Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Insatisfeito com artigos, governo censura jornais

Autoridades sudanesas ordenaram a censura diária de jornais que publicaram reportagens acusando o governo de apoiar rebeldes chadianos. Segundo jornalistas e ativistas locais, a censura teve início há três semanas, depois que os rebeldes protagonizaram um tumulto na capital do Chade, Ndjamena, em uma tentativa frustrada de derrubar o presidente, Idriss Deby.


Os jornalistas afirmam que agentes de segurança visitam as redações todas as noites e eliminam conteúdo considerado sensível ao governo. O jornal de oposição al-Rai al-Shaab foi proibido de ser publicado em 14/2 ao tentar divulgar colunas que acusavam o governo de apoiar os rebeldes chadianos. Pouco tempo depois, editores de cinco jornais foram intimados a depor por causa de artigos sobre mudanças na estrutura do alto escalão da polícia. Dezenas de jornalistas fizeram manifestações nas ruas por conta dos interrogatórios. Segundo Ahmed Khalifa, editor do jornal al-Watan e um dos jornalistas intimados a depor, afirmou que os jornais correm o risco de ser confiscados se forem impressos sem aprovação governamental.


Relação tensa


Uma autoridade, que falou à Reuters em condição de anonimidade, afirmou que a censura é temporária. A repressão estremeceu ainda mais as já tensas relações entre o governo e os jornais privados. Em 2005, o Sudão afrouxou a censura à imprensa depois da implantação de uma nova constituição, ao fim de duas décadas de guerra civil no país. Ainda assim, as autoridades confiscam jornais de tempos em tempos; há também relatos de jornalistas pressionados por causa de assuntos sensíveis. Segundo a autoridade, neste último caso a imprensa violou um acordo com o governo em que não haveria censura se não fossem publicadas ‘informações falsas’.


‘A censura foi imposta novamente desde a crise no Chade’, sentencia Mohamed Latif, do diário privado al-Sudani. ‘Sempre que está em situação difícil, o governo impõe a censura’. O Chade acusa o país vizinho de apoiar os rebeldes chadianos – eles entraram no país a partir do Sudão. O governo sudanês refuta a acusação e, por sua vez, acusa o presidente Deby de apoiar os rebeldes da turbulenta região de Darfur, no oeste do Sudão. Informações de Alaa Shahine [Reuters, 6/3/08].