHA LIMA, 75, jornalista e escritor, é presidente do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta.’


 


TV PÚBLICA
Fabio Zanini


Franklin Martins prevê cortes na comunicação


‘O governo federal encomendou à Fundação Getúlio Vargas um estudo sobre a estrutura de pessoal da TV Pública que pode resultar no enxugamento do quadro de funcionários da estatal de comunicação, hoje com 2.800 funcionários. ‘É uma consultoria para fazer uma comparação com a estrutura privada que existe no mercado’, disse o ministro Franklin Martins (Comunicação Social).


O estudo deve mostrar onde há sobreposição de funções, onde deve haver corte, contratação e elevação de salário. Sobre o quadro de pessoal, o ministro disse que ‘acha que vai diminuir, mas tem que ver o diagnóstico’. Afirmou que a TV, cuja implantação está marcada para 2 de dezembro, demorará ao menos mais seis meses para começar na prática.’


 


TROPA DE ELITE
Folha de S. Paulo


Folha sabatina dia 30 deste mês diretor de ‘Tropa de Elite’


‘A Folha vai sabatinar no dia 30 deste mês, terça-feira, o cineasta José Padilha, 40, diretor do filme ‘Tropa de Elite’.


As inscrições para o evento estão abertas para os assinantes do jornal.


A sabatina será realizada das 15h às 17h no Teatro Folha (shopping Pátio Higienópolis, av. Higienópolis, 618, 2º piso, em São Paulo). Durante as duas horas, Padilha responderá a perguntas de quatro entrevistadores e da platéia.


Os assinantes da Folha interessados em participar da sabatina do cineasta podem se inscrever pelo telefone 0/xx/11/3224-3473, de segunda a sexta-feira, das 14h às 19h, ou através do e-mail eventofolha@folhasp.com.br. É preciso informar nome, código de assinante, telefone e número da carteira de identidade.


Filmes


Lançado em 5 de outubro, ‘Tropa de Elite’ teve até agora ótimo desempenho de público -700 mil pessoas viram o filme nos cinemas. O longa tem boas chances de superar os 2 milhões de espectadores e se tornar o filme brasileiro mais visto em 2007. A obra de Padilha foi alvo também de um caso inédito de pirataria de um filme nacional. Uma cópia de ‘Tropa de Elite’ chegou ao mercado de DVDs piratas meses antes dos cinemas -pesquisa Datafolha indicou que 19% dos paulistanos viram a fita de forma ilegal.


Padilha também dirigiu o documentário ‘Ônibus 174’, sobre seqüestro em 2000 no Rio de Janeiro, que terminou com a morte de duas pessoas. Os dois filmes provocaram discussões sobre a criminalidade no Rio.’


 


Fábio Guibu


Agente morre com tiro em exibição de ‘Tropa de Elite’


‘O agente penitenciário Ivson Correia de Oliveira Santos, 39, morreu na noite de anteontem com um tiro no peito durante exibição do filme ‘Tropa de Elite’, em um cinema do shopping Tacaruna, em Recife (PE). A Polícia Civil suspeita que tenha sido suicídio.


O incidente ocorreu no final da sessão, por volta das 19h (20h em Brasília). Santos estava sozinho, sentado na última fila, em poltrona ao lado do corredor. A sala estava quase lotada, com cerca de 180 pessoas. As luzes estavam apagadas quando o agente foi baleado.


Houve pânico, gritos e correria após o tiro, mas não houve outros feridos. Uma enfermeira que também assistia ao filme socorreu Santos. Levado ao Hospital da Restauração, morreu às 23h15 (0h15 em Brasília).


A Polícia Militar isolou a área. Peritos do IC (Instituto de Criminalística) encontraram na sala de exibição uma pistola calibre 380 com 14 cartuchos intactos e um deflagrado, além de uma bala intacta jogada no chão, perto da poltrona que era ocupada por Santos.


Segundo o diretor do IC, Edson da Costa Lira, a arma pertencia ao agente penitenciário. Ele tinha autorização federal para portá-la. Exames encontraram vestígios de pólvora em sua mão direita. A vítima, supõem os peritos, teria apontado a pistola em direção ao peito e disparado com o dedo polegar.


A polícia suspeita que Santos estivesse deprimido desde que fora investigado em sindicância interna por suposta participação em um esquema de facilitação de entrada de drogas no presídio de Igarassu (40 km de Recife), onde trabalhou.


Apesar de não ter sido indiciado por falta de provas, o agente penitenciário, que era casado e tinha um filho, foi transferido há dois meses para o centro de triagem de Abreu e Lima (35 km de Recife).


O laudo final do IC deverá ficar pronto em dez dias. Para o diretor do instituto, ‘não há evidências de homicídio ou acidente no caso’. Sobre a morte ter ocorrido durante a exibição do filme, Lira falou: ‘Não acho que o filme influenciou, porque já passaram outras produções muito mais violentas e ninguém se matou por isso’.


O corpo do agente penitenciário foi enterrado ontem, em Paulista (30 km de Recife). A família dele não se manifestou. A UCI Ribeiro Tacaruna, que opera os cinemas do shopping, afirmou que ‘prestou atendimento imediato’ a Santos.’


 


Para roteirista, filme pode ter sido catalisador


‘Co-roteirista do filme ‘Tropa de Elite’, o coronel reformado da PM do Rio e ex-integrante do Bope Rodrigo Pimentel disse não acreditar que a obra tenha causado a morte do agente penitenciário Ivson Correia de Oliveira Santos. ‘Mas pode ter sido um catalisador para alguém com angústia, estresse e problemas pessoais.’


FOLHA – Como o sr. avalia essa morte no cinema?


RODRIGO PIMENTEL – Não acredito em acidente. Acredito em suicídio. Um profissional de segurança não manejaria uma arma em ambiente confinado, apontando-a para o peito. Lamento profundamente o ocorrido e sou solidário à família da vítima.


FOLHA – O filme teve influência?


PIMENTEL – Entendo que não foi o causador [da morte], mas pode ter sido um catalisador. O filme causa introspecção, agonia e tristeza na sociedade e desperta esses sentimentos com mais intensidade nesses profissionais.


FOLHA – O sr. vê risco de isso se repetir?


PIMENTEL – Foi um caso inusitado, muito isolado. ‘Tropa de Elite’ já foi visto por 1 milhão de pessoas nos cinemas e 12 milhões nas cópias piratas e nada aconteceu. Lembro que a média de suicídios entre os policiais é oito vezes maior do que a média na sociedade civil.


FOLHA – Como o sr. se sente?


PIMENTEL – Não me sinto culpado. A tela retrata a violência da sociedade. A violência não sai da tela para a sociedade. Não motiva, não tortura, não assassina. É o inverso.’


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Qual?


‘A frase vaga no site da Receita, pela manhã, abriu a corrida, a começar dos sites e blogs especializados. O ‘esquema de R$ 1,5 bilhão’, na manchete geral sobre a operação da Polícia Federal que prendeu 40 e até ‘um avião’, envolveria ‘multinacional americana líder no setor de serviços e de equipamentos de alta tecnologia para redes corporativas, internet, telecomunicações’.


Começou a especulação. Meio da tarde e aparecia afinal a informação, no site Teletime, no blog Zumo, Folha Online e até Bloomberg, esta de San Francisco, de que era a gigante Cisco, do Vale do Silício. Daí para o noticiário geral, inclusive ‘Wall Street Journal’ etc.


PELO TELEFONE


O blog de Lauro Jardim deu, no fim da tarde, que mal chegou em Johanesburgo e Lula foi atender George W. Bush. Depois do primeiro-ministro indiano, ele ligou ao brasileiro para ‘tratar da Rodada Doha’. Já antes, como destacavam do indiano ‘Economic Times’ à americana Bloomberg, Brasil, Índia e África do Sul indicavam ontem, via ‘diplomatas’, uma postura ‘mais suave’. Até por aqui, segundo Raymont Colitt, na Reuters, ‘Fazendeiros dizem ao governo para melhorar a oferta’ de abertura industrial.


‘G8 DO SUL’


A France Presse, postada pelo Google, já trata em seus enunciados o grupo de Índia, Brasil e África do Sul como ‘o G8 do Sul’. E diz que eles têm ‘o desafio de assegurar resultados concretos’ e não só diplomáticos na iniciativa.


O chanceler sul-africano declarou que ‘não se podem ignorar as vozes unidas destes países quando se analisam assuntos mundiais’. Mas seu foco prático, por enquanto, é só criar rotas de comércio.


BANCOS DO SUL


Na AP e outras, o destaque foi para a proposta expressa por Lula no Congo. Uma idéia, como se notou, ‘anunciada antes por Hugo Chávez’ com o Banco do Sul -e que agora é alvo de Maílson da Nóbrega, ex-ministro de José Sarney.


Para Lula, ‘FMI e Banco Mundial são instituições dos países ricos’ e neles ‘não há espaço para os países em desenvolvimento’. É ‘hora de acordar’ e criar ‘mecanismos de financiamento’ próprios.


HILLARY E OS VIZINHOS


Favorita na eleição presidencial dos EUA, ano que vem, a democrata Hillary Clinton apresenta sua visão para a política externa na nova edição da ‘Foreign Affairs’. Diz que os EUA perderam ‘o respeito até dos amigos mais próximos’. Promete ‘sair do Iraque’ e concentra a sua ‘preocupação’ não no Irã, mas na China e na Rússia.


E trata da América Latina, ‘nossos vizinhos ao Sul’, em um parágrafo. Defende ‘apoio às maiores democracias da região, Brasil e México’, e cita depois Argentina, Chile e Colômbia. Fala em ‘projetos para reduzir a desigualdade’.


RÚSSIA VS. EUA


Na manchete dos sites de ‘Washington Post’, ‘NYT’ e dos canais de notícias dos EUA, ‘No Irã, Vladimir Putin avisa contra ação militar’. E não está só o presidente da Rússia, sublinhou o ‘WP’.


CHINA VS. EUA


Em segundo destaque nos mesmos, os também ‘avisos’ da China contra a presença do Dalai Lama, em campanha pela independência do Tibet chinês, ao lado de George W. Bush em plena Casa Branca.


À INGLESA


Ontem no alto da home do ‘Guardian’ e outros, ‘De Menezes usou cocaína’. É o julgamento da morte do brasileiro, que por lá tem enunciados como o de que teve ‘atitude suspeita’. Semana após semana, a desqualificação da vítima


CANSEI 2


Não foi bem o showmício de OAB-SP, Fiesp e Associação Comercial, na cobertura do ‘Jornal Nacional’ à home page do UOL e outros sites, ontem.


Contra a previsão de público de milhões, dos organizadores, Fátima Bernardes contou 7 mil ‘neste momento’, diante de imagens nada conscientes dos cantores e do público em festa. No destaque do UOL, com foto, foram ‘só 15 mil’.


DUROU UM DIA


Com espetáculo rápido e sem maior emoção na TV Justiça, encerrado por um lacônico Marco Aurélio Mello, o TSE, nas manchetes dos sites e portais todos a partir das 21h, ‘impõe fidelidade a senadores, governadores e o presidente’.


Na reportagem do Globo Online sobre a determinação, o registro de que, ontem mesmo, um senador já ‘voltou atrás’. Adelmir Santana havia trocado DEM por PR. ‘Durou apenas um dia a decisão do senador.’’


 


HERÓI
Rodrigo Rötzsch


Em votação na TV, general San Martín é eleito o maior argentino da história


‘Com 55% dos mais de 2 milhões de votos, o general José de San Martín (1778-1844), considerado o ‘pai da pátria’, foi eleito em um programa de TV o maior argentino da história.


San Martín teve participação decisiva não só na independência argentina, em 1816, como também nas do Chile e do Peru, país do qual foi o primeiro presidente. Ele bateu na final do programa o cardiologista René Favaloro (1923-2000), que desenvolveu as cirurgias de ponte de safena e criou uma fundação dedicada ao tratamento de doenças cardíacas, e o pentacampeão mundial de Fórmula 1 Juan Manuel Fangio (1911-1995).


Os vídeos exibidos no programa final contribuíram com a escolha, ao destacarem apenas aspectos positivos de San Martín, enquanto salientaram laços de Favaloro e Fangio com a última ditadura militar (1976-1983).


Entre os dez primeiros colocados estiveram ainda Ernesto Che Guevara, Eva Perón, o escritor Jorge Luis Borges e o ex-jogador de futebol Diego Armando Maradona, única personalidade viva entre os escolhidos.


O programa, exibido pela Telefé, emissora líder da TV argentina, é baseado num formato original da britânica BBC e que já teve edições em outros países, como Portugal, onde o ditador Antônio Salazar acabou eleito. Na Grã-Bretanha, o escolhido foi o primeiro-ministro Winston Churchill.


Embora fosse argentino de nascimento e tenha tido uma atuação política destacada no país, San Martín viveu poucos anos na Argentina. Aos 5 anos, mudou-se para a Espanha, onde fez sua carreira militar. Só regressou à Argentina em 1812, quando se aliou aos combatentes pela independência.’


 


TV DIGITAL
Letícia Sander


Para Costa, TV digital pode começar sem barrar cópias


‘O ministro Hélio Costa (Comunicações) admitiu ontem que a TV digital poderá estrear sem uma definição sobre a adoção ou não de um sistema que impede telespectadores de fazer cópias de programas.


Segundo o ministro, o governo está comprometido com o prazo de lançamento da TV digital, previsto para 2 de dezembro. Ele disse que a questão do eventual bloqueio de gravação ‘não chega a ser um entrave’ para a implantação da TV.


‘Nada impede evidentemente que a TV digital comece as suas operações a partir do dia 2 de dezembro sem estar com esse sistema definido.’


O sistema anticópias de programas, uma das polêmicas que ainda cercam a TV digital, divide o comitê de desenvolvimento de TV digital, formado por dez ministros. Como eles não chegaram a um consenso, o assunto aguarda deliberação do presidente Lula.


Gilberto Gil (Cultura) e Dilma Rousseff (Casa Civil), por exemplo, são contra adotar um sistema de bloqueio de cópias. Costa defende o mecanismo.


Todas as redes de TV são a favor da adoção de um sinal que as emissoras enviam para os receptores digitais informando quantas cópias podem ser feitas da programação. Por isso, funcionaria contra a pirataria.


As redes defendem a liberação de apenas uma cópia por televisor. Argumentam que não limitar o número de cópias encarecerá os direitos de filmes e eventos esportivos. Os críticos do sistema alegam que é um direito do consumidor optar pelo que quer gravar.


Ontem, Costa disse que houve uma ‘desinformação inicialmente e depois informações equivocadas que foram transmitidas sobre o assunto’.


‘Nunca se pretendeu fazer nenhum bloqueio do que é transmitido pela televisão. O que se propôs foi que nas transmissões de alta definição -exclusivamente nas transmissões de alta definição- você tivesse um sistema colocado que permitiria lá na frente decidir se nós vamos autorizar mais de uma gravação ou não. Porque uma gravação automaticamente já está permitida’, afirmou.’


 


INTERNET
Folha de S. Paulo


YouTube testa plataforma antipirataria


‘O YouTube começou a testar um programa para coibir a pirataria em seu domínio. A tecnologia permite comparar dados sobre vídeos originais e arquivos enviados. O sistema poderá suprimir os vídeos piratas.’


 


Folha de S. Paulo


Site nerd cai em boato de morte de spammer


‘A morte de um dos maiores spammers do mundo, o russo Alexey Tolstokozhev, foi noticiada por um blog na última quinta-feira e logo a história caiu na rede. O Slashdot, que agrega ‘notícias para nerds’, foi um dos que destacaram o suposto assassinato do ‘spammer de remédios para impotência’, cometido pela máfia russa. Ele teria ganho US$ 2 milhões só em 2007.


Em dois dias, o post original sobre a morte contava com cerca de cem comentários; mas Alec Eckelberry, do sunbeltblog.blogspot.com, entre outros blogueiros, desmontou a farsa.


A primeira pista: ninguém na indústria de segurança havia ouvido falar do russo. Segunda: o endereço que lançou o boato tinha um dia de registro, em um provedor famoso pelos sites maliciosos. Terceira: nada foi noticiado pela imprensa russa.


Só que a farsa estava no topo da seção de segurança do Digg na sexta-feira -o site é editado pelos internautas, que votam e elegem notícias. A primeira vez que a Folha acessou a página que levantou a história falsa, o conteúdo era um. Logo depois, o navegador foi reencaminhado para outro endereço -com publicidade. Graças à engenharia social, o blog já era um link popular.’


 


OUTRO CANAL
Daniel Castro


‘O Sistema’ inova e corrompe underground


‘O melhor programa do ano estréia no próximo dia 2 e se chama ‘O Sistema’. A ‘comédia de ação e suspense’, na definição do diretor, José Lavigne, contará a história de um fonoaudiólogo (Selton Mello) que, após humilhar uma atendente de telemarketing, terá todos os dados bancários apagados e passará a lutar ao lado das ‘vítimas do sistema’.


Inovador, o programa tem ‘entre 30% e 40%’ das falas improvisadas pelo elenco, que mistura atores consagrados, como Ney Latorraca e Zezé Polessa, com novos, vindos do teatro e escolhidos ‘em um teste performático, com dinâmica de grupo’ (de acordo com um deles, Lúcia Bronstein). E tem a ‘musa da marginália’, a ‘underground’ Maria Alice Vergueiro, 72, longe da TV havia 20 anos, protagonista do curta ‘Tapa na Pantera’, hit da internet e dos maconheiros.


Maria Alice foi totalmente cooptada pelo ‘sistema’. ‘Eu tinha uma coisa meio preconceituosa contra televisão. Agora estou achando ótimo, ganhando bem, comendo bem. Você não sabe como a pantera está assanhada’, conta ela, que interpreta a secretária Leda.


Mas o que é ‘O Sistema’? O elenco responde: ‘É realismo ultrafantástico’ (Graziella Moretto); ‘Um programa piloto’ (Ney Latorraca, no ‘sistema’ Globo desde 1973). E o ‘sistema’? Os autores: ‘As paranóias’ (Fernanda Young); ‘Os críticos’ (Alexandre Machado).


INTERVENÇÃO 1 A nova diretora do ‘Mais Você’ será Emília Silveira, até a semana passada assistente de Aloysio Legey (diretor de musicais). A transferência da profissional foi uma novela. Convidada por J.B. de Oliveira, o Boninho, diretor de núcleo responsável pelo ‘Mais Você’, Emília não foi liberada por Legey.


INTERVENÇÃO 2 Boninho então sugeriu um profissional da Endemol. Mas a cúpula da Globo disse que o cargo tinha que ser de alguém da casa. A decisão coube a Octavio Florisbal, diretor-geral, que bateu o martelo e tirou Emília dos domínios de Legey.


GORDURA A temporada 2008 de ‘Malhação’ estreou anteontem com média de 21,5 pontos. Foi a pior estréia desde 2000.


ASSINATURA O SBT e a TV Alterosa renovaram anteontem, por mais cinco anos, contrato de afiliação. A Alterosa cobre todo o Estado de Minas Gerais _ao lado do Paraná, um dos redutos da rede de Silvio Santos no Ibope.


ASSÉDIO A Record tentou cooptar a Alterosa. Mas o medo da Igreja Universal e uma certa ‘pedantice’ por parte da Record pesaram contra. A Record agora irá reforçar seu sinal em Belo Horizonte com novo transmissor.


SOCIAL Apresentador e dublê de piloto, Otávio Mesquita recebe hoje em jantar o piloto de Fórmula 1 Giancarlo Fisichella. O carro (sem motor e câmbio) com que Fisichella venceu o GP do Brasil de 2003 decora uma parede da casa de Mesquita.’


 


DUAS CARAS
Cristina Fibe


Dirceu diz não ter ‘nada a ver’ com vilão


‘As caretas de Antônio Abujamra não assustam o deputado cassado José Dirceu na primeira parte da entrevista ao ‘Provocações’, exibida hoje.


Mais para amigo do que para provocador, o apresentador eleva o tom condescendente para tratar das acusações contra o ex-ministro da Casa Civil, um dos réus do mensalão, que continua a afirmar que cometeu ‘erros políticos’ e que ‘não há provas’ contra ele.


Abujamra se empolga quando levanta a questão da possível ‘conspiração’ dos oposicionistas contra Dirceu: ‘O maquiavelismo deles foi total’, diz, emendando a afirmação do petista sobre uma tentativa de evitar sua candidatura à Presidência em 2010.


Dirceu também responde a Aguinaldo Silva, autor de ‘Duas Caras’, que disse à Folha, no mês passado, ter se inspirado no político para criar o vilão da novela das oito da Globo.


‘Fiquei completamente perplexo. Quem veio ao meu socorro foi a Clara Becker, mãe do meu filho, que mandou uma carta para ele que a Folha publicou. Depois ele disse que não disse, ou melhor, que não se inspirou… O personagem que ele desenhou não tem nada a ver comigo, não sei o que o levou a falar isso.’


Na próxima quarta-feira, o programa exibe a segunda parte desta entrevista, em que Dirceu ‘dirá o que quiser’, como afirma Abujamra.


PROVOCAÇÕES – JOSÉ DIRCEU


Quando: hoje, às 23h10


Onde: TV Cultura’


 


SANTIAGO
Marcelo Coelho


Eles não usavam Rolex


‘FINALMENTE FUI ver ‘Santiago’, documentário de João Moreira Salles que ficou meio atrás na fila das prioridades cinematográficas com a estréia de ‘Tropa de Elite’. A blague é inevitável, mas não se fazem mais elites como antigamente.


O mordomo Santiago era a principal figura de uma equipe de 22 empregados a serviço da família Moreira Salles -e surge no filme como alguém profundamente impregnado pelos gostos e maneiras de seus patrões: pintura renascentista, ópera, leituras nas mais diversas línguas…


Isolado num pequeno apartamento no Leblon, ele se apresenta como testemunha de um mundo que ruiu; agradece ao destino pela ótima memória e guarda pilhas e pilhas de anotações sobre a vida dos grandes príncipes e potentados da história universal, cujos luxos e proezas compara com os daqueles a quem serviu.


As imagens da mansão abandonada dos Moreira Salles, que voltam várias vezes no filme, reiteram discretamente essa nostalgia. João Moreira Salles não evitou nem mesmo a simbologia, pouco original mas sempre eficaz visualmente, das folhas de outono caindo sobre a piscina onde já ninguém mergulha.


A essas notas fundamentais de tristeza sem reparação, o filme acrescenta um contraponto crítico (e autocrítico). A luta de classes se revela nos detalhes, e o documentarista faz questão de sublinhá-los com certa insistência.


Chama a atenção, por exemplo, para o tom autoritário da própria voz, quando dava instruções a Santiago durante a filmagem. Mostra várias vezes a impaciência de seu personagem, forçado a repetir o mesmo depoimento até que tudo fique a contento do diretor.


Há, sobretudo, as coisas que Santiago não disse. Quando ia falar da própria sexualidade, Moreira Salles o interrompeu. Sem dúvida, o mordomo teria muito a contar sobre seus patrões, mas não se estimula esse tipo de indiscrição.


O resultado, a meu ver, é um filme interessante, mas repetitivo. O personagem retratado em ‘Santiago’ poderia ser mais um daqueles moradores do ‘Edifício Master’ filmados por Eduardo Coutinho, mas não segura um longa-metragem sozinho.


A não ser… a não ser que se veja o filme de outro ângulo, e é isso o que vou arriscar aqui. Menos do que o retrato de uma personalidade exótica e sem dúvida interessante em si mesma, ‘Santiago’ diria respeito, sobretudo, ao próprio diretor.


João Moreira Salles conta que, quando era criança, surpreendeu o mordomo tocando piano de madrugada, no salão do palacete. Santiago estava de fraque. Questionado sobre o porquê da indumentária, respondeu: ‘Porque é Beethoven, meu filho’.


A lembrança se relaciona, certamente, com algumas imagens do filme anterior de Moreira Salles, em que vemos o pianista Nelson Freire, vestido a caráter, sozinho no intervalo de um de seus concertos. Como Santiago, Nelson Freire vive entre a solidão e a ‘performance’.


Um dos momentos mais bonitos de ‘Santiago’ é, aliás, a longa tomada da dança que o mordomo faz com as mãos, ao som de música clássica: como Nelson Freire, Santiago é um artista da representação, da interpretação.


Nos dois filmes aparece, aliás, a admiração dos retratados pelos musicais e dançarinos de Hollywood. Fred Astaire e Cyd Charisse ocupam a tela por longos minutos de ‘Santiago’.


Fred Astaire representa o papel de um dançarino popular, enquanto sua companheira é uma bailarina clássica. Os dois não se entendem, até que, sem palavras, Cyd Charisse começa a imitar os movimentos de Astaire, e os dois se envolvem numa dança que funciona como um verdadeiro jogo de espelhos.


Fiquei pensando se o mordomo Santiago, um ‘plebeu’ fascinado pela biografia dos aristocratas, não funciona como uma espécie de espelho para Moreira Salles, o aristocrata fascinado pela biografia de um plebeu.


O reflexo, evidentemente, não pode ser fiel. Culpa, escrúpulos e ressentimento impedem uma identificação absoluta, que se resolve desse modo em jogo de aparências, em ato performático -tanto por parte de Santiago quanto por parte de Moreira Salles.


Reconhecem-se, entretanto, um ao outro. Essa capacidade humana não deixa de ser um luxo nos dias que correm. O mordomo e seus patrões são lembranças dos tempos em que se usava casaca e black-tie; privilégios mais difíceis de arrancar do que um Rolex. A luta de classes, hoje, não tem classe nenhuma.’


 


LITERATURA
Folha de S. Paulo


Escritora irlandesa Anne Enright vence o Booker Prize-07


‘O quarto romance da irlandesa Anne Enright, ‘The Gathering’ (o encontro), foi anunciado ontem como o vencedor do Man Booker Prize deste ano, para surpresa de quem dava como certa a escolha de Ian McEwan (‘Na Praia’, Cia. das Letras) ou de Lloyd Jones (‘O Sr. Pip’, Rocco). A autora levará 50 mil libras (cerca de R$ 185 mil).


Enright, 45, cujas chances eram pequenas segundo as principais bolsas de aposta, torna-se o segundo escritor irlandês nos últimos três anos a ganhar o principal prêmio da língua inglesa -em 2005, John Banville foi premiado por ‘O Mar’ (Nova Fronteira).


‘The Gathering’ foi selecionado após duas horas e meia de deliberação do júri do Booker, liderado pelo diretor da London School of Economics, Howard Davies. Na história, a mãe de dois filhos Veronica Hegarty, 39, precisa lidar com os problemas da família depois que o irmão comete suicídio.


O romance, afirmou a autora, não é recomendado para quem espera algo que ‘levante o astral’. ‘Meu livro é o equivalente intelectual para o melodrama de Hollywood’, disse Enright.


‘É um livro forte, incômodo e, por vezes, colérico. Um olhar agressivo sobre uma família sofrida, em linguagem dura e destemida. Ela é uma grande romancista. Esperamos ouvir falar muito mais dela’, disse Davies. Segundo ele, ao definir a lista dos indicados, os juízes ‘provavelmente não pensaram que este seria o vencedor, mas ele voltou forte na releitura’.


Enright tem quatro romances, duas coletâneas de contos e a não-ficção ‘Making Babies: Stumbling into Motherhood’ (fazendo bebês: tropeçando na maternidade), nenhum deles publicado no Brasil.’


 


ROBERTO CARLOS
Monica Bergamo


Roberto & TV Globo


‘Roberto Carlos começa a discutir hoje a renovação de seu contrato com a TV Globo. E já há divergências: o cantor, que recebe mais de R$ 3 milhões anuais da emissora, segundo o mercado, não pretende ceder à empresa os direitos de uso de sua imagem em novas mídias, como internet e telefonia.


PROSPERIDADE


Dodi Sirena, empresário do cantor, diz que a relação de Roberto e da Globo é ‘de lua-de-mel, como sempre’, mas admite que as negociações, ‘depois de 30 anos de relacionamento, serão mais complexas’. Ele afirma que os ganhos do cantor com a TV ‘não representam nem 1% de seu faturamento’ e que ‘artistas como Roberto, que vivem da música, não podem abrir mão de administrar sua imagem em novas mídias’. Diz também que, como o momento é de prosperidade nas emissoras, elas ‘têm que pagar mais a seus contratados’.’


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